A 9ª geração de consoles, marcada pelo lançamento do PlayStation 5 e do Xbox Series S/X, nasceu sob uma nuvem de expectativas e promessas audaciosas. Iniciando seu ciclo em novembro de 2020 e, dando logo de cara com uma das mais graves crises sanitárias globais, os novos consoles foram apresentados como os maiores ícones da geração atual. Tanto, Microsoft, quanto Sony prometiam não apenas um salto significativo em termos de resolução dos gráficos, mas também a adoção de um padrão de 60 quadros por segundo, assim como nos PC. Contudo, após três anos, surge um cenário complicado e cheio de nuances, onde o “sucesso” vem com muitas aspas e se mescla com desapontamentos e questionamentos.
O período da pandemia de COVID-19 não somente remodelou o mundo e a sociedade como a conhecíamos, mas também agiu como um empurrão para mudanças profundas na indústria e até hábitos de consumo. Os efeitos foram variados: desde a influência nas preferencias dos consumidores até o impacto direto na produção e nos lançamentos. No que diz respeito ao mundo dos games, muitos estúdios enfrentaram dificuldades inéditas, com adiamentos ou lançamentos apressados (e desastrosos), enquanto os jogadores se viram em um contexto de alta absurda nos preços de hardware para PCs.
Mesmo num cenário cheio de incertezas, as vendas dos novos consoles, foram muito robustas. Apesar da escassez de componentes na indústria, o que tornou a distribuição muito mais lenta, uma grande quantidade de consoles foi adquirida em pré-venda e boa parte até com preços muito acima da tabela (obrigado scalpers!). No entanto, estes números não contam toda a história por si só.
Algum tempo se passou e, convenhamos, hoje há uma sensação crescente de que, apesar de todo o sucesso comercial, a atual geração ainda não entregou o que prometeu. Hoje vamos falar um pouco sobre esse tema, analisando não só os dados de vendas, mas também os múltiplos fatores que fizeram a 9ª geração de consoles culminar na situação atual em que o seu verdadeiro valor parece a ainda não ter se provado. Se você é gamer e acompanha esse mercado desde a chegada do Playstation 5 e XBOX Series S/X, provavelmente já deve ter percebido isso. Há um elefante enorme na sala e vamos falar sobre ele. Continue conosco…
Cenário de Pandemia
Quando a PlayStation e a Microsoft decidiram lançar a 9ª Geração de Consoles no final de 2020, ninguém poderia prever que pandemia do corona vírus se prolongaria tanto a ponto de remodelar o panorama global. No caso dos videogames, a pandemia provocou uma série de ondas sísmicas na indústria, afetando desde a produção dos próprios consoles até o desenvolvimento e lançamento de jogos. Estúdios fechando as portas para sempre e expectativas sendo descartadas em questão de meses. Esse foi o cenário de 2021.
Diante de muita turbulência, muitos estúdios foram forçados a adiar lançamentos muito aguardados ou a lançar jogos que ainda não estavam totalmente prontos devido à toda aquela crise e incertezas de mercado. Um exemplo bem famoso foi o lançamento “hushado” do Cyberpunk 2077, um jogo que gerou um hype enorme e enfrentou problemas técnicos absurdos ao ser lançado prematuramente (sob pressão da diretoria). Esse caso não foi o único e ilustra bem o impacto das restrições da pandemia e da pressão para cumprir prazos, mesmo em condições adversas. Além disso uma quantidade considerável de grandes títulos foi postergada para 2022 e 2023, como foi o caso de Hogwarts Legacy.
A escassez global de chips também agravou a situação, levando a atrasos e a uma oferta limitada de novos lotes de consoles no varejo, o que, por sua vez, gerou consequências econômicas consideráveis para a indústria.
Paralelamente, a pandemia também moldou os hábitos de consumo dos gamers. Com mais pessoas sem obrigadas a ficar em isolamento, a demanda por entretenimento digital cresceu exponencialmente, em especial o público casual. Isso levou a um aumento na popularidade dos serviços de assinatura de jogos, como o Xbox Game Pass e o PlayStation Plus, que oferecem acesso a um catálogo de jogos por uma taxa mensal. Este modelo de negócio, que já vinha ganhando força, encontrou na pandemia o impulso perfeito para ser visto como uma alternativa aceitável à compra tradicional dos jogos.
Este período de crise sanitária global nos revelou tanto a resiliência quanto as vulnerabilidades da indústria de videogames. Enquanto alguns aspectos da indústria prosperaram, outros enfrentaram problemas sem precedentes. Essa dualidade é importante para entendermos o contexto em que a 9ª geração de consoles foi concebida e como essa conjuntura afetou sua trajetória até agora. Mas, fica a pergunta: Se não tivesse ocorrido essa crise mundial, serial diferente ou só demoraria mais para essas mudanças acontecerem?
Venda de Consoles
Após poucos mais de três anos de lançamento, os consoles PlayStation 5 e Xbox Series S/X apresentam um quadro bem desigual em desempenho de vendas e recepção pública. De acordo com um estudo realizado pela equipe do VGChartz, o PlayStation 5 lidera o mercado, com vendas estimadas em mais de 54 milhões de unidades até janeiro de 2024, quase o dobro do Xbox Series S/X, que vendeu cerca de 27,6 milhões de unidades.
Esse desempenho revelou a preferência do público pelo console da Sony, evidenciada não apenas pelas vendas, mas também pelo feedback da comunidade que frequentemente cita os exclusivos de alta qualidade e as inovações no controle DualSense como pontos decisivos ao optar pelo Playstation 5. Foram mais de 74,3 milhões de consoles vendidos e isso sem contar o Switch, console hibrido da Nintendo.
PC Gamer ou Consoles de 9ª Geração
Montar um PC gamer entre 2021 e 2023 era um desafio financeiro, podendo ultrapassar facilmente a 12 mil reais. Sendo assim, essa demanda reprimida por novas experiências de jogo, aliada à dificuldade de acesso a PCs de alto desempenho, impulsionou a venda da 9ª geração de consoles. Isso porque muitos acreditavam que os novos consoles poderiam chegar custando algo em torno de 8 a 12 mil reais. No entanto, para a surpresa de todos, o preço oficial de lançamento no mercado brasileiro foi anunciado por R$4999,00. Posteriormente, houve uma isenção tributárias e esse valor foi sendo reduzido em até R$500,00.
Durante a alta nos preços dos componentes de hardware, especialmente as GPUs, causada pela pandemia, a segunda onda da mineração de criptomoedas, e a falta de componentes eletrônicos, a viabilidade de montar um PC gamer se tornou complicada.
Muitos consumidores viram nos consoles uma opção mais acessível e com melhor custo-benefício. Para se ter uma ideia, um Playstation 5 custava oficialmente no Brasil R$4499,00, enquanto que apenas uma Nvidia GeForce RTX 3060 ti, uma placa de vídeo de médio porte, chegou a custar R$8000,00 nas principais lojas. Isso sem mencionar que os estoques se esgotavam rapidamente, pois os mineradores estavam dispostos a pagar o preço que fosse. Uma verdadeira “febre do ouro”.
Mudança no Hábito de Consumo
A pandemia também mudou os hábitos de consumo de jogos, com um aumento significativo na popularidade dos serviços de assinatura de jogos. O Xbox Game Pass, em particular, ganhou muita aderência, já que oferece uma biblioteca mais extensa e diversificada por uma taxa de assinatura mensal considerada justa. Com o passar do tempo, isso mudou a forma como muitos jogadores adquirem e consomem jogos. Pois, na contramão do negócio observamos uma alta no preço dos jogos vendidos individualmente. Nesse contexto, a PlayStation Plus também se mostrou uma opção viável. Embora não tenha alcançado o mesmo nível de desempenho do Game Pass, a Sony acelerou o desenvolvimento do seu serviço de assinatura para aproveitar essa tendência de consumo.
A ascensão desses serviços indica uma mudança no paradigma de consumo de jogos, onde a flexibilidade e o acesso a um catálogo mais amplo de jogos estão se tornando cada vez mais atraentes para muitos jogadores. Inclusive, essa tendência é particularmente notável diante da crescente preocupação com o valor e a variedade oferecidos pelos consoles de videogame e também a redução da distribuição de seus jogos em mídia física.
Jogos Cross-Gen
Na indústria dos videogames, a transição entre gerações de consoles sempre foi um período de ajustes e expectativas. Com a 9ª geração, representada majoritariamente pelo PlayStation 5 e Xbox Series S/X, presenciamos uma persistência exagerada dos jogos cross-gen, ou seja, jogos desenvolvidos para serem compatíveis tanto com a nova geração quanto com a anterior (PlayStation 4 e Xbox One). Esta abordagem tem suas implicações variadas para diferentes grupos de jogadores e para a indústria como um todo, chegando a um ponto em que ela se torna controversa.
Benefícios para Usuários de Consoles Antigos – Para os que ficaram nos consoles da geração anterior, os jogos cross-gen são uma bênção. Eles permitem que os jogadores continuem desfrutando de novos lançamentos sem a necessidade de pôr a mão no bolso imediatamente para um novo console. Isso é especialmente relevante no caso atual, considerando os desafios de disponibilidade, e os custos mais altos associados aos consoles mais novos. Além disso, garante uma vida útil mais longa para o hardware já adquirido, o que é um ponto positivo em termos de sustentabilidade e valor de investimento, sem contar que, por questões econômicas, muitos usuários só conseguem realizar o sonho de adquirir um console no final da geração.
Desvantagens para Usuários que Atualizaram – Por outro lado, para aqueles que investiram nos novos consoles, os jogos cross-gen podem ser vistos como um impedimento ao aproveitamento total do poder do hardware dos novos consoles. Muitos jogos cross-gen não exploram completamente as capacidades aprimoradas do PS5 ou do Xbox Series, como tempos de carregamento mais rápidos, gráficos aprimorados e recursos exclusivos de hardware, como o feedback tátil do controle DualSense do PS5. Essa situação muitas vezes nos leva a uma sensação de que o investimento no novo console ainda não se justificou plenamente.
Estratégia da Indústria
Do ponto de vista da indústria, os jogos cross-gen representam uma estratégia de segurança em um período de transição (e de crise econômica). Sem dúvida é uma maneira de garantir que os títulos alcancem um público maior, aumentando o potencial de vendas e mitigando o risco financeiro associado ao desenvolvimento de jogos exclusivos para uma nova plataforma que ainda está construindo sua base de usuários. No entanto, essa abordagem também pode desacelerar o “fator inovação” e a exploração das capacidades totais da 9ª Geração de Consoles.
Para muitos donos de consoles da geração anterior ficou a dúvida se valeria a pena se atualizar, sendo que ainda é possível ter acesso a maioria dos lançamentos. Os jogos cross-gen oferecem continuidade e acessibilidade, mas podem limitar a experiência imersiva que os novos hardwares podem entregar.
A coexistência de gerações de consoles não é um fenômeno novo. Observamos isso em 2014 na geração passada, que foi amplamente criticada por receber uma grande quantidade de jogos “requentados”. A prevalência e duração ainda maior dos jogos cross-gen na 9ª Geração de Consoles levantam questões sobre quando iremos ver, como regra, títulos que utilizem plenamente as capacidades dos novos consoles ou pelo menos próximo disso. E com isso nos referimos a gráficos impressionantes, não devendo ser confundido com jogos pesados devido a mal otimização.
Remasters e Remakes
Além de excesso de jogos Cross-Gen, a 9ª Geração de Consoles tem sido criticada pela prevalência de remasters e remakes. Essa prática, que também não é novidade, tem gerado debates intensos na comunidade de gamers, com opiniões variadas sobre a qualidade e a real necessidade desses relançamentos.
Remasterizar um jogo significa aumentar resolução de imagem, qualidade das texturas, aumentar ou atualizar a quantidade de efeitos de pós-processamento e outros polimentos.
Remake é literalmente o jogo refeito do zero, seguindo a estrutura e conceitos do original (mas nem sempre). Muitas vezes os Remakes trazem uma reimaginação dos conceitos originais e surpreendem por trazerem uma estrutura e gameplay aprimorados.
Enfim, remasters e remakes tornaram-se comuns na geração passada e permaneceram como uma forma de estender o ciclo de capitalização dos títulos. Com muitos títulos clássicos recebendo atualizações gráficas e de desempenho para os novos consoles é possível vender basicamente o mesmo jogo em diversas ocasiões. Grand Theft Auto V, por exemplo, nasceu no Playstation 3, foi remasterizado para PlayStaton 4 e PC e, adivinhe… remasterizado novamente para a 9ª geração de consoles, com direito a efeito de traçado de raios, alta resolução e taxa de quadros mais elevada.
A recepção a esses jogos sempre foi mista. Alguns relançamentos foram aclamados por resgatar e revitalizar títulos amados com tecnologia moderna, enquanto outros foram criticados por parecerem caça-níqueis ou por não adicionar conteúdo suficiente para justificar sua nova edição. Essa questão serve de combustível para discussões acaloradas nos fóruns, onde alguns usuários chegam a ser chamados de “gado” quem aceitarem incondicionalmente a pratica de relançamentos consecutivos.
Exemplos Específicos
The Last of Us Part I – Lançado originalmente para o PS3, recebeu uma versão Remasterizada para PS4 em 2014 e foi recebido com aclamação por ser considerado como um resgate para a nova geração. Já o Remake para o PlayStation 5 em 2022 foi recebido com uma certa gritaria da comunidade que argumentava que a versão remasterizada do PS4 já era suficientemente boa e gostariam de um The Last of Us Part III.
Resident Evil 4 – Originalmente foi lançado exclusivo para Nintendo Game Cube em 2005, posteriormente foi portado para praticamente todas as plataformas, incluindo até celulares antigos. Recebeu uma remasterização oficial na geração do Playstation 4 e também para PC. Esse jogo em especial foi um divisor de águas, mas não vamos entrar nesse mérito agora, o fato é que a versão “antiga” é jogada até hoje. Em março de 2023 foi lançado um remake realmente muito bom, ganhando muitos elogiado por atualizar um clássico amado permanecendo fiel ao original. Para se ter uma ideia, Resident Evil 4 Remake concorreu como forte candidato ao prêmio de jogo do ano.
Demon’s Souls – Outro ótimo exemplo de remake bem-sucedido com aclamação por suas melhorias visuais e fidelidade ao jogo original. Foi projetado especialmente para o Playstation 5, chegando junto com o console. Foi, inclusive, um dos poucos jogos com apelo a compra do console no lançamento.
Dead Space – Um remake que recebeu elogios por modernizar um jogo clássico de terror para a 9ª Geração de Consoles. Tem uma direção de arte tão incrível que a equipe de desenvolvimento dispensou completamente o uso de traçado de raios e outras perfumarias modernas, normalmente presentes na maioria dos grandes títulos.
Crysis Remastered – Esse talvez seja uma das piores remasterizações já feita na história dos videogames. Crysis Remastered enfrentou críticas por problemas técnicos e por não atender às expectativas gráficas modernas. Originalmente lançado para PC em 2007, o jogo original impressiona pelos gráficos e física até para os padrões atuais. Em 20011 a Crytek fez uma versão do jogo adaptada para consoles. Tratava-se de um “demake”, pois a qualidade do jogo fora reduzida em praticamente todos os aspectos para poder rodar em consoles como PlayStation 3 e Xbox 360. A polemica do novo Remaster de 2022 ocorre porque o estúdio Crytek optou por remasterizar a versão portada para consoles e não a de PC. Comparativamente, a versão original de PC de 2007 é superior ao remaster atual. Muitos usuários se revoltaram, o que gerou um pedido de reembolso em massa, pouco tempo após o lançamento.
Red Dead Redemption – Aconteceu o que a comunidade vinha pedindo há anos: O port do Red Dead Redemption para além do PS3 e X360. A remasterização foi muito bem recebida, embora a comunidade como um todo não tenha visto com bons olhos a pratica de preço cheio. Podendo chegar a R$350,00, basicamente o jogo teve poucas melhorias e inicialmente rodava a 30 quadros por segundo no PlayStation 5. As mudanças foram tão sutis que praticamente dá para ser considerado somente um port do jogo.
Debate na Comunidade
Há um debate constante na comunidade de gamers sobre a preferência por novos títulos originais em comparação com remasters e remakes. Enquanto alguns jogadores apreciam revisitar títulos clássicos com gráficos e jogabilidade atualizados, outros expressam frustração com a aparente falta de novos títulos e alguma inovação. A percepção de que remakes e remasters estão ocupando o espaço que poderia ser dedicado a novos IPs e experiências inovadoras é uma preocupação crescente.
Além disso, discute-se a pratica das empresas em relançar jogos com preços elevados, muitas vezes sem adicionar conteúdo novo ou melhorias significativas, o que pode ser visto como uma tentativa de capitalizar em cima da nostalgia dos jogadores.
O que teve de bom na 9ª Geração?
Apesar da maior parcela de lançamentos ser baseada em jogos reaproveitados, nos últimos três anos, a atual geração de consoles, recebeu alguns lançamentos exclusivos que se destacaram em termos de qualidade e/ ou inovação. Embora sejam minoria, esses jogos têm demonstrado a capacidade da nova geração e conseguem oferecer experiências imersivas e tecnicamente avançadas. Eles inclusive refletem um equilíbrio entre a continuação das franquias mais queridas e a introdução de novos conceitos e mecânicas de jogo.
A recepção positiva desses títulos demonstra o anseio da comunidade para que aconteça finalmente uma transição completa da 8ª para a 9ª Geração de Consoles. Muitos acreditam que “já passou da hora de cortar o cordão umbilical” e partir para o novo.
Deathloop – Este título, com sua mecânica inovadora de loop temporal e narrativa envolvente, recebeu elogios por sua originalidade e jogabilidade desafiadora. É um exemplo de como novas ideias podem ser bem-sucedidas na nova geração. O jogo faz um excelente uso das funcionalidades do Dualsente e leva o jogador para uma experiência realmente envolvente e carismática.
Ghostwire: Tokyo – Este jogo se destacou por sua ambientação única e uso criativo de elementos sobrenaturais, oferecendo uma experiência visualmente impressionante e um gameplay diferenciado. Você vai experienciar um evento paranormal em Shibuya no Japão. Mais do que recomendado, altamente viciante! Mesmo após dezenas de horas de gameplay, ainda fica um gostinho de “quero mais”.
Returnal – Se destacou bastante como uma experiência única na atual geração de consoles, combinando combates rápidos no estilo “roguelike” com uma narrativa intrigante de suspense e terror. O jogo é aclamado por seu gameplay desafiador, que inclusive nem oferece opções para ajustar a dificuldade, exigindo dos jogadores adaptação e aprendizado ao longo do tempo. Apesar disso ele é extremamente gratificante e representativo do potencial da nova geração de consoles.
Alan Wake 2 – A sequência do thriller psicológico escrito e dirigido por San Lake, gerou muita expectativa por sua narrativa envolvente e atmosfera intensa. Seu lançamento trouxe para o catálogo um dos jogos mais foto realistas da história. Levando o PlayStation 5 e Xbox Series S/X ao limite extremo, o jogo apresenta nova jogabilidade e história complexa. Sem dúvida, um dos títulos mais bonitos dessa geração e um dos poucos capaz de mostrar seu poder.
Demon’s Souls Remake – Um remake que elevou os padrões para remakes de clássicos, com gráficos deslumbrantes para o início da geração e melhorias significativas na jogabilidade que respeitam a essência e o espírito do original.
The Last of Us Part I – Apesar das críticas que comentamos por ser um remake de um jogo já remasterizado/relançado, não se pode negar a qualidade técnica e aprimoramentos visuais que foram apresentados. É um dos jogos mais bonitos do PlayStation 5, porém, chegou ao PC com diversos problemas de otimização que mancharam um lançamento que poderia ser grandioso.
Marvel’s Spider-Man 2 – A continuação do sucesso da Insomniac Games é sensacional do ponto de vista gráfico. Nessa continuação o estúdio programou o jogo para incluir de forma nativa o efeito de traçado de raios e ainda oferecer alto desempenho. Essa franquia dispensa apresentações, é claro. Com uma narrativa e gameplay do primeiro jogo sendo elevados a novos patamares esse é um exclusivo obrigatório para o Playstation 5, capaz de levar o console ao limite.
Ratchet & Clank – Rift Apart – Dos mesmos criadores de Marvel’s Spider-Man 2, este título foi aclamado por seu uso inovador das capacidades do PS5, com tempos de carregamento quase instantâneos e gráficos impressionantes, elevando a experiência do jogador. Foi praticamente o primeiro jogo a impressionar graficamente nessa geração e suas técnicas de renderização fazem uso pleno do SSD para trocas bruscas de cenários e uma quantidade gigantesca de elementos se entrando e saindo de cena.
Starfield – Um exclusivo polemico de Xbox Series S/X, prometeu revolucionar os jogos de exploração espacial. Este RPG de mundo aberto da Bethesda tinha gerado expectativas enormes, prometendo uma jornada inédita através do universo com liberdade sem precedentes, tirando proveito da capacidade de processamento superior do Xbox Series X para criar vastos mundos exploráveis com detalhes ricos e dinâmicas ambientais complexas. O Hype em torno de Starfield demonstrou um potencial desperdiçado da nova geração de consoles em oferecer experiências de jogo a 30 quadros por segundo e gráficos que não impressionam em relação expectativa.
SCORN – Esse jogo se destaca como um título peculiar na atual geração de consoles, inicialmente exclusivo do Xbox Series S/X. Scorn é conhecido por sua abordagem artística única e imersiva, fortemente influenciada pelas obras do renomado artista H.R. Giger, conhecido por seu trabalho no clássico “Alien”. O jogo se passa em um universo distópico e surrealista, apresentando um design que mistura elementos orgânicos e mecânicos de uma maneira que é tanto desconcertante quanto artisticamente impressionante. É comum você se ver distraído analisando e tentando distinguir o que são os lugares objetos apresentados.
É tudo muito misterioso e intrigante, mas o que torna Scorn particularmente impressionante na geração atual é sua atmosfera densa e envolvente, que é realçada pelas capacidades gráficas e de processamento do Xbox Series e PlayStation 5. Os visuais detalhados e as texturas realistas contribuem para uma experiência imersiva que é ao mesmo tempo bela e inquietante. Além disso, Scorn emprega uma narrativa minimalista, onde a história é contada mais através do ambiente e design visual do que através de diálogos ou explicações tradicionais.
DLSS e FSR – A Geração do “Upscaling”
A 9ª Geração de Consoles chegou prometendo avanço considerável em resolução e desempenho, sendo mais especifico, a expectativa dos 4k a 60fps. No entanto, estas promessas não foram cumpridas totalmente, levando a uma avaliação crítica sobre as capacidades reais dos consoles e as técnicas utilizadas para otimizar a experiência de jogo.
A expectativa dos 4k a 60fps foi um dos principais argumentos de venda da nova geração de consoles. Na caixa do PlayStation 5 há uma referência ao padrão “8K, 4K/120fps” sugerindo uma resolução de imagem sem precedentes com desempenho fluido igual a de um PC Hi-End. Contudo, muitos jogos não conseguiram atingir nem mesmo uma fração dessa meta de forma consistente.
Em vários casos, temos que escolher entre alta resolução ou alta taxa de quadros. Raramente conseguindo ambos e muitas fezes não conseguimos nem um e nem outro de forma satisfatória. Essa situação levanta questões sobre as limitações de hardware e as prioridades no desenvolvimento de jogos.
Recentemente o lançamento do jogo Rise of the Ronin, levantou grande polemica por ser um título desenvolvido exclusivamente para PS5 e mesmo assim não ser capaz de extrair bom desempenho do console.
Mesmo oferecendo três modos gráficos, o jogo, tanto na questão da qualidade, quanto na taxa de quadros, não entrega nenhum, nem outro:
- Modo Desempenho: Reconstrução de 1080p/60fps (na realidade 972~1044p/55~60fps)
- Modo Qualidade: Reconstrução de 1440p/30fps (na realidade 1152~1224p/25~30fps)
- Modo Ray-Trace: Reconstrução de 1080p/60fps (na realidade 900~972p/25~30fps)
Em diversos momentos, o títulos se quer parece ser de nova geração, se assemelhando muito aos padrões dos jogos de PS4 ou abaixo.
Técnicas de Upscale e Supersampling
Para contornar a limitações de hardware e problemas de desempenho, os desenvolvedores têm recorrido a técnicas como DLSS (Deep Learning Super Sampling) e FSR (FidelityFX Super Resolution). Essas tecnologias utilizam algoritmos avançados para aumentar a resolução de imagens de menor qualidade, permitindo melhor desempenho gráfico sem sacrificar tanto a qualidade visual. Embora eficazes, o uso dessas técnicas é uma admissão implícita de que os consoles atuais não são capazes de entregar 4k nativos a 60fps em muitos casos.
Cada vez mais o uso dessas técnicas tem se tornado obrigatório durante o desenvolvimento dos jogos. Algo que tem sido muito criticado pela comunidade que argumenta ser uma “muleta” para falta de competência da equipe de desenvolvimento em fazer a devida otimização. O uso generalizado de técnicas de upscale e supersampling tem implicações importantes no desenvolvimento e na otimização de jogos. Por um lado, oferece uma solução prática para as limitações de hardware. Por outro, pode desencorajar os desenvolvedores a otimizar completamente seus jogos para o hardware disponível, confiando demais nessas tecnologias para compensar deficiências.
Essa tendência tem afetado inovação e a qualidade técnica de alguns jogos, com desenvolvedores potencialmente menos incentivados a explorar plenamente as capacidades dos novos consoles.
Consoles Mid-Gen seriam a solução?
A ideia de versões aprimoradas de consoles mid-gen, surgiu na 8ª geração de consoles com PlayStation 4 Pro E Xbox One S/X. Atualmente houveram vazamentos de informações de um possível PS5 PRO e isso tem gerado debates sobre a necessidade e as implicações de tais atualizações na indústria de jogos.
Veja bem, a possibilidade de versões aprimoradas dos consoles atuais surge de várias preocupações. Primeiro, há a questão da realização plena do potencial tecnológico conforme comentamos anteriormente – tanto o PS5 quanto o Xbox Series X/S foram lançados com promessas de avanços significativos em gráficos e desempenho, mas enfrentaram um choque de realidade na entrega real de 4k a 60fps.
Versões aprimoradas poderiam talvez superar essas limitações, mas também poderiam amplificar ainda mais essa problemática. Os rápidos avanços tecnológicos na indústria de hardware podem tornar os modelos atuais obsoletos mais rapidamente do que nas gerações anteriores, aumentando a demanda por hardware mais atualizado. Observe que muitos jogos da geração do PlayStation 4 e Xbox One X sofriam com problemas de desempenho nos consoles base, sendo que esses títulos só performavam adequadamente nas versões aprimoradas do hardware. Esse cenário poderia se repetir facilmente.
Do ponto de vista tecnológico, consoles mid-gen aprimorados podem oferecer melhorias significativas em termos de processamento gráfico, capacidades de IA, tempos de carregamento e talvez até funcionalidades ainda não imaginadas. Estas atualizações poderiam permitir experiências de jogo mais imersivas e visualmente impressionantes, aproveitando melhor as tecnologias de tela atuais, como TVs 4K/120hz. No entanto, isso, poderia desaquecer o mercado para a venda dos possíveis consoles de 10ª, condicionando os consumidores a esperarem mais para adquirir somente as versões aprimorada dos consoles.
Enquanto os consoles mid-gen aprimorados podem oferecer mais poder, eles também levantam essas questões sobre o ciclo de vida das gerações. Essas atualizações precisam ser avaliadas cuidadosamente para equilibrar as expectativas dos consumidores com os avanços tecnológicos, garantindo que a indústria de jogos continue a prosperar de maneira sustentável, evitando talvez um possível crash como o de 1983.
Uma Geração que Não Aconteceu
Na comunidade gamer, as perspectivas e sentimentos sobre a atual geração de consoles têm demonstrado uma apreciação pelas capacidades técnicas avançadas do PlayStation 5 e do Xbox Series X/S, mas ainda há debates sobre a real necessidade e o valor desses consoles, especialmente com a chegada dos títulos exclusivos do PlayStation em outras plataformas, como a Epic Games e a Steam, algo que já vinha sendo praticado pela Microsoft Xbox e criticado por boa parte da comunidade.
O senso comum é de que “existe muito hardware para pouco software” na 9ª Geração de Consoles. A escolha entre o PS5 e o Xbox Series X/S pode ser influenciada por vários fatores, incluindo a linha de jogos exclusivos de cada console e a preferência pessoal por determinadas franquias ou estilos de jogo. O Nintendo Switch também mantém uma forte presença, destacando-se por sua biblioteca de jogos exclusivos e sua versatilidade como console híbrido.
No que diz respeito às tendências futuras, há uma clara indicação de que a indústria está se movendo em direção a modelos de assinatura “all-you-can-play”, similares aos serviços de streaming de vídeo e música. Esses serviços de jogos por assinatura, como o PlayStation Plus e o Xbox Game Pass, estão se tornando cada vez mais comuns, mudando a maneira como os jogos são acessados e consumidos.
A Sony recentemente declarou que o PlayStation 5 está entrando em sua fase final do ciclo de vida. Diante de uma declaração polemica como essa fica um sentimento de que a 9ª Geração de Consoles foi em vão. Já que a maioria dos jogos lançados podem ser jogados nos consoles antigos e os jogos ditos como de nova geração enfrentam problemas de desempenho e otimização.
Com isso, surge uma perspectiva em que muitos usuários estão cogitando migrar definitivamente dos consoles para o PC, já na próxima geração, devido a alguns motivos: Primeiro que o custo para se montar um PC Mid-End está se tornando mais acessivel com a recuperação pós-pandemia. Segundo, pelo fato dos principais jogos exclusivos do PlayStation e XBOX estarem vindo para o PC. Títulos emblemáticos como God of War, Uncharted, Marvel’s Spider-man, Ratchet and Clank e muitos outros estão chegando cada vez mais cedo na Epic e Steam, restando assim pouco apelo para a aquisição de um novo console.
“Ah, mas e o DualSense?”. Pois bem, a integração de controles de console, como o DualSense, com PCs está se tornando mais fácil, aumentando a versatilidade e atração do ecossistema de jogos para PC. Tudo aponta para uma futura preferência ainda maior pelo PC gaming.
Com os jogos e recursos exclusivos dos consoles, tornando-se menos um diferencial e mais um complemento acessível para o PC, o único apelo de venda dos consoles seria o fator “plug’n’play”, um aspecto importante para quem dispõe de pouco conhecimento e/ou pouco tempo para jogar. Fato é que os consoles vão precisar se reiventar para continuar existindo nas próximas gerações.
E aí, o que você acha da 9ª Geração de Consoles? Você acredita que precisamos de consoles mid-gen ou o poder do PS5 e XBOX Series ainda não foi explorado? Deixei seu comentário para marcar a ocasião e compartilhe conosco suas impressões. Até a próxima!