Death Stranding 2 não é só uma sequência. É uma jornada emocional. Um retorno para casa – mesmo que essa “casa” seja um mundo fraturado, silencioso e marcado por cicatrizes invisíveis.
Depois de mais de 110 horas de gameplay, cruzando praias mortas, trilhas desoladas e criando novas conexões, fica impossível sair ileso. O novo capítulo da saga de Hideo Kojima nos mergulha nas dores e esperanças de um mundo ainda em reconstrução.
Só que, agora, o tom mudou um pouco. Se no primeiro jogo a missão era reconectar uma América em ruínas, aqui a caminhada é mais íntima. Mais pessoal. E, ao mesmo tempo, mais universal.
A história de Death Stranding 2: On the Beach começa onze meses após os eventos do primeiro jogo. Sam Porter Bridges está de volta. No entanto, seu papel agora é diferente.
Você pode já ter zerado. Ou talvez ainda esteja esperando a oportunidade pra comprar o jogo numa promoção. Mas, de um jeito ou de outro, On the Beach vai te surpreender. Porque, não importa o quanto você tente se preparar: ele sempre vai acertar onde mais dói – naquela solidão que fingimos não sentir, naquele desejo de tocar o outro sem destruir o frágil equilíbrio entre o eu e o mundo.
Nessa análise definitiva, vamos caminhar juntos por cada detalhe dessa obra: da narrativa enigmática às mecânicas refinadas. Das surpresas mais inusitadas a trilha sonora que continua ecoando mesmo depois de desligar o console. Bora?
O legado do primeiro Death Stranding
O primeiro Death Stranding chegou em 2019 como uma experiência única – do tipo que vira conversa fiada entre jogadores. Convenhamos: foi aquele jogo que todo mundo comentava “nossa, que estranho”, mas que acabava conquistando quem realmente dava uma chance.
O mundo desconectado, a entrega como metáfora, no limite entre a vida e a morte… uma viagem intensa e diferente de tudo o que se viu na história dos videogames até então.
O game dividiu opiniões. Teve quem achou genial. Teve também quem torceu o nariz. Para alguns, era uma “cacetada de originalidade”; para outros, um “simulador de carteiro”. Mas não é todo dia que surge um título escrito, dirigido e produzido por ninguém menos que Hideo Kojima. A combinação entre um nome de peso e um jogo polarizador rendeu a ele o status de culto.
Ao quebrar convenções, Death Stranding criou uma base de fãs incrivelmente leal. E deixou no ar uma pergunta inquietante para quem acompanha a indústria: “e agora, pra onde essa loucura do Kojima vai?”
O que se esperava da sequência?
Quando o trailer de Death Stranding 2: On the Beach foi revelado, o hype explodiu instantaneamente. O anúncio, feito durante o The Game Awards de 2022, deixou claro: Possivel GOTY. Além disso, as expectativas subiram ainda mais rápido a cada entrevista seguinte.
Norman Reedus retornou como Sam. Léa Seydoux e Troy Baker também voltaram aos papéis marcantes. E, de quebra, Elle Fanning e Shioli Kutsuna entraram para o elenco. Desde então, já dava pra sentir que o jogo não seria apenas mais uma caminhada contemplativa.
Trailers posteriores mostraram monotrilho, ciclos dinâmicos de dia e noite, variações climáticas e combates mais frequentes. Tudo isso indicava uma pegada mais ativa, mas ainda fiel ao coração poético da série.
Kojima, como sempre, mexeu na narrativa com precisão cirúrgica. Reescreveu o enredo do zero após a pandemia. E, pasme, decidiu torná-lo mais “polarizador” quando os testes indicaram que o jogo agradava demais – ele queria evitar que a obra caísse no mainstream genérico.
No meio desse frenesi, uma coisa ficou clara para os fãs: Death Stranding 2 teria que equilibrar o estranho e o esperançoso, o contemplativo e o visceral.
E tudo isso precisava vir embalado com o selo high-end que só um exclusivo de PS5 assinado por Kojima sabe entregar.
Narrativa e Temas Centrais
Death Stranding 2 é basicamente uma jornada mais íntima: reencontros, cicatrizes e vínculos profundos
Logo nos primeiros minutos de Death Stranding 2: On the Beach, a sensação é de reencontro – mas não daqueles confortáveis. É um reencontro com memórias inacabadas, cicatrizes reabertas e uma missão ainda mais pessoal. Sam Porter Bridges retorna diferente. Não só na aparência, mas também na forma como encara o mundo.
O peso do que viveu é visível em cada diálogo, cada hesitação e cada passo no terreno instável entre a vida e a morte.
A trama não repete fórmulas. Ela se apoia no que já foi construído, mas redireciona a bússola. Agora, a jornada de Sam se entrelaça com uma ameaça mais abstrata – quase metafísica. Fragile, que já se destacou no primeiro jogo, ganha novas camadas.
A relação entre os dois vai além da função narrativa: ela reflete o tema central do jogo. O vínculo humano como antídoto ao colapso. Um propósito para seguir em frente apesar de tudo.
Kojima aposta novamente na fragmentação narrativa. Ele não tem pressa em revelar tudo. O jogo exige atenção, entrega emocional e paciência.
Aos poucos, os eventos ganham forma e revelam um enredo que mistura ciência, filosofia, política e espiritualidade – como um grande quebra-cabeça existencial, montado ao ritmo da introspecção do jogador.
Novos mistérios e simbolismos em Death Stranding 2
O título On the Beach não se refere apenas à localização central da história. Ele funciona como um prenúncio simbólico. A praia, em Death Stranding, segue como espaço liminar – o ponto entre mundos, entre o que foi perdido e o que ainda pode ser reconectado. Só que agora, ela carrega mais camadas.
De ponto de passagem, transforma-se em lugar de decisão. Os novos personagens reforçam esse clima de mistério. Um deles, por exemplo, parece distorcer as leis naturais do mundo. Não é só uma ameaça física. É a representação de uma ideia. O jogo flerta com o desconhecido de forma quase mitológica.
Cada NPC parece incorporar um conceito: redenção, destruição, renascimento.
A linguagem simbólica marca todos os elementos visuais. Cordas, muros, oceanos vermelhos, ecos do passado – tudo em Death Stranding 2 sugere a tensão entre seguir em frente ou permanecer. Entre o desejo de apagar a dor e o medo de esquecer.
Mais do que uma sequência, a narrativa se aprofunda. Quase uma contemplação filosófica. Há ecos do cineasta russo Andrei Tarkovski, ressonâncias de David Lynch (Diretor e roteirista americano) – tudo filtrado pela sensibilidade única de Kojima.
Assim, o resultado é um roteiro que fala sobre humanidade com um tom que poucos jogos têm coragem de explorar.
México à Austrália, o mundo agora é o campo de batalha
Death Stranding 2: On the Beach não demora a mostrar que sua aventura é muito mais ampla geograficamente.
O prólogo começa no México, em uma paisagem árida, repleta de símbolos de morte e renascimento. Depois, a trama se expande até a Austrália, onde boa parte dos acontecimentos centrais se desenrola.
Essa mudança de cenário marca uma ruptura importante em relação ao primeiro jogo, que se limitava à América do Norte. Aqui, a missão não é mais reconectar um país. É encarar uma ameaça de escala global.
O coração da narrativa gira em torno dos chamados portais tunelares. São estruturas misteriosas capazes de conectar pontos distantes de forma instantânea. Eles representam uma promessa de revolução nos meios de comunicação e transporte.
Ao mesmo tempo, levantam questões sérias sobre os perigos de manipular as fronteiras entre mundos. É nesse novo contexto que Sam se vê, mais uma vez, preso em um dilema que mistura ciência, filosofia e sobrenatural.
Novos personagens
Fragile agora comanda uma expedição. A tripulação da DHV Magalhães apresenta novos rostos e novos dramas. Cada integrante traz à tona questões pessoais que ressoam com os grandes temas do jogo: perda, esperança e identidade.
Tarman, Rainy, Tomorrow, Dollman e Heartman.: mais do que funções práticas, esses personagens carregam dilemas íntimos que aprofundam a jornada emocional e moral do jogador. É a típica ambiguidade narrativa de Kojima, onde ninguém é só herói ou vilão.
Evoluções e inovações no gameplay
A jogabilidade de Death Stranding 2 é um excelente exemplo de refinamento. Em vez de reinventar o que já funcionava, o jogo aposta em aprimorar a proposta original – e isso fez toda a diferença.
Aliás, a base continua sendo o transporte de objetos, a logística e o deslocamento por terrenos hostis. No entanto, agora existe uma gama muito maior de possibilidades para o jogador.
Inegavelmente, o sistema de navegação está visivelmente mais otimizado. O peso da carga ainda afeta a estabilidade de Sam, mas o controle se tornou mais preciso e satisfatório.
Além disso, o fim da burocracia para acessar veículos, exoesqueletos adaptativos e novas ferramentas – como ganchos automatizados e drones de reconhecimento – transforma a experiência. Dessa forma, a jornada deixa de ser apenas uma prova de resistência e se torna um quebra-cabeça dinâmico, no qual planejamento e improvisação caminham lado a lado.
Entre as novidades mais aguardadas, o monotrilho é o grande destaque. Ele muda completamente o planejamento de deslocamentos longos. Agora, o jogador pode construir trilhos suspensos, acelerar entregas e evitar zonas perigosas. Como resultado, a mecânica não só economiza tempo, mas também adiciona uma camada estratégica de construção coletiva, incentivando a cooperação entre jogadores em níveis mais profundos.
O combate também recebeu atenção especial. Embora ainda ocupe um papel secundário, foi significativamente ampliado. Os sistemas de cobertura estão mais intuitivos, as armas não letais ganharam maior eficácia e a IA inimiga ficou bem mais agressiva. Portanto, os confrontos agora têm peso dramático real – principalmente em espaços fechados ou durante eventos climáticos extremos.
Dollman

Sam agora possui um novo companheiro de viagens: Dollman.
Muito similar a Mimir de God of War, o boneco ventrilogo animado é possuido pelo espirito de um medium que perder seu corpo em um dos fatos mais tragicos revelados no jogo.
Além de muito simpático e perspicaz, Dollman possui diversas funções para Sam como mapear os arredores quando é arremessado no alto. Além disso, o personagem auxilia com, dicas oportunas.
Novos Gadgets, armas e veículos
A variedade de ferramentas em Death Stranding 2 foi expandida de forma absurda. O jogo apresenta novos gadgets para exploração e combate, além de um arsenal robusto: pistolas, escopetas, metralhadoras, fuzis de assalto, lança-granadas e até lança-mísseis.
A maioria das armas e acessórios possui três níveis de evolução (Lv.1 a Lv.3), o que estimula uma progressão constante e estratégica ao longo da campanha.
Os veículos ganharam destaque real. Diferente do primeiro jogo, onde a caminhada predominava, agora boa parte da jornada pode ser feita sobre rodas. Caminhões e motos estão mais estáveis. Os terrenos, mais acessíveis. Até as áreas hostis se tornaram menos punitivas.
O caminhão, em especial, permite a instalação de dois canhões. Um deles é um canhão para capturar pacotes pelo caminho, que ajuda Sam a recuperar itens sem sair da cabine toda hora.
Apesar disso, a coleta de cristais quirais ainda precisa ser feita a pé. Essa decisão pode frustrar alguns jogadores, mas mantém o equilíbrio na dinâmica de exploração, forçando pausas que quebram o fluxo automatizado no gameplay.
Lutas com chefes
As lutas contra chefes, por outro lado, podem decepcionar quem buscava maior desafio. A maioria se resolve mantendo distância e disparando sem parar, em um estilo próximo de shooters tradicionais. As famosas granadas, tão icônicas no primeiro jogo, perdem relevância muito cedo, já que o vasto arsenal moderno acaba se sobrepondo.
O retorno de Higgs também se destaca. Agora, ele surge com uma presença ainda mais perturbadora. Sua nova aparência e motivações revelam um antagonista transformado, mas ainda obcecado por Sam.
Ao seu lado, surgem ameaças inéditas, como os EPs reformulados e os robôs fantasma. Essas criaturas combinam tecnologia com horror puro, criando confrontos intensos e momentos de tensão dignos de cinema.
Personalização

Sam agora conta com uma variedade de trajes, desde os totalmente personalizáveis (com mudanças de cor) até os temáticos, que oferecem efeitos especiais, como camuflagem em ambientes específicos ou proteção extra contra EPs. Essa adição reforça o senso de progressão e identidade dentro do jogo.
Por outro lado, um detalhe que chama atenção é a forma como o BB deixou de ser o centro da jogabilidade. Em muitos momentos, o jogador quase esquece que carrega uma cápsula no peito.
Isso tem fundamento narrativo, mas acaba diminuindo o impacto emocional que o choro do BB causava diante das ameaças do primeiro jogo. Para alguns, essa mudança pode soar como perda de intensidade dramática.
A interação com o DualSense e o PS5
A integração com o DualSense é um espetáculo à parte. O controle do PS5 atua como uma extensão sensorial do mundo de Death Stranding 2, traduzindo texturas, tensões e atmosferas com precisão impressionante.
O feedback háptico muda conforme o tipo de solo – da rigidez das pedras de montanha ao toque sutil da areia molhada da praia. Em certos momentos, é quase possível sentir os grãos escorrendo entre os dedos.
O áudio do Tempest 3D também merece. Com fones de ouvido, a percepção espacial se transforma. Dá pra ouvir os passos de uma mula se aproximando por trás ou sussurros sobrenaturais no meio do nevoeiro. Todos esses elementos colaboram para uma imersão que vai além da tela – o jogador não apenas controla Sam, mas sente como se habitasse seu corpo.
Essa utilização profunda do hardware do PS5 coloca Death Stranding 2 entre os jogos AAA mais ambiciosos da geração. Kojima não entregou só um jogo bonito. Ele criou uma experiência tátil e sensorial que redefine o que chamamos de imersão.
Visual deslumbrante
Se o primeiro Death Stranding já impressionava com paisagens de cair o queixo, a sequência leva tudo a um novo patamar visual.
Os ambientes de Death Stranding 2: On the Beach surgem mais diversos, mais vibrantes – e, paradoxalmente, mais melancólicos. A direção de arte investe pesado em contrastes extremos: tempestades carmesim rasgam rochedos sombrios, nevascas densas filtram a luz em montanhas silenciosas, enquanto desertos de areia vermelha enfrentam ventos colossais. Cada cenário carrega uma emoção específica. Aqui, o ambiente não apenas ambienta a história – ele é a narrativa visual.
Nada de Ray Trace
Nada de traçado de raios ou perfumarias do tipo e, ainda assim, a iluminação dinâmica de Death Stranding 2 rouba a cena.
O ciclo de dia e noite, aliado às mudanças climáticas, transforma completamente o clima emocional de cada lugar. Um vale tranquilo pela manhã pode se tornar um campo de tensão ao entardecer, durante uma tempestade ou terremoto. Essa imprevisibilidade exige atenção constante.
O trabalho de otimização é impecável e o jogo apresentada um desempenho exemplar, tanto no PS5 base, quanto no PRO:
Modo Qualidade: 2160p/30fps Dinâmico (2160p~1800p)
Modo Performance: 1440p/60fps (Reconstruído para 2160p)
Mais que uma questão de técnica, ela fortalece a imersão pela atmosfera carregada. Death Stranding 2 é, potencialmente, o jogo mais bonito do console da Sony.
Os personagens também evoluíram de forma notável. As animações faciais atingem um nível de refinamento raro nos games.
Um olhar de dúvida, um sorriso tímido ou um suspiro pesado – cada gesto foi capturado com precisão absurda. A captura de performance alcança um padrão verdadeiramente cinematográfico.
Como resultado, diálogos simples se transformam em momentos dramáticos que mais lembram o cinema do que um jogo convencional.
A Trilha sonora de Death Stranding 2
A trilha sonora de Death Stranding 2 continua sendo uma extensão direta do seu universo emocional. O retorno da banda Low Roar, mesmo após a morte de Ryan Karazija, seu vocalista, carrega um peso simbólico enorme.
As músicas agora soam como homenagens, ecos de um mundo que insiste em seguir em frente mesmo quando partes dele se perdem. Para quem mergulha no enredo, esse simbolismo é ainda mais intenso.
O jogo não preenche o tempo todo com som – e isso é proposital. O silêncio e a contemplação também têm espaço, e ambos dizem muito. Há momentos em que caminhar por quilômetros, ouvindo apenas o vento e os passos de Sam, provoca uma imersão quase meditativa. Quando a música finalmente surge, ela não embala – ela atravessa. Cada faixa aparece em pontos estratégicos, reforçando transições emocionais ou revelações narrativas.
Além de Low Roar, a trilha traz colaborações de artistas como Woodkid e nomes emergentes da cena alternativa mundial. O resultado é uma experiência sonora que respeita o DNA do primeiro jogo, mas ao mesmo tempo abre novos caminhos. É como se o próprio jogo tivesse consciência do seu ritmo e usasse o som como bússola emocional.
Trilha sonora interativa
Uma das grandes novidades é que a música não está mais limitada a momentos pré-definidos da narrativa. Agora, o jogador pode montar sua própria playlist personalizada, desbloqueando faixas ao longo da campanha. Essas músicas podem ser ativadas durante a exploração, transformando caminhadas e viagens em experiências únicas. É como se cada jogador pudesse dirigir a trilha da própria jornada.
Essa liberdade, porém, não compromete a imersão. A playlist só funciona dentro da cobertura da rede quiral e se interrompe automaticamente diante de ameaças iminentes. Dessa forma, a música se integra ao gameplay sem diluir a tensão característica da franquia.
Por fim, a atmosfera de Death Stranding 2 se constrói em múltiplas camadas: visual, sonora e emocional. Uma combinação que não apenas impressiona tecnicamente, mas também ressoa com o jogador de maneira profunda e duradoura.
Participação de atores famosos
Uma das tradições mais curiosas da Kojima Productions é a presença constante de atores renomados e celebridades em papéis importantes.
Alguns desses personagens são fundamentais para a narrativa, enquanto outros surgem como aparições especiais espalhadas pelo mapa.
Em Death Stranding 2: On the Beach, essa característica foi ampliada de forma considerável. Isso consolida a ideia de que o universo criado por Kojima não é apenas um palco para histórias – é também uma homenagem viva à cultura pop.
Além de reforçar o impacto visual e emocional da narrativa, essas participações ajudam a criar conexões com o público de diferentes áreas. Assim, o jogo se transforma em um ponto de convergência entre cinema, música e games. E, claro, cada nova participação funciona como uma pequena surpresa para os fãs mais atentos.
Elenco principal
Sam Porter Bridges – Norman Reedus: Mundialmente conhecido por The Walking Dead, Reedus retorna como protagonista.
Fragile – Léa Seydoux: Famosa por papéis em Azul é a Cor Mais Quente e 007: Spectre, Seydoux retorna como uma das figuras centrais.
Dollman – Faith Akin (aparência) e Jonathan Roumie (voz): Akin, diretor do premiado Head-On, empresta sua presença física, enquanto Jonathan Roumie – famoso por interpretar Jesus em The Chosen – dá voz à sua performance.
Tarman – George Miller (aparencia) e Marty Rhone (voz): George Miller, lendário diretor da franquia Mad Max, empresta sua imagem ao personagem. Já a voz fica por conta de Marty Rhone, narrador em Street Fighter 6.
Tomorrow – Elle Fanning: Estrela de Malévola, Elle interpreta uma personagem inédita de aura misteriosa, que adiciona frescor e tensão à trama.
Rainy – Shioli KutsunaConhecida por Deadpool 2, assume um papel vital na narrativa e na relação com Sam, funcionando como ponte emocional em momentos-chave.
Heartman – Nicolas Winding Refn (interpretação) e Darren Jacobs (voz): O diretor de Drive, Refn, retorna emprestando sua imagem ao personagem.
O Presidente – Alastair Duncan: Com sua voz marcante de God of War (Mimir), Duncan entrega uma performance carregada de mistério em um papel de liderança estratégica.
Higgs – Troy Baker: Um dos dubladores mais celebrados dos games, Baker é conhecido por The Last of Us e Metal Gear Solid V. Aqui, retorna como Higgs em uma versão ainda mais sombria e enigmática.
Neil – Luca Marinelli: Reconhecido por Rainbow: A Private Affair, Marinelli dá vida a um personagem novo, envolto em tensão e ambiguidade.
Lucy – Alissa Jung: Famosa por Maria, Mãe de Jesus, sua atuação traz intensidade dramática e reforça o lado humano da narrativa.
A Doutora – Debra Wilson: Uma das atrizes mais presentes no universo dos games adiciona autoridade e emoção ao elenco.
Participações especiais
Kojima encheu o mapa de participações que variam de artistas a diretores de cinema, músicos e até VTubers. Alguns destaques:
- Kate Siegel, atriz de terror (Hush: A Morte Ouve), surge como Olivia Westbury.
- Ma Dong-seok (Don Lee), de Invasão Zumbi, aparece como Samson Hook.
- Mamoru Oshii, lendário diretor de Ghost in the Shell, assume o papel de um excêntrico pizzaiolo.
- Mike Flanagan, diretor de Midnight Mass, entra como Mike Northcoate.
- Gen Hoshino, cantor e ator japonês (voz tema de Spy x Family), interpreta ele mesmo como músico.
- CHVRCHES (Lauren Mayberry, Martin Doherty e Iain Cook), a banda que marcou o primeiro jogo com sua música tema, aparece em uma side quest como o próprio trio.
- Woodkid (Yoann Lemoine), responsável por músicas marcantes na trilha, também aparece como personagem jogável chamado The Mechanic.
- S.S. Rajamouli, diretor indiano de Baahubali, e seu filho, produtor S.S. Karthikeya, são encontrados como aventureiros.
- Família Refn: a esposa e filhas de Nicolas Winding Refn também aparecem em papéis científicos, reforçando a natureza colaborativa do elenco.
E isso é apenas a ponta do iceberg. O jogo está repleto de rostos conhecidos que aparecem em laboratórios, fortalezas e regiões isoladas do mapa. Essa dinâmica recompensa o olhar atento do jogador e reforça a sensação de que esta obra não é apenas um videogame – é também um gigantesco mosaico cultural.
Além disso, esses encontros inesperados funcionam como pequenos presentes para os fãs mais conectados com cinema, TV e música. Eles ampliam o valor da obra e contribuem para a construção de um mundo que parece pulsar fora da tela.
Assim, Kojima, mais uma vez, brinca com a intertextualidade e nos lembra que a cultura pop é, em essência, um universo compartilhado.
O impacto de Death Stranding 2: On the beach
Death Stranding 2: On the Beach não é apenas uma continuação. É uma expansão ousada de ideias, sentimentos e experimentações já plantadas no primeiro jogo. Aqui, elas florescem com mais coragem e profundidade.
A narrativa evita respostas fáceis, preferindo reflexões que permanecem mesmo após os créditos finais. A jogabilidade evolui o bastante para ampliar a imersão e engajar veteranos e novos jogadores. Nada como os grandes shooters, entretanto, Death Stranding nunca foi sobre combate, matar ou ser morto.
O impacto emocional talvez seja seu maior trunfo. Poucos jogos transformam o “estranho” em algo tão poderoso. Poucos arriscam manter um ritmo contemplativo em uma indústria que, muitas vezes, exige ação constante. Kojima mostra que ainda é possível criar grandes obras sem se curvar às fórmulas comerciais seguras.
Tecnicamente, o jogo é um marco do PlayStation 5. Não importa se você prefere jogar em modo qualidade a 30fps ou em modo performance a 60 fps. A experiência é incrivelmente sólida em ambos os modos.
O uso do DualSense, o áudio 3D e os gráficos de última geração colocam Death Stranding 2 entre os títulos mais impressionantes da 9ª geração. Mas o diferencial está em como cada recurso serve à experiência. Nada é gratuito. Nada é só exibicionismo.
Em termos de legado, é difícil não imaginar On the Beach sendo lembrado como uma das experiências narrativas mais importantes da década. Como o primeiro, ele deve dividir opiniões. Mas, se algo é certo, é que deixará marca como um clássico cult.
Death Stranding 2 não é para todos

Death Stranding 2: On the Beach é uma obra que mantém o DNA autoral de Hideo Kojima, mas também busca novas formas de envolver o jogador. Não é um jogo para todos, mas é exatamente aí que reside sua força: ele não tenta agradar ao público em massa, e sim marcar aqueles que se deixam levar pela jornada.
Prós
- Narrativa profunda, com simbolismos e reflexões existenciais.
- Ambientes variados e visualmente impressionantes, mesmo sem Ray Tracing.
- Trilha sonora memorável e agora interativa, permitindo playlists personalizadas.
- Maior acessibilidade no gameplay, com veículos mais funcionais e mapas menos punitivos.
- Participação de atores renomados, reforçando o tom cinematográfico.
- Utilização exemplar do hardware do PS5, DualSense e do Tempest 3D.
Contras
- Lutas contra chefes carecem de desafio real, lembrando mais shooters tradicionais.
- O terror das EPs perdeu intensidade em relação ao primeiro jogo.
- O BB perdeu relevância mecânica e emocional, enfraquecendo parte da identidade da franquia.
- Terrenos mais “amigáveis” e abundância de veículos reduzem a sensação de isolamento e superação.
- Pode ser excessivamente contemplativo para quem busca ação constante.
No fim, Death Stranding 2 é um jogo que divide opiniões, mas não passa despercebido. Para quem procura uma experiência que mistura filosofia, emoção e inovação mecânica, é uma jornada indispensável. Para quem prefere ritmo acelerado e ação ininterrupta, pode soar arrastado.
Death Stranding 2 não se trata apenas de caminhar, lutar ou sobreviver. Trata-se de sentir e se emocionar. E sentir é o que mantém Death Stranding 2: on the beach pulsando na mente de quem se entrega à sua jornada.