Logo do American Film Institute.
Logo do American Film Institute.

Se você lê ou pesquisa muito sobre cinema é bem provável que você já tenha ouvido falar do American Film Institute (AFI), provavelmente, devido a alguma de suas famosas listas. No entanto, o trabalho dessa importante instituição vai muito além disso e envolve um grande esforço para preservação, estudo e divulgação do cinema produzido nos Estados Unidos. Aliás, o American Film Institute apoia inúmeras atividades importantes e a elaboração das famosas listas é apenas uma delas.

É bem possível que após ler esse texto você se surpreenda com a importância do American Film Institute e a extensão das atividades desenvolvidas por ele. Isso porque, aqui falaremos tudo sobre o AFI. Desde a sua criação até todas as atividades que ele desenvolve. Depois de ler o nosso texto você saberá tudo de importante que é preciso saber sobre o American Film Institute. Então, sem mais delongas, vamos lá.

O que é o American Film Institute

O American Film Institute (AFI), ou Instituto Americano de Cinema, em tradução para o português, é uma organização sem fins lucrativos que visa educar cineastas e homenagear a herança das artes cinematográficas nos Estados Unidos. O AFI foi criado em 5 de junho de 1967, mas sua criação foi anunciada ainda em 1965 pelo então presidente norte-americano, Lyndon B. Johnson, nos jardins da Casa Branca, a sede do governo do país.

Dessa forma, o instituto foi criado por mandato presidencial, afim de que fosse estabelecida uma organização artística nacional para preservar o legado da herança cinematográfica norte-americana, educar a próxima geração de cineastas e homenagear os artistas de cinema e seu trabalho. Assim, de início, já se percebe a importância do AFI, que foi criado com todo o apoio do governo dos Estados Unidos.

Contudo, apesar disso, é importante ter em mente que o American Film Institute é uma organização privada que é mantida por doações e também pelas taxas pagas por seu membros. No entanto, como grande parte da meca do cinema norte-americano apoia o AFI, ele não tem problemas para se manter ativo e, na verdade, cresceu enormemente nas décadas subsequentes a sua criação.

Só para se ter uma ideia do calibre das pessoas que compõe o American Film Institute, seu atual diretor e CEO é o produtor e historiador de cinema Bob Gazzale. Já o Conselho Administrativo do AFI é presidido pela famosa produtora Kathleen Kennedy, que é presidente da Lucasfilm e produziu ínúmeros clássicos do cinema, como E.T. O Extraterrestre (1982), Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros (1993) e O Sexto Sentido (1999).

Bob Gazzale, atual diretor do American Film Institute. Créditos: Alex J. Berliner /ABImages.
Bob Gazzale, atual diretor do American Film Institute. Créditos: Alex J. Berliner /ABImages.

Kennedy é uma das fundadoras da Amblin Entertainment (ao lado de Steven Spielberg e Frank Marshall) e produziu a maioria dos grandes sucessos de Spielberg. Ou seja, estamos falando de uma das produtoras mais importantes do cinema norte-americano. Por fim, o presidente do Conselho de Diretores do American Film Institute é Robert A. Daly, um dos executivos mais importantes da indústria do entretenimento norte-americana e que já esteve a frente de organizações gigantescas, como a CBS Entertainment, a Warner Bros. e a Warner Music Group.

Como o American Film Institute surgiu

Em 1965, o então presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson, anunciou nos jardins da Casa Branca, a criação do American Film Institute (AFI) por meio de um mandato presidencial. A missão inicial do AFI era, como dito antes, estabelecer uma organização artística nacional para preservar o legado da herança cinematográfica norte-americana, educar a próxima geração de cineastas e homenagear os artistas de cinema e seu trabalho. Cerca de dois anos depois, em 5 de junho de 1967, o instituto foi oficialmente estabelecido.

Inicialmente, o American Film Institute foi apoiado pelo National Endowment for the Arts (NEA) (ou “Fundo Nacional para as Artes”, em tradução para o português), agência independente do governo americano, criada pelo Congresso Americano e pelo próprio presidente Johnson e que servia para apoiar e financiar projetos artísticos; pela Motion Picture Association of America (MPA) (Associação de Cinema da América, em tradução para o português), associação comercial que representa os maiores estúdios de Hollywood e pela Fundação Ford, fundação privada criada em 1936 pelo magnata Henry Ford.

Entre os 22 membros originais do Conselho Administrativo do AFI estavam nomes importantes do cinema norte-americano, como o ator Sidney Poitier, o diretor Francis Ford Coppola, o historiador de cinema e intelectual Arthur Schlesinger, Jr. e ator Gregory Peck, que presidia o conselho. O primeiro presidente do American Film Institute foi George Stevens Jr., que na época, com apenas 35 anos de idade, deixou um cargo no United States Information Agency para assumir a administração do AFI.

Stevens Jr. ficaria no posto até 1980, quando seria substituido por Jean Firstenberg, que seria presidente do American Film Institute até 2007 até ser substituida por Bob Gazzale, que está no cargo até os dias atuais. Ao longo dos anos, o AFI tornou-se cada vez mais importante. Com o passar das décadas, o instituto deixou de apoiar e financiar apenas a restauração e a conservação de filmes clássicos e passou também a se dedicar a formação de cineastas e a exibição e premiação de filmes e profissionais de cinema.

Em um gesto de aproximação com o cinema comercial norte-americano, em 1981, o American Film Institute mudou sua sede para um campus enorme em Hollywood. Em 1969, o AFI criaria o Center for Advanced Film Studies (ou “Centro de Estudos Avançados de Cinema”, em tradução para o português), que mais tarde se tornaria o AFI Conservatory, uma das mais respeitadas escolas de cinema dos Estados Unidos e que formaria diversos grandes cineastas norte-americanos.

Ainda em seus primeiros anos, o instituto também criaria o AFI Catalog of Feature Films (ou “Catálogo AFI de Longas-Metragens, em tradução para o português), que cataloga todos os filmes produzidos e lançados comercialmente nos Estados Unidos desde 1893 até os dias atuais e que se tornaria uma das fontes de informação mais importantes para quem estuda o cinema norte-americano. Em 1975, o AFI lançou a American Film, que se tornaria uma das revistas de cinema mais respeitadas e importantes dos Estados Unidos.

Em 1973, o American Film Institute estabeleceria o AFI Life Achievement Award, que atualmente é uma das premiações mais importantes da indústria cinematográfica norte-americana. Além disso, o instituto também criaria, em 2000, o American Film Institute Awards, que premia os 10 melhores filmes e as 10 melhores produções televisivas de cada ano. Em 1984, o AFI também criou o National Center for Film and Video Preservation (ou “Centro Nacional de Preservação de Filmes e Vídeos”, em tradução para o português), que, entre outras coisas, visa restaurar filmes antigos e encontrar filmes perdidos para a inclusão no Catálogo do AFI e também na Biblioteca do Congresso Americano.

George Stevens Jr., primeiro diretor do AFI. Créditos: Ron Galella Collection via Getty Images.
George Stevens Jr., primeiro diretor do AFI. Créditos: Ron Galella Collection via Getty Images.

Em 2001, o American Film Institute adquiriu um complexo cinematográfico histórico perto de Washington, D.C. e estabeleceu o AFI Silver Theatre and Cultural Center, que exibe diversos filmes clássicos e históricos do cinema produzido nos Estados Unidos. Cerca de 600 filmes são exibidos anualmente no local, que também foi sede, até 2022, do AFI Docs, um festival de documentários organizado pelo próprio instituto. A seguir listaremos com mais detalhes alguns dos principais programas educacionais e culturais do American Film Institute.

Programas educacionais e culturais do American Film Institute

O American Film Institute mantêm inúmeros programas educacionais e culturais que têm grande importância para o cenário da indústria cinematográfica norte-americana. Entre os seus programas mais notórios estão o AFI Catalog of Feature Films, o AFI Conservatory, o AFI Life Achievement Award e a série AFI 100 Years…. Esse último é talvez o motivo pelo qual o instituto é mais conhecido mundo à fora. A seguir, falaremos de forma mais detalhada sobre todos esses programas.

American Film Institute Awards (AFIA)

Criado em 2000 pelo AFI, o American Film Institute Awards premia os dez filmes e as 10 produções televisivas que, segundo os membros do instituto, foram os melhores do ano. Em sua primeira edição, a AFIA reconhecia apenas produções cinematográficas. Em 2001, em sua segunda edição, o AFI tentou transforma a premiação em uma cópia do Oscar, premiando atores, atrizes, roteiristas, diretores e categorias técnicas. No entanto, a rejeição do público fez com que no ano seguinte, o AFIA voltasse a seu formato original. Contudo, nesse mesmo ano, a premiação passou também a escolher os 10 melhores programas de televisão do ano. Além disso, vez ou outra, o AFIA também reconhece documentários e filmes estrangeiros com um premiação especial.

AFI Catalog of Feature Films e AFI Archive

Um dos programas mais importantes do American Film Institute, o AFI Catalog of Feature Films (ou “Catálogo AFI de Longas-Metragens, em tradução para o português) cataloga todos os longas-metragens lançados comercialmente nos Estados Unidos, desde 1893 até os dias atuais. Inicialmente publicado em diversos volumes de livros, atualmente, o catálogo está disponível gratuitamente no site da AFI. O projeto começou em 1971, se tornando o primeiro catálogo listando filmes produzidos nos Estados Unidos e, por isso, foi de suma importância para os estudiosos e acadêmicos de cinema da época.

O catálogo foi criado exatamente para evitar que filmes caíssem na obscuridade e para que produções antigas pudessem ser restauradas, recuperadas e/ou preservadas. Para ser elegível a ser catalogado pelo AFI, um filme deve ter ao menos 40 minutos (ou quatro rolos) de duração, ter sido produzido nos Estados Unidos ou por uma empresa norte-americana e ter sido lançado comercialmente em formato igual ou superior a 35mm, que é o formato padrão do cinema comercial no mundo todo.

Apesar desse critério, o AFI já incluiu no catálogo mais de 17 mil curtas-metragens (com duração inferior a 40 minutos), que foram lançados entre 1893 e 1910, na chamada “primeira fase do cinema”. No catálogo, é possível encontrar título do filme, descrição física, empresas produtoras e distribuidoras, datas de produção e lançamento, elenco e créditos de produção, resumo do enredo, títulos das músicas e notas sobre a história do filme. Os filmes são indexados por créditos pessoais, produtoras e distribuidoras, ano de lançamento e assuntos principais e secundários da trama.

AFI Conservatory

Fundado em 1969, com o nome de Center for Advanced Film Studies, o AFI Conservatory (ou “Conservatório do AFI”, em tradução para o português) é o programa educacional do AFI responsável pela formação de novos profissionais de cinema. Atualmente, o conservatório é considerada uma das principais escolas de cinema dos Estados Unidos e seu campus fica em Los Angeles, na Califórnia.

O AFI Conservatory conta com diversos profissionais de renomes entre seus professores e diretores e já formou mais 5 mil profissionais de cinema. Seu programa é focado em um ambiente de colaboração prática entre alunos e professores e os estudantes aprendem os seis principais aspectos da produção cinematográfica: direção, roteirização, edição, produção, cinematografia e design de produção.

Prédio da Warner Bros. no Campus do American Film Institute, em Los Angeles, na Califórnia. Créditos: American Film Institute/Wikimedia Foundation.
Prédio da Warner Bros. no Campus do American Film Institute, em Los Angeles, na Califórnia. Créditos: American Film Institute/Wikimedia Foundation.

Entre os grandes profissionais de cinema que já estudaram no AFI Conservatory estão, Darren Aronofsky, Todd Field, Amy Heckerling, Janusz Kamiński, David Lynch, Terrence Malick, entre outros. Filmes-tese produzidos pelos alunos do conservatório durante seu período de estudos no local já foram indicados a 10 Oscars, vencendo em duas ocasiões. Não à toa, o AFI Conservatory é considerado uma das principais escolas de cinema dos Estados Unidos.

AFI Life Achievement Award

Criado em 1973, pelo Conselho de Diretores do American Film Institute, o AFI Life Achievement Award premia anualmente um indivíduo da comunidade cinematográfica pelo conjunto de sua obra. Para receber o prêmio a pessoa deve “ser alguém que avançou fundamentalmente a arte do cinema e cujas realizações foram reconhecidas por estudiosos de cinema, críticos, seus pares e o público em geral”. Além disso, sua obra deve “resistir ao teste do tempo”.

Desde que foi criado em 1973, 49 importantes nomes do cinema receberam o AFI Life Achievement Award, que acabou se tornando uma das premiações mais importantes da indústria cinematográfica norte-americana. Como o AFI é uma instituição que visa promover e preservar o cinema produzido nos Estados Unidos, a grande maioria dos recipientes do prêmio são norte-americanos. Contudo, alguns nomes importantes da sétima arte nascidos fora dos Estados Unidos também já receberam o AFI Life Achievement Award, como Alfred Hitchcock, Elizabeth Taylor e Julie Andrews.

A primeira pessoa a receber o AFI Life Achievement Award foi o consagrado diretor John Ford. Já a mulher mais velha a receber o prêmio, aos 90 anos de idade, foi a atriz Lillian Gish, enquanto que o diretor, roteirista e comediante Mel Brooks, foi o homem mais velho a receber o prêmio, aos 86 anos de idade. O homem mais jovem a receber o AFI Life Achievement Award, foi o ator Tom Hanks, aos 46 anos de idade, e a mulher mais jovem a receber o prêmio, foi a consagrada atriz Meryl Streep, aos 54 anos de idade. O genial compositor John Williams, é a primeira e única pessoa sem ser um ator ou um diretor a receber o prêmio.

American Film

Criada em 1975, a American Film foi uma das revistas de cinema mais importantes dos Estados Unidos. Focada em análise cinematográfica e na crítica desconstrutiva de filmes e produções cinematográficas de forma geral, a revista era parecida com a Film Comment, publicação do Lincoln Center, que existe desde 1962 e que é também uma das publicações de cinema mais importantes dos Estados Unidos.

Infelizmente, a American Film deixou de ser publicada em 1992 e ficou vinte anos sem a publicação de nenhuma novo número. No entanto, em 2012, o American Film Institute voltou a publicar a revista mensalmente de forma online. Contudo, aparentemente a revista não tem sido publicada pelo AFI nos últimos anos.

AFI Silver Theatre and Cultural Center

Construído em 1938 e projetado pelo famoso arquiteto John Eberson, o AFI Silver Theatre and Cultural Center é um complexo de salas de cinema localizado em Silver Spring, em Maryland, ao norte de Washington, D.C, capital dos Estados Unidos e que é operado pelo American Film Institute. O local ficou fechado (e abandonado) entre 1985 e 2001, quando foi adquirido e restaurado pelo AFI.

Anualmente, cerca de 600 filmes são exibidos no local, que vão desde produções recém-lançadas, filmes clássicos, filmes raros e desconhecidos e produções locais. O AFI Silver Theatre and Cultural Center possui o terceiro maior telão de toda a região metropolitana de Washington, D.C e é um dos poucos prédios do American Film Institute localizados fora da região de Los Angeles. Entre 2003 e 2022, o local foi sede do festival de cinema AFI Docs, sobre o qual falaremos abaixo.

AFI Fest e AFI Docs

O AFI Docs foi criado em 2003, com o nome de Silverdocs, em uma parceria entre o American Film Institute e o Discovery Channel. O festival era anual e exibia filmes documentais, tanto em curta, quanto em longa-metragem. O AFI Docs era sediado no AFI Silver Theatre and Cultural Center em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos. O festival geralmente durava cinco dias e acontecida no meio do ano, normalmente, no mês de junho.

Durante bastante tempo, o AFI Docs foi um dos festivais de documentários mais importantes dos Estados Unidos e contava com a participação de diversas organizações, canais de televisão e produtoras de conteúdos, como a BBC, a TLC, o Animal Planet, a Fundação Ford, a HBO, a Latino Public Broadcasting, a Miramax, a National Geographic, a PBS e o Instituto Sundance.

Além disso, diversos nomes importantes do cinema documental, como Ken Burns, Davis Guggenheim, Chris Hegedus, Werner Herzog, Barbara Kopple, Spike Lee, Albert Maysles, Errol Morris, D A Pennebaker e Frederick Wiseman, fizeram parte do conselho consultivo do festival. Em 2022, depois de um período de dificuldades devido a pandemia global de COVID-19, o American Film Institute, resolveu fundir o AFI Docs, com o AFI Fest, outro festival organizado pelo instituto, mas sediado em Los Angeles.

Dessa forma, o AFI Fest passou também a incluir documentários em sua programação que antes só contava com filmes ficcionais. Esse festival, por sua vez, existe desde 1987, tendo sido fundado com o nome de “AFI Los Angeles International Film Festival”. O AFI Fest, geralmente, acontece no final do ano, no início da temporada anual de premiações. Isso porque, o festival é reconhecido como qualificatório pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (AMPAS), entidade que organiza o Oscar, nas categorias de curta-metragem.

Dessa forma, os curtas-metragens, tanto ficcionais, quanto documentais, premiados no AFI Fest se pré-classificam para serem indicados nas duas categorias do Oscar dedicadas a premiar curtas-metragens em live-action. Esse fato e o prestígio que o festival tem junto a comunidade cinematográfica norte-americana, faz dele um dos mais importante dos Estados Unidos.

AFI Directing Workshop for Women

Iniciado em 1974, ou seja, há 50 anos atrás, o AFI Directing Workshop for Women (ou “Workshop de Direção para Mulheres da AFI” na tradução para o português) é um programa educacional do American Film Institute que oferece workshops e treinamentos gratuitos para mulheres que desejam começar a dirigir filmes. O programa também oferece a oportunidade para que essas mulheres dirijam seus primeiros curtas-metragens.

O programa foi estabelecido nos anos 1970, por iniciativa de Mathilde Krim e Jan Haag, como uma tentativa de aumentar o números de mulheres dirigindo filmes nos Estados Unidos. Isso porque, naquela época, existiam muitas atrizes de grande sucesso no cinema do país, mas praticamente nenhuma mulher dirigindo grandes filmes ou mesmo com carreira significativa no cinema comercial.

Inicialmente, o AFI Directing Workshop for Women recebeu um financiamento de apenas 30 mil dólares, utilizava os equipamentos do Center for Advanced Film Studies (CAFS), futuro AFI Conservatory, e contava com o auxílio dos próprios estudantes do CAFS, que atuavam como produtores, editores, etc. Além disso, inicialmente, o programa contava com a ajuda de atores voluntários através de um acordo com o Sindicato dos Atores dos Estados Unidos (SAG).

Prédio do AFI Silver Theatre and Cultural Center, em Silver Spring, Maryland. Créditos: Kate Mereand.
Prédio do AFI Silver Theatre and Cultural Center, em Silver Spring, Maryland. Créditos: Kate Mereand.

Atualmente, o AFI Directing Workshop for Women é um dos principais programas voltados para a formação de diretoras de cinema dos Estados Unidos, tendo formado profissionais atuantes na indústria cinematográfica nas últimas cinco décadas.

AFI 100 Years… series

Provavelmente, o empreendimento mais famoso do American Film Institute, a série AFI 100 Years (ou “AFI 100 Anos”, em tradução para o português) começou em 1998, quando a primeira de suas famosas listas foi divulgada. No caso, era uma lista dos 100 maiores filmes da história do cinema norte-americano em comemoração aos 100 anos de cinema. Isso porque, em 1995, completavam 100 anos da primeira exibição pública de um filme, pelos Irmãos Lumière, em Paris, na França.

Chamada de “AFI’s 100 Years…100 Movies” (ou “100 Anos…100 Filmes”, em tradução para o português), a lista foi um enorme sucesso e fez com que nos anos seguintes, o American Film Institute publicasse inúmeras outras listas do tipo. Entre 1999 e 2008, a AFI publicou diversas outras listas, que compilavam os 100 melhores filmes em diversos gêneros. Além disso, o instituto também elaborou lista de maiores heróis e vilões, maiores estrelas do cinema, maiores paixões, melhores canções, melhores trilhas e diversas outras listas que compilavam melhores aspectos do cinema.

Em 2007, o American Film Institute atualizou sua lista de “100 Anos…100 Filmes” e em 2008, ele divulgou sua última lista, compilando os 10 melhores filmes em 10 gêneros cinematográficos diferentes. As listas do AFI estimularam o debate entre os cinéfilos e o interesse em filmes que eram desconhecidos para muita gente, tornado o instituto ainda mais famoso no mundo todo e ajudando a divulgar ainda mais o cinema produzido nos Estados Unidos.

Normalmente, para ser incluído em uma das listas do American Film Institute, um filme deve ser um longa-metragem, ou seja, ser um filme em formato narrativo e possuir ao menos 60 minutos de duração, ser majoritariamente “falado” em inglês (apesar de filmes mudos também serem elegíveis para inclusão) e ter “elementos significativos de produção criativa e/ou financeira dos Estados Unidos”.

O júri que escolhe os filmes que farão parte de cada uma das listas é composto por mais de 1000 nomes renomados envolvidos com o cinema norte-americano, incluindo, cineastas, críticos e historiadores. Normalmente, dezenas de filmes são pré-indicados em cada lista e essas listagens são, posteriormente reduzidas, por meio de votação do júri, a apenas 100 títulos ou, as vezes, até menos, dependendo do tipo de lista. Apesar de o American Film Institute não divulgar nenhuma nova lista há mais de 15 anos, as listas do AFI ainda despertam debates e interesse até os dias atuais.

Importância do American Film Institute

O American Film Institute (AFI) tem grande importância para o cinema norte-americano. Primeiro, que assim como National Film Registry, o AFI faz um grande trabalho de busca, restauro e preservação de filmes antigos, raros, perdidos e/ou pouco conhecidos. E isso já é muito importante para o cinema de qualquer país. O AFI Catalog of Feature Films e o AFI Archive são fontes de pesquisa de suma importância para acadêmicos, estudiosos e até mesmo cinéfilos, já que faz um trabalho incrível de catalogação da produção cinematográfica norte-americanas.

Contudo, o American Film Institute também desenvolve um trabalho educacional importantíssimo, com programas para formação de nossos cineastas e até mesmo mantendo uma escola de cinema que é uma das melhores e mais respeitadas dos Estados Unidos. O AFI, da mesma forma, organiza festivais de cinema e mantêm um complexo cinematográfico. Assim, além de estar comprometido com a preservação do que já foi criado, o instituto também auxilia na formação de nossos criadores e também na criação e exibição de nossos produtos.

Por fim, o American Film Institute ainda organiza premiações, como o AFI Life Achievement Award e o American Film Institute Awards e listas, como AFI 100 Years, que além de serem um importante instrumento de reconhecimento do trabalho realizado pela indústria cinematográfica norte-americana, também serve como instrumento para gerar debate e engajamento do público em torno dos filmes produzidos nos Estados Unidos.

Não à toa, em seus quase 60 anos de existência, o American Film Institute se tornou uma das mais respeitadas organizações do cenário cinematográfico norte-americano e, por isso, praticamente todos os grandes nomes da sétima arte do país estão, ou já estiveram, de alguma forma, envolvidos com o instituto ou com seus inúmeros projetos. O que só faz aumentar ainda mais sua importância para o cinema daquele país.

Relação entre o American Film Institute e o National Film Registry

O American Film Institute (AFI) e o National Film Registry (NFR) são duas das “instituições” mais importantes do cinema dos Estados Unidos. Apesar de terem muitas coisas em comum, as duas também tem muitas diferenças. Embora ambos tenham sido criados por atos do “governo americano”, o AFI e o NFR são administrados de forma totalmente diferentes. O AFI, como dito acima, foi criado por um mandato presidencial, enquanto que o NFR foi criado por uma lei do Congresso norte-americano.

Apesar de criado por um mandato do Presidente dos Estados Unidos, o American Film Institute é uma organização privada e independente, que se sustenta através de fundos privados, principalmente, advindos de doações e também das mensalidades pagas por seus sócios. Assim, apesar de em seu início, o AFI ter sido financeiramente apoiado pelo governo dos Estados Unidos, atualmente, o instituto sobrevive sem ajuda federal.

Já no caso do National Film Registry, ele nem sequer é uma organização, por assim dizer, mas sim uma coleção do que são considerados os mais importantes filmes produzidos pelo cinema norte-americano. O NFR é mantido pela Biblioteca do Congresso Americano, que é uma instituição do governo dos Estados Unidos e os filmes selecionados para serem preservados no National Film Registry, são escolhidos pelo National Film Preservation Board (NFPB), que é uma agência federal do governo norte-americano, também ligada a Biblioteca do Congresso.

Imagem de John Ford. Créditos: MGM/Reprodução.
O cultuado diretor John Ford, primeira pessoa a receber o AFI Life Achievement Award. Créditos: MGM/Reprodução.

Dessa forma, o National Film Registry é praticamente uma “instituição” oficial do governo dos Estados Unidos, ou seja, os filmes que são escolhidos para preservação recebem praticamente um selo oficial de importância do governo daquele país. Apesar disso, é importante deixar claro que o governo dos Estados Unidos não interfere na escolha desses filmes que é feita de forma independente pelo NFPB. Explicamos tudo isso detalhadamente no texto que está nesse link.

Além de tudo isso, o papel do American Film Institute vai muito além da preservação de filmes produzidos nos Estados Unidos. Como dito acima, o AFI desenvolve inúmeros projetos de restauração de filmes, além de projetos educacionais para formação de novos cineastas, organiza festivais e inúmeros outros projetos relacionados a produção e exibição fílmica, além de promover projetos que geram interesse e debate em relação ao cinema norte-americano.

É bem verdade que, ligado ao National Film Registry, temos o National Film Preservation Foundation (NFPF), que assim como o American Film Institute, é uma instituição privada e sem fins lucrativos e que desenvolve também projetos educacionais e de busca, restauração e preservação de filmes raros, antigos e perdidos. Contudo, o NFPF é praticamente uma organização independente e seus projetos são em menor escala em relação ao AFI.

De qualquer forma, é importante salientar que tanto o American Film Institute quanto o National Film Registry são de suma importância para o cinema norte-americano e, porque não dizer, para o cinema mundial como um todo. Isso porque, os Estados Unidos são o principal centro de produção fílmica no mundo e os filmes clássicos norte-americanos costumam também serem filmes clássicos da filmografia mundial.

Conclusão

E aí, gostou do nosso texto. Esperamos que depois de lê-lo, você saiba exatamente o que é o American Film Institute e porque ele é importante para a sétima arte. Se você gostou do nosso texto, não deixe de comentar abaixo. Lembre-se que seu comentário é sempre muito importante para nós.

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