Montagem com os 10 filmes da lista de melhores ficções científicas do American Film Institute.
Montagem com os 10 filmes da lista de melhores ficções científicas do American Film Institute.

O American Film Institute (AFI) (ou Instituto Americano de Cinema, em tradução para o português) é uma importante organização sem fins lucrativos que visa educar cineastas e homenagear a herança das artes cinematográficas nos Estados Unidos. Criada em 1967, por mandato do então presidente norte-americano, Lyndon B. Johnson, o AFI ajuda a preservar o legado da herança cinematográfica norte-americana, educar a próxima geração de cineastas e homenagear os artistas de cinema e seu trabalho.

Entre os trabalhos e programas desenvolvidos pelo American Film Institute estão uma escola de cinema, um complexo de salas de cinema, projetos para formação de novos cineastas, organização de festivais e premiações para reconhecer filmes e profissionais do cinema norte-americano e, claro, suas famosas listas de melhores filmes da história, chamada de “AFI 100 Years… series” (ou “Série AFI 100 Anos”, em tradução para o português), iniciada em 1998. É sobre uma dessas listas que falaremos hoje. Além disso, já falamos tudo sobre o American Film Institute em outro texto.

American Film Institute 100 Years… series

Provavelmente, o “empreendimento” mais famoso do American Film Institute, a série AFI 100 Years (ou “AFI 100 Anos”, em tradução para o português) começou em 1998, quando a primeira de suas famosas listas foi divulgada. No caso, era uma lista dos 100 melhores filmes da história do cinema norte-americano, em comemoração aos 100 anos de cinema. Isso porque, em 1995, completavam 100 anos da primeira exibição pública de um filme, pelos Irmãos Lumière, em Paris, na França.

Chamada de “AFI’s 100 Years…100 Movies” (ou “100 Anos…100 Filmes”, em tradução para o português), a lista foi um enorme sucesso e fez com que nos anos seguintes, o American Film Institute publicasse inúmeras outras listas do tipo. Entre 1999 e 2008, a AFI publicou diversas outras listas, que compilavam os 100 melhores filmes em diversos gêneros. Além disso, o instituto também elaborou lista de maiores heróis e vilões, maiores estrelas do cinema, maiores paixões, melhores canções, melhores trilhas sonoras e diversas outras listas que compilavam melhores aspectos do cinema.

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Logo do American Film Institute.
Logo do American Film Institute.

Nesse texto, falaremos sobre a última lista divulgada pelo American Film Institute, lá em 2008, ou seja, há mais de 15 anos atrás, a “AFI’s 10 Top 10”, que compila os 10 melhores filmes, segundo os votantes do AFI, em 10 gêneros cinematográficos diferentes. No caso aqui, listaremos os 10 melhores filmes de ficção científica segundo o American Film Institute. Abaixo falaremos um pouco mais sobre a lista e sobre os critérios para sua elaboração.

American Film Institute’s 10 Top 10 – Ficção

Os escolhidos pelo American Film Institute (AFI) para integrar a lista de 10 melhores filmes em 10 gêneros cinematográficos diferentes, chamada de “AFI’s 10 Top 10”, foram anunciados em uma cerimônia televisiva transmitida pelo canal CBS para todo o território norte-americano em 17 de junho de 2008. A transmissão contou com a presença de nomes ilustres do cinema, como Clint Eastwood, Quentin Tarantino, Kirk Douglas, Harrison Ford, Martin Scorsese, Steven Spielberg, George Lucas, Roman Polanski e Jane Fonda.

Para estar na lista de dez melhores ficções científicas da história, segundo o American Film Institute, um filme deve ser, primeiramente, uma ficção científica. Para o AFI, uma ficção científica é um filme que “combina uma premissa científica ou tecnológica com especulação imaginativa”. Além disso, como todos os filmes escolhidos para integrar as listas da série AFI 100 Years, para ser incluído nessa lista, a animação deve ser também um longa-metragem. O que, para o American Film Institute, é toda produção cinematográfica em “formato narrativo” com duração igual ou superior a 60 minutos.

Por último, e não menos importante, a produção deve ser “americana”, o que para o AFI é todo “filme em língua inglesa com elementos significativos de produção criativa e/ou financeira dos Estados Unidos”. Isso porque, como dito acima, o American Film Institute é uma organização norte-americana, criada para preservar e promover o cinema produzido naquele país.

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Dito isso, os filmes contidos nessa lista, foram escolhidos por um corpo de mais de mil jurados membros da chamada “indústria criativa” norte-americana. Dessa forma, entre os jurados estão pessoas ligadas a produção cinematográfica, como diretores, roteiristas, produtores, atores, atrizes, etc., críticos de cinema, historiadores e estudiosos da sétima arte.

Para a produção da AFI’s 10 Top 10 inteira, que contêm 100 filmes (dez em cada gênero), 500 filmes foram pré-selecionados pelo American Film Institute, para a escolha final do júri. Essa lista de 500 produções pode ser encontrada no site do AFI. Lembrando mais uma vez, que nesse texto em específico, falaremos apenas das dez produções que integram a lista de 10 maiores ficções científicas da história do cinema norte-americano, segundo o American Film Institute. Sem mais delongas, vamos a lista.

10º – De Volta para o Futuro (1985)

O décimo colocado dessa lista do American Film Institute é um dos queridinhos da Sessão da Tarde aqui no Brasil, onde era exibido com bastante frequência. Assim, é bem possível que você já tenha assistido De Volta para o Futuro. Lançado em julho de 1985, o filme conta a história de Marty McFly (Michael J. Fox), um adolescente que acidentalmente é mandado para o ano de 1955 por seu amigo, Emmett “Doc” Brown (Christopher Lloyd), um cientista genial, mas meio maluco.

No passado, ele encontra seu futuro pai e sua futura mãe, mas acaba, sem querer, atraindo a atenção de sua mãe, o que acaba também por ameaçar a sua existência e de sua família. Agora, com a ajuda de uma versão mais jovem de seu amigo cientista, ele precisa fazer com que seu futuro pai e sua futura mãe se apaixonem um pelo outro e ainda conseguir voltar para 1985. Escrito por Robert Zemeckis e Bob Gale e dirigido pelo próprio Zemeckis, De Volta para o Futuro foi rejeitado incontáveis vezes por diversos estúdios, até que a Universal Pictures, sob influência de Steven Spielberg, aceitou financiar a produção do filme.

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A primeira viagem no tempo do DeLorean. Uma das mais famosas cenas de De Volta para o Futuro (1985).

A obra foi, inclusive, produzida pela Amblin Entertainment, produtora de Spielberg, que serviu de produtor executivo do filme. Mesmo após a liberação do estúdio para as filmagens, De Volta para o Futuro ainda enfrentou alguns obstáculos. Isso porque, Eric Stoltz que foi inicialmente contratado para interpretar Marty McFly não deu certo no papel e, com várias cenas já completadas, teve que ser substituído por Michael J. Fox, que, inclusive, inicialmente era a primeira escolha de Zemeckis.

Para que Fox pudesse fazer o filme, a Universal Pictures teve que aumentar o orçamento da produção em 4 milhões e quase todas as cenas já filmadas com Stoltz tiveram que ser regravadas. Além disso, Fox teve que filmar De Volta para o Futuro ao mesmo tempo em que filmava também a série Caras e Caretas, onde ele interpretava um dos personagens principais. O esforço foi exaustivo para o ator, que durante muitas semanas não dormia direito, saindo direto dos estúdios da série para as locações do filme.

No final, tudo deu certo e De Volta para o Futuro foi um estrondoso sucesso de público e crítica. Produzido a um custo de 19 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 380 milhões de dólares em bilheterias, se tornando dono da maior bilheteria do ano de 1985, ficando a frente de outros grandes sucessos, como Rocky IV e Rambo 2: A Missão.

De Volta para o Futuro foi também bastante elogiado pela crítica especializada ainda na época de seu lançamento. Entre os aspectos mais elogiados da produção, estavam seu roteiro original e também o desempenho dos principais atores do filmes, Michael J. Fox, Lea Thompson, Crispin Glover e, especialmente, Christopher Lloyd.

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Além disso, De Volta para o Futuro recebeu quatro indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, e cinco ao BAFTA. No Globo de Ouro, a produção foi indicada a Melhor Filme – Comédia ou Musical, Melhor Ator em um Filme de Comédia ou Musical (para Michael J. Fox), Melhor Roteiro e Melhor Canção Original (para The Power of Love). No Oscar, as indicações foram a Melhor Som e Melhor Edição de Som e também a Melhor Roteiro Original e Melhor Canção Original, novamente, para The Power of Love.

No BAFTA, De Volta para o Futuro foi indicado a Melhor Filme e Melhor Roteiro Original e em mais três categorias técnicas. Além disso, a canção The Power of Love, composta pela banda Huey Lewis and the News, especialmente para o filme, foi um tremendo sucesso comercial, chegando ao topo de canções mais tocadas nos Estados Unidos e em diversos outros países do mundo e se tornando tão conhecida quanto o próprio filme.

Atualmente, De Volta para o Futuro é considerado um dos melhores filmes já feitos e um dos melhores exemplares do gênero ficção científica. Em 2007, a obra foi escolhida para preservação no National Film Registry, da Biblioteca do Congresso Americano, por ser “culturalmente, historicamente e esteticamente significativa”. De Volta para o Futuro gerou ainda duas continuações e uma franquia multimídia, além de influenciar cineastas do mundo todo até os dias atuais.

9º – Vampiros de Almas (1956)

O nono colocado dessa lista do American Film Institute é a primeira adaptação para o cinema do livro Os Invasores de Corpos do escritor norte-americano Jack Finney, que ao longo das décadas teria outras três adaptações oficiais para a telona. Apesar de não ser considerado a melhor das quatro adaptações (falamos tudo sobre isso nesse texto), ela é, indiscutivelmente, a mais famosa e importante delas, já que foi ela quem fez com que o livro se tornasse realmente famoso.

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Na obra, as pessoas de uma pequena cidade da Califórnia, nos Estados Unidos, começam a ser lentamente substituídas por cópias exatas, mas sem nenhum tipo de emoção, de si próprias. A substituição é, na verdade, uma invasão alienígena, que coloca em risco todos os seres humanos do planeta Terra. O fato é descoberto por um médico, Dr. Miles Bennell (Kevin McCarthy), que tenta fazer de tudo para parar a invasão.

Como ocorria com diversos filmes de ficção científica, terror e fantasia da época, Vampiros de Almas foi feito com um orçamento baixo, em torno de 400 mil dólares e suas filmagens foram completadas em menos de um mês, sendo que o filme foi rodado quase todo em estúdio e em cidades da região metropolitana de Los Angeles. O filme foi um sucesso comercial para os padrões da época e arrecadou cerca de 3 milhões de dólares em bilheterias.

Por ser um filme de baixo orçamento, de um gênero que, na época, não era tão valorizado, e por praticamente não possuir nenhum ator de renome em seu elenco, Vampiros de Almas foi praticamente ignorado pela crítica especializada na época de seu lançamento original. Com o passar dos anos, no entanto, sua notoriedade foi crescendo e ele passou a ser considerado um clássico, influenciando inúmeros outros filmes e sendo extensivamente analisado por críticos, cinéfilos e estudiosos da sétima arte.

Lançado no auge da Guerra Fria e apenas dez anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, Vampiros de Almas tem como principais temas, o medo da desumanização, da perda da individualidade e da própria identidade. Além disso, a obra lida com uma invasão que não é visível, que é silenciosa e que só é percebida por um grupo pequeno de pessoas.

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Cenas finais de Vampiros de Almas (1956).

Diferentemente dos outros “filmes de monstro” dos anos 1950, em que existiam seres gigantes, naves alienígenas e onde os humanos sabiam claramente que estavam em perigo e quem era o inimigo, em Vampiros de Almas, qualquer um pode ser o inimigo, até mesmo seu vizinho, seu melhor amigo, ou até seu marido ou esposa. Porque você está sendo atacado sem nem sequer perceber.

Por tudo isso, diversas interpretações sobre o enredo do filme têm sido proposta ao longo dos anos, incluindo, o medo do Macarthismo daquela época e da falta de individualidade representada pelo comunismo da União Soviética que, na época, era o principal rival a nível global, nos campos político-ideológico e militar, dos Estados Unidos.

O fato é que, atualmente, Vampiros de Almas é considerado uma das melhores ficções científicas da história do cinema e também, frequentemente, um dos melhores filmes já feitos. Além das outras três adaptações do livro de Jack Finney que, obviamente, bebem da fonte desse primeiro filme, diversas outras produções inspiradas em Vampiros de Almas foram lançadas ao longo dos anos, algumas com bastante êxito, como Prova Final (1998), por exemplo.

Em 1994, Vampiros de Almas foi escolhido para preservação no National Film Registry, da Biblioteca do Congresso Americano, devido a sua importância cultural, histórica e estética. O filme tem sido frequentemente incluído em lista de melhores de todos os tempos e deu origem até mesmo a uma expressão idiomática no inglês “pod people”, que refere as duplicatas humanas sem emoção produzidas no filme através de vagens (“pod”, em inglês) de plantas.

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8º – O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991) – Filme mais recente da lista do American Film Institute

O oitavo colocado dessa lista do American Film Institute é um dos raros casos de continuação que é bem melhor que o filme original. Lançado em julho de 1991, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final é continuação de O Exterminador do Futuro (1984), que é considerado um clássico do cinema. Contudo, O Julgamento Final foi mais além e, além de se tornar clássico, ainda revolucionou o cinema.

James Cameron e Arnold Schwarzenegger há tempos queriam produzir uma continuação de O Exterminador do Futuro (1984), filme que fez com que ambos ficassem mundialmente famosos. Contudo, devido a um desacordo com uma das empresas que também detinham direitos sobre o filme, eles só conseguiram começar a produção de uma continuação em 1990, mais de seis anos após o lançamento do filme original.

A espera, no entanto, valeu a pena. Produzido a um custo de cerca de 100 milhões de dólares, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final foi o filme mais caro da história na época de sua produção. Contudo, o retorno seria mais de cinco vezes maior, e a obra arrecadaria cerca de 520 milhões de dólares em bilheteria, se tornando o filme mais visto do ano, em 1991 e ficando mais de 100 milhões a frente do segundo colocado, Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões.

A obra foi também um grande sucesso de crítica. Aclamado ainda na época de seu lançamento, o filme foi considerado espetacular e revolucionário. A união de efeitos práticos com efeitos digitais e imagens geradas por computador (CGI), que naquela época, estavam começando, fez com que os efeitos visuais de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final sejam até hoje extremamente realista e impressionantes.

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A chegado do T-800 (Arnold Schwarzenegger), uma das cenas mais famosas de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991).

Além disso, o roteiro do filme, muito bem escrito e com um enredo muito bem amarrado, fizeram com que O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final se tornasse um filme completo e não apenas uma desculpa para cenas de ação e efeitos especiais. Isso sem falar na atuação de Arnold Schwarzenegger, uma das mais icônicas de sua carreira, e de Linda Hamilton, que criou uma das figuras femininas mais fortes e complexas de toda a história do cinema.

Enfim, O Exterminador do Futuro 2 é um filme completo, com uma boa história, boas atuações e muitas cenas de ação inesquecíveis. Não à toa, a produção recebeu seis indicações ao Oscar, vencendo as principais categorias técnicas daquele ano. A obra também recebeu três indicações ao BAFTA, vencendo nas categorias de Melhores Efeitos Especiais e Melhor Som. Incrivelmente, o filme não recebeu nenhuma indicação ao Globo de Ouro.

Atualmente, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final é considerado um marco dos gêneros de ficção científica e ação e também um dos melhores filmes já produzidos na história. A obra ajudou a tornar James Cameron e Arnold Schwarzenegger ainda mais famosos e revolucionou a forma como filmes eram produzidos, ajudando a popularizar as imagens geradas por computador (CGI), que mais tarde dominariam o cinema. Em 2023, O Exterminador do Futuro 2 foi escolhido para preservação no National Film Registry, por sua importância cultural, histórica e estética.

7º – Alien – O 8º Passageiro (1979)

Assim como O Exterminador do Futuro 2, o sétimo colocado na lista dessa lista do American Film Institute também é protagonizado por uma personagem feminina forte, considerada, inclusive, um protótipo das personagens femininas do cinema e, por isso, frequentemente copiada e homenageada. Claro que estamos falando de Alien – O 8º Passageiro e de sua personagem principal, Ellen Ripley (Sigourney Weaver).

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No filme, uma nave comercial voltando para Terra, encontra um planeta que possui evidências da presença de vida e, por isso, sua tripulação é obrigada a investigar o local. Sem saber, no entanto, eles trazem para sua nave um ser desconhecido, extremamente perigoso e praticamente indestrutível. Desesperados, eles fazem de tudo para tentar, sem sucesso, dar cabo da criatura.

Lançado originalmente em maio de 1979, Alien fez com que seu diretor, Ridley Scott, seu roteirista, Dan O’Bannon, e sua atriz principal, Sigourney Weaver, ficassem mundialmente conhecidos e garantiu a eles também, uma carreira no cinema. O filme também geraria uma franquia de sucesso que passaria pelas mãos de outros cineastas de renome, como James Cameron e David Fincher.

Produzido a custo inicial de cerca de 11 milhões de dólares, Alien arrecadou cerca de 80 milhões de dólares em bilheterias, somente nos Estados Unidos e no Canadá, se tornando dono da sexta maior bilheteria do ano, em 1979. Apesar de hoje ser considerado uma obra-prima do cinema, o filme teve uma recepção fria por parte dos críticos especializadas na época de seu lançamento. No entanto, mesmo naquela época, a obra foi elogiada por críticos importantes, como Gene Siskel e Roger Ebert.

A criatura aparece completa pela primeira vez em Alien – O 8º Passageiro (1979).

Alien – O 8º Passageiro foi indicado a um Globo de Ouro, na categoria de Melhor Trilha Sonora Original, e a dois Oscars, nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Visuais, vencendo esse último. No BAFTA, o filme teve um pouco mais de sucesso, sendo indicado em sete categorias. Apesar de quase todas as indicações ao prêmio terem sido em categorias técnicas, Alien também recebeu uma indicação a Melhor Ator Coadjuvante (para John Hurt) e a Revelação mais Promissora (para Sigourney Weaver).

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Atualmente, Alien – O 8º Passageiro é considerado um dos filmes mais importantes e influentes da história do cinema mundial. Alguns dos seus aspectos, como seu enredo e sua direção de arte, tem constantemente inspirado diversos cineastas ao redor do mundo, gerando inúmeras cópias e homenagens. É fato que o cinema de ficção científica e também de terror, nunca foi o mesmo após o lançamento do filme.

Por tudo isso, Alien tem sido frequentemente incluído em lista de melhores filmes da história. Em 2008, o filme foi escolhido para preservação no National Film Registry, da Biblioteca do Congresso Americano, por ter sido considerado “culturalmente, historicamente e esteticamente significativo”. No mesmo ano, a famosa revista Empire, escolheu a obra como a 33º melhor filme de toda a história do cinema.

6º – Blade Runner – O Caçador de Androides (1982)

O sexto colocado dessa lista do American Film Institute é outro filme dirigido por Ridley Scott. E o mais interessante, é que Blade Runner – O Caçador de Androides foi o filme que Scott escolheu dirigir logo após o sucesso de Alien – O 8º Passageiro, lançado três anos antes. No filme, que se passa no futuro, uma poderosa corporação é capaz de criar androides quase que perfeitos e indistinguíveis de humanos reais, chamados de replicantes. Esses seres são projetados para trabalhos insalubres nas colônias espaciais.

Quando um grupo desses replicantes, liderados por Roy Batty (Rutger Hauer), foge de volta para Terra, o ex-policial Rick Deckard (Harrison Ford), que agora trabalha como “blade runner” (termo para designar quem é especializado em identificar e caçar replicantes), é chamado para encontrar e dar cabo de todos os replicantes escapados.

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Apesar de contar com Harrison Ford, no auge de sua fama, após estrelar Guerra nas Estrelas (1977) e Os Caçadores da Arca Perdida (1981), Blade Runner não fez sucesso com o público na época de seu lançamento. Produzido a um custo inicial de 30 milhões de dólares, o filme arrecadou apenas pouco mais de 41 milhões em bilheterias. Além disso, a obra também dividiu a crítica especializada.

Enquanto alguns, como Pauline Kael, por exemplo, elogiaram a produção por sua originalidade, outros criticaram o filme por sua falta de ritmo e de desenvolvimento dos personagens e até mesmo por seu roteiro, que alguns consideraram superficial. A partir da segunda metade dos 1980, com a popularização do vídeo cassete, Blade Runner começou a ganhar cada vez mais adeptos e acabou por se tornar uma espécie de clássico cult.

Uma das mais famosas cenas de Blade Runner – O Caçador de Androides (1982).

O filme também começou a despertar interesse acadêmico e surgiram diversas tentativas de analisar e interpretar seus inúmeros aspectos. Apesar da falta de sucesso inicial, Blade Runner foi indicado a um Globo de Ouro, a dois Oscars e a oito BAFTAs, vencendo nas categorias de Fotografia, Design de Produção e Figurino. Aliás, os aspectos técnicos do filme foram elogiados ainda na época de seu lançamento, incluindo sua direção de arte, sua fotografia e, é claro, a trilha sonora, composta pelo famoso músico grego Vangelis.

Aliás, a trilha sonora da obra é, até hoje, um de seus aspectos mais conhecidos. A trilha ficou tão famosa que acabou por se tornar tão famosa quanto o filme. Atualmente, Blade Runner é considerado um dos filmes de ficção mais importantes e influentes da história do cinema mundial e também um membro fundador do subgênero chamado de “cyberpunk”. Em 1993, apenas 11 anos após seu lançamento inicial, Blade Runner foi escolhido para ser preservado no National Film Registry, devido a sua importância cultural, estética e histórica.

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5º – O Dia em que a Terra Parou (1951) – Filme mais antigo da lista do American Film Institute

O quinto colocado dessa lista do American Film Institute é também o filme mais antigo aqui presente. Lançado em setembro de 1951, O Dia em que a Terra Parou é, até hoje, mais de 70 anos após seu lançamento, um dos maiores clássicos de ficção científica da história do cinema. No filme, um disco voador pousa em Washington, capital dos Estados Unidos, trazendo um alienígena e um poderoso robô em seu interior.

O alienígena diz que veio em paz e que precisa entregar uma importante mensagem para toda a humanidade, porque se ela continuar no caminho que está, o planeta Terra corre o risco de ser destruído. Produzido no início da Guerra Fria e apenas seis anos após o uso da primeira arma nuclear no fim da Segunda Guerra Mundial, O Dia em que a Terra Parou reflete os temores bem fortes na época, de que o uso de armas nucleares poderia levar a extinção da espécie humana.

Além disso, a obra também reflete o mundo dividido e pouco amigável que existia na época. Isso porque, a humanidade acabara de sair de uma guerra sangrenta que tinha custado a vida de milhões de pessoas e que havia, de uma forma ou de outra, afetado todo mundo no planeta. Nesse sentido, O Dia em que a Terra Parou reflete o sentimento de muita gente na época, de que a humanidade não suportaria passar por outra guerra do tipo.

Dirigido pelo grande cineasta Robert Wise, ainda em início de carreira, O Dia em que a Terra Parou custou menos de 1 milhão de dólares para ser produzido, mas contava em seu elenco com Patricia Neal, que depois teria uma carreira muito bem-sucedida em Hollywood. Além disso, a trilha sonora do filme foi composta por Bernard Herrmann, um dos maiores compositores de toda a história da sétima arte.

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A famosa cena de O Dia em que a Terra Parou em que a frase “Klaatu Barada Nikto” é dita.

Apesar de seu custo relativamente baixo, o que era comum para os filmes de ficção científica da época, O Dia em que a Terra Parou foi um sucesso moderado de bilheteria, arrecadando cerca de 1.85 milhões de dólares só em “theatrical rentals”, ou seja, a parte da bilheteria que fica para o distribuidor do filme. Com isso, é bem possível que a produção tenha arrecadado cerca de 3 milhões de dólares em bilheterias ou aproximadamente três vezes mais que seu custo de produção.

Além disso, O Dia em que a Terra Parou foi um sucesso de crítica, sendo elogiado pelos principais veículos de imprensa da época, incluindo grandes jornais, como o The New York Times e o Los Angeles Times. Alguns críticos, inclusive, consideraram a produção o melhor filme de ficção científica já feito até então. A obra recebeu um Globo de Ouro honorário e uma indicação para Bernard Herrmann, na categoria de Melhor Trilha Sonora Original.

Atualmente, O Dia em que a Terra Parou é amplamente considerado um dos maiores clássicos da história da ficção científica e um dos melhores e mais importantes filmes do gênero. A obra tem sido constantemente incluída em lista de melhores da história e, em 1995, ela foi selecionada para preservação no National Film Registry, da Biblioteca do Congresso Americano, por sua importância cultural, estética e histórica.

4º – Laranja Mecânica (1971)

O quarto colocado dessa lista do American Film Institute é também, provavelmente, o mais violento, perturbador, controverso e distópico filme aqui presente. Claro que estamos falando do clássico, Laranja Mecânica. No filme, que se passa na Inglaterra em um futuro próximo, Alex (Malcolm McDowell) é um delinquente, líder de uma gangue de adolescentes, que comete todo tipo de atrocidade e crimes violentos, simplesmente pelo prazer de cometê-los.

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Capturado pela polícia, ele é submetido a um novo “tratamento”, na tentativa de reabilitá-lo, que o deixa completamente avesso a violência, a ponto de ele ficar tão “dócil”, que é incapaz até mesmo de se defender. Escrito, produzido e dirigido pelo genial cineasta Stanley Kubrick, o filme é considerado uma de suas maiores obras-primas.

Lançado nos Estados Unidos em dezembro de 1971, o filme foi um imenso sucesso de público, mas também causou uma polêmica gigantesca, sendo censurado e até mesmo proibido em alguns países, incluindo, o Brasil. Isso porque, Laranja Mecânica retrata atos de violência de forma crua e explícita, incluindo assassinato e estupro. Além disso, o filme possui cenas de nudez, igualmente, explícitas, o que era considerado inaceitável para os padrões do cinema comercial da época.

Cena de Laranja Mecânica (1971).

Produzido a um custo inicial de apenas 1.3 milhão de dólares, Laranja Mecânica arrecadou cerca de 114 milhões de dólares em bilheterias, se tornando um dos dez filmes mais assistidos de 1971. Na França, por exemplo, a obra vendeu mais de 7.6 milhões de ingressos e foi, efetivamente, o filme mais visto do ano de 1972. Na Inglaterra, a produção ficou em cartaz por mais de dois anos e, mesmo assim, continuava a atrair interessados em pagar para assisti-lo.

Apesar do sucesso comercial, Laranja Mecânica dividiu a crítica especializada da época. Enquanto alguns críticos famosos, chamaram o filme de “brilhante” e “melhor que 2001: Uma Odisseia no Espaço”, outros críticos também de renome disseram que a obra era uma bagunça, repulsiva, pretensiosa, um “lixo desagradável para mentes doentes “ e até simplesmente apenas pornografia. Apesar disso, Laranja Mecânica foi uma das principais produções da temporada de premiações, recebendo indicações importantes nos principais prêmios do ano.

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Laranja Mecânica recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado, perdendo todas para o clássico Operação França. No Globo de Ouro, o filme recebeu três indicações, nas categorias de Melhor Filme – Drama, Melhor Diretor e Melhor Ator – Drama, para Malcolm McDowell. Aqui também, o filme não levou nenhuma estatueta para casa. No BAFTA, a história se repetiu. Apesar de receber sete indicações, incluindo Melhor Filme, Diretor e Roteiro, o filme não levou nenhum prêmio para casa.

Atualmente, Laranja Mecânica é unanimemente considerado uma das melhores ficções científicas da história do cinema e também um dos melhores filmes já produzidos. A obra é frequentemente incluída em lista de melhores da história de veículos respeitados, como as revistas Sight & Sound, Empire e Time e o jornal The Guardian. Além disso, Laranja Mecânica foi incluída nas duas famosas listas “AFI’s 100 Years…100 Movies” (ou “100 Anos…100 Filmes”, em tradução para o português), tanto na original de 1998, quanto na versão atualizada de 2007, do American Film Institute.

Em 2020, Laranja Mecânica foi finalmente selecionado para preservação no National Film Registry, da Biblioteca do Congresso Americano, por sua importância cultural, estética e histórica. A obra é uma das mais conhecidas da brilhante carreira de Stanley Kubrick e também, sem dúvida alguma, um dos filmes mais influentes, copiados e homenageados de toda a história da sétima arte.

3º – E.T.: O Extraterrestre (1982)

O terceiro colocado dessa lista do American Film Institute é também um dos filmes mais importantes da carreira do genial Steven Spielberg. A obra, assim como dois outros clássicos do cinema (Poltergeist e Gremlins), surgiu a partir de um projeto nunca completado por Spielberg, Night Skies, que, aliás, deveria funcionar como uma continuação de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), que havia sido um enorme sucesso cinco anos antes.

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Aliás, a temática de ambos os filmes é bem parecida, a interação entre humanos e alienígenas. No entanto, Contatos Imediatos é talvez um filme “mais sério”, por tratar desse contato através de um ponto de vista mais adulto, já E.T. é focado principalmente no mundo infanto-juventil, com os personagens adultos ocupando quase que um espaço marginal na história, já que quase todo o enredo da obra é focado em personagens infantis.

Na obra, o garoto Elliott (Henry Thomas), de apenas 10 anos de idade, encontra e se torna amigo de “E.T.”, uma criatura alienígena que foi deixada para trás por engano na Terra por seus companheiros. A partir daí, Elliott e seus amigos terão que encontrar uma forma de enviar E.T. de volta para casa e também de protegê-lo das autoridades governamentais que, obviamente, querem capturá-lo para estudá-lo.

E.T. O Extraterrestre foi produzido a um custo de cerca de 10.5 milhões de dólares e, a principio, deveria ser distribuído pela Columbia Pictures, mas o estúdio achou que o filme não teria grande potencial comercial e interessaria apenas a audiências mais jovens, justamente por ser protagonizado por crianças e adolescentes. No entanto, Steven Spielberg acreditando no potencial do projeto, convenceu a Universal Pictures a comprar os direitos sobre o roteiro do filme por 1 milhão de dólares.

A icônica cena da bicicleta em E.T. O Extraterrestre (1982).

Curiosamente, no acordo de compra e venda, a Columbia ainda teria direito a 5% sobre a arrecadação do filme. O sucesso de E.T. foi tão grande, que foi a produção que mais gerou lucro para o estúdio em 1982, mesmo com eles tendo direito a apenas esse pequeno percentual da arrecadação. Diferentemente do que a Columbia Pictures imaginava, E.T. O Extraterrestre acabou gerando apelo em um público amplo.

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O resultado foi uma bilheteria de mais de 600 milhões de dólares no mundo todo e mais outros tantos milhões gerados com a venda de brinquedos e outros produtos ligados ao filme. O resultado foi suficiente para garantir ao filme não apenas o primeiro lugar entre as maiores bilheterias de 1982, mas também fazer com que ele se tornasse dono da maior bilheteria da história do cinema mundial, ultrapassando Guerra nas Estrelas (1977).

O filme manteria essa posição por quase uma década, até ser ultrapassado por Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros, em 1993. Até hoje, contudo, a produção é dona da sétima maior bilheteria da história do cinema mundial, quando corrigida a inflação. E.T. O Extraterrestre também foi unanimemente elogiado pela crítica especializada na época de seu lançamento. Considerado um dos melhores filmes daquele ano, a obra recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro, 12 ao BAFTA e nove ao Oscar.

Em todas essas premiações, a produção foi indicada nas principais categorias, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro e Trilha Sonora Original. Aliás, por seu trabalho no filme, John Williams ganhou seu quarto Oscar, sendo que a trilha sonora de E.T. é um de seus trabalhos mais conhecidos e elogiados.

Atualmente, E.T. O Extraterrestre é considerado um clássico absoluto do cinema dos anos 1980 e um dos melhores filmes da história da sétima arte. É também um dos filmes mais conhecidos e elogiados da brilhante filmografia de Steven Spielberg. Apesar de já ter mais de 40 anos de idade, o filme ainda continua sendo lembrado e se tornou um ícone tão grande que até hoje é homenageado e copiado por outros filmes. Em 1994, apenas 12 anos após seu lançamento, o filme foi escolhido para preservação no National Film Registry.

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2º – Guerra nas Estrelas (1977)

O segundo colocado dessa lista do American Film Institute é seguramente um dos maiores e mais importantes clássicos da história do cinema mundial. Guerra nas Estrelas mudou para sempre o cinema de ficção científica e se tornou um dos mais importantes e influentes filmes desse gênero. Além disso, o filme ajudou muito a popularizar as operas espaciais, um subgênero da ficção científica, do qual Guerra nas Estrelas é um dos principais representantes. O filme é tão importante, que dificilmente você encontrará alguém que não tenha pelo menos ouvido falar dele.

Escrito e dirigido por George Lucas, Guerra nas Estrelas conta a história de Luke Skywalker, mostrando a descoberta de suas origens e também seu envolvimento com a Aliança Rebelde, um grupo de rebeldes que tenta destruir o tirânico Império Galático. Estrelado por Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Peter Cushing, Alec Guinness, Anthony Daniels, Kenny Baker, Peter Mayhew, David Prowse e James Earl Jones, a produção apresentou ao mundo o que talvez seja o maior vilão da história do cinema, Darth Vader.

Cena de Guerra nas Estrelas (1977).

Outros destaques da obra, são a trilha sonora de John Williams, que acabou por ser tornar tão famosa quanto o próprio filme, além de outros conceitos criados para o filme, como o da “Força” e também dos Jedis. Por incrível que pareça, durante sua produção, Guerra nas Estrelas enfrentou diversos problemas e acabou custando três milhões a mais do que o esperado, sendo finalizado por um custo de 11 milhões de dólares. Por sua história ambiciosa e por ser uma produção de “baixo orçamento”, quase ninguém acreditou que a obra faria sucesso.

A própria 20th Century-Fox, distribuidora do filme, não acreditava em seu sucesso e, por isso, Guerra nas Estrelas inicialmente teve uma distribuição limitada, estreando apenas em alguns poucos cinemas nos Estados Unidos. Contudo, já nas primeiras semanas após a sua estreia, o filme começou a chamar a atenção e atrair o público, o que fez com que o estúdio aumentasse o número de salas em que a produção era exibida.

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Apenas seis meses após estrear nos cinemas norte-americanos, Guerra nas Estrelas já havia se tornado a maior bilheteria da história do cinema norte-americano, superando Tubarão (1977). Em 1978, o filme estreou em diversos países do mundo e, com isso, acabou por se tornar a primeira produção cinematográfica a superar a marca de 500 milhões de dólares em bilheterias, se tornado também o filme mais visto da história do cinema mundial. Em sua primeira exibição nos cinemas, Guerra nas Estrelas arrecadou 530 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo. O filme seria relançado diversas vezes, e arrecadaria a impressionante marca de 775 milhões de dólares em bilheterias.

Guerra nas Estrelas se manteve no topo de maiores bilheterias da história até 1983, quando foi superado por E.T. O Extraterrestre (1982). Curiosamente, tanto Tubarão quanto E.T. foram dirigidos por Steven Spielberg, grande amigo de George Lucas e um dos poucos que acreditaram que Guerra nas Estrelas tinha potencial para se tornar um sucesso comercial. Além do sucesso com o público, o filme também fez bastante sucesso com a crítica especializada da época que considerou a produção inteligente, criativa e ambiciosa.

Guerra nas Estrelas acabou recebendo 11 indicações ao Oscar de 1978, incluindo indicações nas categorias de Melhor Filme, Direção, Roteiro Original e Ator Coadjuvante (para Alec Guinness). O filme acabou vencendo em sete categorias, abocanhando praticamente todos as categorias técnicas daquela edição do prêmio. Além disso, a Industrial Light & Magic, que George Lucas fundou para criar os efeitos especiais de Guerra nas Estrelas é até hoje uma das principais empresas de efeitos visuais do mundo, já tendo ganhado o Oscar em 15 ocasiões diferentes.

Calcula-se que se corrigida a inflação, a bilheteria de Guerra nas Estrelas seja de $3.453 bilhões de dólares em valores atualizados, o que fez dela a quarta maior bilheteria de toda a história do cinema mundial. Além disso, todos os filmes da franquia Star Wars já arrecadaram juntos mais de 10 bilhões de dólares em bilheteria.

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Isso sem falar em vendas de produtos relacionados ao filme e a outras produções audiovisuais, como séries de televisão, animações e videogames que, igualmente, geraram bilhões de dólares em lucro para a Lucasfilm e para o próprio George Lucas que, aliás, é um dos cineastas mais ricos do mundo. Isso tudo, porque Guerra nas Estrelas tem um dos grupos de fãs mais dedicados da história do cinema. O filme também foi um dos 25 escolhidos originalmente para preservação no primeiro ano de existência do National Film Registry, em 1989.

1º – 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) – A melhor ficção científica da história segundo o American Film Institute

O primeiro colocado dessa lista do American Film Institute é, provavelmente, a maior obra-prima da carreira do genial Stanley Kubrick, o que não é pouco, considerando que Kubrick é considerado um dos maiores cineastas de toda a história do cinema mundial. Lançado em abril de 1968, 2001: Uma Odisséia no Espaço conta a história de um grupo de astronautas e cientistas que viajam a bordo da nave Discovery One, controlada pelo computador HAL 9000, em direção ao planeta Júpiter para investigar um monolito de origem alienígena.

Produzido a um custo relativamente alto para a época, 10 milhões de dólares, o filme praticamente reinventou a forma de se contar uma história no cinema e, assim, revolucionou não apenas o gênero ficção de científica, mas a sétima arte como um todo. Contando com grandes planos, imagens abertas, música clássica, uma direção de arte primorosa e uma narrativa com cenas longas e poucos diálogos, 2001: Uma Odisséia no Espaço se tornou um dos filmes mais importantes da história.

Apesar de seu enredo e narrativa pouco convencionais, 2001: Uma Odisséia no Espaço atraiu o público, arrecadando 21.5 milhões de dólares nos chamados “theatrical rentals”, ou seja, a parte da bilheteria que fica para o estúdio que distribui o filme. Com isso, a produção teve a segunda maior bilheteria do ano, em 1968. Apesar disso, devido ao seu custo alto de produção, a Metro-Goldwyn-Mayerm, que financiou a obra, ainda teve prejuízo.

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Contudo, a partir de 1971, 2001: Uma Odisséia no Espaço seria relançado diversas vezes, se tornando não apenas lucrativo, mas arrecadando uma bilheteria total estimada de, pelo menos, 146 milhões de dólares. Como diversas outras obras de Stanley Kubrick, 2001 dividiu a crítica especializada, com diversos críticos amando o filme e outros odiando.

A icônica cena de abertura de 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968).

Entre os que mais elogiaram 2001: Uma Odisséia no Espaço estão críticos famosos, como Roger Ebert, Penelope Gilliatt e Charles Champlin, por exemplo. Contudo, outros críticos igualmente respeitados, como Pauline Kael, Stanley Kauffmann e Renata Adler, acharam o filme tedioso, sem imaginação e vazio. Apesar disso, a obra recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo nas categorias de Melhor Direção e Melhor Roteiro Original, vencendo na categoria de Melhores Efeitos Visuais.

2001: Uma Odisséia no Espaço também recebeu cinco indicações ao BAFTA, incluindo Melhor Filme, e venceu em três categorias técnicas, Melhor Som, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. No Globo de Ouro, no entanto, a produção foi completamente ignorada, não recebendo sequer uma indicação em nenhuma das categorias. O filme também recebeu indicações ao Directors Guild of America Awards, ao Writers’ Guild of Great Britain Awards, ao David di Donatello e foi escolhido um dos dez melhores filmes do ano pelo National Board of Review.

Atualmente, 2001: Uma Odisséia no Espaço é unanimemente considerado um dos melhores filmes de toda a história do cinema. O filme foi incluído em ambas as listas “AFI’s 100 Years…100 Movies” (ou “100 Anos…100 Filmes”, em tradução para o português), do American Film Institute, tanto na original de 1998, quanto na versão atualizada de 2007. Além disso, a obra é constantemente escolhida para integrar listas de melhores da história de veículos importantes, como a Revista Sight & Sound. Em 1991, 2001: Uma Odisséia no Espaço foi escolhido para preservação no National Film Registry devido a sua importância cultural, estética e histórica.

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Conclusões sobre a lista do American Film Institute

Observando essa lista de melhores filmes de ficção científica da história preparada pelo American Film Institute é possível chegar a algumas conclusões e também observar alguns padrões. O primeiro fato observável é que temos dois diretores, com dois filmes na lista, Ridley Scott e Stanley Kubrick. Não à toa, ambos estão incluídos entre os grandes cineastas da história, não apenas do gênero de ficção científica, mas também da sétima arte, como um todo.

Os quatro filmes dirigidos por eles, são também clássicos eternos da cinematografia mundial e estão entre as obras mais importantes e influentes já produzidas no cinema. Cada um a sua maneira, eles contribuíram para a evolução da sétima arte. Kubrick, com seu cinema revolucionário e, muitas vezes, incompreendido, e Scott, com sua mistura de ficção científica, ação e filme noir. A lista também apresenta filmes de outros cineastas geniais, como James Cameron, Steven Spielberg, George Lucas e Robert Wise, todos dono de uma filmografia de fazer inveja a qualquer um.

Além disso, observamos que as décadas de 1970 e 1980 são as que contam com mais representantes na lista, três no total. O predomínio dessas duas décadas, provavelmente, se deve ao grande sucesso de 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), que deu um novo gás para o gênero nos anos 1970, que ganhou ainda mais força nos anos 1980, devido ao estrondoso sucesso de Guerra nas Estrelas que foi, durante cinco anos, dono da maior bilheteria da história do cinema mundial.

Aliás, a partir de 1977 até a segunda metade dos anos 1990, percebe-se que esse gênero dominou o interesse do público e, por isso também, as bilheterias mundiais. Tanto é assim, que entre 1977 e 1997, ou seja, por cerca de 20 anos, o dono da maior bilheteria da história do cinema foi um filme de ficção científica. Primeiro, com Guerra nas Estrelas, que foi substituído em 1982 por E.T. O Extraterrestre, que também está nessa lista, e que foi substituído em 1993 por Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros, que não está na lista, mas também é um filme de ficção científica.

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Aliás, o dono da maior bilheteria do cinema na atualidade, Avatar (2009) é, igualmente, uma ficção científica. O que só mostra o potencial comercial desse gênero que já foi até mesmo mal visto por alguns nas primeiras décadas do século passado. Outra coisa que é perceptível na lista é que, depois de 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), o estilo dos filmes de ficção científica muda bastante.

A partir, principalmente, do sucesso de Guerra nas Estrelas, as produções desse gênero parecem cada vez mais misturar elementos de ação em seus enredos. Com exceção de Laranja Mecânica, que foi lançado em 1971, portanto, antes de Guerra nas Estrelas, e foi dirigido por Kubrick, que tem um estilo de cinema mais reflexivo, todos outros cinco filmes dos anos 1970 e 1980 presentes nessa lista tem fortes elementos de ação.

Assim, a partir do final da década de 1970, esses dois gêneros parecem ter se integrado de forma quase que definitiva, para gerar filmes que fazem refletir, mas que também provocam emoção e medo. Até mesmo E.T.: O Extraterrestre (1982), que é um filme muito mais familiar e emocional, e De Volta para o Futuro (1985), que conta com um forte elemento cômico, possuem também cenas e momentos de ação.

Alguns outros filmes dessa lista, como Blade Runner – O Caçador de Androides (1982) e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991), são praticamente filmes de ação. Sendo estrelados, inclusive, por atores que dominaram por muito tempo o cinema de ação. Arnold Schwarzenegger, estrela de Exterminador do Futuro 2, especialmente, foi o maior nome dos filmes de ação durante boa parte dos anos 1980 e 1990. O que só mostra que essa tendência de se misturar ação com ficção científica seguiu também durante os anos 1990 até os dias atuais.

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Ademais, observamos que o ano que tem mais filmes nessa lista é 1982, com dois representantes, justamente E.T.: O Extraterrestre e Blade Runner – O Caçador de Androides. O mais interessante é que as duas produções tem estilos totalmente diferentes. As obras também tiveram recepções diferentes na época de seus lançamentos.

Enquanto E.T. foi um sucesso de público e crítica, se tornando não só dono da maior bilheteria de 1982, mas de toda a história do cinema naquele momento e recebendo nove indicações ao Oscar daquele ano, Blade Runner não teve uma boa bilheteria e ainda deixou a crítica especializada dividida, recebendo apenas duas indicações ao Oscar em categorias técnicas. Contudo, mais de 40 anos depois, ambas estão aqui, na mesma lista de melhores filmes de ficção científica da história.

Outra coisa interessante de se observar nessa lista é a diferença de estilos dos dois filmes presentes aqui que foram produzidos e lançados nos anos 1950. O Dia em que a Terra Parou, que é o filme mais antigo da lista, e Vampiros de Almas, têm as características peculiares daquela época. Primeiramente, as produções tem um orçamento menor, comparado aos outros filmes aqui presentes. Vampiros de Almas, especialmente, foi uma produção de baixo orçamento, feito em relativamente pouco tempo, com intenção de dar lucro ao estúdio.

Esse padrão era, aliás, comum ao cinema de ficção científica daquela época, já que esse era um gênero considerado de pouco potencial artístico, mas que podia ser comercialmente explorado. Assim, se produziam diversos filmes baratos que pudessem chamar a atenção do público e, dessa forma, trazer algum retorno comercial ao estúdio.

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Ridley Scott (na frente, de preto) e Stanley Kubrick (ao fundo).
Ridley Scott (na frente, de preto) e Stanley Kubrick (ao fundo). Os únicos diretores com dois filmes nessa lista. Créditos: FandomWire.

Nesse sentido também, se percebe claramente a influência do cinema de terror nesses dois filmes da década de 1950. Se nos anos 1970 e 1980, os filmes de ficção científica tinham forte elementos de ação, nos anos 1950 eles possuíam fortes elementos de terror. Isso era comum, porque, como dito, essas produções tinha que “chocar” o público, assim como também era feito com os filmes de terror. Já que os estúdios acreditavam que só assim, o filme venderia.

É claro que elementos de terror também estão fortemente presentes em Alien – O 8º Passageiro, que foi lançado no final de 1979, a ponto de muitos considerarem a obra também um dos melhores filmes de terror já produzidos. E, aliás, até mesmo em filmes de ficção científica feitos nos dias atuais, esses elementos estão presentes, já que os dois gêneros parecem estar intimamente ligados. Mas, nessa lista, em específico, essa característica está mais presente nos filmes produzidos na década de 1950.

Além disso, os filmes dessa década refletem bem os temores do público da época. Invasão, desumanização, fim do mundo, destruição da raça humana, todos eram medos reais naquela época. Isso porque, a Segunda Guerra Mundial havia acabado de terminar, as primeiras armas nucleares haviam sido usadas pela primeira vez e a Guerra Fria estava começando.

Portanto, estamos falando de um público que acabará de passar pela guerra mais sangrenta da história e que havia matado milhões de pessoas, que tinha presenciado o uso de uma arma de destruição em massa nunca vista antes e que estavam presenciando o conflito entre duas super potências, com capacidade de destruição global. Portanto, era um público que enfrentava diariamente a possibilidade real do fim do mundo.

Por fim, é interessante perceber que apesar de todos os filmes da lista serem ficções científicas, eles tem estilos e formas narrativas muito diferentes entre si. O que só mostra a diversidade e o potencial artístico desse gênero. O que também explica porque ele tem gerado consistentemente grandes sucessos de público e crítica ao longo das últimas sete décadas.

Conclusão

E aí, gostou da nossa lista. Tentamos não apenas listar os filmes, mas também explicar sua importância e os possíveis motivos que os levaram a ser escolhidos pelo American Film Institute em sua lista de dez maiores ficções científicas de toda a história do cinema norte-americano. Se você gostou dessa lista, não deixe de comentar, isso nos motiva a produzir mais conteúdos parecidos com esse. Lembre-se sempre que seu comentário é muito importante para nós. Por fim, se você quer ver mais listas do tipo, clique nesse link aqui.

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