Análise | Planeta dos Macacos: O Reinado

Planeta dos Macacos: O Reinado
Planeta dos Macacos: O Reinado/Trailer - Imagem: 20th Century Fox

“Planeta dos Macacos: O Reinado”, se passa séculos depois da morte de César, o famoso líder que libertou os macacos e alterou o equilíbrio entre as espécies, o mundo transformou-se por completo. A humanidade entrou em colapso e regrediu ao estado primitivo, reduzindo-se a pequenos grupos que vivem ocultos nas sombras da natureza. Com a espécie dominante sendo os macacos, estes evoluíram em várias tribos com culturas e crenças distintas, sendo que muitas delas transformaram a história de César em mito ou distorceram seu legado.

Nesse contexto, seguimos Noa, um jovem macaco do clã das águias, que vive em paz até que sua aldeia é arrasada pelos adeptos de Proximus Caesar. Esse tirano se autodenomina herdeiro do famoso César, utilizando o nome apenas para legitimar sua opressão. Não, obrigado a escapar, inicia uma viagem de crescimento e auto descoberta, orientado por Raka, um ancião sábio que guarda os autênticos ensinamentos de César.

Ao longo de sua jornada, Noa encontra Mae, uma humana enigmática que, diferentemente dos outros humanos, exibe inteligência e fala coerente. Sua presença indica que a humanidade pode não estar tão extinta quanto aparenta, e que antigas tecnologias ainda permanecem nas ruínas esquecidas do passado.

Ao enfrentar Proximus, Noa descobre que a batalha não se trata apenas de poder, mas da verdade a respeito do que César realmente significava. A batalha final representa o confronto entre fé cega e sabedoria, tradição e progresso. Noa surge como um novo líder espiritual, determinado a resgatar o verdadeiro sentido da coexistência e harmonia entre as espécies.

O filme termina abrindo espaço para um novo ciclo na franquia: o começo de uma era em que macacos e humanos se encontram novamente, não como opressores e oprimidos, mas como civilizações que precisam reencontrar uma história compartilhada.

Direção de Planetas do Macacos: O Reinado

Planetas dos Macacos: O Reinado foi dirigido por Wes Ball, o mesmo diretor que esteve à frente da trilogia Maze Runner. Apesar de ter uma filmografia pequena, o cineasta apresenta uma identidade visual marcante, que em geral combina bem com tramas distópicas. Em “Planeta dos Macacos: O Reinado”, ele assume a franquia após Matt Reeves (diretor dos dois filmes anteriores), trazendo uma nova fase para a saga, se passando muitos anos depois da era de César.

O nível de detalhamento e realismo se mostrou ainda mais aprimorado e bem trabalhado nessa sequência. Em O Reinado, a Wētā FX usou ferramentas de machine learning para agilizar animações faciais e corporais dos macacos, otimizando dados de captura de movimento. Contudo, não houve uso de IA generativa: as decisões criativas permaneceram humanas. A IA serviu apenas como apoio técnico no pipeline de efeitos visuais.

No fim das contas, Wes Ball construiu uma narrativa envolvente, equilibrando estética visual e os conflitos e motivações dos personagens. Por isso, o trabalho do cineasta em “Planeta dos Macacos: O Reinado”, serve mais para introduzir uma nova fase de uma ficção com muito potencial.

Linha cronológica de Planetas do Macacos: O Reinado

O filme mantém a continuidade estabelecida no reboot e no cânone dos últimos filmes, em vez de reinventar tudo de novo. Ou seja, não é um reboot, mas uma expansão desse universo já estabelecido. 

A franquia Planeta dos Macacos apresenta duas linhas do tempo diferentes. A série clássica (1968–1973), que teve início com o filme protagonizado por Charlton Heston e se baseia no livro de Pierre Boulle, apresenta astronautas chegando a um planeta governado por macacos e, por meio de viagens no tempo, desvenda a origem e a supremacia deles sobre a Terra. 

Por outro lado, a série moderna (2011–2024) é um reboot que recomeça a trama, iniciando com o surgimento de César e o colapso da humanidade após um vírus desenvolvido em laboratório.

Planeta dos Macacos: O Reinado (2024) ocorre séculos após esses acontecimentos, apresentando uma civilização de macacos estabelecida e venerada. Embora ambos os arcos abordam temas parecidos, a ascensão dos macacos e a queda da humanidade, eles não fazem parte da mesma continuidade. Apesar de ambos abordarem a ideia central de uma Terra dominada por primatas evoluídos, o clássico de 1968 e O Reinado ocorrem em universos distintos.

Easter Eggs em Planetas do Macacos: O Reinado

Essa nova linha de filmes da franquia “Planeta dos Macacos” se iniciou no ano 2011 com o filme “Planeta dos Macacos: A Origem”. Desde então, a 20th Century Studios, atualmente sob o controle da The Walt Disney Company, tenta imaginar esse universo de modo fiel e profundo. Um dos reflexos disso são as várias referências resgatadas diretamente do filme clássico. Algumas dos principais easter eggs nesse filme incluem:

Macacos crucificados: Em Planeta dos Macacos: O Reinado, as crucificações em “X” são uma referência direta ao filme clássico de 1968, onde humanos eram punidos dessa forma. Wes Ball inverte o simbolismo: agora, macacos crucificam outros macacos, refletindo a corrupção e o colapso moral do legado deixado por César.

O boneco perdido: A voz do bebê de brinquedo do filme original reaproveitada, Quando crianças humanas encontram a boneca falante (paralela à cena de Planet of the Apes 1968), o áudio usado remete explicitamente ao brinquedo do original, ligando tonalmente o mundo novo ao clássico.

Protagonista de 1968: Em Planeta dos Macacos: O Reinado, há uma referência direta a Fort Wayne, Indiana, quando humanos restabelecem comunicação por satélite e ouvem a mensagem “This is Fort Wayne, Indiana”. O detalhe homenageia o filme original de 1968, onde o astronauta Taylor também mencionava ser de Fort Wayne, criando uma conexão simbólica entre as cronologias.

Essa fidelidade com a franquia clássica permite, ao filme, alcançar o público mais velho, com um forte apelo para o sentimento de nostalgia. Ao mesmo tempo, o filme responde perguntas enigmáticas que sempre permearam a franquia como por exemplo: Como os macacos ficaram tão inteligentes? Essa soma de inovação e compromisso com a essência original da saga, tornou “Planeta dos Macacos: O Reinado” um dos melhores filmes do ano.

Orçamento e bilheteria

“Planeta dos Macacos: O Reinado” arrecadou US$ 397 milhões, ficando bem abaixo das expectativas para uma superprodução. Esse filme pertence a uma franquia bem consolidada. Filmes desse perfil, normalmente, normalmente devem alcançar de 2 a 3 vezes o seu custo para alcançar as expectativas dos executivos. Para produzir o longa foi gasto algo em torno de US$ 160 milhões. No mês de estreia, esse filme competiu, pela atenção do público, com pequenas produções, incluindo The Fall Guy e IF. Nesse sentido vale ressaltar que “Planetas dos Macacos: O Reinado” teve sua data de lançamento antecipada para evitar competir diretamente no fim de maio com “Furiosa: Uma Saga Mad Max” e “Garfield: Fora de Casa”.

Há motivos para esse filme ter uma bilheteria tão moderada, essa sequência recente teve que lidar com novos desafios. Por exemplo, até o lançamento dessa obra já foram lançados filmes dessa saga em 2011, 2014, e 2017. Todos esses filmes construíram um vínculo majoritário com o público através do personagem César. E em “Planeta dos Macacos: O Reinado”, o legado de César acaba, dando a impressão de ser um filme totalmente novo. Portanto, esse foi o desempenho comercial do filme e alguns dos motivos de ter sido tão modesta.

Crítica

“Planeta dos Macacos: O Reinado” teve uma recepção crítica, um pouco, acima da média. Por exemplo, no IMDB o filme alcançou 6.8/10 estrelas em uma escala de 161 mil votos. Além disso, no Rotten Tomatoes o longa alcançou 77% de aprovação em uma escala de mais de 2500 votos. As principais críticas positivas apontam os efeitos visuais como elementos mais fortes. A tentativa, bem executada, do roteiro em preencher lacunas da franquia também recebeu bastantes elogios.

Por outro lado, a superficialidade dos novos personagens desagradou parte dos fãs que estavam apegados com César. O primeiro ato do filme é dedicado a uma monótona e cansativa introdução, que aposta em cenas contemplativas mais do que na própria trama. Particularmente, o filme é bom como um todo, apesar de carecer de ação e cenas épicas os eventos se mostram relevantes e apontam para mais um capítulo da franquia.

Trilha Sonora

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O músico que compôs a trilha sonora de “Planeta dos Macacos: O Reinado” se chama John Paesano, e tem uma discografia interessante. Alguns dos seus trabalhos incluem o álbum do filme “Estrela de Belém”, “Maze Runner: A Cura Mortal” e “Tesla”. Esse compositor demonstra versatilidade em sua discografia, contribuindo desde animações infantis a filmes de terror e ação. 

A linguagem musical geral de John Paesano pode ser descrita como cinemática, emocional e híbrida entre o sinfônico e o moderno, equilibrando orquestra tradicional com texturas eletrônicas e percussões rítmicas marcantes. 

Por exemplo, a faixa principal de Planeta dos Macacos: O Reinado, “Kingdom of the Planet of the Apes (Main Theme)”, combina orquestra épica, percussões tribais e corpos etéreos. Essa faixa representa o legado de César e a ascensão de Noa. Alterna melancolia e esperança, refletindo o estilo de Paesano: emocional, híbrido entre o sinfônico e o moderno, focado em humanidade e herança moral.

Conclusão

A partir de “Planetas dos Macacos: O Reinado” a profundidade narrativa se torna ainda mais profunda. Os macacos que antes eram os oprimidos, com o poder nas mãos mostraram que independente do grupo, sempre haverá o lado extremo e destrutivo. A figura de César que representa paz, justiça, e liberdade, será usada para pregar discórdia e opressão. Isso parece familiar para você?

Uma das coisas mais interessantes deste filme, é que os roteiristas Josh Friedman, Rick Jaffa, Amanda Silver e Patrick Aison escreveram uma história que se comunica bem com os espectadores atuais. Muito mais que uma ficção sobre guerra entre criaturas diferentes, a mensagem que o filme “Planeta dos Macacos: O Reinado” tenta comunicar é que não há um grupos inerrantes. Que todo ser que pensa e tem emoção está propenso a se deixar levar pelas próprias crenças, e a partir disso cometer atrocidades. Até a próxima!

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