Leon S. Kennedy está em Resident Evil Requiem e a volta dele muda o tom do jogo mais do que você imagina.
Quando Resident Evil Requiem apareceu no The Game Awards 2025, a Capcom fez uma escolha muito consciente: ela não revelou “só mais um trailer”. Ela revelou um recado. Leon S. Kennedy está no jogo, é jogável e é o segundo protagonista, com a história costurando o destino dele ao de Grace Ashcroft, a analista do FBI que já tinha sido apresentada como o rosto do projeto.
O ponto curioso é que a Capcom não vendeu isso como “Leon resgatando a franquia”. Pelo contrário. Ela vendeu como contraste: o medo cru com a Grace e a catarse do combate com o Leon. No texto de apoio publicado pela Famitsu, o jogo é descrito como uma experiência dupla, com “terror que faz tremer” ao lado de “ação prazerosa” ao derrotar a morte.
Além disso, já ficou oficial o lançamento em 27 de fevereiro de 2026.
O que a história revela até aqui

O que foi divulgado coloca os dois personagens no rastro de um mesmo caso. Primeiro, uma sequência de mortes misteriosas acontece por várias regiões.
Depois, um novo corpo aparece em um hotel abandonado, e é aí que a trama engata. Grace é enviada para investigar, já que carrega uma ferida pessoal: ela perdeu a mãe naquele mesmo hotel anos antes.
Enquanto isso, Leon S. Kennedy entra em cena seguindo outra pista: o desaparecimento de um policial ligado ao mesmo local.
A partir desse ponto, a narrativa promete aquilo que todo fã velho de guerra quer ouvir, mas com um detalhe importante: o caso leva a um fio que se conecta à verdade por trás do Incidente de Raccoon City, e não apenas a uma “visita turística” a ruínas famosas.
E aqui entra a primeira curiosidade que interessa tanto ao fã casual quanto ao hardcore: o Leon não aparece como mascote. Ele aparece como alguém que tem ligação direta com esse passado, e isso dá contexto para a Capcom querer “voltar para casa” sem repetir as mesmas cartas.
Dois protagonistas, dois estilos
A confirmação mais objetiva, sem rodeio: os personagens jogáveis são apenas dois – Leon S. Kennedy e Grace Ashcroft. Isso foi dito em entrevista para a Famitsu, com a ressalva de que outros rostos podem aparecer, mas ficam como surpresa.

Só que a parte interessante é como a Capcom quer que isso “pareça” na sua mão. De acordo com as entrevistas, o gameplay do Leon usa Resident Evil 4 como base, com a sensação de agente veterano e recursos que fazem a ação fluir.

Por outro lado, Grace bebe mais de Resident Evil 2, com vulnerabilidade, tensão e aquele tipo de medo que cresce no corredor, não no tiroteio.
Não é um detalhe pequeno. Na prática, isso sugere um ritmo de campanha que alterna “temperaturas” para manter o jogo vivo por mais tempo. Em uma hora você está passando sufoco em ambientes claustrofóbicos. Na outra, você está usando técnica e agressividade, porque o personagem permite isso.
E tem mais: o time também reforçou que o jogo suporta primeira e terceira pessoa, e que existe uma preocupação real em fazer as duas funcionarem bem. – Mas como afinal?
“Leon no limite”: o que a Capcom está insinuando sobre ele

Agora vem a frase que acende uma luz vermelha na cabeça de qualquer leitor mais atento. Em entrevista, o diretor Koshi Nakanishi diz que, desta vez, Leon será encurralado como nunca – “no nível mais alto” de pressão da carreira. A promessa não é “Leon mais forte”. A promessa é “Leon testado até o osso”.
Isso conversa muito bem com a ideia de colocar o Leon ao lado de uma protagonista que sente medo de forma mais explícita. Afinal, se você põe o herói mais cascudo da série em pânico de verdade, você compra o direito de assustar o jogador de novo.
Ao mesmo tempo, se você alterna com a Grace, você consegue entregar vulnerabilidade sem precisar “nerfar” artificialmente um personagem clássico.
Por isso, Requiem parece menos interessado em nostalgia e mais interessado em contraste. E contraste, quando bem feito, dá algo raro: um Resident Evil que pode agradar quem gosta de terror lento e, ainda assim, não perde quem curte combate e domínio de arena.
Um possível fim tráfico

E aí vem a pergunta que ninguém quer fazer em voz alta, mas todo mundo está pensando: será que Resident Evil Requiem é o fim da linha para Leon S. Kennedy? Não dá para cravar isso, porque a Capcom não disse “adeus” em nenhum momento.
No entanto, quando o diretor insiste que este é o Leon mais pressionado da carreira, a leitura natural é outra. O jogo quer testar não só a força dele, mas o que sobrou depois de décadas de trauma, perdas e escolhas impossíveis.
Leon está mais velho, mais experiente e, justamente por isso, mais consciente do preço de continuar pagando. Portanto, se Requiem acerta o tom, a sensação pode ser de capítulo final mesmo sem precisar matar o personagem – um “último caso” que fecha um ciclo, deixa cicatrizes novas e, de quebra, prepara o terreno para a série seguir em frente sem depender do mesmo rosto para sempre.
O que ainda falta ser revelado
Mesmo com a confirmação do Leon, a Capcom ainda está guardando o “como”. Já existe indicação de que um showcase no início de 2026 vai trazer mais detalhes, e entrevistas recentes também apontam para uma apresentação em janeiro com foco maior em gameplay.
Até lá, dá para fechar com o que é seguro afirmar: Leon S. Kennedy é jogável, divide protagonismo com Grace, e o jogo tenta misturar o DNA de RE2 e RE4 no mesmo corpo, voltando para a sombra de Raccoon City com uma investigação que parece mais íntima do que “apocalíptica”.
E sim, é bem possível que essa seja a forma mais esperta de usar o Leon hoje: não como o salvador da pátria, mas como a régua. Se até ele sangrar de verdade, o resto do jogo ganha um apelo para ser assustador.













