No planeta Montressor, o jovem Jim Hawkins vive com sua mãe, Sarah, administrando uma pousada. Sua vida muda quando o velho pirata Billy Bones cai perto do local e lhe entrega uma esfera misteriosa, alertando-o sobre um ciborgue perigoso. Após um ataque de piratas que destrói a pousada, Jim foge com sua mãe e o Dr. Delbert Doppler. Juntos, eles descobrem que a esfera contém um mapa estelar que leva ao lendário Planeta do Tesouro, onde o Capitão Flint teria escondido uma imensa fortuna.
Determinados a encontrar o tesouro, eles embarcam na nave RLS Legacy, comandada pela Capitã Amélia e pelo imediato Sr. Arrow. A tripulação é liderada informalmente pelo carismático cozinheiro ciborgue John Silver, de quem Jim desconfia, mas com quem acaba criando um laço quase paternal. Durante uma travessia perigosa por uma supernova que se transforma em buraco negro, Arrow morre após ter seu cabo sabotado pelo pirata Scroop, embora Silver suspeite da verdade.
Ao chegarem ao Planeta do Tesouro, Jim descobre que a tripulação é composta por piratas liderados por Silver, e um motim acontece. Ele foge com Amélia, Doppler e o camaleônico Morph. Com a ajuda do robô BEN, que perdeu parte da memória, Jim recupera o verdadeiro mapa e derrota Scroop. O grupo é capturado novamente, e Silver obriga Jim a abrir o mapa, revelando que o planeta é uma imensa máquina criada por Flint, com o tesouro escondido em seu núcleo.
Quando o planeta começa a se autodestruir, Silver abandona o ouro para salvar Jim. Com engenhosidade, o rapaz usa uma prancha à vela para guiar a nave de volta a Montressor através de um portal espacial. Silver escapa, mas deixa Morph e parte do tesouro para Jim, que reconstrói a pousada, amadurece e ingressa na Academia Interestelar, pronto para um novo futuro.
Direção de O Planeta do Tesouro
John Musker e Ron Clements são dois diretores talentosos, que sabem como desenvolver personagens como ninguém. A dupla trabalhou em conjunto na direção de “O Planeta do Tesouro”. Esses dois diretores estiveram à frente das animações mais icônicas da Disney. Por exemplo, Aladdin, Hércules, A Princesa e o Sapo, A Pequena Sereia, são alguns dos principais trabalhos dos cineastas.
Além disso, o carisma dos personagens, como o Capitão Long John, resulta da combinação entre roteiro bem construído, animação expressiva e direção precisa de Ron Clements e John Musker. Eles equilibram humor, emoção e gestualidade, coordenando vozes, expressões e ritmo narrativo para dar vida autêntica e personalidade marcante a cada figura.
Outro ponto excepcional dessa adaptação, são os designs de O Planeta do Tesouro foram criados por animadores veteranos da Disney: Ken Duncan (Capitã Amélia), Glen Keane (John Silver), John Ripa (Jim Hawkins) e Andreas Deja (piratas), sob direção de arte de Brian McEntee. Juntos, equilibram estética clássica e futurista no estilo steampunk do filme.
John Musker e Ron Clements, apresentaram uma capacidade magistral em desenvolver personagens carismáticos e inesquecíveis em “O Planeta do Tesouro”. Não só a visão profunda dos diretores John Musker e Ron Clements tornou esse filme extraordinário, como também os designers de animação, a direção de arte e a dublagem incrível.
Em que foi baseado esse filme
O Planeta do Tesouro foi baseado no livro “A Ilha do Tesouro”. Escrito pelo autor Robert Louis Stevenson, o livro foi publicado em 1983. O filme foi baseado em “A Ilha do Tesouro”, isso é oficial. Porém, esse filme além de não ser uma adaptação homônima, apresenta uma atmosfera totalmente diferente da atmosfera dos livros. Por exemplo, no livro os personagens se aventuram pelos mares, ao invés de viajar pelo espaço.
Clements e Musker tinham a ideia de adaptar A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, desde os anos 1980. Mas com uma reviravolta de ficção científica. A proposta foi recusada várias vezes até ser finalmente aprovada após o sucesso de Aladdin.
Eles queriam criar um universo que combinasse elementos vitorianos e futuristas, o que chamaram de “70% tradicional e 30% futurista”. Essa mistura resultou no visual único do filme, velas e naves espaciais coexistindo em um mesmo mundo.
Assim, o filme combina temas clássicos de amadurecimento e moralidade do livro original com elementos futuristas e visuais steampunk, criando uma versão totalmente nova da lenda literária.
Diferenças entre o filme e o livro
Podemos definir “O Planeta do Tesouro” como uma adaptação do livro escrito por Robert Louis Stevenson. Porém, vemos no filme que muitas coisas foram reimaginadas, a primeira e mais evidente é a ambientação do filme. Mas há muitas outras, como por exemplo a relação entre Long John e Jim não apesar de ter uma certa complexidade, não é tão emocional de pai e filho como vemos no filme. Algumas das outras diferenças inclui:
O Pirata amolecido:
- No livro, Jim e seus aliados recuperam o tesouro, mas Long John Silver foge com parte dele. Jim retorna para casa, marcado pela aventura e pela corrupção moral que testemunhou.
- No filme, Long John tenta sair escondido mas Jim percebe logo. Os dois têm uma despedida emocionante, e o velho pirata parte sem nenhum tesouro além da ligação emocional com o garoto.
Contagem Regressiva:
- No livro: Não há destruição em massa; o conflito é humano e centrado na ganância e sobrevivência dentro de um cenário realista na ilha.
No filme: A explosão do planeta foi criada pela Disney como clímax visual e simbólico da ruína causada pela cobiça dos piratas.
Amélia, a capitã durona:
- No livro: o navio é comandado pelo Capitão Smollett, um homem humano, rígido e experiente, sem presença feminina relevante na trama.
- No filme: a Capitã Amélia substitui esse papel, sendo uma felina antropomórfica forte e inteligente, criada para modernizar e equilibrar o elenco.
Em síntese, O Planeta do Tesouro reinterpreta A Ilha do Tesouro com ousadia, preservando sua essência de aventura e crescimento, mas reinventando personagens, cenários e temas. A fusão entre o clássico e o futurista transforma a narrativa em uma experiência visual e emocional única, reafirmando seu valor como adaptação memorável.
Orçamento e bilheteria
Com orçamento de cerca de US$ 140 milhões, O Planeta do Tesouro arrecadou apenas US$ 109,6 milhões mundialmente, sendo US$ 38,1 milhões nos EUA. O desempenho abaixo do esperado fez dele um dos maiores fracassos comerciais da Disney, apesar de seu alto valor artístico e inovação visual.
Outros grandes lançamentos estavam em cartaz na mesma época em que O Planeta do Tesouro estreou no cinema. Por exemplo, “Harry Potter e a Camara Secreta”, “8 Mile – Rua das ilusões”, “Meu Papai é Noel 2”.
Esses concorrentes de peso contribuíram para ofuscar o desempenho de O Planeta do Tesouro nas bilheterias, que, apesar de seu fracasso comercial, permanece como uma das produções mais ousadas e visualmente impressionantes da Disney, lembrada por sua originalidade, ambição estética e mistura única de aventura clássica com ficção científica.
Crítica
Nos primeiros dias, “O Planeta do Tesouro” recebeu críticas majoritariamente positivas, elogiado por sua animação inovadora, visual deslumbrante e pela relação entre Jim e Silver. Porém, foi criticado por sua história previsível, ritmo irregular e apelo limitado ao público infantil. Com cerca de 69% no Rotten Tomatoes, teve boa recepção, mas desempenho comercial fraco.
Com o passar do tempo, o filme foi sendo esquecido até os dias atuais. Muitos entusiastas do cinema reverenciam O Planeta do Tesouro como uma das melhores animações da Disney que foi esquecida. Atualmente, no IMDB alcançou 7.2/10 estrelas em uma escala de 145 mil votos. O Planeta do Tesouro marcou uma geração e se tornou uma das animações mais emocionantes da Disney no decorrer dos anos.
Trilha sonora de O Planeta do Tesouro
A trilha sonora foi composta por James Newton Howard, que misturou elementos clássicos e modernos para refletir o universo híbrido do filme. Howard tem um dos históricos mais extensos com relação às músicas, na indústria cinematográfica. O veterano já produziu álbuns para filmes como: Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, Eu Sou a Lenda, Relatos do Mundo, e a lista não acaba.
Já podemos destacar a canção que toca durante a sequência em que Jim Hawkins e John Silver fortalecem sua relação, trabalhando e convivendo juntos na nave, é “I’m Still Here (Jim’s Theme)”, interpretada por John Rzeznik, vocalista do Goo Goo Dolls.
Essa música expressa os sentimentos de solidão, busca por identidade e desejo de aceitação de Jim, enquanto a montagem mostra Silver tornando-se uma figura paterna para ele. É considerada o momento mais emotivo do filme e um dos motivos pelos quais a trilha sonora é tão lembrada. A música foi muito bem explorada para nos conduzir pela narrativa, e de modo inteligente.
Conclusão
Lembro que na primeira vez que assisti “O Planeta do Tesouro”, quando ainda era uma criança, o personagem de Long John roubava toda a atenção. Lembro que o final do filme era dramático, mas não conseguia explicar o porquê. A relação entre os personagens foi tão bem desenvolvida que mesmo no final, quando todos saem ganhando, ainda há uma sensação de tristeza, porque o filme acaba com um tom de despedida, entre Jim e o velho pirata.
Com isso, quero dizer que “O Planeta do Tesouro” tem uma trama tão bem estruturada que mesmo uma criança sem a menor noção de relações humanas, fica comovida. Por fim, essa adaptação transcende a aventura e conquista pela humanidade de seus personagens, revelando que as maiores descobertas nem sempre estão nos tesouros, mas nas conexões que encontramos pelo caminho. Até a próxima!
