Charlie Cox – o ator britânico mais conhecido por papéis como o da série Demolidor – atravessa um momento curioso nessa temporada de prêmios: embora tenha recebido uma indicação ao The Game Awards 2025 (TGA 2025) por sua performance vocal como Gustave em Clair Obscur: Expedition 33, ele fez questão de passar boa parte do mérito para um nome fora dos holofotes.
Durante entrevista recente, Cox declarou que o verdadeiro responsável pela alma e presença do personagem não é ele. Em vez disso, apontou para o ator francês Maxence Cazorla – responsável pela captura de movimento de Gustave e outros personagens importantes do jogo.

“Qualquer indicação ou reconhecimento que eu receba, devo a ele. Acredito que a atuação daquele personagem se deve inteiramente a ele”, disse Charlie Cox durante a GalaxyCon.
Charlie Cox explica que não é gamer e, portanto, não chegou a jogar Clair Obscur. Sua contribuição se limitou à voz, gravada em cerca de 4 horas num estúdio. Ele admitiu que, na sua visão, o trabalho de Cazorla – que anima corpo, expressões e toda a expressividade do personagem – foi quem realmente deu vida ao Gustave.
Esse tipo de atitude não é comum no meio dos games. A premiação do TGA reconhece “voz, movimento e/ou performance capture” – mas historicamente costuma premiar quem faz a dublagem ou uma combinação de voz + mocap, especialmente quando o mesmo ator cuida das duas funções.
Um personagem, vários atores…
Personagens de jogos muitas vezes são resultado do trabalho de vários profissionais. Um ótimo exemplo dessa divisão de talentos acontece em Alan Wake. O personagem-título do clássico da Remedy ganha vida através de três profissionais diferentes:
O ator Ilkka Villi empresta o corpo e os movimentos, Matthew Porretta dá voz ao escritor atormentado e os artistas do estúdio completam tudo com camadas de expressão facial na fase final da animação.
Sendo assim, esse mosaico de interpretações mostra como, nos games, um único herói pode carregar o trabalho combinado de vários artistas. Cada um essencial para que o jogador enxergue um personagem verdadeiramente humano na tela.
Para fãs do universo de Clair Obscur: Expedition 33 e da comunidade gamer em geral, a declaração de Charlie Cox ecoa como uma lição: o processo de dar vida a um personagem em jogos modernos depende de muitos talentos por trás das câmeras.
Maxence Cazorla, invisível aos olhos do público até então, ganha agora um holofote merecido – e quem sabe, em outras edições, a própria premiação comece a valorizar mocap com o destaque que merece.
Enquanto isso, a corrida pelo TGA 2025 segue, com o personagem Gustave na disputa. Mas com um voto de confiança especial de quem realmente entende do ofício: o próprio ator indicado.















