A Dura Verdade de John Carmack Sobre Tecnologia Moderna

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John Carmak - Seu PC velho daria conta
John Carmak - Seu PC velho daria conta

John Carmack, o grande gênio por trás das franquias Doom, Quake e boa parte do DNA técnico da era moderna dos games, resolveu atirar onde dói: a ineficiência dos softwares.

Talvez o verdadeiro colapso tecnológico não venha da falta de chips, mas da abundância desnecessária.

Em um post recente no X (antigo Twitter), o lendário programador comentou um experimento mental proposto por LaurieWired, engenheira do Google, que especulava um futuro onde a humanidade simplesmente… esquecesse como fabricar novos chips.

O chamado “Z-Day” — dia zero de tape-out — marcaria o fim da produção de novos processadores. A partir dali, o planeta teria que sobreviver apenas com o que já foi fabricado. Nada de upgrades, nada de novas gerações. Um apocalipse técnico.

Então, Carmack viu aí uma oportunidade de reflexão. E disparou:

“Boa parte do mundo continuaria funcionando com hardware antigo se a otimização de software fosse realmente uma prioridade.”

A crítica é certeira — e desconfortável para a indústria.

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Obsolescência Programada

Na visão de Carmack, vivemos num universo digital construído sobre camadas e mais camadas de código inflado, bibliotecas genéricas e frameworks preguiçosos, tudo empilhado como um castelo de cartas sobre máquinas cada vez mais caras.

John Carmak - Escolhemos o Desperdício
Obsolescência Programada – Escolhemos o Desperdício Sem Pensar

Quando falta poder de fogo, inventa-se IA para remendar performance, como no caso de DLSS e FSR. Mas e se, em vez disso, escrevêssemos código de verdade, mais enxuto, mais eficaz?

Enquanto sistemas modernos exigem gigabytes de RAM para abrir um navegador e jogos AAA precisam de placas gráficas de quatro dígitos para rodar a 60 fps, Carmack nos lembra que há uma escolha sendo feita — e não é tecnológica, é cultural.

Escolhemos desperdício, porque ficou mais fácil comprar poder de processamento do que pensar em eficiência.

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O cenário imaginado por LaurieWired — de mercados clandestinos de CPUs, governos racionando chips e a população sobrevivendo com Game Boys e Commodores — soa distópico, mas a metáfora é clara: a escassez tornaria a otimização uma necessidade urgente, e não uma opção negligenciada.

Para John Carmack, esse futuro é evitável — mas apenas se tivermos coragem de romper com o ciclo vicioso da obsolescência programada. Em vez de depender de upgrades constantes, ele propõe uma mudança de mentalidade: voltar às raízes da engenharia de software, à elegância do código enxuto, à maximização do que já temos.

É uma crítica que ecoa além dos bits e bytes. Toca o consumismo acelerado, a superficialidade do desenvolvimento moderno e a crise de sustentabilidade digital que ninguém quer encarar.

Afinal, se nossos sistemas já fazem tanto com tanto… imagine o que poderiam fazer com menos, se fossem realmente bem feitos.

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