Arnold Schwarzenegger é sem sombra de dúvidas alguma, um dos maiores astro de filmes de ação de toda a história do cinema mundial. Durante boa parte dos anos 1980 e 1990, ele dominou as bilheterias e as salas de cinema do planeta e grande parte de seus filmes foram grandes sucessos de público. Para além disso, Schwarzenegger estrelou grandes clássicos que ficaram marcados para sempre no imaginário popular , por isso, seu nome ficou mundialmente conhecido.
Apesar do sotaque “diferente”, do corpanzil e da dificuldade em atuar, Arnold Schwarzenegger se tornou um dos rostos mais conhecidos e um dos atores mais bem pagos do cinema hollywoodiano. Seu auge coincidiu também com o ápice do cinema de ação. Depois de mais de duas décadas de sucesso nas telonas, Schwarzenegger se aventurou na política, sendo eleito duas vezes para governar a Califórnia, estado mais rico dos Estados Unidos.
Por tudo isso, vale a pena relembrar a carreira desse grande astro, listando dez grandes clássicos do cinema, estrelados por ele. Como todo grande nome do cinema, fazer listas desse tipo é um desafio enorme, já que algum filme “famoso” sempre será deixado de lado. Contudo, mesmo assim, aqui nós sempre encaramos o desafio. Além da lista, também apresentaremos uma breve biografia dele, para contextualizar a lista. Sem mais delongas, vamos lá.
Arnold Schwarzenegger – Infância difícil e início no fisiculturismo
Arnold Alois Schwarzenegger nasceu na pequena vila de Thal, na Aústria, em 30 de julho de 1947, filho de Gustav e Aurelia Schwarzenegger. Seus pais eram religiosos e bastante estritos na educação dos filhos. Gustav era militar e chefe da polícia local. Por influência de seu pai, Arnold começou a praticar esportes, incluindo o futebol. Em 1960, quando ele tinha cerca de 13 anos de idade, o técnico de seu time de futebol levou todos para treinar em uma academia.
Foi ai, que ele teve seu primeiro contato com o levantamento de peso. Aos 14 anos de idade, ele abandonou os outros esportes e focou apenas no treinamento na academia. Foi nessa época também, que se enveredou para o mundo do fisiculturismo. Em 1961, Schwarzenegger encontrou um ex-Mister Austria, Kurt Marnul, que o convidou a treinar em uma academia em Graz, cidade bem maior e com mais estrutura que a sua.
Em 1965, enquanto cumpria seu período obrigatório no exército austríaco, Schwarzenegger ganhou seu primeiro título importante, o “Junior Mr. Europe”. No ano seguinte, em 1966, ele competiria pelo Mr. Universe, pela primeira vez e ficaria em segundo lugar, atrás apenas do americano, Chester Yorton. Vendo seu potencial, Charles “Wag” Bennett, um dos juízes da competição se ofereceu para ser seu técnico e o levou para Londres, na Inglaterra.
Como Arnold Schwarzenegger não tinha dinheiro, ele ficou durante todo o tempo hospedado na casa de Bennett e convivendo com sua família. O treinamento deu certo, e ele venceu seu primeiro Mr. Universe no ano seguinte, em 1967. Com apenas 20 anos de idade, ele se tornou o mais jovem campeão da competição na história. Schwarzenegger venceria a competição mais três vezes. Sonhando desde muito jovem em se mudar para os Estados Unidos, ele aceitou um emprego de guarda-costas e se mudou para o pais em outubro de 1968, com 21 anos de idade e sem falar quase nada de inglês.
Nos Estados Unidos, Schwarzenegger continuou treinando e no ano seguinte competiu pela primeira vez no Mr. Olympia, principal competição do fisiculturismo mundial, ficando em segundo lugar e perdendo para o cubano Sergio Oliva. Já no seguinte, no entanto, ele venceria o próprio Oliva para se tornar, pela primeira vez, campeão do Mr. Olympia e o melhor fisiculturista do mundo. Arnold Schwarzenegger tinha apenas 23 anos de idade e se tornou o mais jovem vencedor do Mr. Olympia na história, um recorde que ele mantêm até os dias atuais.
Arnold Schwarzenegger venceria a competição seis vezes seguidas, entre 1970 e 1975, se tornando o mais conhecido fisiculturista do mundo. Seu treinamento para a competição de 1975, apareceria com destaque no elogiado documentário Pumping Iron (ou “O Homem dos Músculos de Aço”, título com o qual a produção foi lançada aqui no Brasil). Depois dessa competição, já envolvido com cinema, Schwarzenegger se aposentou da carreira de fisiculturista.
Contudo, em 1980, ele regressou para competir (e vencer), no Mr. Olympia daquele ano, no que seria sua sétima e última vitória naquela competição. À época, ninguém tinha mais títulos no Mr. Olympia do que ele. No entanto, posteriormente, Phil Heath empataria em número de títulos com Schwarzenegger e Ronnie Coleman e Lee Haney o ultrapassariam. Contudo, é inegável que Arnold é o mais importante fisiculturista da história e a pessoa que mais fez para divulgar o esporte pelo mundo a fora.
Arnold Schwarzenegger – De fisiculturista a astro de cinema
Arnold Schwarzenegger sempre quis atuar em filmes e assim que sua carreira como fisiculturista começou a engrenar, ele foi em busca de oportunidades no cinema. A primeira delas, veio em 1970, no filme Hércules em Nova York, em que Schwarzenegger interpreta o herói mitológico, que foge do Monte Olimpo e vai parar em Nova York. Aos 22 anos de idade, e recém-chegado aos Estados Unidos, ele teve que ser dublado por outro ator, já que seu sotaque era muito forte e seu inglês muito ruim.
Além disso, o produtor do filme achava que seu sobrenome Schwarzenegger seria de difícil compreensão para o público norte-americano. Por isso, ele foi creditado como “Arnold Strong”, já que “strong” significa “forte” em inglês. Ademais, ele também aparece com o complemento “Mr Universe”, à frente de seu nome, afim de publicizar o título recém ganho por ele. Hércules em Nova York custou apenas 300 mil dólares para ser produzido e virou um clássico cult depois que Schwarzenegger se tornou mundialmente famoso.
Em 1973, Arnold Schwarzenegger faria uma ponta no clássico O Perigoso Adeus, de Robert Altman. Três anos mais tarde, em 1976, ele finalmente conseguiria um papel de maior destaque na comédia dramática, O Guarda-Costas. Tendo um dos papéis principais do filme, que era estrelado por Jeff Bridges e Sally Field, Schwarzenegger brilhou e até mesmo venceu um Globo de Ouro, na categoria de “Revelação do Ano”, a única vez que ele venceria o prêmio em toda a sua carreira.
No ano seguinte, 1977, ele apareceria com destaque no elogiado docudrama (um tipo de documentário que reencena cenas que aconteceram na vida real), Pumping Iron (ou “O Homem dos Músculos de Aço”, título com o qual a obra foi lançada aqui no Brasil). A produção fala sobre a disputa do Mr. Olympia de 1975 e , principalmente, sobre os preparativos e treinamentos do atual campeão, Arnold Schwarzenegger, e de seu principal desafiante, o fisiculturista norte-americano Lou Ferrigno.
O filme, sobre o qual falaremos mais detalhadamente abaixo, foi um enorme sucesso, ajudando a dar mais visibilidade ao fisiculturismo e também a tornar ainda mais famosos tanto Schwarzenegger quanto Ferrigno, que também acabaria tendo uma carreira de relativo sucesso tanto no cinema quanto na televisão. Entre 1977 e 1982, Arnold Schwarzenegger teve pequenos papéis tanto no cinema como na televisão, até emplacar o papel principal em Conan, o Bárbaro (1982).
O sucesso comercial do filme, fez com que Arnold Schwarzenegger finalmente alcançasse a fama que ele buscava fazia anos. Dois anos depois, em 1984, ele estrelaria O Exterminador do Futuro, que o transformaria em uma das maiores estrelas do cinema mundial. Daí para frente, o ator dominaria o cinema de ação durante todo o resto da década de 1980 e boa parte da década de 1990. São desse período, a maioria dos filmes dessa lista lista.
Nessa época, quase tudo que Schwarzenegger fez foi sucesso de público e seu nome era garantia de uma boa bilheteria. Assim, ele se tornou o principal nome do cinema de ação e ganhou centenas de milhões de dólares com isso. A partir do final dos anos 1990, com o declínio de popularidade dos filmes de ação clássicos, tanto Arnold Schwarzenegger quanto outros astros desse gênero, sofreram com a perda de popularidade.
No início dos anos 2000, aproveitando uma oportunidade, Schwarzenegger entrou na política, se candidatando a governador do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e vencendo com alguma facilidade. Ele, inclusive, se reelegeria três anos depois, com uma votação ainda superior. Um feito e tanto, não apenas porque Schwarzenegger era ator e não político, mas também porque ele era membro do Partido Republicano, candidatando-se em um estado com predomínio do Partido Democrata.
Nesse período, Arnold Schwarzenegger praticamente não atuou, voltando ao cinema em 2010, em uma pequena participação no filme Os Mercenários, após o fim de seu segundo mandato como governador da Califórnia. Desde então, ele tam aparecido regularmente em filmes. Se o ator não é mais o campeão de bilheterias que já foi um dia, ele ainda é um dos nomes mais conhecidos do cinema hollywoodiano e também a figura mais importante do fisiculturismo no mundo. Só para se ter uma ideia, o segundo evento mais importante do esporte, o Arnold Sports Festival, leva seu nome.
Nessa lista, compilamos dez grandes clássicos do cinema que foram protagonizados por Arnold Schwarzenegger. Tentamos selecionar produções que tenham tido grande importância para a carreira do ator e também para a história do cinema como um todo. Como o auge da carreira de Schwarzenegger foi entre o início dos anos 1980 e a primeira metade dos anos 1990, praticamente, todos os filmes da lista foram lançados nesse período.
Além disso, só consideramos elegíveis para essa lista, produções em que Arnold Schwarzenegger tenha uma papel de destaque. Assim, clássicos como O Perigoso Adeus (1973) e o sucesso recente Os Mercenários, em que ele faz apenas uma pequena ponta, não foram nem sequer considerados para a inclusão nessa lista. Sem mais delongas, vamos lá.
Pumping Iron ou O Homem dos Músculos de Aço (1977)
Único filme dessa lista lançado nos anos 1970 e também o único que não é uma ficção, Pumping Iron é um docudrama sobre o mundo do fisiculturismo e, especialmente, sobre os preparativos para o Mr. Olympia de 1975. Para isso, a produção segue, principalmente, a rotina de treinamento e preparação de dois fisiculturistas. Arnold Schwarzenegger, que na ocasião era o atual campeão e tinha vencido as últimas cinco edição do evento, e Lou Ferrigno, que parecia ser o fisiculturista com mais chances de derrotá-lo.
Além de Schwarzenegger e Ferrigno, outros fisiculturistas famosos também apareceram no filme, como Franco Columbu e Mike Katz, que ganharam o seu próprio seguimento no documentário, além de Ken Waller, Ed Corney e Serge Nubret. Como todo docudrama, Pumping Iron tem alguns trechos encenados. Além disso, os diretores da obra, George Butler e Robert Fiore, procuraram criar uma espécie de antagonismo entre Ferrigno e Schwarzenegger para dar mais emoção ao filme.
Financiado a duras penas com a ajuda de mais de três mil pessoas, Pumping Iron levou 14 semanas para ser rodado. Contudo, mesmo com as filmagens concluídas, os produtores do filme não tinham dinheiro para finalizá-lo e distribuí-lo. Com isso, o filme ficou cerca de dois anos “engavetado”. Contudo, os produtores conseguiram espaço no Museu Whitney de Arte Americana, em Nova York, para fazer uma espécie de “exibição”, onde os fisiculturistas ficavam parados como estátuas vivas, rodando em plataformas móveis e o público poderia observar e julgar sua forma física.
Com o sucesso de Arnold Schwarzenegger em O Guarda-Costas (que, inclusive, lhe rendeu um Globo de Ouro) e com sua aceitação em aparecer como uma estátua viva na exibição, os produtores finalmente conseguiram arrecadar o valor suficiente para lançar o filme, que estreou comercialmente nos Estados Unidos em janeiro de 1977.
Pumping Iron foi um enorme sucesso de público e crítica, arrecadando cerca de 2 milhões de dólares em bilheterias, mais que o dobro de seu custo de produção. A crítica especializada também recebeu bem o filme, que foi elogiado por críticos famosos da época, como Kevin Thomas e Gene Siskel. Atualmente, a obra mantêm uma taxa de aprovação de 92% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet.
Para além disso, Pumping Iron teve uma enorme importância tanto para as carreiras de Arnold Schwarzenegger e Lou Ferrigno, quanto para o fisiculturismo em si. Antes considerado um esporte pouco conhecido (e até mal visto) e quase uma subcultura, o sucesso do filme fez com que o fisiculturismo ficasse muito mais conhecido e atraísse a atenção de muitos novos praticantes. Pode-se dizer que Pumping Iron foi o filme que tirou o esporte da obscuridade e, por isso também, é, provavelmente, o documentário mais importante da história do fisiculturismo.
Além disso, o filme deu ainda mais visibilidade para Schwarzenegger, o que o ajudaria enormemente a conseguir os papéis no cinema que o transformariam em uma astro nos anos 1980. Para Ferrigno, as consequências do sucesso de Pumping Iron foram quase que imediatas, já que naquele mesmo ano, ele conseguiu o papel de Hulk, na série de televisão O Incrível Hulk, que ficaria no ar entre 1977 e 1982 e faria muito sucesso. Ele também teve um carreira de relativo sucesso tanto na televisão quanto no cinema. No Brasil, Pumping Iron está disponível em diversas plataformas de streaming com o nome de O Homem dos Músculos de Aço.
O Sobrevivente (1987)
Lançado em novembro de 1987, O Sobrevivente passou longe de fazer o mesmo sucesso que O Predador, o outro filme estrelado por Arnold Schwarzenegger naquele mesmo ano, mas foi um sucesso moderado de público e crítica e, mais importante ainda, resistiu ao teste do tempo, se tornando uma das produções mais conhecidas da bem sucedida carreira do ator.
No filme, que é levemente baseado no livro O Concorrente, de Stephen King, Schwarzenegger é Ben Richards, um ex-policial condenado injustamente por um crime que ele não cometeu. O Sobrevivente se passa no futuro, no ano de 2017, onde os Estados Unidos passaram a ser um ditadura. Para distrair o público, a televisão exibe programas violentos. Entre eles, um chamado The Running Man (título original do filme em inglês), onde condenados são colocados em uma espécie de labirinto e têm que sobreviver ao confronto com diversos “assassinos” profissionais.
À princípio uma ficção com tons bastante obscuros e uma forte crítica social, O Sobrevivente acabou ganhado um estilo mais de filme de ação, a partir da escolha de Arnold Schwarzenegger para estrelá-lo e também a partir da contratação de Paul Michael Glaser para dirigi-lo. O enredo acabou utilizando bastante da ação física, devido ao corpanzil de Schwarzenegger, e também da violência explícita, principalmente, nas cenas que envolvem os vilões do filme, como era comum no cinema de ação (e nos filmes estrelados por Schwarzenegger) da época.
Essa mudança no tom do filme foi criticada, inclusive, pelo próprio Arnold Schwarzenegger. Produzido a um custo de cerca de 27 milhões de dólares, a obra arrecadou mais de 38 milhões de dólares em bilheterias, só nos Estados Unidos, trazendo algum retorno financeiro para a Tri-Star Pictures, estúdio que bancou e distribuiu a produção naquele país.
O filme foi relativamente bem recebido pela crítica especializada. A atuação de Richard Dawson como o apresentador Damon Killian, principal vilão do filme, foi quase que unanimemente elogiada pelos críticos. Também foram elogiadas as cenas de ação, mas o roteiro e a falta de profundidade e criatividade do enredo foram criticados por muita gente. Atualmente, O Sobrevivente mantêm uma taxa de aprovação de 67% no Rotten Tomatoes.
Com o tempo e com as inúmeras exibições na televisão, inclusive, aqui no Brasil, O Sobrevivente acabou se tornando um dos filmes mais conhecidos, lembrados e queridos da filmografia de Arnold Schwarzenegger. Ganhando até mesmo um certo status de filme cult, principalmente, por ter “acertado” algumas “previsões” sobre o futuro e também pela aura distópica presente em seu enredo.
Um Tira no Jardim de Infância (1990)
A partir do final dos anos 1980, sob a influência do diretor Ivan Reitman, Arnold Schwarzenegger começou a se arriscar em filmes de comédia. O primeiro deles, foi o megassucesso Irmãos Gêmeos e o segundo, foi justamente Um Tira no Jardim de Infância. No filme, o ator interpreta um policial que na tentativa de capturar um perigoso bandido tem que se disfarçar de professor infantil de uma escola de uma pequena cidade do Oregon, nos Estados Unidos.
Dirigido e co-produzido pelo próprio Reitman, Um Tira no Jardim de Infância possui um elenco de peso que inclui Penelope Ann Miller, Pamela Reed, Linda Hunt, Richard Tyson e a veterana atriz Carroll Baker. Como tudo que Schwarzenegger fez nessa época, o filme foi um grande sucesso de bilheteria. Produzido a um custo de 26 milhões de dólares, a obra arrecadou mais de 91 milhões de dólares só nos Estados Unidos e cerca de 200 milhões de dólares no mundo todo, se tornando assim, dono da décima maior bilheteria do ano de 1990.
Igualmente, assim como quase todo filme estrelado por Arnold Schwarzenegger naquele período, Um Tira no Jardim de Infância teve uma recepção fria por parte da crítica especializada. Apesar de a atuação de Schwarzenegger e também sua coragem em ter se arriscado em um gênero novo para ele, tenham sido elogiados, parte do enredo do filme foi criticado. Contudo, a produção recebeu elogios de críticos famosos, como Roger Ebert e Kim Newman.
Com o tempo, Um Tira no Jardim de Infância se tornaria um dos maiores clássicos da filmografia de Arnold Schwarzenegger e ganharia um lugar especial no coração dos fãs do ator. Afinal de contas, quem nunca assistiu a esse filme em uma Sessão da Tarde ou Sessão de Sábado da vida? Com certeza, a maioria dos brasileiros já, e grande parte deles gostou do que viu. Tanto é assim, que o filme era repetido constantemente na televisão brasileira durante os anos 1990 e 2000.
Comando para Matar (1985)
Se no final dos anos 1980, Arnold Schwarzenegger se enveredou para a comédia, em Comando para Matar, lançado em 1985, temos um filme de ação total no estilo que o consagrara. Aqui, Schwarzenegger está no auge de sua forma física. Tão no auge, que diversas cenas do filme que poderiam ser consideradas ridiculamente irrealísticas se fossem feitas por qualquer outro ator, se tornam credíveis quando executadas por ele.
Comando para Matar é para quem gosta de filmes de ação pura. Sem muita enrolação e com todos os clichês que esse gênero pode oferecer. Na obra, Schwarzenegger interpreta o Tenente Coronel John Matrix, um militar aposentado que vive tranquilamente com sua filha, Jenny Matrix (Alyssa Milano), em uma confortável cabana, no meio das montanhas. Toda essa tranquilidade é quebrada, quando Jenny é sequestrada afim de forçar Matrix a assassinar o presidente de um pequeno país sul-americano.
É claro que ao invés de fazer isso, Matrix sai matando todos os bandidos de todas as formas possíveis até conseguir resgatar sua filha. Comando para Matar tem inúmeras cenas inesquecíveis e espetaculares. Temos Schwarzenegger carregando uma tora de madeira no braço, pulando de um avião em plena decolagem, empurrando um carro e descendo ladeira abaixo com ele, arrancando uma cabine telefônica (com uma pessoa dentro) “no muque”, virando um carro apenas na força do braço e, é claro, enfrentando um exército inteiro de bandidos totalmente sozinho.
Isso sem falar nas cenas de violência quase crua, em que ele mata bandidos com tiros na cabeça, quebrando seus pescoços, soltando-os de morros, explodindo-os com bazucas e, é claro, utilizando um cano, na cena que talvez seja a mais famosa do filme. Enfim, Comando para Matar é o protótipo perfeito do cinema de ação dos anos 1980. Não a toa, ele foi um enorme sucesso de público.
Produzido a um custo de cerca de 9 milhões de dólares, Comando para Matar arrecadou mais de 35 milhões de dólares em bilheterias só nos Estados Unidos e aproximadamente 57 milhões no mundo todo. O filme também foi relativamente bem recebido pela crítica especializada, apesar de críticas ao enredo, a produção foi considerada uma boa peça de entretenimento, cheia de ação e cenas espetaculares.
Atualmente, Comando para Matar mantêm uma taxa de aprovação de 67% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet, e é amplamente considerado um dos maiores clássicos da filmografia de Arnold Schwarzenegger e também um dos melhores filmes de ação dos anos 1980. Não a toa, Comando para Matar tem sido incessantemente copiado por outros filmes desde o seu lançamento.
Irmãos Gêmeos (1988) – Primeira comédia da carreira de Arnold Schwarzenegger
Em 1988, já consolidado como um astro do cinema de ação, Arnold Schwarzenegger quis dar um novo rumo em sua carreira e arriscou estrelar uma comédia. A Universal Pictures, que financiou a obra, estava reticente em aceitar escalar o ator em um comédia ao invés de outro filme de ação, que àquela altura, seria praticamente lucro certo para o estúdio. Por isso, Schwarzenegger resolveu trocar seu salário por um porcentagem dos lucros do filme.
Tanto ele, quanto o outro protagonista da produção, Danny DeVito, e até mesmo o diretor do filme, Ivan Reitman, aceitaram trabalhar de graça, em troca de 40% do valor de um possível lucro que Irmãos Gêmeos viesse a ter. O resultado não poderia ter sido melhor. Contando a história de dois irmãos gêmeos, produzidos em laboratório, separados ainda no nascimento e completamente diferentes, fez um enorme sucesso com o público.
Irmãos Gêmeos explora justamente as grandes diferenças entre Schwarzenegger e DeVito. Um enorme e com um corpo de fazer inveja e o outro baixinho e “feio”. Por isso, no filme, temos uma experiência genética que produziu o ser humano perfeito, personagem de Schwarzenegger, e “o resto que sobrou”, personagem de DeVito. Essa premissa, explorada a exaustão em Irmãos Gêmeos, agradou a muita gente.
Produzido a um custo inicial de 18 milhões de dólares, a produção arrecadou quase 217 milhões de dólares em bilheterias, se tornando dono da quinta maior bilheteria do mundo no ano de 1988. Além disso, a produção também abriu novos caminhos para Schwarzenegger que dali para frente atuaria em inúmeras outras comédias, algumas muito bem-sucedidas. O sucesso de Irmãos Gêmeos também deu a ele, a DeVito e ao diretor Ivan Reitman o maior pagamento de suas carreiras. Já que eles ficaram com quase metade de todo o lucro que o filme deu a Universal Pictures.
Apesar do sucesso de público, Irmãos Gêmeos dividiu a crítica especializada. Isso porque, muitos acharam que a única coisa que o filme fazia era explorar à exaustão a diferença física e também de personalidade entre os personagens de Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito e que não tinha nada mais a oferecer além disso. Contudo, o filme agradou a críticos respeitados da indústria, como Roger Ebert, por exemplo.
Atualmente, Irmãos Gêmeos é considerado um clássicos e um dos filmes mais lembrados da filmografia, não apenas de Arnold Schwarzenegger, mas também de Danny DeVito e do próprio Ivan Reitman. Provando que a produção conseguiu sobreviver a prova do tempo e se estabelecer no coração e na mente dos espectadores. É graças a ele também, que Schwarzenegger conseguiu atuar em outros clássicos, como Um Tira no Jardim de Infância (1990) e Um Herói de Brinquedo (1996).
Conan, o Bárbaro (1982) – Primeiro grande sucesso da carreira de Arnold Schwarzenegger
Lançado no primeiro semestre de 1982, Conan, o Bárbaro foi o filme que fez de Arnold Schwarzenegger um nome conhecido do cinema mundial. Baseado na obra do escritor norte-americano Robert E. Howard, o filme conta a história de um guerreiro bárbaro que busca vingança contra o líder de um culto obscuro que matou seus pais e massacrou sua vila. A história se passa em uma versão ficcionalizada da Idade Antiga.
Produzido a um custo final de cerca de 20 milhões de dólares, Conan, o Bárbaro teve uma produção difícil, com mudança de diretor, produtor e roteiro e também com extensivos cortes nas cenas já filmadas para adequar o filme ao público e a censura da época e reduzir seu nível de violência. Além disso, o elenco do filme também contava com três atores inexperientes, além de Schwarzenegger, Gerry Lopez e Sandahl Bergman, em papéis principais, o que exigiu bastante do diretor John Milius.
Arnold Schwarzenegger, especialmente, ainda tinha um sotaque alemão muito forte e também dificuldades com o inglês. Por isso, teve que passar por treinamento extensivo e repetir exaustivamente suas falas mais longas. O ator também teve que reduzir seu peso, para ter uma aparência mais atlética, e aprender a nadar, andar a cavalo e lutar com espadas. Schwarzenegger só foi mantido no papel após a mudança de produtor, porque sua aparência física era considerada perfeita para o personagem. Além disso, o ator se dedicou bastante ao filme, por considerar essa a maior oportunidade que ele já havia tido em Hollywood.
Para contrabalancear a inexperiência de Schwarzenegger, Lopez e Bergman, John Milius contratou três atores de renome para o elenco, James Earl Jones, para o papel do vilão principal, Thulsa Doom, Max von Sydow para o papel de Rei Osric e Mako Iwamatsu, para o papel de Feiticeiro dos Montes. Conan, o Bárbaro foi quase todo filmado na Espanha, na região da capital Madrid. Diversas cenas foram rodadas em locações reais na região e diversos sets gigantescos foram construídos para o filme no local a um custo de 3 milhões de dólares. Dois dos maiores sets foram, inclusive, queimados pela equipe de filmagem ao final dos trabalhos. A cena final do filme, inclusive, mostra um deles sendo destruído pelo fogo.
Conan, o Bárbaro estreou nos Estados Unidos em maio de 1982 e logo se tornou um sucesso de bilheterias. A obra era muito esperada, já que seu lançamento vinha sendo antecipado desde 1980 e suas filmagens haviam sido completadas ainda em 1981. Acredita-se que a produção tenha arrecadado entre 69 e 79 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo, ou seja, cerca de quatro vezes mais do que seu custo final de produção.
A crítica especializada da época, ficou dividida em relação ao filme. Alguns aspectos técnicos de Conan, o Bárbaro, como os seus efeitos visuais, cenários, fotografia, a direção de John Milius e as suas cenas de ação e de luta foram elogiadas. Contudo, outros de seus aspectos, como o roteiro e, principalmente, a atuação de alguns dos atores novatos, especialmente, a de Arnold Schwarzenegger, foram duramente criticados pela maioria dos críticos da época. Apesar disso, a novata Sandahl Bergman recebeu um Globo de Ouro de Revelação do Ano.
O sucesso do filme, gerou uma continuação, Conan, o Destruidor, lançado em 1984 e estrelado pelo próprio Arnold Schwarzenegger e também fez com que em 1985, o ator estrelasse outro filme do mesmo estilo, Guerreiros de Fogo. Depois disso, Schwarzenegger abandonaria o gênero para se dedicar quase que exclusivamente a filmes de ação. Atualmente, Conan, o Bárbaro é considerado um clássico cult e um dos mais importantes filmes do gênero “capa e espada” já feitos. Por isso também, a produção tem sido incessantemente copiada nas últimas quatro décadas.
O Vingador do Futuro (1990)
O Vingador do Futuro foi produzido quando Arnold Schwarzenegger estava no auge de seu sucesso e emplacava um sucesso de bilheteria após o outro. Por isso, ele conseguiu convencer a Carolco Pictures a bancar o filme e a deixá-lo estrelá-lo depois que a produção havia ficado quase 16 anos empacada sem avançar para seus estágios finais. Mas não apenas isso, o ator conseguiu também que o estúdio lhe desse um enorme controle criativo sobre a obra, lhe pagasse cerca de 10 milhões de dólares mais 15% dos lucros do filme em forma de cachê e ainda convenceu a Carolco Pictures a investir pesado na produção.
Calcula-se que O Vingador do Futuro possa ter custado até 80 milhões de dólares, o que fez dele um dos filmes mais caros já produzidos até então. O enredo da obra, que é baseada em uma novela do renomado escritor norte-americano Philip K. Dick, se passa no futuro e conta a história de Douglas Quaid (Schwarzenegger), um trabalhador braçal, que decide pagar por um implante cerebral que lhe dará memórias realísticas (que ele nunca viveu) de férias aventurescas em Marte. Contudo, Quaid acaba descobrindo que ele é, na verdade, um agente secreto metido em uma briga entre o ditador que controla Marte e um grupo rebelde que quer tirá-lo do poder.
Dirigido pelo celebrado cineasta holandês, Paul Verhoeven, que havia acabado de dirigir o sucesso RoboCop: O Policial do Futuro (1987), O Vingador do Futuro conta em seu elenco com Ronny Cox, no papel do vilão principal do filme (ele também havia feito o papel de vilão principal em RoboCop), Michael Ironside, no papel de seu principal capanga, Sharon Stone, Rachel Ticotin, Marshall Bell e Mel Johnson Jr.
O alto custo de O Vingador do Futuro permitiu que o filme tivesse efeitos práticos e visuais de última geração e também valores de produção de qualidade inquestionável. Todo o investimento valeu a pena, já que a obra arrecadou mais de 261 milhões de dólares no mundo todo, se tornando dono da quinta maior bilheteria do ano de 1990. Como acontecia com quase todos os filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger naquela época, a obra dividiu a opinião da crítica especializada.
A maioria dos críticos elogiou os aspectos técnicos e artísticos do filme, sua temática e, até mesmo, a atuação de Schwarzenegger. Contudo, muitos deles argumentaram que a segunda parte do filme, quando o personagem principal chega a Marte, não tinha personalidade própria e se parecia com um filme de ação qualquer. Nessa mesma linha, argumentavam que, a partir desse momento, o filme havia perdido sua ambição artística e se tornado apenas mais um veículo para que Schwarzenegger partisse para a violência e matança, vistas como desnecessária por eles.
Contudo, com o tempo, O Vingador do Futuro se tornou não apenas um grande clássico da filmografia de Arnold Schwarzenegger, mas também do gênero de ficção científica como um todo. Diversos dos temas apresentados no filme têm sido constantemente analisados nas últimas décadas. O filme também gerou um remake e uma tentativa de continuação que acabou se tornando o filme Minority Report – A Nova Lei, outro clássico da ficção científica.
No mais, o filme também ajudou a consolidar ainda mais a carreira de Paul Verhoeven e a dar uma carreira para Sharon Stone, já que o papel em O Vingador do Futuro foi o primeiro de destaque de sua carreira. Dois anos mais tarde, Stone estrelaria Instinto Selvagem, outro filme dirigido por Verhoeven, e se tornaria uma estrela global e um dos maiores sexy symbols do cinema mundial nas últimas décadas.
True Lies (1994)
Três anos após terem trabalhado juntos no megassucesso O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991), James Cameron e Arnold Schwarzenegger voltaram a se reunir para produzir True Lies. No filme, Arnold Schwarzenegger interpreta Harry Tasker, que é, aparentemente, um vendedor de softwares para computadores, com um carreira chata e uma vida familiar e romântica totalmente monótonas. Tasker, contudo, é na verdade, um super agente especial que viaja o mundo todo combatendo terroristas e “salvando o dia”.
Sua esposa, no entanto, está extremamente infeliz com o casamento e quando Tasker desconfia que está sendo traído ele arma uma operação para fazer sua esposa confessar a infidelidade. Descobrindo que sua esposa, em realidade, não tem um amante, mas está infeliz com sua rotina chata, ele cria uma falsa operação de espionagem para fazê-la ter um gostinho de aventura. Contudo, no meio disso tudo, Tasker e a esposa são capturados por um terrorista de verdade que ameaça explodir uma bomba atômica em solo americano.
Concluído a custo estimado entre 100 e 120 milhões de dólares, True Lies foi o filme mais caro já produzido até então e também o primeiro da história a custar 100 milhões de dólares para ser feito. Contando com efeitos especiais e valores de produção de primeira linha, a obra também contava com um elenco de atores de renome, incluindo, Jamie Lee Curtis, Tom Arnold, Bill Paxton, Art Malik, Tia Carrere, Eliza Dushku, Grant Heslov e o veterano Charlton Heston.
True Lies combina um roteiro muito bem escrito, cheio de pitadas de bom humor, com as cenas de ação de tirar o fôlego, que sempre foram a marca registrada dos filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger. Entre as cenas mais lembradas do filme, estão a da perseguição com um cavalo no telhado, a do interrogatório com “soro da verdade” e a emblemática morte do vilão principal do filme, o terrorista interpretado por Art Malik.
Por tudo isso, True Lies foi um enorme sucesso de público. Com uma bilheteria de mais de 378 milhões de dólares, o filme teve a terceira maior arrecadação do ano em 1994, ficando atrás apenas da animação O Rei Leão e do drama Forrest Gump – O Contador de Histórias. Diferentemente da maioria dos filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger, True Lies também foi bem recebido pela crítica especializada da época, sendo, já então, considerado um dos melhores filmes da filmografia do ator.
True Lies também recebeu inúmeras indicações a premiações importantes, incluindo uma indicação ao Oscar e ao BAFTA na categoria de Melhores Efeitos Visuais e uma indicação ao Globo de Ouro para Jamie Lee Curtis na categoria de Melhor Atriz em um Filme de Comédia ou Musical, que, aliás, ela acabou vencendo. Essa, inclusive, foi a segunda e última, até hoje, vez que Lee Curtis venceu um Globo de Ouro.
Além de ser, atualmente, reconhecido como um dos melhores filmes de ação dos anos 1990, True Lies foi também muito importante para a carreira de James Cameron. Foi durante a produção do filme, que ele conheceu Jon Landau, que na época trabalhava para a 20th Century Fox, estúdio que bancou produção de True Lies. Logo após o lançamento do filme, Landau sairia da Fox e se juntaria a James Cameron, se tornando seu parceiro de produção.
Três anos depois, Landau e Cameron produziriam Titanic e trabalhariam juntos até a morte de Landau ocorrida em julho desse ano. Os dois também produziram Avatar (2009) e Avatar: O Caminho da Água (2022). Com isso, a dupla é responsável por trazer ao mundo três das quatro maiores bilheterias da história do cinema.
No mais, True Lies foi também um dos últimos grandes sucessos de público da carreira de Arnold Schwarzenegger. Durante a segunda metade dos anos 1990, os filmes estrelados pelo ator começariam a produzir cada vez menos bilheteria. As produções até arrecadavam razoavelmente bem, mas quase sempre, abaixo das expectativas dos estúdios.
No final da década e início dos anos 2000, os filmes de Schwarzenegger começariam a dar até mesmo prejuízo, como parte também de um momento em que o cinema de ação como um todo entrava em declínio, o que culminaria com a entrada de Schwarzenegger na política em 2003. O ator até voltaria a fazer filmes a partir de 2010, mas já estava em outro momento de sua carreira e investindo em outros tipos de filmes.
O Predador (1987)
Lançado em junho de 1987, O Predador se tornou não apenas um dos maiores clássicos da filmografia de Arnold Schwarzenegger, mas também um dos maiores sucessos de sua carreira. No filme, o ator interpreta o Major Alan “Dutch” Schaefer, que junto com sua equipe de militares, é enviado para a selva sul-americana para resgatar um emissário político que supostamente foi sequestrado por um grupo rebelde local. Chegando lá, no entanto, eles não apenas descobrem que sua missão real não era aquela, como também começam a ser perseguidos, e mortos, um a um por uma criatura misteriosa.
Mistura de ação e ficção científica, com pitadas de terror e suspense, O Predador fez bastante sucesso com o público na época de seu lançamento. Produzido a um custo de cerca de 15 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 98 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo, sendo o 12º filme mais visto no mundo no ano de 1987.
Dirigido por John McTiernan, que se tornaria um dos diretores mais importantes do cinema de ação, O Predador conta também com um elenco de primeira linha, que inclui, Kevin Peter Hall, Carl Weathers, Elpidia Carrillo, Bill Duke, Richard Chaves, Jesse Ventura, Sonny Landham e Shane Black. Esse último, inclusive, se tornaria um roteirista de sucesso em Hollywood.
O Predador conta também com efeitos visuais muito bem feitos, sendo que a criatura que é a principal antagonista do enredo foi concebida pelo mestre da maquiagem Stan Winston. Aliás, Winston foi, inclusive, um dos indicados ao Oscar de Melhores Efeitos Especiais por seu trabalho no filme. Essa foi, a terceira indicação de sua premiada carreira e a única indicação ao Oscar recebida por O Predador.
Outra curiosidade interessante é que Jean-Claude Van Damme, ainda tentando o sucesso em Hollywood, foi originalmente contratado para interpretar a criatura e chegou, inclusive, a fazer alguns testes com o traje. Contudo, a diferença de tamanho entre ele e Arnold Schwarzenegger, fez com que os produtores do filme decidissem por sua substituição, já que ele era pequeno demais para parecer realisticamente uma ameaça para alguém do tamanho de Schwarzenegger. Eles então contrataram Kevin Peter Hall, que tinha 2,18 metros de altura, para o papel. Um ano depois, Van Damme estrelaria O Grande Dragão Branco (1988) e se tornaria ele próprio um astro dos filmes de ação.
Como quase todos os filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger lançados nos anos 1980, O Predador dividiu a crítica. Enquanto alguns críticos, como Roger Ebert, por exemplo, foram mais gentis com o filme, outros, como Janet Maslin, por exemplo, odiaram a obra, chamando a de vazia, pouco original, sem surpresas e derivativa. Com o tempo, no entanto, O Predador foi ganhando cada vez mais status de filme clássico.
Atualmente, O Predador é considerado não apenas um dos melhores filmes da carreira de Arnold Schwarzenegger, mas também um dos melhores filmes de ação e de ficção científica já feitos. A obra tem sido constantemente copiada e homenageada por outras produções e frases icônicas do filme, como “Get to the choppa” e “You’re one ugly motherfucker”, são comumente lembradas e citadas por cinéfilos do mundo todo.
Além disso, o sucesso comercial de O Predador fez com que a 20th Century Fox, que bancou a produção do filme, desenvolvesse uma franquia inteira em torno do personagem. Atualmente, a franquia conta com outros quatro filmes, lançados entre 1990 e 2022. Isso sem falar, no crossover entre O Predador e Alien, que atualmente conta com três filmes reunindo os dois personagens que estão entre os mais importantes da história do cinema mundial.
O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991) e O Exterminador do Futuro (1984)
Aqui trapaceamos um pouquinho, já que incluímos dois filmes no espaço que deveria ser ocupado por apenas um. No entanto, fizemos isso porque é impossível desvincular os dois filmes e eles são, provavelmente, os dois mais importantes de toda a carreira de Arnold Schwarzenegger. O Exterminador do Futuro foi lançado em outubro de 1984 e foi responsável por realmente dar uma carreira para James Cameron e por transformar Schwarzenegger em uma estrela global.
Antes de O Exterminador do Futuro, James Cameron só havia dirigido o famigerado terror Piranhas 2: Assassinas Voadoras, que ele renegou por quase toda a sua carreira. Foi justamente durante uma viagem de promoção desse filme, que o diretor teve um pesadelo que lhe deu a ideia que se tornaria o roteiro de O Exterminador do Futuro. Cameron, então, vendeu os direitos sobre a história para Gale Anne Hurd (que se tornaria sua esposa alguns anos depois), com a condição que ela só poderia produzir o filme com ele como diretor.
Hurd então, convenceu John Daly a financiar o projeto e a Orion Pictures a distribuir o filme quando ele estivesse pronto. O orçamento de O Exterminador do Futuro foi pequeno para a época, cerca de 6 milhões de dólares, e quase todo mundo considerava o projeto um filme B, de baixo orçamento com pouco potencial para gerar interesse dos espectadores. O próprio Arnold Schwarzenegger só aceitou atuar no filme porque acreditava que seu possível fracasso não afetaria sua carreira devido a produção ser de baixo orçamento.
O ator, inclusive, foi inicialmente contratado para interpretar o herói Kyle Reese e só depois, devido ao seu tamanho e físico impositivo, foi deslocado para o papel do exterminador. A mudança não agradou Schwarzenegger, mas Cameron o convenceu a aceitar o novo papel. O personagem caiu como uma luva para o ator, já que ele tinha pouquíssimas falas e até mesmo seu forte sotaque na época, ajudava a deixar o personagem ainda mais realístico.
As filmagens de O Exterminador do Futuro ocorreram quase todas em locação em Los Angeles e utilizaram muitos efeitos práticos e maquiagens criadas pelos mestres dos efeitos especiais Stan Winston e Gene Warren Jr. Só com o filme já pronto é que a equipe percebeu que poderia ter algo especial em mãos. A Orion Pictures, no entanto, não acreditava no potencial comercial do filme e não organizou nenhuma sessão especial para exibição do filme para críticos de cinema. Os atores que depois exigiram que o estúdio o fizesse.
O Exterminador do Futuro já estreou fazendo sucesso com o público. Com uma arrecadação de cerca de 4 milhões de dólares, o filme liderou as bilheterias norte-americanas em seu final de semana de estreia. A produção iria arrecadar mais de 38 milhões de dólares só nos Estados Unidos e mais 40 milhões de dólares no resto do mundo, totalizando mais de 78 milhões de dólares em bilheterias. Um fortuna para um filme que havia custado apenas 6 milhões de dólares para ser produzido.
Apesar de atualmente ser considerado um clássico, O Exterminador do Futuro dividiu a crítica na época de seu lançamento. Apesar de alguns veículos, como o jornal Los Angeles Times e as revistas Time e Variety, terem elogiado fortemente o filme e, até mesmo, no caso da Time, incluído a obra em sua lista de melhores do ano, outros, como a famosa crítica Janet Maslin e o jornal Pittsburgh Press, não ficaram assim tão empolgados com a produção.
Atualmente, no entanto, O Exterminador do Futuro é unanimemente considerado uma dos melhores e mais importantes filmes de ficção científica de toda a história do cinema mundial. A produção é comumente incluída em diversas listas de melhores filmes da história e, em 2008, foi escolhida para preservação no preservação no National Film Registry devido a sua importância cultural, estética e histórica.
Repetindo a dose
O sucesso desse primeiro filme, fez com que James e Arnold Schwarzenegger tentassem durante boa parte dos anos 1980 produzir uma continuação. Algo que eles só conseguiram fazer em 1990. Nesse meio tempo, Schwarzenegger havia se tornado o maior astro do cinema de ação no mundo e Cameron um dos mais bem sucedidos diretores do cinema comercial norte-americano.
Assim, depois de muitas dificuldades, eles conseguiram convencer a Hemdale Film Corporation, que possuía direitos autorais sobre o filme e estava em dificuldades financeiras, a vender esses direitos para a Carolco Pictures, que recentemente havia produzido o sucesso O Vingador do Futuro, estrelado por Schwarzenegger.
Com seus nomes já estabelecidos no mercado, Cameron e Schwarzenegger conseguiram convencer a Carolco Pictures a investir entre 94 e 102 milhões de dólares na produção de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. Com esse orçamento e combinando efeitos práticos com imagens geradas por computador (CGI), que naquela época eram uma novidade, e também com o trabalho de maquiagem do genial Stan Winston, o filme criou cenas que até hoje são incrivelmente realísticas e convincentes.
No filme, Arnold Schwarzenegger volta ao papel de exterminador, mas dessa vez, como mocinho. Aqui, ele não quer assassinar Sarah Connor (Linda Hamilton), para impedir que ela dê a luz ao líder da resistência contra a Skynet, John Connor. Pelo contrário, aqui, ele volta “reprogramado” para proteger o próprio Connor, que já nasceu e é um adolescente rebelde, enquanto Sarah está internada em um hospício devido aos acontecimentos do filme anterior.
O vilão dessa continuação é um novo exterminador, T-1000 (Robert Patrick), muito mais avançado que o exterminador interpretado por Schwarzenegger. Todo feito de metal líquido, ele é quase indestrutível, capaz de imitar a aparência de qualquer pessoa que ele toca e também de criar armas brancas com as mãos e os braços. Aqui, Sarah também não é mais aquela mulher assustada do primeiro filme, mas sim uma guerreira totalmente preparada para o fim do mundo.
O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final tem tantas cenas geniais e tantos temas que valem a pena serem debatidos que é impossível fazê-lo aqui, já que teríamos que escrever um texto inteiro apenas para isso. O fato é que a mistura de enredo criativo e bem escrito, cenas de ação memoráveis e efeitos visuais de primeira linha, resultaram em uma fórmula de sucesso. O filme arrecadou mais de 520 milhões de dólares, se tornando, com sobras, dono da maior bilheteria do ano de 1991.
Ao contrário do primeiro filme, O Exterminador do Futuro 2 foi unanimemente elogiado pela crítica especializada, tendo sido, amplamente considerado melhor que seu predecessor. A produção também foi indicada a três BAFTAs e a seis Oscars, vencendo quatro e dominando as categorias técnicas daquele ano. O Exterminador do Futuro 2 foi, inclusive, responsável pelo segundo Oscar da carreira de Stan Winston.
O filme também “valorizou o passe” de todos os envolvidos em sua produção. Arnold Schwarzenegger se tornou o ator mais conhecido e mais bem pago do mundo, James Cameron passou a produzir um sucesso de bilheteria atrás do outro e dominaria o topo de maiores bilheterias do mundo cinematográfico, a partir de 1997. A obra daria fama extra a Linda Hamilton e daria uma carreira para Robert Patrick.
Atualmente, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final é considerado um dos melhores e mais importantes filmes da história do cinema. Assim como seu predecessor, a produção também foi escolhida para preservação no National Film Registry devido a sua importância cultural, estética e histórica. O sucesso de O Julgamento Final daria origem a uma franquia que conta com outros quatro filmes e uma série para televisão. Definitivamente, não é possível falar de Arnold Schwarzenegger sem falar de O Exterminador do Futuro.
Conclusão
E aí, gostou da nossa lista. Compilar esse tipo de lista nunca é fácil, principalmente, quando falamos de um ator como Arnold Schwarzenegger que tem inúmeros filmes de sucessos e clássicos memoráveis em sua filmografia. Contudo, como sempre, aceitamos o desafio e fizemos uma pesquisa extensiva, não apenas para elaborar essa lista, mas também para explicar para o nosso leitor porque escolhemos cada um desses filmes. Agora, é com você. Tem algum filme que você acredita que poderia estar nessa lista e que não foi incluído por nós? Comente abaixo. Lembre-se sempre que sua opinião é de suma importância para nós.