Steven Spielberg é um dos mais importantes cineastas de toda a história do cinema. Em seus 55 anos de carreira, ele esteve a frente de alguns dos mais emblemáticos filmes produzidos durante as últimas cinco décadas. Por isso, vale muito a pena observar sua filmografia afim de tentar selecionar os seus filmes mais importantes. Contudo, devido a seu enorme êxito como cineasta, essa é também uma tarefa bastante difícil, mas que estamos dispostos a tentar completar.
Steven Spielberg: Cineasta desde a mais tenra idade
Steven Spielberg nasceu em 18 de dezembro de 1946 em Cincinnati, no Ohio, nos Estados Unidos, filho de uma pianista e de um engenheiro elétrico. Aos 11 anos de idade, ele e sua família se mudaram para Phoenix, no Arizona. Desde muito jovem Spielberg se interessava por cinema e aos 12 anos de idade, ele dirigiu seu primeiro filme amador. Em 1963, aos 17 anos de idade, ele dirigiu seu primeiro filme independente, a ficção-científica Firelight, produzida um custo de apenas $500 dólares.
Em 1964, ele trabalhou de graça como assistente no departamento editorial da Universal Studios. Já morando na Califórnia com seu pai, Spielberg tentou entrar na prestigiada Universidade do Sul da Califórnia para cursar cinema. Contudo, devido a suas notas baixas, ele não foi aceito. Sem muitas opções, ele acabou ingressando na Universidade Estadual da Califórnia. Já cursando a universidade, o futuro cineasta aproveitou uma excursão turística para a Universal Studios e conseguiu a permissão de um executivo do estúdio para frequentar o local por três dias.
Contudo, mesmo após o período, ele continuou indo ao local e os seguranças que já o conheciam o deixavam passar. Assim, ele passou os próximos dois meses frequentando as dependências da Universal Studios, trabalhando como uma espécie de estagiário mesmo sem nenhuma permissão para isso. Em 1968, a própria Universal deu a Spielberg a chance de filmar um curta-metragem para eventual lançamento nos cinemas.
O resultado foi um filme de 26 minutos chamado “Amblin’”, a primeira produção profissional da carreira de Steven Spielberg. O filme chegou as mãos de Sidney Sheinberg, que na época era vice-presidente do estúdio. Sheinberg ficou impressionado com o trabalho de Spielberg e lhe ofereceu um contrato de sete anos com a Universal Studios. O jovem cineasta aceitou o contrato, largou a universidade e se tornou o diretor mais jovem da história a assinar um contrato de longo prazo com um grande estúdio de Hollywood.
Começo na televisão e primeiros sucessos
O primeiro trabalho realmente profissional de Steven Spielberg em Hollywood foi dirigindo um dos seguimentos do filme para televisão “Night Gallery”. A produção, lançada em 1969, contava com roteiro de Rod Serling e serviria de episódio-piloto para uma série de terror que seria produzida até 1973. Depois disso, Spielberg fez diversos trabalhos para televisão, até que em 1971, ele dirigiu o filme Encurralado, um thriller sobre um motorista que retornando para casa é perseguido por um caminhoneiro maluco.
O filme foi feito para ser exibido na televisão, em um programa do canal ABC, chamado “ABC Movie of the Week” (ou “Filme da Semana” em tradução livre), mas fez tanto sucesso, que a Universal acabou pedindo que Spielberg criasse uma versão extendida da obra para ser lançada comercialmente nos cinemas. Até hoje, Encurralado é considerado um clássico cult e um dos melhores filmes já feitos para televisão.
O sucesso desse filme fez com que o jovem Steven Spielberg, pudesse dirigir seu primeiro filme realmente para cinema, o drama criminal Louca Escapada (1974). O filme foi um sucesso de crítica e público e fez com que a Universal Studios aceitasse que Spielberg dirigisse Tubarão (1975), cujo enorme sucesso revolucionaria o cinema mundial e transformaria o jovem cineasta, que na época não tinha nem 30 anos de idade, em um dos nomes mais conhecidos de Hollywood. O resto, como todos sabem, é história.
Domínio comercial de Steven Spielberg durante quase 30 anos
Durante os anos 1970, 1980 e 1990, Steven Spielberg dominou as bilheterias, com vários de seus filmes quebrando recordes de arrecadação. Só para se ter uma ideia, seus filmes arrecadaram juntos quase 11 bilhões de dólares em bilheterias, o que faz dele o cineasta comercialmente mais bem sucedido da história.
Além disso, três de seus filmes foram, em algum momento, donos da maior bilheteria da história do cinema. Isso sem falar que Spielberg ajudou a fundar três produtoras de sucesso, a Amblin Entertainment, a DreamWorks Pictures e a DreamWorks Animation, além de ter ajudado na concepção, roteirização e produção de diversos outros filmes que foram dirigidos por outros cineastas. Devido a seu enorme sucesso, Spielberg é considerado quase que uma instituição em Hollywood.
Steven Spielberg: Cinema popular e de qualidade
Mas não só de sucesso comercial vive Steven Spielberg. Grande parte dos filmes dirigidos por ele foram também muito bem recebidos pela crítica especializada. Quase tudo que ele dirigiu nos anos 1970, 1980 e 1990 é considerado clássico e sua obra influenciou enormemente o cinema e a indústria do entretenimento do mundo todo. Não à toa, ele é considerado um dos principais nomes do chamado “Novo Cinema Americano”, movimento que modificou o cinema praticado nos Estados Unidos a partir dos anos 1960.
Só para se ter uma ideia, sete filmes dirigidos por Spielberg foram escolhidos para serem preservados no National Film Registry (NFR), da Biblioteca do Congresso Americano. Somente os filmes americanos mais importantes e considerados “culturalmente, esteticamente e historicamente significantes” para o cinema dos Estados Unidos são escolhidos para integrar o acervo do NFR. Isso dá uma dimensão da importância da obra do cineasta.
Além disso, sua obra é também extremamente premiada. Steven Spielberg já foi indicado 22 vezes ao Oscar, o prêmio mais importante da indústria cinematográfica, sendo que nove dessas indicações foram por seu trabalho como diretor, tendo vencido a premiação em três ocasiões. Ele também tem 14 indicações ao BAFTA, prêmio mais importante do cinema britânico, com duas vitórias e impressionantes 24 indicações, com nove vitórias, ao Globo de Ouro.
Spielberg também já foi indicado 13 vezes ao Directors Guild of America Awards, premiação organizada pelo Sindicato dos Diretores de Cinema dos Estados Unidos. Isso sem falar em outras premiações importantes, como o Emmy Awards, Producers Guild of America Awards, o Writers Guild of America Awards, o AFI Life Achievement Award, o Cecil B. DeMille Award, a Medalha Presidencial da Liberdade e outras premiações menores.
Tudo isso dá a dimensão da importância da obra de Steven Spielberg e também do tamanho do seu talento como diretor, produtor e, até mesmo, roteirista. O cineasta se tornou um dos poucos do mundo que consegue unir o útil ao agradável. Ou seja, produzir filmes de qualidade indiscutível, que agradam aos críticos especializados e se tornam icônicos e que também conseguem ser extremamente populares com o “público comum”, gerando enormes bilheterias e lucros gigantescos para ele e para os estúdios.
Como fizemos essa lista?
Como dissemos anteriormente, Steven Spielberg já atuou como diretor, produtor e roteirista. Contudo, nessa lista incluíremos apenas seus trabalhos como diretor. Assim, filmes como Os Goonies (1985), Poltergeist – O Fenômeno (1982), Gremlins (1984), De Volta para o Futuro (1985) e inúmeros outros, que ele escreveu e/ou produziu, mas não dirigiu, não serão incluídos aqui. Aliás, no caso de Poltergeist existem diversas boatos de que ele teria efetivamente dirigido o filme. No entanto, a direção da obra é creditada apenas a Tobe Hooper e, portanto, o filme não está elegível a entrar nessa lista.
Da mesma forma, não entraram nessa lista nenhum de seus trabalhos para a televisão e nem para nenhuma outra mídia, além de cinema. Igualmente, só listaremos filmes em longa-metragem. Assim, para ser elegível a estar aqui, a produção deve ser um longa-metragem feito para cinema e dirigido por Steven Spielberg. Os critérios que utilizamos para avaliar os filmes de Spielberg e escolher os que entrariam aqui, são a qualidade da obra, sua importância para o cinema, sua influência a longo prazo e também sua bilheteria.
Novamente, Steven Spielberg é um cineasta extreamente talentoso e bem-sucedido. Portanto, escolher apenas dez filmes para integrar essa lista é uma tarefa bastante difícil. Por esse motivo, diversos filmes ótimos e icônicos dirigidos por ele ficaram, necessariamente, fora dessa lista, já que, como dissemos antes, quase tudo que Spielberg dirigiu foi sucesso de público e critica. Dessa forma, pedimos ao leitor que compreenda as escolhas que tivemos que fazer aqui. Sem mais delongas, vamos a lista.
10 – Minority Report – A Nova Lei (2002)
Em décimo lugar na nossa lista está a primeira colaboração entre dois gigantes do cinema, Steven Spielberg e Tom Cruise. Lançado em 2002, Minority Report – A Nova Lei é levemente baseado em um livro do escritor Philip K. Dick e mostra um mundo em que é possível se prever quando crimes irão ocorrer e assim também é possível evitá-los, prendendo as pessoas antes mesmo que elas venham a cometer tais crimes.
No filme, Tom Cruise interpeta John Anderton chefe do “Precrime”, divisão da polícia de Washington D.C., a capital dos Estados Unidos, responsável por evitar que futuros crimes ocorram. Anderton, no entanto, é acusado de um assassinato que ele ainda vai cometer e tem que fugir para evitar ser preso e também para provar sua inocência, provando também que o sistema é falho. Nesse caminho, no entanto, ele acaba se envolvendo em uma enorme conspiração política e descobre que ele é, na verdade, um obstáculo no caminho dos interesses de gente muito importante.
Os direitos sobre o livro de Dick foram adquiridos em 1992 e curiosamente, a princípio, Minority Report – A Nova Lei deveria ser uma continuação de O Vingador do Futuro (1990), filme que também é baseado em uma história do escritor. A produção, inclusive, deveria ser estrelada por Arnold Schwarzenegger, que também estrelou O Vingador do Futuro. Contudo, em 1995 a Carolco Pictures, produtora do filme de 1990, faliu e o projeto foi colocado de lado.
Depois de vários embróglios durante os anos 1990, em que os direitos sobre Minority Report chegaram a pertencer a Miramax Films, dos irmãoes Harvey e Bob Weinstein, finalmente em 1998 Spielberg e Cruise concordaram em fazer o filme juntos, já que os dois almejavam colaborar em algum projeto há mais de uma década. Assim, a produção foi financiada pela DreamWorks, pela Amblin Entertainment (empresas que pertenciam a Spielberg) e pela 20th Century Fox, em parceira com produtoras pertencentes ao próprio Cruise e a Jan de Bont, que chegou a ser cogitado para dirigir o filme, mas preferiu dirigir A Casa Amaldiçoada (1999), que também foi produzido pela DreamWorks.
Contudo, devido a lotada agenda de Tom Cruise e Steven Spielberg a obra só começou a ser filmada em março de 2001. Devido a parceria inédita entre os dois, Minority Report – A Nova Lei foi um dos filmes mais esperados de 2002. E a espera valeu a pena. Elogiado pela crítica e amado pelo público, a produção arrecadou mais de 350 milhões de dólares em bilheterias, sendo o décimo filme mais visto daquele ano.
Elogiado também pela crítica, atualmente Minority Report – A Nova Lei mantêm uma taxa de aprovação de 89% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet. O filme também recebeu indicações a diversas premiações importantes, incluindo ao Oscar e ao BAFTA. Com o tempo, Minority Report – A Nova Lei se tornou um clássico e é frequentemente considerado um dos melhores filmes de ficção científica já produzidos e também uma das melhores obras de toda a filmografia de Steven Spielberg.
9 – A.I. – Inteligência Artificial (2001)
O nono colocado de nossa lista, curiosamente, é na verdade, um projeto do genial cineasta Stanley Kubrick. Ainda no início dos anos 1970, Kubrick adquiriu os direitos sobre o conto “Supertoys Last All Summer Long” (ou “Superbrinquedos Duram o Verão Inteiro”) do escritor britâncio Brian Aldiss, cuja história é base para o filme. Durante anos, contudo, o diretor tentou realizar o filme, mas sem sucesso.
Tudo isso, porque Kubrick acreditava que a tecnologia existente até então não era suficiente para contar a história com realismo, acreditando que, principalmente o personagem principal do conto, o androíde David, não poderia ser interpretado realisticamente por um ator. O projeto ficou parado até 1993 quando Kubrick viu Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros, de Steven Spielberg e se empolgou.
A.I. – Inteligência Artificial chegou até mesmo a entrar em pré-produção em 1994, ainda com Kubrick como diretor e contando com vários profissionais que haviam trabalhado em Jurassic Park. Contudo, mesmo assim, ele não ficou satisfeito com os resultados iniciais do projeto e acreditando que somente Spielberg poderia produzir um filme digno do conto, entregou a direção do futuro filme a ele.
Spielberg, no entanto, tentou convencer Kubrick a voltar a direção do projeto, mas sem sucesso. Esse empróglio durou até 1999, quando Stanley Kubrick faleceu, aos 70 anos de idade. Com isso, Steven Spielberg resolveu finalmente dirigir A.I. que começou a ser filmado em agosto do ano seguinte. Apesar dos temores de Kubrick, Spielberg escalou um ator de carne e osso (Haley Joel Osment), para viver David e o resultado ficou bastante bom.
A.I. – Inteligência Artificial se passa em um futuro distante em que os seres humanos já conseguiram produzir androídes extremamente realísticos e eficientes capaz de realizar diversas funções, inclusive, até mesmo se prostituir. Um novo modelo de androíde, chamado de “David”, é capaz, inclusive de amar. No entanto, assim que programado para amar uma pessoa, essa programação não poderá de forma alguma ser desfeita.
O casal Monica Swinton (Frances O’Connor) e Henry Swinton (Sam Robards) decide adquirir um David (Haley Joel Osment) para substituir seu filho que está em animação suspensa esperando ser curado de uma doença rara. Quando a cura finalmente chega, o relacionamento entre David, o casal e seu filho fica bastante complicada. Henry então pede que Monica devolva David ao fabricante para que ele seja destruído. Ela, no entanto, não consegue fazê-lo e decide simplesmente abandoná-lo na estrada.
Assim, devido a seu amor eterno por Monica, David sai em uma jornada afim de encontrar a “Fada Azul” (em um referência clara a história de Pinóquio) que ele acredita ter o poder de transformá-lo em um “menino de verdade”, já que assim, ele crê que Monica finalmente irá amá-lo. Em sua jornada, ele contará apenas com a companhia de um urso de brinquedo inteligente e falante (dublado por Jack Angel) e um androíde gigolô (Jude Law). Em sua jornada também, ele enfrentará inúmeros desafios e descubrirá muitas verdades.
A.I. – Inteligência Artificial é um filme extremamente emocional, daqueles de nos fazer chorar em diversas cenas, mas também é um filme extremamente filosófico que em diversos momentos nos faz pensar. Contando com valores de produção de primeira linha e um elenco de atores talentosíssimos e que entregam performances irretocáveis, não é surpresa que a produção tenha sido um grande sucesso de crítica e também de público.
Produzido a um custo estimado de 100 milhões de dólares, A.I. – Inteligência Artificial arrecadou pouco mais de 235 milhões de dólares em bilheterias, sendo o 17º filme mais visto de 2001. Atualmente, a obra conta com uma taxa de aprovação de 76% no Rotten Tomatoes. A.I. – Inteligência Artificial é amplamente considerado um dos melhores filmes de ficção científica da história e também um dos melhores filmes produzidos no século XXI, além de ser comumente incluído em listagens de melhores filmes dirigidos por Steven Spielberg.
8 – A Cor Púrpura (1985)
A Cor Púrpura é um dos filmes mais “diferentes” da carreira de Steven Spielberg. Em 1985, no auge de seu sucesso comercial, o diretor decidiu aceitar o desafio de dirigir um drama sobre um tema extremamente sério e delicado. Na época, Spielberg só tinha dirigido “filmes pipoca”, ou seja, produções com temática “mais leves” e que, portanto, eram mais fáceis de serem “digeridas” pelo público.
Baseado em um livro de mesmo nome, escrito por Alice Walker, A Cor Púrpura é um drama que toca em temas delicados, como pobreza, racismo, incesto, exploração e abuso sexual, violência doméstica e sexismo. O enredo acompanha a vida de Celie Harris-Johnson (Whoopi Goldberg) desde sua mais tenra idade até a velhice, passando por todas as desgraças que uma mulher pobre e negra do sul dos Estados Unidos passava no início do século XX. O filme aproveita a vida de Celie para poder mostrar todo o contexto social do sul dos Estados Unidos naquela época.
A Cor Púrpura conta com um elenco quase que inteiramente formado por atores e atrizes negros e em sua maioria novatos. O filme foi a estreia no cinema de Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey. Ambas, inclusive, estão impecáveis em seus papéis. Outra grande mudança para Spielberg foi o fato de que pela primeira vez em sua carreira, a trilha sonora de um de seus filmes não foi composta por John Williams.
Em vez de Williams, um outro músico talentosíssimo ficou a cargo desse trabalho, o compositor e produtor Quincy Jones. Ele, inclusive, foi um dos responsáveis por convencer Steven Spielberg a dirigir o filme, já que o cineasta acreditava que não tinha conhecimento suficiente sobre o contexto social e histórico em que se passa o filme e também que a produção deveria ser dirigida por um diretor negro.
A única coisa que não foi “diferente” nesse caso, foi o sucesso comercial de Spielberg. Como quase tudo que ele dirigiu nessa época, A Cor Púrpura (1985) foi um tremendo sucesso de bilheteria. Produzido a um custo de 15 milhões de dólares, a obra arrecadou quase 100 milhões de dólares em bilheterias, se tornando o quarto filme mais visto de 1985. O sucesso entre a crítica especializada foi ainda maior. Apesar de algumas polêmicas em torno do filme, A Cor Púrpura foi bem recebido pela maioria dos críticos na época.
O famoso crítico Roger Ebert, inclusive, disse que A Cor Púrpura era o melhor filme do ano. Um dos principais aspectos elogiados da produção foi exatamente a atuação de Whoopi Goldberg, que muita gente considerou a grande revelação daquele ano. Goldberg foi, inclusive, indicada ao Oscar de Melhor Atriz por seu papel no filme, mas acabou perdendo para Geraldine Page. Fato que, até hoje, muita gente considera uma injustiça. Aliás, A Cor Púrpura foi indicado a 11 Oscars, mas perdeu todos, igualando o recorde negativo de Momento de Decisão (1977).
Além de Whoopi Goldberg, Margaret Avery e Oprah Winfrey foram indicadas na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. A Cor Púrpura ainda foi indicado a Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Canção Original e em diversas outras categorias técnicas. Curiosamente, Steven Spielberg não foi indicado na categoria de Melhor Direção. Apesar de tudo, o filme ainda é considerado um dos melhores da carreira do diretor.
7 – O Resgate do Soldado Ryan (1998)
Steven Spielberg sempre foi obsecado pela Segunda Guerra Mundial. Por isso, não surpreende a ninguém, que ele tenha dirigido um dos melhores filmes sobre o tema. O Resgate do Soldado Ryan conta a história de um grupo de soldados liderado pelo Capitão John Miller (Tom Hanks), que é incubido de localizar e trazer para casa em segurança o soldado James Francis Ryan (Matt Damon), cujos os três irmãos foram mortos em ação.
O roteiro escrito por Robert Rodat é original, mas se baseia em diversos casos reais como os dos irmãos Niland. Inicialmente, Michael Bay iria dirigir o filme, mas por não saber que ângulo dar a história acabou desistindo. Tom Hanks, então entregou uma cópia do roteiro para Spielberg que aceitou dirigir a obra, simplesmente porque os dois queriam produzir algo juntos há muito tempo. O elenco, liderado pelo próprio Hanks, conta com diversos atores que tinham ou que viriam a ter carreiras bem sucedidas em Hollywood, como Edward Burns, Tom Sizemore, Barry Pepper, Giovanni Ribisi, Vin Diesel, Adam Goldberg e Jeremy Davies.
Como quase tudo que Spielberg dirigiu em sua carreira, O Resgate do Soldado Ryan foi um imenso sucesso comercial. Produzido a um custo estimado de 70 milhões de dólares, a produção arrecadou quase 500 milhões de dólares em bilheterias, se tornando o segundo filme mais visto do ano de 1998. A obra também foi um grande sucesso de crítica. Unanimemente elogiado pelos críticos na época do seu lançamento, o filme foi um dos mais premiados daquele ano.
O Resgate do Soldado Ryan recebeu 11 indicações ao Oscar, incluindo indicações nas categorias de Melhor Filme, Direção, Ator (para Tom Hanks) e Roteiro Original. O filme acabou vencendo em cinco categorias, incluindo Melhor Direção, representando a segunda vez que Steven Spielberg venceu o Oscar por seu trabalho como diretor. Surpreendentemente, a produção perdeu o Oscar de Melhor Filme para Shakespeare Apaixonado, no que é, até hoje, considerado uma das maiores injustiças da história recente do prêmio mais importante do cinema mundial.
Atualmente, O Resgate do Soldado Ryan é frequentemente incluído em listas de melhores filmes da história, sendo amplamente considerado um dos melhores filmes de guerra já feitos e uma das melhores produções dirigidas por Steven Spielberg. A cena do desembarque na Praia de Omaha, que abre o filme, é frequentemente considerada a melhor cena de batalha já feita em toda a história do cinema. Somente essa cena, custou 12 milhões dólares para ser feita, envolveu cerca de 1500 profissionais e levou quatro semanas para ser concluída.
6 – Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977)
Contatos Imediatos do Terceiro Grau foi o primeiro filme que Steven Spielberg dirigiu depois do sucesso de Tubarão (1975), que o fez um diretor mundialmente conhecido. No entanto, ele começou a trabalhar no filme antes mesmo de começar a filmar Tubarão, mas teve que pausar o trabalho justamente para filmar Tubarão. Na verdade, Contatos Imediatos do Terceiro Grau é resultado de um projeto antigo de Spielberg e é fortemente baseado em Firelight, filme amador que ele realizou em 1964. Aliás, diversas cenas de Contatos Imediatos são copiadas diretamente de Firelight.
Steven Spielberg já tinha um acordo com a Columbia Pictures para dirigir Contatos Imediatos do Terceiro Grau, antes mesmo do lançamento de Tubarão. Contudo, com o sucesso do filme, o estúdio concordou em aumentar muito o orçamento da produção, que acabou custando quase 20 milhões de dólares para ser feita. No entanto, Spielberg teve diversos problemas com a Columbia durante a produção do filme.
Isso porque, o estúdio estava em dificuldades financeiras e queria que Contatos Imediatos do Terceiro Grau fosse concluído e lançado rapidamente, já antecipando que o filme seria um sucesso de bilheteria. Os desacordos entre o diretor e o estúdio sobre o chamado “corte final” (ou seja, a versão final do filme que será lançada), fez com que a obra tivesse três versões diferentes. Apesar disso, como esperado, Contatos Imediatos do Terceiro Grau foi um enorme sucesso de bilheteria, arrecadando quase 300 milhões de dólares na época de seu lançamento e tendo a terceira maior bilheteria do ano nos Estados Unidos.
A produção foi também um enorme sucesso de crítica, recebendo elogios entusiasmados de diversos críticos importantes, como Jonathan Rosenbaum, Gene Siskel, Roger Ebert, Pauline Kael e David Thomson. O filme também foi um dos mais premiados de 1977, recebendo quatro indicações ao Globo de Ouro e nove indicações ao Oscar e ao BAFTA. Em todas essas premiações, o filme foi indicado nas principais categorias, incluindo, Melhor Filme e Melhor Direção.
Infelizmente, para Contatos Imediatos do Terceiro Grau, o filme sofreu forte concorrência de outras obras-primas, como Guerra nas Estrelas e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, que também foram lançados no mesmo ano. A brilhante trilha sonora de John Williams, que é um dos componentes mais importantes do filme, também foi indicada ao Oscar e ao BAFTA e até hoje é um dos trabalhos mais lembrados do genial compositor.
Outro ponto alto de Contatos Imediatos do Terceiro Grau é a presença do renomado cineasta francês François Truffaut em seu elenco e em um papel principal. Essa foi a única vez que Truffaut atuou em um filme não dirigido por ele e também sua única atuação em um filme falado em língua inglesa. Atualmente, Contatos Imediatos do Terceiro Grau é considerado um dos melhores filmes de ficção científica já feitos e um dos pontos altos da filmografia de Steven Spielberg.
5 – Os Caçadores da Arca Perdida (1981)
Primeiro filme da franquia Indiana Jones, Os Caçadores da Arca Perdida foi responsável por trazer ao mundo um dos personagens mais icônicos de toda a história do cinema e por reavivar o interesse em filmes de aventura que haviam feito enorme sucesso nas primeiras décadas do século XX. No enredo do filme, que se passa em 1936, o famoso arqueólogo Dr. Henry Walton “Indiana” Jones (Harrison Ford) é incumbido pelo governo dos Estados Unidos de recuperar a famosa Arca da Aliança que há muito tempo está perdida e que agora é procurada também pelos nazistas.
Acredita-se que o poder da Arca é tão grande que seria capaz de tornar qualquer exército invencível. Para conseguir completar a missão, Jones viajará o mundo, contará com a ajuda de seus amigos Marcus Brody (Denholm Elliott) e Sallah (John Rhys-Davies) e de sua eterna paixão Marion Ravenwood (Karen Allen) e terá que derrotar um rival arqueologista, René Belloq (Paul Freeman) e um sádico oficial da Gestapo, o serviço secreto nazista.
Os Caçadores da Arca Perdida tem tudo que um bom filme de aventura deve ter, um bom enredo, muito contexto histórico, cenas de ação de tirar o fôlego e o bom e velho humor, que serve de válvula de escape nos momentos de maior tensão. Não à toa, a obra fez um sucesso monstruoso e se tornou uma espécie de “modelo” para outros filmes de aventura que viriam depois e que praticamente copiariam Os Caçadores da Arca Perdida.
Apesar de ter sido dirigido por Steven Spielberg, Os Caçadores da Arca Perdida é, na verdade, uma criação da mente brilhante de George Lucas, que concebeu a história ainda no início dos anos 1970, antes mesmo de criar Guerra nas Estrelas. Contudo, Lucas deixou de lado o projeto justamente para trabalhar em Guerra nas Estrelas, que o tornaria mundialmente famoso e infinitamente rico.
Ainda em 1977, durante uma viagem de férias ao Havaí, Lucas compartilhou a ideia com Steven Spielberg que algum tempo depois, concordou em dirigir o filme. Os Caçadores da Arca Perdida é, na verdade, resultado do encontro de muitas mentes brilhantes e profissionais talentosos. Além de Lucas e Spielberg, também participaram da concepção do filme os cineastas e roteiristas Philip Kaufman e Lawrence Kasdan e a obra foi produzida por Frank Marshall.
Por isso, não é surpresa alguma o imenso sucesso que Os Caçadores da Arca Perdida fez nos cinemas. Produzido a um custo estimado de 20 milhões de dólares, o filme arrecadou ainda na época de seu lançamento cerca de 354 milhões de dólares em bilheterias, se tornando dono da maior bilheteria de 1981. O filme seria relançado mais algumas vezes ao longo dos anos e sua bilheteria total atingiria quase 390 milhões de dólares arrecadados até os dias atuais.
Os Caçadores da Arca Perdida também foi muito bem recebido pela crítica especializada. Ainda na época de seu lançamento, o filme foi abertamente elogiado pela maioria dos principais críticos especializados e recebeu diversas indicações a premiações importantes, como Oscar, Globo de Ouro e BAFTA. No Oscar, o filme recebeu indicações em nove categorias diferentes, incluindo as mais importantes, como Melhor Filme, Direção e Trilha Sonora Original.
Aliás, a trilha sonora de Os Caçadores da Arca Perdida, composta por John Williams, é um dos aspectos mais conhecidos do filme e também um dos trabalhos mais memoráveis do genial compositor. Atualmente, Os Caçadores da Arca Perdida é considerado um dos melhores filmes de aventura já feitos e também um dos melhores trabalhos de Steven Spielberg. O filme se tornou icônico e é, até hoje, frequentemente copiado e homenageado por outros filmes.
4 – E.T. O Extraterrestre (1982)
E.T. O Extraterrestre é mais um filme que surgiu apartir de Night Skies, projeto nunca completado, mas cujas ideias deram origem a pelo menos três filmes diferentes, sendo que um deles foi justamente E.T. Night Skies deveria funcionar com uma continuação de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) e, portanto, é inegável que E.T. O Extraterrestre esteja de alguma forma ligado a esse filme.
Aliás, a temática de ambos os filmes é o mesmo, o contato entre humanos e alienígenas. Contudo, Contatos Imediatos é talvez um filme “mais sério”, por tratar desse contato através de um ponto de vista mais adulto, já E.T. é focado principalmente no mundo infanto-juventil, com os personagens adultos ocupando quase que um espaço marginal na história, já que quase todo o enredo da obra é focado em personagens infantis.
No filme, o garoto Elliott (Henry Thomas), de apenas 10 anos de idade, encontra e se torna amigo de “E.T.”, uma criatura alienígena que foi deixado para trás por engano na Terra por seus companheiros. A partir daí, Elliott e seus amigos terão que encontrar uma forma de enviar E.T. De volta para casa e também de protegê-lo das autoridades governamentais que, obviamente, querem capturá-lo para estudá-lo.
E.T. O Extraterrestre foi produzido a um custo de cerca de 10 milhões de dólares e, a principio, deveria ser distribuído pela Columbia Pictures, mas o estúdio achou que o filme não teria grande potencial comercial e interessaria apenas a audiências mais jovens, justamente por ser protagonizado por crianças e adolescentes. No entanto, Steven Spielberg acreditando no potencial do projeto, convenceu a Universal Pictures a comprar os direitos sobre o roteiro do filme por 1 milhão de dólares.
Curiosamente, no acordo de compra e venda, a Columbia ainda teria direito a 5% sobre a arrecadação do filme. O sucesso de E.T. foi tão grande, que foi a produção que mais gerou lucro para o estúdio em 1982, mesmo com eles tendo direito a apenas esse pequeno percentual da arrecadação. Diferentemente do que a Columbia Pictures imaginava, E.T. O Extraterrestre acabou gerando apelo em um público amplo.
O resultado foi uma bilheteria de mais de 600 milhões de dólares no mundo todo e mais outros tantos milhões gerados com a venda de brinquedos e outros produtos ligados ao filme. O resultado foi suficiente para garantir ao filme não apenas o primeiro lugar entre as maiores bilheterias de 1982, mas também fazer com que ele se tornasse a maior bilheteria da história do cinema mundial, ultrapassando Guerra nas Estrelas (1977). O filme manteria essa posição por quase uma década, até ser ultrapassado por Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros, em 1993. Até hoje, contudo, a produção é dona da sétima maior bilheteria da história do cinema mundial, quando corrigida a inflação.
E.T. O Extraterrestre também foi unanimemente elogiado pela crítica especializada na época de seu lançamento. Considerado um dos melhores filmes daquele ano, a obra recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro, 12 ao BAFTA e nove ao Oscar. Em todas essas premiações, a produção foi indicada nas principais categorias, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro e Trilha Sonora Original. Aliás, por seu trabalho no filme, John Williams ganhou seu quarto Oscar, sendo que a trilha sonora de E.T. é um de seus trabalhos mais conhecidos e elogiados.
Atualmente, E.T. O Extraterrestre é considerado um clássico absoluto do cinema dos anos 1980 e um dos melhores filmes da história da sétima arte. É também um dos filmes mais conhecidos e elogiados da brilhante filmografia de Steven Spielberg. Apesar de já ter mais de 40 anos de idade, o filme ainda continua sendo lembrado e se tornou um ícone tão grande que até hoje é homenageado e copiado por outros filmes.
3 – Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros (1993)
Por quase 10 anos, E.T. O Extraterrestre foi dono da maior bilheteria do cinema, até ser ultrapassado por outro filme de Steven Spielberg, Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros. Lançado no que talvez tenha sido o melhor ano da carreira do diretor, o filme é baseado em um livro do famoso escritor Michael Crichton que, inclusive, escreveu a primeira versão do roteiro que depois foi polido por David Koepp.
Contando com um elenco de primeira linha liderado por Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum e Richard Attenborough, Jurassic Park conta a história de um bilionário, John Hammond (Richard Attenborough), que utilizando uma técnica revolucionária resolve trazer de volta os dinossauros da extinção, para colocá-los todos em exibição para o público em um parque localizado em uma ilha deserta do Caribe.
Para que o empreendimento seja aprovado pelas autoridades, ele precisa de opiniões positivas de especialistas na área. Por isso, ele convida três cientistas, Dr. Alan Grant (Sam Neill), Dr. Ellie Sattler (Laura Dern) e Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum), para fazer a primeira visita oficial ao parque. Junto no passeio, também vão seu neto e sua neta, Tim Murphy (Joseph Mazzello) e Lex Murphy (Ariana Richards).
Contudo, o que Hammond não esperava era que o inescrupuloso programador de computadores Dennis Nedry (Wayne Knight) iria sabotar todo o parque para poder roubar o material genético dos dinossauros e vendê-lo para um rival do bilionário. Agora, em meio a uma tempestade tropical, todos que ainda estão na ilha terão que lutar para encontrar uma forma de sair dela, sem serem comidos pelos dinossauros, que agora estão soltos por toda a parte.
Lançado em junho de 1993, Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros foi um imenso sucesso de bilheteria. Produzido a um custo estimado de 63 milhões de dólares, o filme arrecadou 914 milhões de dólares em bilheterias, se tornado o dono da maior bilheteria de todos os tempos. Só para se ter uma ideia, o segundo filme com maior bilheteria de 1993, foi Uma Babá Quase Perfeita, com arrecadação de 441 milhões de dólares, ou seja, Jurassic Park arrecadou mais que o dobro do segundo colocado.
O filme seria relançado algumas vezes e conseguiria ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares em bilheterias, sendo o filme mais antigo a manter essa marca. Sua bilheteria seria superada em 1997 por Titanic, que seria o primeiro filme a efetivamente ultrapassar um bilhão de dólares em bilheterias durante o seu lançamento original.
Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros também foi bastante elogiado pela crítica especializada e atualmente mantêm uma taxa de aprovação de 92% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas da internet. Os efeitos especiais do filme foram revolucionários, pelo uso de animatrônicos e, principalmente, pelo uso de imagens geradas por computador (CGI). O sucesso do filme faria com que o CGI dominasse o cinema mundial, chegando ao cenário que temos atualmente em que praticamente todos os filmes fazem, em alguma medida, uso dessa técnica.
Curiosamente, Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros possui menos de 10 minutos de cenas utilizando CGI, já que a técnica foi utilizada principalmente nas cenas de ação envolvendo dinossauros. Contudo, o realismo dessas cenas, que são convincentes até mesmo para os padrões atuais, fez com que o mundo todo finalmente percebesse que imagens geradas virtualmente poderiam ser utilizadas em larga escala no cinema comercial.
Não à toa, Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros venceu as três principais categorias técnicas do Oscar daquele ano, as de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Som e Melhores Efeitos Sonoros. Outro destaque do filme é sua trilha sonora que, como não poderia deixar de ser, foi composta por John Williams. Incrivelmente, o compositor não foi indicado ao Oscar por seu trabalho no filme, mas acabou vencendo o Oscar naquele mesmo ano por seu trabalho em A Lista de Schindler. De qualquer forma, seu trabalho em Jurassic Park até hoje é considerado icônico.
Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros até hoje é considerado revolucionário e responsável por uma completa mudança na forma como o cinema era feito em Hollywood. O filme deu origem a uma franquia multimilionária que existe até os dias atuais. Além disso, a obra é uma das melhores e mais clássicas dos anos 1990. Por tudo isso, Jurassic Park é também considerado um dos melhores filmes dirigidos por Steven Spielberg.
2 – Tubarão (1975)
Em segundo lugar em nossa lista, está o filme que realmente revelou Steven Spielberg para o mundo. Lançado em 1975, Tubarão fez do cineasta um nome mundialmente conhecido. No entanto, o filme fez bem mais que isso, ele praticamente inventou o “blockbuster de verão”, ou seja, aquela superprodução lançada no verão norte-americano para tentar arrecadar o máximo de bilheteria possível. Com isso, Tubarão também modificou todo o cinema comercial Hollywoodiano e estabeleceu um modelo que é seguido até os dias atuais.
No filme, três homens, um chefe de polícia (Roy Scheider), um biólogo marinho (Richard Dreyfuss) e um caçador profissional de tubarão (Robert Shaw) saem ao mar com a missão de encontrar e eliminar um tubarão branco que tem aterrorizado a vida dos moradores de uma pequena cidade costeira da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. Produzido a um custo de cerca de 9 milhões de dólares, Tubarão foi uma das primeiras grandes produções hollywoodianas a ser filmada no mar.
Por isso, a produção sofreu inúmeros reveses que atrasaram a sua conclusão e aumentaram ainda mais o seu orçamento. Um dos principais problemas enfrentados durante as filmagens foi com os tubarões mecânicos criados para simular um tubarão real. Incapaz de resolver o problema a tempo e com as filmagens atrasadas, Spielberg decidiu por uma solução revolucionária. Ao invés de mostrar toda hora o tubarão, ele criou subterfúgios para deixar subentendido a presença do animal, sem ter que efetivamente mostrá-lo ao público.
Um desses subterfúgios foi justamente a brilhante trilha sonora de John Williams que se tornou tão conhecida quanto o próprio filme, a ponto de a própria trilha sonora substituir o tubarão em diversas cenas. Bastava que ela começasse a tocar para que o público soubesse que o animal estava por perto, a espreita e poderia atacar a qualquer momento. Não a toa, Tubarão deu a Williams o segundo Oscar de sua carreira e tornou-se uma de suas obras mais conhecidas.
Todo esse trabalho de Spielberg deu certo e Tubarão arrecadou quase 200 milhões de dólares em bilheterias somente na época de seu lançamento original. Com isso, o filme se tornou não apenas dono da maior bilheteria de 1975, mas também a maior bilheteria de todos os tempos. A produção, inclusive, foi a primeira a ultrapassar a marca dos 100 milhões de dólares em bilheterias nos Estados Unidos, onde se manteve 14 semanas consecutivas no topo dos filmes mais assistidos. Até hoje, se corrigida a inflação, Tubarão ainda possui a sétima maior bilheteria de toda a história do cinema norte-americano.
Tubarão foi também um grande sucesso de crítica, sendo unanimemente elogiado na época do seu lançamento e obtendo quatro indicações ao Oscar, inclusive, na categoria de Melhor Filme. Steven Spielberg, no entanto, não foi indicado na categoria de Melhor Direção, o que na época, o chateou bastante. Atualmente, o filme é considerado um dos maiores clássicos da história e um dos filmes mais importantes da carreira de Spielberg e também da história do cinema.
1 – A Lista de Schindler (1993)
Como dissemos antes, 1993 foi provavelmente o melhor ano da carreira de Steven Spielberg. Isso porque, ele foi responsável por dirigir dois dos mais importantes filmes daquele ano e que também se tornariam dois dos mais importantes filmes de toda a sua carreira como cineasta. Já falamos de Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros e agora vamos falar de A Lista de Schindler, que é provavelmente o mais importante filme de toda a sua bem-sucedida carreira.
Filme mais profundo e “pesado” da carreira de Steven Spielberg até agora, A Lista de Schindler conta a história real do industrial alemão Oskar Schindler, que durante a Segunda Guerra Mundial salvou cerca de 1200 refugiados do Holocausto ao empregá-los em sua fábricas, pagando constantemente propina para oficiais nazistas para que fizessem vista grossa e deixassem seus “funcionários” em paz, o que, aliás, custou toda a sua fortuna.
O diretor sempre foi fascinado pela Segunda Guerra Mundial e também é judeu, por isso, quando o presidente da Universal Pictures na época, Sid Sheinberg, apresentou a ele o livro a “A Arca de Schindler”, do escritor australiano Thomas Keneally, ele ficou imediatamente interessado na história. Ainda em 1983, Sheinberg comprou os direitos sobre o livro e Spielberg prometeu dirigir uma adaptação do livro para o cinema em 10 anos.
Ele, no entanto, achava que não tinha maturidade suficiente para dar conta de uma produção sobre um tema tão sério e pesado e tentou a todo custo achar alguém que aceitasse dirigir o filme. Spielberg ofereceu a direção de A Lista de Schindler para diversos nomes de peso do cinema, como Roman Polanski, Sydney Pollack, Martin Scorsese e Brian De Palma. No fim, ele próprio decidiu dirigir o filme, quando viu o crescimento do negacionismo do Holocausto e de grupos neo-nazistas.
Para dar mais realismo e seriedade a história, o diretor resolveu filmar A Lista de Schindler em locação, em estilo quase documental, com a câmera na mão em diversas cenas e praticamente todo em preto-e-branco. O brilhante trabalho de cinematografia feito pelo diretor de fotografia polonês, Janusz Kamiński fez com que a obra tivesse um estilo totalmente diferente das outras presentes na filmografia do diretor.
Devido a seu orçamento “pequeno” e de seu estilo de produção quase documental e “improvisado”, as filmagens de A Lista de Schindler levaram apenas 72 dias para serem completadas. Incrivelmente, enquanto completava as filmagens da obra na Polônia, Spielberg ainda cuidava a distância da pós-produção de Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros, que estrearia em junho daquele mesmo ano. O resultado não poderia ser melhor e Steven Spielberg conseguiu criar dois dos melhores filmes de 1993.
Lançado em dezembro de 1993, A Lista de Schindler foi um grande sucesso de público e crítica. Produzido a um custo de 22 milhões de dólares, a obra arrecadou cerca de 322 milhões de dólares em bilheterias, se tornando a quarta maior bilheteria de 1993. Resultado incrível para um filme sobre um tema extremamente pesado e deprimente e todo em preto-e-branco, estilo que normalmente é rejeitado pelo público.
O sucesso de crítica foi ainda maior e A Lista de Schindler foi considerado o principal filme lançado naquele ano. Prova disso, é que a obra foi a mais premiada do ano de 1993, vencendo todas as principais categorias do Oscar, do BAFTA e do Globo de Ouro. No Oscar, A Lista de Schindler recebeu 12 indicações e venceu em 7 categorias, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original. Aliás, esse é, até o momento, o último Oscar vencido por John Williams que compôs a brilhante trilha sonora do filme.
Coincidentemente, assim como Spielberg, Williams acreditava que não era “bom o suficiente” para compor a trilha sonora do filme, mas o diretor o convenceu do contrário dizendo que todos os compositores melhores que ele estavam mortos. A trilha sonora composta por John Williams, com o tema principal do filme tocado pelo violinista israelense Itzhak Perlman, é até hoje um dos mais elogiados trabalhos do genial compositor.
Atualmente, A Lista de Schindler é considerado um dos melhores filmes já feitos e um dos melhores retratos do Holocausto já criados pelo cinema. O filme também é frequentemente considerado o melhor já dirigido por Steven Spielberg em sua incrível carreira que já dura mais de cinco décadas. Como dissemos antes, 1993 foi um ano especial para o diretor. Naquele ano ele teve dois filmes entre as 10 maiores bilheterias do ano.
Além disso, se juntarmos as bilheterias de Jurassic Park e A Lista de Schindler, temos uma arrecadação de cerca de 1.2 bilhão de dólares. Imagine o que isso significava há 30 anos atrás. Ademais, os dois filmes juntos, ganharam 10 Oscars em uma mesma edição da premiação. Aliás, naquele ano, A Lista de Schindler e Jurassic Park foram os dois filmes com mais vitórias no Oscar. Inegavelmente, um ano incrível para qualquer cineasta, mesmo para alguém como Steven Spielberg que já está mais do que acostumado ao sucesso.
Conclusão
E aí, gostou da nossa lista? Tentamos escolher entre os mais de 36 longa-metragens dirigidos por Steven Spielberg aqueles que consideramos mais importantes, por sua qualidade, sucesso financeiro e influência no cinema ao longo dos anos. Claro que quando fazemos esse tipo de lista com um diretor que tem uma filmografia tão boa quanto a de Steven Spielberg, somos obrigados a deixar muitos filmes bons de lado.
Nessa lista, por exemplo, deixamos de incluir diversos clássicos e produções de qualidade inegável, como Encurralado (1971), Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984), Império do Sol (1987), Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), Prenda-Me se For Capaz (2002), Munique (2005), Lincoln (2012) e Ponte dos Espiões (2015), por exemplo. Aliás, só essa pequena lista de filmes deixados de fora já mostra o tamanho do talento de Steven Spielberg. Quantos diretores teriam filmes desse nível em sua filmografia e que poderiam ser deixados de fora de uma lista de mais importantes de sua carreira? Pouquíssimos.
Apesar de tudo isso, esperamos que vocês tenham gostado dessa lista e que ela também possa ser útil para, eventualmente, ajudá-los conhecer um pouco mais da carreira desse genial cineasta. E aí, existe algum filme que deixamos de fora e que você incluíria nessa lista? Se sim, não deixe de comentar abaixo. Não esqueça que seu comentário é de suma importância para nós.