Imagine esperar quase uma década por um jogo. Agora, imagine que esse jogo envolva zumbis desmembrados, sangue jorrando como fonte de chocolate em um parque temático pós-apocalíptico, e ainda se passa em uma versão bem alucinada de Los Angeles. (Aliás, será que ultimamente é tão distorcida assim?)
Esse é o universo de Dead Island 2, um jogo que passou por tantos adiamentos, trocas de estúdio e incertezas que quase virou lenda urbana entre os fãs de zumbis – o famoso “será que vai sair mesmo?”. E, contra todas as probabilidades, saiu!
- Lançamento: 21 de abril de 2023
- Desenvolvedora: Dambuster Studios
- Publicadora: Deep Silver
- Motor Gráfico: Unreal Engine 4
- Plataformas: Xbox One/X, PlayStation 4/Pro, PlayStation 5/Pro, Xbox Series X/S e Windows.
Agora que está entre nós, a pergunta que não quer calar é: valeu a pena R$400,00?
Será que “Hell-A” – essa mistura de caos urbano, praias ensolaradas e hordas de mortos-vivos – entrega tudo o que foi prometido? Ou será que é mais um daqueles jogos em que o trailer de revelação é melhor que o jogo em si?
Entre armas improvisadas que transformam tacos de golfe em verdadeiras máquinas de mutilação e um sistema de combate que promete ser tão visceral quanto um filme da franquia Evil Dead, Dead Island 2 tem muito a oferecer.
Mas será que o apocalipse ainda tem relevância ou estamos só repetindo velhas fórmulas ensanguentadas? Respire fundo, prepare suas armas e venha comigo em uma análise que promete dissecar – literalmente – cada aspecto desse jogo que insiste em transformar carnificina em diversão.
História, Enredo e Personagens
Onde o Apocalipse é uma Festa (Literalmente) Dead Island 2 não se preocupa em reinventar a roda quando o assunto é narrativa. Em vez disso, ele abraça o caos e a irreverência, entregando uma história que é ao mesmo tempo previsível e deliciosamente exagerada.
O apocalipse zumbi chega à ensolarada Los Angeles, agora apelidada de “Hell-A”, transformando a cidade dos sonhos em um pesadelo ensanguentado – mas também em um playground de insanidade.
No jogo começamos escolhendo um dos seis “Slayers”, personagens com personalidades peculiares e habilidades próprias. Todos presos em uma cidade infestada de mortos-vivos em uma tentativa de fuga frustrada devido à queda do avião.
A trama é simples: assim como no Dead Island de 2011, você descobre ser imune ao vírus zumbi e, claro, se torna a última esperança para resolver essa treta toda (como se ser mordido e não virar zumbi já não fosse pressão suficiente).
Embora a ideia central não seja exatamente inovadora, a narrativa ganha pontos por seu tom sarcástico e despreocupado, que se encaixa perfeitamente com o cenário exagerado de Hell-A.
Novos Personagens – Estereótipos com um Toque de Humor
Os personagens seguem o caminho dos clichês do cinema – temos o valentão sarcástico, a nerd esperta e a celebridade superficial –, mas isso não é algo ruim de maneira alguma.
O jogo sabe brincar com esses estereótipos e entrega diálogos cheios de humor ácido, referências POP e momentos que beiram o absurdo. Pense em um episódio de Zumbilândia ou um filme da franquia Sharknado: o exagero é a graça da bagaça!
Porém, se você espera um enredo emocionalmente profundo, é melhor olhar para outros jogos do gênero. O primeiro Dead Island até tentou inserir alguns prontos dramáticos, mas ineficaz. Em Dead Island 2 esse conceito foi deixado de fora.
Aqui, a história funciona como um pano de fundo para justificar sua jornada insana por Los Angeles, desde mansões luxuosas em Beverly Hills até os becos decadentes de Santa Monica.
Não é Shakespeare, mas quem precisa disso quando você pode esmagar zumbis com um taco todo entalhado pelos humildes e simples povos da ilha de Banoi? Pegou a referência?
Em Dead Island 2, os personagens jogáveis são chamados de “Slayers”, e cada um possui habilidades e características únicas que os tornam adequados a diferentes estilos de jogo. Aqui está uma breve descrição de cada um:
Jacob
“Ser um dublê britânico em Hell-A é como atuar em um filme de ação sem cortes – e eu sou a estrela principal!”
- Descrição: Um dublê britânico (e o sotaque não nega) com um charme excêntrico, frases de Shakespeare e um gosto por adrenalina. Após abandonar sua carreira como corretor da bolsa em Londres, ele se tornou um “slayer” em Hell-A com um sorriso no rosto e piadas afiadas. De longe um dos personagens mais cativantes autênticos e carismáticos da atual geração.
- Estilo de jogo: Focado em ataques ofensivos com alto dano.
Amy
- Descrição: Uma atleta paraolímpica que encara o apocalipse como um desafio atlético. Sempre calma e focada, ela vê os zumbis como obstáculos em uma pista de corrida, resolvendo cada batalha como um quebra-cabeça dinâmico.
- Estilo de jogo: Ágil e veloz, ideal para jogadores que gostam de movimentação rápida.
Ryan
- Descrição: Um stripper com sarcasmo seco e uma determinação inabalável. Ele está em uma missão para encontrar seu irmão mais novo, custe o que custar. Suas habilidades defensivas refletem sua persistência em enfrentar qualquer adversidade.
- Estilo de jogo: Tanque defensivo, especializado em resistir a danos e retaliar com força.
Dani
- Descrição: Diretamente dos mosh pits da Irlanda, Dani é uma ex-jogadora de roller derby com uma atitude punk e um humor ácido. Sua abordagem para matar zumbis é tão brutal quanto suas jogadas na pista.
- Estilo de jogo: Equilibrada, com foco em ataques corpo a corpo e regeneração.
Carla
- Descrição: Uma motociclista espanhola-americana que encara o apocalipse como apenas mais um desafio. Sua confiança física e atitude otimista tornam cada batalha uma oportunidade para se destacar.
- Estilo de jogo: Resistente, perfeita para quem gosta de estar no centro da ação e absorver danos.
Bruno
- Descrição: Um golpista astuto de Los Angeles, Bruno combina charme californiano com habilidades letais de faca. Sempre um estrategista, ele transforma cada encontro com zumbis em uma oportunidade para brilhar.
- Estilo de jogo: Especialista em furtividade e ataques críticos.
Um fato curioso é que a maioria dos personagens parecem ser produtos do retrabalho dos personagens da versão 2014 criados pelo estúdio Yager.
Vale mencionar que esses personagens nunca foram divulgados oficialmente. Na verdade, foram descobertos no garimpo do código fonte do site oficial.
Ritmo Narrativo: Curto e Direto ao Ponto!
Outro ponto positivo de Dead Island 2 é que ele não tenta estender a história além do necessário. As missões principais são relativamente curtas, e as secundárias, embora divertidas, não adicionam muita profundidade ao enredo.
Isso faz com que o foco permaneça onde deveria: na jogabilidade e na carnificina criativa.
Uma voadora com os dois pés nunca vai deixar de ser hilária e há muitas formas de combate, uma mais divertida que a outra que vão sendo adicionadas ao longo da jornada num ritmo agradável.
A Jogabilidade de Dead Island 2
O Caos Nunca Foi Tão Divertido, Sério!
Se tem algo que Dead Island 2 faz bem, é entregar uma jogabilidade que mistura brutalidade visceral com uma dose saudável de criatividade. A premissa é simples: sobreviva ao apocalipse zumbi em Hell-A, usando qualquer coisa que estiver ao seu alcance como arma.
Mas não se deixe enganar pela simplicidade do conceito – o jogo vai fundo em mecânicas que garantem diversão e envolvimento constante.
Combate Corpo a Corpo
O combate é, sem dúvidas, o coração pulsante de Dead Island 2. E quando digo pulsante, é literal: o sistema FLESH (Fully Locational Evisceration System for Humanoids) é uma das inovações mais impressionantes do jogo.
Cada golpe que você desfere contra os zumbis é incrivelmente detalhado, com partes do corpo se deformando, rasgando ou sendo completamente destruídas dependendo da arma e do ponto de impacto.
Tacar fogo em um zumbi? Você verá a pele queimar e descascar. Usar um taco de baseball? Prepare-se para ouvir o som satisfatório de ossos quebrando.
Essa atenção aos detalhes não é apenas estética – ela reforça a sensação de impacto em cada batalha. É um combate que exige estratégia: saber onde mirar, quando esquivar e como usar o ambiente ao seu favor pode ser a diferença entre sobreviver ou virar comida de zumbi.
O jogo conta com um sistema de física muito interessante, sendo que você pode interagir com praticamente todos os objetos comuns do cenário.
Você pode quebrar tudo numa mesa com um taco de baseball, bem como fazer um zumbi atravessar uma vidraça com uma voadora bem dada. Divirta-se!
Transformando o Banal em Arma Letal
Como matar o que não morre? O arsenal de Dead Island 2 é um dos pontos altos.
De facões de cortar cana a espadas pegando fogo, passando por armas completamente absurdas como um martelo que atira faíscas, o jogo incentiva você a experimentar combinações e modificações inusitadas.
O Jogador pode carregar até 16 armas, sendo 8 equipadas na roda de acesso rápido e 8 de reserva no inventário.
A customização é muito mais robusta que o jogo anterior, o que permite adicionar efeitos de status como fogo, eletricidade ou até veneno às suas armas. Basta ter os materiais necessários e acessar uma bancada.
Não só isso amplia as possibilidades de causar estrago, como também deixa cada jogador com um estilo único de lidar com os mortos-vivos.
A economia de recursos também entra em jogo em alguns momentos: suas armas vão se desgastando e quebram com o uso, forçando você a improvisar ou retornar a bancada de reparo.
Essa mecânica pode ser frustrante em certos momentos, mas também adiciona uma camada de estratégia ao caos, incentivando o uso de armas diferentes.
Além disso, alguns inimigos são completamente imunes a determinadas armas com status de dado, o que te obriga a usar uma arma diferente. – “A ferramenta certa para o serviço certo”.
Progressão e Habilidades
Cada personagem jogável tem habilidades distintas, que são desbloqueadas ao longo do jogo por meio de um sistema de cartas de habilidade, tipo tarot.
Em vez de seguir um modelo tradicional de árvore de habilidades, Dead Island 2 permite que você customize seu estilo de jogo alternando essas cartas para diferentes efeitos.
Quer aumentar sua força bruta e transformar cada golpe em uma explosão de dano? Tem uma carta pra isso. Prefere ser ágil e esquivar como um ninja enquanto ataca furtivamente? Também dá pra fazer.
Embora o sistema seja divertido, ele não oferece tanta profundidade quanto parece à primeira vista. As cartas são relativamente limitadas, e algumas habilidades acabam sendo mais úteis do que outras, reduzindo a diversidade em builds para jogadores mais avançados.
Exploração e Missões
“Hell-A” é uma cidade vibrante, cheia de locais icônicos para explorar, mas a estrutura das missões às vezes tropeça.
As missões principais são bem desenhadas, com objetivos variados e momentos memoráveis.
No entanto, as missões secundárias podem cair na repetição, frequentemente envolvendo tarefas de “vá até ali, mate e volte”. Apesar disso, a diversão em explorar ambientes detalhados e encontrar colecionáveis ameniza essa sensação de repetição.
O jogo não é totalmente de mundo aberto. Na realidade, ele é dividido em mapas que representam lugares reais como Beverly Hills, Bel Air e Venice que são bairros de Los Angeles, Califórnia, conhecidos pelo seu luxo e glamour.
Esses mapas não são tão extensos, mas a qualidade da construção grita muito alto aqui. O level design é fantástico e você passa muito tempo explorando tanto o interior detalha dos prédios, quando as áreas abertas que são verdadeiros cartões postais em sua maioria.
Os Gráficos de Dead Island 2
Se existe um aspecto onde Dead Island 2 realmente brilha, é na sua apresentação visual.
É sério! Los Angeles, ou melhor, Hell-A, é mais do que apenas o cenário do jogo – é uma personagem viva, vibrante e grotesca que reflete tanto o glamour quanto o caos de um apocalipse zumbi.
A direção de arte captura a essência de LA com uma pitada exagerada de violência e humor, criando um mundo que é tão bonito quanto aterrorizante.
Fotorrealismo
Os gráficos de Dead Island 2 impressionam pela atenção aos detalhes. Desde o brilho do sol californiano refletindo nas mansões luxuosas de Beverly Hills até as ruas sujas e decadentes de Venice Beach, cada ambiente foi meticulosamente construído para transmitir autenticidade e imersão.
A iluminação dinâmica é um dos destaques, com tons quentes e contrastes bem aplicados que tornam cada cenário uma obra de arte caótica.
Além disso, a renderização dos zumbis é um show à parte que chama muita atenção pelo capricho.
É nítido que cada criatura foi cuidadosamente detalhada, com feridas expostas, roupas esfarrapadas e animações que tornam suas mortes… destruições incrivelmente satisfatórias.
Pele, músculos, órgão, ossos… O sistema FLESH, que permite desmembramentos em tempo real, complementa essa riqueza visual, trazendo literalmente, muitas camadas extra de brutalidade à experiência.
É impressionante o sistema de danos em camada. Um socão na cara pode arrancar dentes, deslocar mandíbula, arrancar um naco de cabelos e por ai vai!
Direção de Arte: Exagero na Medida Certa
Dead Island 2 não tenta ser sombrio ou ultra-realista como outros jogos do gênero, como The Last of Us.
Em vez disso, ele aposta em um tom mais colorido e caricatural, com ambientes que misturam o glamour de Los Angeles com o grotesco do apocalipse.
A ironia visual está presente em cada esquina: uma piscina de luxo cheia de corpos flutuando, letreiros neon brilhando em ruas destruídas e um parque de diversões com zumbis circulando como se estivessem em um passeio casual.
Essa abordagem visual reflete o tom do jogo – divertido, insano e um muito absurdo.
O contraste entre o estilo deslumbrante de Hell-A e o caos zumbi cria uma atmosfera única que o diferencia de outros títulos do gênero. O que, convenhamos, era extremamente necessário, se Dead Island 2 quisesse se destacar com tantos jogos de zumbis lançados nos últimos 10 anos.
Gráficos em Diferentes Plataformas
Mesmo sendo um jogo graficamente exigente, Dead Island 2 consegue se manter consistente em sua performance.
Graças ao excepcional uso de tecnologias mais tradicionais e maduras, o estúdio conseguiu entregar gráficos excelentes abrindo mão de recursos embrionários do conjunto Ray-Trace.
O resultado? Performance exemplar em todas as plataformas.
No PlayStation 5 e Xbox Series X, o jogo roda de forma fluida em 60 FPS, com tempos de carregamento rápidos e uma resolução impecável.
No PC, ele brilha ainda mais, com opções gráficas que permitem aproveitar todos os detalhes ao máximo.
Nos consoles da geração anterior, como o PS4 e Xbox One, há uma queda visível na qualidade gráfica e no desempenho, mas nada que comprometa a jogabilidade. É notável como o jogo extrai até a última gota de desempenho da 8ª geração sem deixar muito a desejar.
Ainda assim, é nas plataformas mais modernas que Dead Island 2 realmente ganha vida e entrega gráficos de 9ª geração.
Identidade Visual
Embora inevitavelmente comparado a outros jogos de zumbis como Dying Light 2, Dead Island 2 toma um caminho visual próprio, conforme mencionado.
Veja bem, enquanto Dying Light 2 foca em um tom mais sombrio e sério, Dead Island 2 opta por abraçar a diversão exagerada, o que é refletido tanto na paleta de cores quanto no design dos personagens e cenários.
Essa escolha pode dividir opiniões, mas é inegável que dá ao jogo uma identidade visual distinta, eliminando boa parte da sensação de mais do mesmo que observamos na geração atual.
Dead Island 2 é uma festa para os olhos, com gráficos impressionantes e uma direção de arte que sabe equilibrar beleza e caos. Hell-A é um lugar que você vai querer explorar, mesmo que seja apenas para admirar os contrastes entre o apocalipse grotesco e o brilho artificial da Los Angeles zumbificada.
Som e Trilha Sonora
O apocalipse zumbi em Dead Island 2 não é apenas visualmente impressionante – ele também soa incrível.
Desde os gritos agoniantes dos zumbis até o impacto visceral de um martelo esmagando crânios, o design sonoro do jogo é uma parte essencial para criar a imersão.
E quando se trata de trilha sonora, Hell-A é tão vibrante quanto a própria Los Angeles: uma combinação de caos, tensão e uma pitada de irreverência.
Efeitos Sonoros
Um dos maiores destaques do jogo está na riqueza dos efeitos sonoros. Cada arma tem um som único, desde o tilintar metálico de um facão até o som elétrico de uma arma customizada.
O sistema de desmembramento FLESH, que já impressiona visualmente, ganha um complemento auditivo à altura: o som de ossos se partindo, carne sendo rasgada e zumbis gemendo em agonia cria uma experiência visceral que é ao mesmo tempo repulsiva e satisfatória.
Além disso, os zumbis não são apenas carne para ser abatida – eles têm toda uma “personalidade sonora”.
Diferentes tipos de mortos-vivos possuem vocalizações únicas, como rugidos graves de gigantes brutamontes ou os gritos agudos dos mais rápidos. Esse cuidado com a diversidade sonora ajuda a manter o jogador atento e aumenta a tensão em momentos mais intensos.
Música
A trilha sonora de Dead Island 2 é uma celebração do espírito irreverente do jogo.
Indo totalmente ao contrário da pegada dramática do Dead Island (2011), a combinação do rock, punk e até batidas eletrônicas, acompanha perfeitamente o ritmo caótico das batalhas e a atmosfera exagerada de Hell-A.
Durante momentos de combate frenético, a trilha sonora eleva a adrenalina, enquanto músicas mais sutis aparecem em momentos de exploração, criando contraste com a carnificina.
Um detalhe interessante é como a trilha sonora abraça a identidade de Los Angeles. Algumas músicas têm uma pegada “hollywoodiana”, capturando o glamour decadente da cidade, enquanto outras trazem uma energia mais “punk de garagem”, refletindo o caos e a rebeldia do cenário apocalíptico.
Vozes dos Personagens (Humor na Ponta da Língua)
Os diálogos de Dead Island 2 são trazidos à vida por um elenco de dubladores talentosos. É uma pena o jogo não ter recebido dublagem de PT-Br, levando como base o trabalho de localização de Cyberpunk 2077, seria fantástico ver ouvir nossos atores em ação em um titulo como este.
Entretanto, cada Personagem tem sua personalidade marcada por uma atuação muito competente que combina sarcasmo, desespero e humor.
Além disso, os NPCs que você encontra ao longo da jornada possuem vozes que enriquecem a atmosfera, mesmo que alguns acabem caindo em estereótipos (como o típico “influenciador digital narcisista”).
A dublagem dos zumbis também merece elogios. Os grunhidos, rugidos e gemidos dos mortos-vivos são aterrorizantes e variados, contribuindo para o sentimento de perigo constante.
O Silêncio Também é uma Ferramenta – Curiosamente, Dead Island 2 entende que nem sempre “mais é melhor”.
Melhor é Melhor, e em momentos de tensão, como ao explorar áreas escuras ou isoladas, o jogo usa o silêncio como um recurso narrativo. Esses momentos de quietude fazem com que os sons repentinos – como um zumbi surgindo do nada – sejam ainda mais impactantes.
O único ponto negativo é pela ausência de um som surround mais incrementado. Algo que seria de grande utilidade para perceber melhor a presença de zumbis ao redor, que muitas vezes podem surpreender você ao chegar sorrateiramente.
Apesar disso, Dead Island 2 entrega uma experiência auditiva de alto nível, combinando efeitos sonoros detalhados, dublagem carismáticas e uma trilha sonora que reflete a identidade caótica e irreverente da proposta.
Seja pelo som de um facão cortando carne ou pelo silêncio arrepiante de uma mansão abandonada, o áudio é um dos pilares que sustentam a imersão.
Desempenho Técnico
Depois de quase uma década em desenvolvimento e muitas mudanças de estúdio, era de se esperar que Dead Island 2 chegasse carregado de problemas técnicos, assim como aconteceu em 2011.
Mas, para a nossa alegria, o jogo surpreende ao entregar uma experiência sólida em sua maioria, mesmo em diferentes plataformas.
Embora não seja completamente livre de falhas, o desempenho técnico é um ponto que merece elogios. Ainda mais por utilizar a Unreal Engine, um motor gráfico que frequentemente ao logo da história sofreu com problemas relacionados a desempenho.
Requisitos do PC Gamer
Mínimo
- CPU: AMD FX-9590 ou Intel Core i7-7700HQ
- RAM: 10 GB
- GPU: Radeon R9 390X (8192 VRAM) ou GeForce GTX 1060 (6144 VRAM)
- HD/SSD: 70GB
- OS: Windows 10 (com DirectX 12)
Recomendado
- CPU: Ryzen 5 5600X ou Intel Core i9-9900k
- RAM: 10 GB
- GPU: Radeon R9 390X (8192 VRAM) ou GeForce GTX 1060 (6144 VRAM)
- HD/SSD: 70GB
- OS: Windows 10 (com DirectX 12)
Performance em Consoles de Nova Geração
Vale destacar que nos consoles de nova geração, como o PlayStation 5 e o Xbox Series X, Dead Island 2 é um espetáculo visual e técnico.
O jogo roda a impressionantes 60 FPS de forma estável, com gráficos de alta qualidade que aproveitam ao máximo o hardware moderno.
- Xbox Series S: 1080p/60fps
- Xbox Series X: 1800p/60fps
- PS5: 1800p/60fps
A ausência de quedas de performance em momentos de combate intenso – mesmo com múltiplos zumbis na tela e efeitos visuais como fogo ou eletricidade – demonstra o cuidado da equipe de desenvolvimento.
No PC, a otimização também se destaca. Jogadores com placas gráficas intermediárias conseguem rodar o jogo com configurações altas, enquanto aqueles com setups mais robustos podem experimentar Hell-A em toda a sua glória iluminação global, efeitos e texturas ultra detalhadas. Detalhe: Sem Ray Trace!
No geral, o título faz excelente uso dos recursos mais tradicional, garantindo uma experiência fluida e imersiva.
Geração Passada (Limitada, Mas Jogável)
Nos consoles da geração anterior, como o PlayStation 4 e o Xbox One, a história é um pouco diferente.
Embora o jogo seja perfeitamente funcional, a qualidade gráfica é visivelmente reduzida, com texturas menos detalhadas e uma taxa de quadros travada em 30 FPS.
- Xbox One: 900P/30fps
- Xbox One X: 1440p/30fps
- PS4: 1080p/30fps
- PS4 Pro: 1440p/30fps
Em áreas mais movimentadas, como ruas cheias de zumbis ou mansões com efeitos de iluminação complexos, é possível notar pequenas quedas de desempenho.
Ainda assim, ficamos surpresos que o jogo funcione de forma tão competente em hardware mais antigo, considerando sua proposta gráfica ambiciosa.
Carregamentos e Estabilidade
Nos consoles de nova geração e PCs com SSDs, os tempos de carregamento são realmente muito breves. Você mal tem tempo de respirar antes de ser jogado de volta ao caos de Hell-A.
Já nos consoles mais antigos, os tempos de loading podem ser um pouco mais longos, mas nada que estrague a experiência.
- PS4: 1:30 min.
- PS4 Pro: 1:20 min.
- XBOX ONE: 1:14 min.
- XBOX ONE: 0:58 segs.
- XBOX Series S/X: 0:11~12 segs.
- PS5: 0:09 segs.
Quanto à estabilidade, Dead Island 2 se comporta muito bem para um jogo tão detalhado. Em nossos testes no PS5, bugs como inimigos presos no ambiente ou comportamentos estranhos de NPCs foram raros, e o jogo não apresentou crashes durante a campanha principal.
Alguns Pontos de Atenção
Embora o desempenho geral seja sólido, Dead Island 2 não está isento de pequenos problemas. Algumas áreas apresentam leves pop-ins de texturas, especialmente na grama e ao se mover rapidamente entre os cenários.
Além disso, há momentos em que a inteligência artificial dos zumbis parece falhar, com inimigos enroscados ou incapazes de reagir.
Embora não sejam problemas graves, essas falhas poderiam quebrar a imersão, especialmente para quem espera um nível de seriedade e realismo. Só que estamos falando de Dead Island 2 e, dependendo do bug, entra para a conta da zoação descompromissada.
O Multiplayer de Dead Island 2
Se enfrentar zumbis sozinho já é divertido, imagina com amigos? O modo multiplayer de Dead Island 2 é uma extensão natural da experiência solo, oferecendo a possibilidade de explorar Hell-A em cooperação com até três jogadores.
E, como era de se esperar, as mecânicas de carnificina e humor ganham um brilho extra quando compartilhadas.
Modo Cooperativo – Trabalhando (Ou Aloprando) em Equipe
O multiplayer de Dead Island 2 brilha por ser simples e funcional, assim como o primeiro jogo de 2011.
Qualquer parte da campanha pode ser jogada em modo cooperativo, permitindo que você e seus amigos explorem o mundo, completem missões e – claro – despachem hordas de mortos-vivos juntos.
Cada jogador pode escolher um protagonista com habilidades únicas, o que incentiva a criação de estratégias divertidas. Por exemplo, enquanto um foca no combate corpo a corpo, outro pode usar armas de longo alcance ou habilidades baseadas em explosões.
O grande diferencial é o quanto o caos fica mais divertido com amigos. Um momento sério de tensão pode rapidamente se transformar em gargalhadas quando um colega decide explodir um caminhão de gasolina… com você perto demais.
Esse equilíbrio entre cooperação e desordem é o que faz o multiplayer de Dead Island 2 ser tão satisfatório. Recomendadíssimo!
Integração Suave e Fácil de Usar
Entrar e sair de sessões cooperativas é incrivelmente prático. O sistema de matchmaking permite que a gente se conecte rapidamente com outros jogadores, e o progresso da campanha é compartilhado, garantindo que ninguém perca missões ou recompensas importantes.
A única limitação é que o anfitrião da partida mantém o controle da progressão principal, o que pode ser frustrante para quem gosta de ter total liberdade.
Para balancear o fato de ter mais jogadores, o jogo ajusta a dificuldade ao aumentar o número de zumbis e a força dos inimigos.
Isso cria uma dinâmica interessante, já que as hordas se tornam ainda mais desafiadoras. O trabalho em equipe é recompensado, mas também há espaço para aquele jogador “herói” que gosta de tankar tudo sozinho (geralmente sem sucesso).
Pontos Fracos do Multiplayer
Embora o modo cooperativo seja um dos pontos altos, ele não é perfeito. Faltam opções para personalizar a experiência multiplayer, como missões exclusivas para grupos ou modos de jogo alternativos além da campanha.
Além disso, Dead Island 2 não oferece crossplay total, limitando a jogatina entre amigos que estejam em plataformas diferentes.
Outro ponto que pode incomodar é o impacto limitado das decisões individuais.
Apesar de jogar em grupo ser divertido, a narrativa e a progressão não se ajustam de maneira significativa para refletir a presença de mais jogadores, deixando o multiplayer mais funcional do que verdadeiramente inovador.
Fator Replay – Vale a Pena Jogar de Novo?
Dead Island 2 é, sem dúvidas, uma jornada caótica e divertida, mas a pergunta que muitos jogadores se fazem ao terminar a campanha é: “E agora?”.
Felizmente, o jogo oferece algumas razões convincentes para continuar explorando Hell-A, mesmo após os créditos finais. Leva cerca de 15 a 20 horas para terminar a campanha principal.
Exploração Total
Hell-A é um verdadeiro playground pós-apocalíptico, cheio de detalhes para serem descobertos.
Mesmo após completar a história principal, a cidade continua repleta de colecionáveis, armas escondidas e áreas que podem ter passado despercebidas durante a primeira jogatina.
Explorar cada canto do mapa, revisitando locais icônicos como Venice Beach e Beverly Hills, mantém a experiência fresca, especialmente para os jogadores que gostam de fuçar em tudo.
Além disso, existem zumbis especiais e eventos que aparecem em locais específicos. Esses encontros nem sempre são fáceis e, muitas vezes, oferecem recompensas valiosas, como armas exclusivas ou melhorias raras.
Para quem curte virar o jogo do avesso, leva cerca de 30 a 40 horas para terminar a campanha principal, e fazer todos os trabalhos e missões secundárias.
Testando Outros Personagens e Build Diferentes
Com seis protagonistas disponíveis, cada um com habilidades únicas, experimentar uma nova abordagem é uma forma divertida de rejogar Dead Island 2.
Isso porque o sistema de habilidades baseado em cartas permite criar estilos de jogo variados, que incentiva o jogador a explorar combinações diferentes em suas builds.
Quer ser um destruidor implacável focado em força bruta? Ou prefere apostar em agilidade e ataques rápidos? A variedade de opções é um ponto positivo para a rejogabilidade.
DLCs
Dead Island 2 já tem duas expansões de conteúdo: Haus e SoLA. Tais pacotes trazem novas histórias paralelas, missões, armas e, áreas inéditas para explorar.
Para quem gosta de revisitar jogos com novidades frequentes, esse suporte contínuo é um grande atrativo. Essas DLCS com certeza merecem uma analise a parte aqui no portal.
Revisitar o jogo com armas completamente customizadas ou focar em desafios pessoais (como enfrentar hordas de zumbis sem usar armas de fogo ou completar missões com apenas um tipo de equipamento) é uma maneira de prolongar a diversão.
O arsenal diversificado e a mecânica de crafting são ideais para quem gosta de experimentar novas formas de massacrar zumbis. Além de acessar segredos e áreas que inicialmente eram bloqueadas.
Embora a exploração e a variedade de builds sejam boas opções para quem deseja rejogar, Dead Island 2 não oferece modos de jogo adicionais, como um modo sobrevivência ou algo mais competitivo no multiplayer.
Para alguns jogadores, isso pode limitar a longevidade do título, especialmente se não houver interesse em completar missões secundárias ou revisitar áreas já exploradas.
Considerações Finais Sobre Dead Island 2
Após tantos anos de espera, era de se esperar que Dead Island 2 trouxesse inovações significativas para justificar sua chegada tardia ao mundo dos jogos de zumbi.
E, de fato, o jogo apresenta alguns elementos únicos e divertidos, mas também tropeça em áreas que poderiam ter sido mais bem desenvolvidas.
Sistema FLESH (Fully Locational Evisceration System for Humanoids): A maior inovação do jogo, sem dúvida, é o sistema de desmembramento em tempo real. Cada golpe que você desfere nos zumbis afeta fisicamente o corpo deles de maneira visceral e detalhada. Ossos se quebram, pele rasga, órgãos se projetam – é brutal e incrivelmente satisfatório. Poucos jogos no gênero oferecem uma experiência tão tátil e sangrenta como Dead Island 2.
Humor e Tom Caricatural: Enquanto muitos jogos de zumbis adotam uma abordagem sombria e emocional, Dead Island 2 opta por uma direção mais leve e humorística, com sátiras sobre a cultura de Los Angeles e diálogos cheios de ironia.
Essa abordagem única dá ao jogo um tom distintamente divertido que se destaca perante seu principal concorrente: Dying Light 2 Stay Human.
Identidade Visual Vibrante: A combinação de cenários ensolarados com o caos zumbi cria um contraste marcante e pouco explorado no gênero. Hell-A não é apenas um apocalipse genérico; é um reflexo exagerado da cultura californiana, e a direção de arte transforma a cidade em um dos pontos mais memoráveis do jogo.
Customização de Armas: Embora não seja algo completamente novo, o sistema de crafting de armas é robusto aqui e incentiva a criatividade. Adicionar efeitos como fogo, eletricidade ou ácido a armas improvisadas é uma das partes mais satisfatórias da experiência.
Os Pontos Onde Dead Island 2 Falha
Falta de Ambição na Narrativa: A história de Dead Island 2 é funcional, mas não memorável.
Apesar do humor e das sátiras divertidas, o enredo principal não oferece reviravoltas marcantes ou momentos emocionalmente chocantes.
Comparado a outros jogos de zumbis, como The Last of Us ou mesmo Dying Light 2, sentimos o roteiro um pouco raso e constantemente previsível.
Missões Secundárias Repetitivas: Voadora com os dois pés vai ser sempre incrível e embora a exploração seja divertida, muitas missões secundárias seguem o mesmo padrão: ir até um lugar, matar alguns zumbis, voltar e coletar uma recompensa.
Essa repetição pode desmotivar alguns jogadores que buscam algo mais dinâmico ou variado.
Ausência de Modos Alternativos: Sentimos a falta de um modo sobrevivência, missões exclusivas para multiplayer ou desafios mais estruturados além da campanha principal limita a rejogabilidade.
Crossplay Limitado: A impossibilidade de jogar com amigos em diferentes plataformas é uma falha considerável hoje em dia em um título lançado em 2023.
Para um jogo tão centrado no multiplayer, essa limitação é um grande ponto negativo.
Inteligência Artificial Irregular: Embora os zumbis sejam visualmente impressionantes, a inteligência artificial nem sempre acompanha. Alguns inimigos podem exibir comportamentos bizarros, como ficarem presos em cenários ou não reagirem de forma consistente.
Modo foto: Os gráficos e a direção de arte de Dead Island 2 são impressionantes o que merecia um modo foto.
Dead lsland 2 Vale a Pena?
A resposta é: depende do que você procura em um jogo de zumbis.
Se você está atrás de uma experiência divertida, cheia de ação visceral, cenários belíssimos e uma dose de humor ácido, Dead Island 2 é uma excelente escolha.
Dead Island 2 é uma carta de amor ao cinema de Hollywood e a recriação de Los Angeles como um playground pós-apocalíptico é tão vibrante quanto grotesca, oferecendo um cenário irresistível para explorar – sozinho ou com os parças.
Por outro lado, o jogo peca em profundidade narrativa e inovação além do combate e matança.
No fim das contas, Dead Island 2 não tenta ser o jogo mais revolucionário de zumbis, mas isso não é necessariamente uma falha. Ele abraça seu papel como um título divertido e direto, focado no prazer de despedaçar mortos-vivos de todas as formas possíveis.
Se você gosta de carnificina com um toque de humor e não se importa com uma narrativa clichê, Dead Island 2 está esperando por você – e vale a visita a L.A.
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