Tencent processada pela Sony – A briga é grande e envolve duas das maiores empresas da indústria dos games.
A Sony Interactive Entertainment entrou com um processo judicial contra a Tencent, alegando que o jogo Light of Motiram, desenvolvido pela subsidiária Polaris Quest, seria um plágio direto da premiada franquia Horizon, criada pelo estúdio Guerrilla Games.
A ação foi registrada no Tribunal Distrital do Norte da Califórnia e acusa a Tencent de ter criado um “clone servil” dos elementos centrais de Horizon Zero Dawn e Horizon Forbidden West.
O que a Sony alega?
De acordo com os documentos legais, Light of Motiram reproduz uma série de elementos considerados distintivos da série Horizon, como:
- Uma protagonista feminina com aparência e vestimenta semelhantes às de Aloy;
- Cenário pós-apocalíptico repleto de ruínas tecnológicas e biomas exuberantes;
- Criaturas robóticas inspiradas em animais selvagens;
- Estética visual, trilha sonora, UI e animações com traços fortemente similares.
O ponto mais delicado da acusação é que, em março de 2024, a própria Tencent teria feito uma proposta oficial à Sony para co-desenvolver um título baseado na franquia Horizon, com ambientação na Ásia. A Sony recusou o projeto.
Pouco tempo depois, a Tencent anunciou Light of Motiram – o que a Sony considera como uma tentativa de executar a ideia sem autorização, alterando superficialmente os elementos originais. Dai a coisa pegou fogo!
Indenização e medidas exigidas
No processo, a Sony exige uma indenização de até US$ 150 mil por cada elemento protegido da franquia que tenha sido supostamente violado, além de:
- A retirada imediata do jogo do mercado;
- A suspensão da distribuição e marketing de Light of Motiram;
- A destruição de todo material infrator.
Repercussão da polêmica
Desde o anúncio do jogo, jogadores e jornalistas vêm apontando semelhanças gritantes entre Light of Motiram e a série Horizon.
Na internet, o termo “Horizon chinês” ou “Horizon da Shopee” começou a circular em fóruns e redes sociais, enquanto outros apelidaram o jogo de “Horizon Zero Originality”.
Vídeos comparativos mostraram animações idênticas, interface de usuário parecida, criaturas robóticas com design quase espelhado, e até paleta de cores semelhante às paisagens de Forbidden West.
Este é mais do que um caso isolado de disputa comercial. Ele reabre o debate sobre os limites da inspiração e o papel da propriedade intelectual nos videogames.
Com o crescimento do mercado chinês e a ascensão de grandes estúdios locais, a tensão entre “homenagem” e “plágio” deve se intensificar.
Se a Tencent perder o processo
Se a Sony vencer o processo, isso pode estabelecer um precedente jurídico importante sobre como as gigantes devem proteger suas franquias, e como projetos “inspirados demais” podem enfrentar consequências sérias.
Além disso, se o tribunal der ganho de causa à Sony, a Tencent pode não apenas ser forçada a tirar Light of Motiram do ar globalmente, como também sofrer restrições futuras na negociação com plataformas ocidentais, além de arranhões sérios em sua reputação criativa.
Para um estúdio que tenta se posicionar como player global, isso seria um baque considerável.
Não é a primeira vez que a Sony reage com firmeza para proteger suas propriedades intelectuais. A empresa já interveio em casos envolvendo mods não autorizados, fan games e até produtos de merchandising que faziam uso indevido de personagens como Kratos, Ellie e Nathan Drake.
Esse histórico reforça que, para a Sony, a proteção das marcas não é apenas legal, mas sim estratégica.
Apesar das críticas, Light of Motiram vinha ganhando tração por seu visual exuberante e combate fluido, o que explica por que a semelhança com título AAA da Sony causou tanto falatório.
O público não só viu semelhanças na direção de arte: viu também uma ameaça concreta ao valor criativo de uma franquia já consagrada.
Quando a inspiração vira imitação, o resultado pode ser mais perigoso do que qualquer máquina gigante, e agora, a briga pelo futuro de Light of Motiram começa fora da tela.
