Medir o sucesso comercial de um filme nem sempre é tão fácil quanto parece. Principalmente, quando falamos de produções que foram lançadas há décadas atrás. Mais dificil ainda é tentar comparar o tamanho do sucesso comercial de filmes lançados em épocas completamente diferentes. Geralmente, os estúdios e os veículos de imprensa utilizam o tamanho da arrecadação nas bilheterias de um filme para determinar se aquela produção foi um sucesso ou um fracasso de público.

Apesar de esse método ser o mais utilizado, ele também tem algumas falhas. Contudo, vamos focar nele, por enquanto. Se você gosta de ler sobre cinema, você provavelmente já deve ter visto listas de maiores bilheterias do ano (nós mesmo publicamos aqui uma do ano de 2023) ou mesmo lista de maiores bilheterias da história. Apesar de esses serem dados inegavelmente interessantes, eles contêm algumas distorções importantes. Isso porque, essas listas de maiores bilheterias da história tendem a conter apenas filmes recentes, a maioria deles lançados nos últimos dez anos.

Só para se ter uma ideia, a lista atual das 20 maiores bilheterias da história do cinema, contêm 16 filmes lançados na última década. Apenas quatro produções na lista, têm mais de 10 anos de idade. Sendo que o filme mais antigo que aparece na lista, Titanic, foi lançado em 1997, ou seja, há menos de 30 anos atrás. Esses dados dão a impressão de que antes disso o cinema não era capaz de gerar grandes sucesso de bilheterias. Contudo, essa impressão não poderia estar mais incorreta. No entanto, devido a inflação, ao ajuste do preço dos ingressos de cinema e outros fatores, os filmes atuais geram numericamente arrecadações maiores do que os filmes de outrora.

Mas e se considerassemos a inflação das últimas décadas, qual seria a maior bilheteria de toda a história do cinema? Pois é essa pergunta que responderemos a seguir. Se você quer saber a resposta, não saia daí. Fazer esse tipo de listagem não é tão simples e diversos fatores têm que ser considerados e inúmeras explicações têm que ser dadas. Por isso, antes de começarmos a nossa lista, faremos alguns esclarecimentos e apresentaremos alguns conceitos para vocês. Então vamos lá.

O que é inflação e como ela afeta as bilheterias?

A primeira coisa que precisamos saber para entender essa lista, é o que é inflação? Nas ciências econômicas, inflação nada mais é do que um aumento geral nos preços de bens e serviços. Como os preços aumentam, cada unidade monetária acaba por ser capaz de comprar menos bens e serviços. Com isso, a moeda, e consequentemente o consumidor, acabam perdendo poder de compra. Assim, uma quantia que antes era suficiente para comprar um determinado produto, passa a não ser mais capaz de fazê-lo. Dessa forma, de maneira bem simplificada, cada vez que você vai ao mercado, por exemplo, e vê que o preço das coisas aumentaram, você está experimentando na pele os efeitos da inflação.

A inflação pode ter muitas causas, como aumento da demanda, diminiuição da oferta de determinados produtos, falta de infra-estrutura que leva a incapacidade de produção de determinado produto demandado, aumento da emissão de moeda devido a necessidades governamentais e até mesmo a expectativa em relação ao próprio aumento de preços. No nosso caso aqui, o que mais interessa é que a inflação gera aumento no preço dos ingressos de cinema. Assim, o preço de um ingresso que há 20 anos, por exemplo, custava cerca de cinco reais, hoje não sai por menos de 20 reais.

Aumento no preço dos ingressos nas bilheterias e diferenças de mercados

Como dito, uma das principais consequências da inflação para a indústria cinematográfica é justamente o aumento do preço dos ingressos, o que faz com que, naturalmente, filmes mais recentes acabem por terem arrecadações nominais maiores do que filmes mais antigos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o preço médio dos ingressos para cinema nos anos 1970 era de pouco mais de 1,5 dólares. Atualmente, o preço médio do ingressso no pais já passa dos 10,5 dólares. Ou seja, uma variação enorme que, obviamente, influencia diretamente a arrecadação dos filmes.

Isso porque nem estamos indo tão longe assim no tempo. Nos anos 1950, por exemplo, um espectador nos Estados Unidos poderia comprar ingressos para cinema por menos de 50 centavos. Dessa forma, é possível perceber claramente que a lista de maiores bilheterias da história sem correção de inflação é apenas um retrato da atualidade, mas tem pouco valor quando fazemos uma comparação histórica entre os filmes. Para o espectador que vê apenas essa lista pode parecer que filmes mais atuais, como Os Vingadores (2012), por exemplo, foram grandes sucessos de bilheteria. Mas com a correção da inflação fica claro que produções como A Noviça Rebelde, por exemplo, foram sucessos ainda maiores.

James Cameron. Créditos: Disney Plus Brasil.
James Cameron. Único diretor com dois filmes nessa lista. Créditos: Disney Plus Brasil.

Ainda sobre preços dos ingressos, é necessário considerar outros fatores, como os diferentes preços para diferentes formatos, as promoções oferecidas por cadeias de cinema e até mesmo a diferença de preço de um local para o outro. Atualmente, muitos filmes são lançados em diferentes formatos. Além do tradicional 2D, muitas produções também são oferecidas ao público em outros formatos, como o 3D e o IMAX, o que igualmente influencia o preço do ingresso e consequentemente a arrecadação do filme.

Dessa forma, um filme que venda muitos ingressos para sessões em 3D e IMAX, que tem o valor mais alto, pode ter uma arrecadação maior do que um filme que seja distribuído apenas em formato 2D, onde o ingresso tem valor menor, mesmo que ambos as produções vendam um número igual (ou parecido de ingressos). Além disso, muitas redes de cinema costumam oferecer descontos no preço do ingresso para o público infantil. Dessa forma, produções voltadas para esse público podem ter arrecadações menores em comparação a outros filmes voltados para o público adulto que paga o preço inteiro dos ingressos.

Além disso, também temos que considerar fatores demográficos. Em cidades maiores, por exemplo, o preço médio do ingresso tende a ser maior do que em cidades menores e em regiões mais afastadas. Dessa forma, produções com mais apelo ao público cosmopolita e que mora em metrópoles maiores podem ter arrecadações maiores do que outras cujo público-alvo é a população mais rural e de cidades menores.

Como podemos perceber, a ánalise do sucesso ou fracasso comercial de um filme é algo complexo. Talvez a melhor forma de contabilizar o sucesso de uma produção cinematográfica, seria contando apenas o número de ingressos vendidos para cada filme, para assim determinar seu sucesso ou fracasso junto ao público. Contudo, a indústria cinematográfica nos Estados Unidos, principalmente, historicamente sempre foi voltada a contar a arrecadação financeira de um filme e não o número de ingressos vendidos por ele. Assim, para filmes mais antigos nem sequer existem dados confiáveis sobre o número de ingressos vendidos.

Isso ocorre, porque para os estúdios que financiam a produção de filmes, o que importa é, obviamente, o retorno em dinheiro que eles trazem. Assim, não importa tanto se o filme vendeu mil ou 1 milhão de ingressos, mais sim qual o valor arrecadado com essa venda. Por exemplo, se um ingresso custa 1 real, um filme teria que vender 1 milhão de reais para arrecadar 1 milhão de reais em bilheterias. Agora, se um ingresso custa 10 reais, o filme teria que vender apenas 100 mil ingressos para arrecadar esse mesmo valor.

Para o estúdio que investiu dinheiro em um filme, de nada importa que ele tenha vendido muitos ingressos, se isso não significar retorno financeiro para o estúdio. Um caso clássico aqui no Brasil é o do filme Tropa de Elite (2007). A produção foi o filme mais assistido do país no ano de 2007. Contudo, estima-se que das mais de 13 milhões de pessoas que viram o filme, 11 milhões o fizeram através de uma cópia pirata da produção. Com isso, apesar do sucesso comercial da obra, seus distribuidores deixaram de arrecadar milhões de reais em bilheterias, mesmo com o filme tendo sido amplamente visto por uma grande quantidade de espectadores.

Aumento do mercado internacional e mudança nas bilheterias

Outro fator que temos a se considerar ao analisar históricamente o sucesso comercial de produções cinematográficas é a importância crescente do mercado internacional. Nesse texto, estamos dando enfâse ao mercado norte-americano, porque ele é o principal do mundo, quando o tema é cinema. Afinal de contas, queira ou não, é lá (na famosa Hollywood) que ficam os principais estúdios de cinema do mundo. Como dito, atualmente, os filmes produzidos em Hollywood cada vez mais dependem de outros países, além de Estados Unidos e Canadá, para arrecadarem uma boa bilheteria.

John Williams. Foto: Jamie Trueblood.
John Williams. Dois filmes dessa lista contam com trilhas sonoras escritas por ele. Foto: Jamie Trueblood.

Alguns filmes, inclusive, arrecadam mais de 50% de sua bilheteria nesses países. Muitos são, inclusive, salvos do fracasso financeiro devido a arrecadação fora do eixo Estados Unidos-Canadá. Esse fato, aumenta ainda mais o desafio de produzir uma lista de maiores bilheterias da história corrigidas pelo índice de inflação, porque também temos que considerar a inflação desses países e também a conversão de suas moedas para o dólar, que é a moeda normalmente utilizada como parâmetro nessas listas, por ser a moeda mais utilizada internacionalmente.

Interesse dos estúdios em divulgar bilheterias de filmes mais recentes

Também a que se considerar o interesse dos estúdios em promover os filmes atuais. Por isso, como dito acima, históricamente estúdios e distribuidoras sempre divulgaram os valores de arrecadação de cada número. Muitas vezes, dando pouca importância ao número de ingressos vendidos e menos importância ainda a valores corrigidos pela inflação. Isso ocorre por um motivo bem simples, essas empresas obviamente têm interesse em promover filmes atuais, que estão sendo lançados ou já estão em exibição nos cinemas.

Assim, dizer que o filme é um sucesso de bilheteria ou que atraiu milhões de pessoas aos cinemas, ajuda muitas vezes a atrair ainda mais público. É o famoso efeito manada: “Se todo mundo viu, eu também preciso ver”. Dessa forma, promover uma produção cinematográfica como a “maior bilheteria da história” ou a “maior bilheteria do ano” ajuda a vendê-la. Por isso, não interessa aos estúdios e empresas desse setor “promover” filmes que já estão fora de cartaz há 50, 60 ou 70 anos. Já que eles não ganhariam nada com isso.

A mesma falta de interesse também existe, em alguma medida, na imprensa que cobre a indústria do entretenimento. Da mesma forma, no jornalismo, sempre há um incentivo a se falar do novo, do atual, aquilo que eventualmente atraia o interesse do público. O que um veículo ganharia ao dar destaque a bilheteria de um filme lançado há 80 anos atrás? Nada. Provavelmente, muito do seu público leitor pode nem nunca sequer ter ouvido falar daquela produção. Isso, somado ao desafio de se fazer uma lista bem feita sobre o tema, faz com que poucos veículos de imprensa se dediquem a essa árdua tarefa.

Como essa lista de maiores bilheterias foi feita

Agora que já apresentamos os enormes desafios de se compilar uma lista desse tipo, vamos a pergunta que não quer calar: “Como essa lista foi feita?”. Essa lista tem como base outra lista divulgada pelo Guinness World Records, o famoso livro dos recordes, no ano de 2014. A lista do Guinness foi atualizada utilizando o “Índice de Preços ao Consumidor” (IPC) publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), uma instituição financeira que divulga dados financeiros sobre 190 países do mundo todo.

Esse índice foi uniformemente aplicado a todos os filmes da lista original do Guinness World Records, considerando a inflação do ano de 2014, quando a lista foi originalmente publicada, e todos os outros anos até 2022. Portanto, a lista conta com as bilheterias dos filmes corrigidas pela inflação até o ano de 2022. Devido as dificuldades geradas para se compilar uma lista desse tipo, ela não é 100% exata e, aliás, seria impossível que ela fosse.

Dessa forma, dependendo da fonte de informação ou mesmo do veículo que compila a lista, podem haver algumas discordâncias sobre valores de arrecadação de cada filme ou até mesmo sobre qual filme ocupa cada uma das posições nessa lista. Contudo, praticamente todas fontes concordam em relação a sobre qual filme ocupa o topo da lista. Dito isso, se você quer saber quem está em primeiro lugar nessa lista e também quem ocupa as suas outras posições, leia esse texto até o final. Garantimos que valerá a pena. Agora, sem mais delongas, segue abaixo a lista das 10 maiores bilheterias da história do cinema corrigidas pela inflação.

10 – Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força (2015)

Primeiro filme da nova trilogia de Star Wars, O Despertar da Força foi lançado em 2015 e é o segundo filme mais recente da nossa lista. A produção continua a história de O Retorno de Jedi, lançado em 1983, e foi co-escrito, co-produzido e dirigido por J.J. Abrams, sendo o primeiro da saga Star Wars a praticamente não contar com o envolvimento direto de George Lucas, criador e grande mentor da franquia.

A obra, conta com alguns dos principais membros do elenco da trilogia original, como Harrison Ford, Carrie Fisher, Mark Hamill, Anthony Daniels e Peter Mayhew, mas também trás personagens e atores novos, com destaque para Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Lupita Nyong’o, Andy Serkis e Domhnall Gleeson.

O Despertar da Força foi um imenso sucesso de público e critica, sendo o filme da franquia Star Wars mais bem recebido pelo público e pela crítica desde o fim da trilogia original em 1983. Em relação a crítica especializada, o filme foi amplamento elogiado e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 93% no Rotten Tomatoes, o principal agregador de críticas da internet. Taxa essa que só é igualada ou superada pelo primeiro Star Wars, de 1977, e por O Império Contra-Ataca, de 1980.

Trailer de Star Wars – O Despertar da Força (2019).

Considerado bem superior aos filmes da franquia lançados entre 1999 e 2005 e que tinham por objetivo dar conta dos eventos anteriores àqueles ocorridos na trilogia original, O Despertar da Força foi responsável por restaurar o interesse do público nos filmes e produtos da saga Star Wars. Como resultado, a produção fez um grande sucesso nas bilheterias do mundo todo e, principalmente dos Estados Unidos e do Canadá.

Quebrando recorde atrás de recorde, O Despertar da Força arrecadou mais de 2 bilhões de dólares em bilheterias, tendo com folgas a maior arrecadação de 2015. Além disso, ainda na época de seu lançamento, o filme foi responsável pela terceira maior bilheteria da história do cinema. Ainda hoje, sem correção pela inflação, a produção mantêm o quinto lugar na lista de maiores bilheterias da história do cinema e é também a maior bilheteria da história do cinema nos Estados Unidos e Canadá.

Produzido a um custo de 447 milhões de dólares, acredita-se que O Despertar da Força tenha gerado um lucro de quase 800 milhões de dólares para a Walt Disney Pictures, stúdio que distribui o filme. Em valores nominais e sem corrigir a inflação, a produção é a que teve a maior bilheteria da história da franquia Star Wars. Corrigida a inflação, a produção só perde para o filme original de 1977, que iniciou a franquia. Décimo colocado da nossa lista, em valores corrigidos pela inflação de 2016, a bilheteria de O Despertar da Força é de quase 2,5 bilhões de dólares.

Bilheteria original do filme: $2.071 bilhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $2.498 bilhões de dólares

9 – Doutor Jivago (1965)

O nono colocado da nossa lista foi lançado há quase 60 anos atrás. Por isso, é bem possível que muitas pessoas atualmente nem sequer conheçam o filme. Contudo, na época de seu lançamento, Doutor Jivago foi um imenso sucesso de público, batendo recordes de bilheteria no mundo todo, apesar de ter sido banido na União Soviética e em diversos países do bloco soviético, devido a seu enredo que envolvia a Revolução Russa de 1917.

Recebido de forma fria por alguns críticos da época, que consideraram o filme longo demais e trivial em sua abordagem dos eventos históricos que são mostrados no enredo, a produção foi elogiada por suas atuações de primeira linha e também pelo tratamento dado aos temas humanos em seu roteiro. Doutor Jivago recebeu 10 indicações ao Oscar de 1966, o maior número de indicações na edição daquele ano do prêmio, empatado com A Noviça Rebelde, sendo indicado nas principais categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção.

A produção acabou perdendo justamente para A Noviça Rebelde nas principais categorias do Oscar daquele ano. Contudo, o filme ainda levou para casa cinco estatuetas, incluindo as de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original. Atualmente, Doutor Jivago é considerado um clássico do cinema. Em 1998, o American Film Institute colocou a obra na 39ª posição entre os 100 melhores filmes norte-americanos produzidos nos 100 anos de cinema. Já no ano seguinte, o British Film Institute considerou Doutor Jivago o 27º melhor filme britânico da história.

Uma co-produção entre Estados Unidos, Reino Unido e Itália, Doutor Jivago foi produzido pela Metro-Goldwyn-Mayer em parceria com o grande produtor italiano Carlo Ponti. Totalmente falado em inglês, o filme foi quase todo filmado na Espanha, já que, por questões políticas, não poderia ser filmado na Rússia, onde originalmente se passa o seu enredo. Dirigido pelo genial cineasta britânico David Lean, a produção contou com um roteiro escrito pelo talentoso Robert Bolt e baseado no livro de mesmo nome escrito pelo poeta russo Boris Pasternak e lançado em 1957.

Cena final de Doutor Jivago (1965).

O enredo de Doutor Jivago conta uma história de amor que se passa durante a Revolução Russa de 1917 e mostra como essa revolução modificou profundamente a vida do médico e poeta Yuri Zhivago. Estrelado pelo ator egípicio Omar Sharif, o filme conta com um elenco de primeira linha que inclui nomes como Julie Christie, Geraldine Chaplin, Tom Courtenay, Rod Steiger, Alec Guinness e Ralph Richardson.

Por ser uma co-produção internacional, Doutor Jivago fez um imenso sucesso no mundo todo, sendo igualmente bem sucedido comercialmente nos Estados Unidos e na Europa. Ainda na época de seu lançamento, o filme vendeu quase 250 milhões de ingressos no mundo e arrecadou mais de 111 milhões de dólares em bilheterias, se tornando a segunda maior bilheteria do ano de 1965, ficando atrás apenas de A Noviça Rebelde.

Na época de seu lançamento, Doutor Jivago se tornou o filme mais popular da história da Suiça com mais de um milhão de ingressos vendidos na época. A obra também tinha a maior bilheteria da história da Alemanha, com 39 milhões de marcos (moeda do país na época) arrecadados. Até hoje, o filme ainda é o quarto mais visto da história do país, com quase 13 milhões de ingressos vendidos. A produção também é até hoje, o filme mais visto da história na Itália, com quase 23 milhões de ingressos vendidos na época de seu lançamento. Recorde que até hoje não foi superado.

Nos Estados Unidos, Doutor Jivago também foi um imenso sucesso de bilheteria, arrecadando 43 milhões de dólares só no pais. Até os dias atuais, a obra tem, corrigida a inflação, a oitava maior bilheteria da história do cinema norte-americano. Estima-se que se corrigida a inflação, a bilheteria do filme seja de $2,534 bilhões de dólares em valores atuais, o que corresponde a nona maior bilheteria de toda a história do cinema.

Bilheteria original do filme: $111.7 milhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $2.534 bilhões de dólares

8 – Os Dez Mandamentos (1956)

O nosso oitavo colocado é o segundo filme mais antigo da nossa lista e também, provavelmente, o mais bem sucedido filme religioso da história do cinema mundial. Dirigido pelo grande Cecil B. DeMille, Os Dez Mandamentos é um remake, baseado em um filme de mesmo nome dirigido pelo próprio DeMille e lançado em 1923. Na época de sua produção, Os Dez Mandamentos, custou 13 milhões de dólares para ser produzido, se tornando a produção cinematográfica mais cara da história.

O filme teve uma produção gigantesca, que contou com um sem-número de profissionais, incluindo quatro roteiristas, três diretores de arte e cinco figurinistas. A obra foi toda filmada em locação, no Egito, no Monte Sinai e na Península do Sinai e contou com sets gigantescos até mesmo para os padrões atuais. A produção também contava com um elenco de primeira linha, liderado por Charlton Heston, Yul Brynner, Anne Baxter e Edward G. Robinson. Intérpretes que, na época, eram parte do primeiro time de Hollywood.

A obra, baseada no evento bíblico do êxodo, conta a história de Moisés e sua jornada para liberar seu povo e liderá-lo até a terra prometida. Por esse motivo, os principais destaques da produção são Charlton Heston, que interpreta Moisés, e Yul Brynner, que interpreta Rameses II, faraó do Egito e uma espécie de vilão do filme. Devido ao enorme custo de Os Dez Mandamentos, a produção do filme foi capaz de criar cenas icônicas e impactantes que até hoje são lembradas, como aquela em que Moisés abre o mar vermelho.

O investimento, no entanto, valeu a pena e Os Dez Mandamentos foi um enorme sucesso de crítica e público. Considerado um “feito cinematográfico” por alguns críticos de cinema da época, a produção recebeu sete indicações ao Oscar de 1957, levando para casa a estatueta na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Atualmente, o filme é considerado um dos maiores clássicos da história do cinema e um dos melhores épicos já produzidos.

A impressionante cena da abertura do mar vermelho em Os Dez Mandamentos. A cena levou seis meses para ser completada e foi a cena mais difícil a ser criada em toda a história do cinema até aquele momento.

Comercialmente, Os Dez Mandamentos foi um sucesso ainda maior. Ainda durante o seu lançamento inicial, em novembro de 1956, o filme arrecadou quase 123 milhões de dólares em bilheterias, se tornando o maior sucesso comercial daquele ano e também o segundo maior sucesso comercial de toda a década de 1950. Só para se ter uma ideia, em abril de 1957, cerca de seis meses após seu lançamento, Os Dez Mandamentos já havia arrecadado 10 milhões de dólares em apenas 80 salas de cinema, arrecadando cerca de 1 milhão de dólares em bilheterias por semana, com cerca de sete milhões de pessoas tendo pago para assistir ao filme. Números sem precedentes para a época.

Acredita-se que ainda na época de seu lançamento, Os Dez Mandamentos tenha dado um lucro de mais de 18 milhões de dólares para a Paramount Pictures, estúdio que distribui a obra. Só no Criterion Theatre, em Nova York, a produção ficou em exibição por 70 semanas, ou seja, quase seis anos. Arrecadando só lá, quase 3 milhões de dólares em bilheterias. Em 1960, quando a Paramount Pictures parou de distribuir o filme, ele já havia ultrapassado a bilheteria de …E o Vento Levou (1939), nos Estados Unidos. O filme de 1939, no entanto, seria relançado novamente e voltaria ao topo das bilheterias norte-americanas.

Acredita-se que se corrigida a inflação, a bilheteria atual de Os Dez Mandamentos seria de $2,673 bilhões de dólares. O que faz com que o filme tenha a oitava maior bilheteria de toda a história do cinema mundial. Ou seja, um sucesso total e absoluto. Curiosamente, a produção seria a última a ser dirigida por Cecil B. DeMille, que morreria em 1959, aos 77 anos de idade, encerrando uma carreira de quase 60 anos dedicada a sétima arte. Os Dez Mandamentos se tornaria também o filme mais conhecido de DeMille.

Bilheteria original do filme: $122.7 milhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $2.673 bilhões de dólares

7 – E.T. O Extraterrestre (1982)

O sétimo colocado da nossa lista foi durante 11 anos dono da maior bilheteria da história do cinema mundial. O filme também é um dos maiores clássicos e uma das produções mais conhecidas dos anos 1980. Dirigido por Steven Spielberg em uma época em que o cultuado cineasta estava no auge de sua popularidade e sucesso comercial, E.T. O Extraterrestre custou apenas 10 milhões de dólares para ser produzido e ainda em seu lançamento inicial, arrecadou quase 800 milhões de dólares em bilheterias.

Ainda nessa época, a produção bateu inúmeros recordes de bilheteria desde o momento de seu lançamento, se tornando o filme mais visto de 1982 e também superando a bilheteria de Star Wars (1977), para se tornar a maior bilheteria de toda a história do cinema. A obra ficou 16 semanas em primeiro lugar nas bilheterias norte-americanas, um recorde que até hoje, 42 anos depois, ainda não foi superado. Acredita-se que apenas na época de seu lançamento, E.T. O Extraterrestre tenha vendido mais de 120 milhões de ingressos somente nos Estados Unidos, gerando um lucro de cerca de 500 mil dólares por dia para Spielberg que também produziu o filme ao lado de Kathleen Kennedy.

Cena mais famosa de E.T. O Extraterrestre, em que os garotos voam em suas bicicletas ao som da maravilhosa trilha sonora de John Williams.

E.T. O Extraterrestre também foi um imenso sucesso de crítica, sendo indicado a nove Oscars, em 1983, incluindo indicações nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original. Com o tempo, a produção se tornou um clássico e um dos filmes mais influentes de todos os tempos, sendo copiado e constantemente homenageado até os dias atuais. O filme também ajudou a mudar a visão que se tinha dos seres alienígenas que, até então, eram quase sempre retratados de forma negativa no cinema.

Com E.T. O Extraterrestre e sua história de um alienígena bonzinho que é deixado para trás na Terra e acaba sendo encontrado e fazendo amizade com um garotinho, Steven Spielberg fez com que as pessoas passagem a ter simpatia por esses seres, que deixaram de ser apenas criaturas maldosas e invasoras em busca da destruição do nosso planeta. Por tudo isso, não é surpressa que a produção esteja em nossa lista. Atualmente, calcula-se que se corrigida a inflação, a bilheteria de E.T. O Extraterrestre seja de $2,823 bilhões de dólares, o que coloca o filme em sétimo lugar na nossa lista.

Bilheteria original do filme: $792.9 milhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $2.823 bilhões de dólares

6 – A Noviça Rebelde (1965)

Aparentemente, o ano de 1965 foi muito bom para o cinema, comercialmente falando. Isso porque, esse é o único ano a ter dois filmes na lista de maiores bilheterias de todos os tempos, quando corrigida a inflação. Além de Doutor Jivago (1965), sobre o qual já falamos, outro grande sucesso daquele ano, A Noviça Rebelde (1965), também está na nossa lista. Esse último é também o único filme da nossa lista a ser “baseado em fatos reais”.

Apesar de ser um musical, o filme possui elementos de drama histórico, já que se passa durante a Segunda Guerra Mundial e conta a história de Maria von Trapp, que abandona o postulado em um convento de Viena, na Aústria, para se casar com o Capitão Georg von Trapp, oficial do exército austríaco, e cuidar de seus sete filhos. O enredo do filme é baseado em um musical da Brodway de mesmo nome que, por sua vez, é baseado no livro de mémorias A História dos Cantores da Família Trapp, escrito pela própria Maria.

É claro que o filme é uma versão “altamente ficcionalizada” da história real, mas mesmo assim, é possível dizer que A Noviça Rebelde é baseado em fatos reais. O interessante é que a primeira parte do filme é um musical típico daquela época, com cenários coloridos e canções alegres. Contudo, a partir do momento em que o filme começa a retratar a guerra e a tentativa da família von Trapp de fugir dos nazistas, a produção se torna muito mais um drama do que qualquer outra coisa.

Dirigido e produzido pelo cultuado cineasta Robert Wise, A Noviça Rebelde foi estrelado por Julie Andrews e Christopher Plummer e acabou por ser um dos filmes mais famosos da carreira de ambos. Apesar de ser atualmente considerado um clássico do cinema mundial e um dos melhores filmes já produzidos na história, a produção não foi tão bem recebido assim pela crítica especializada na época do seu lançamento, com muitos acusando o filme de ser bobo, superficial, artificial e até imbecilizante.

A famosa cena inicial de A Noviça Rebelde, em que Julie Andrews canta “The Hills Are Alive”.

Apesar disso, a obra foi indicada a 10 Oscars em 1966, sendo o filme com o maior número de indicações, ao lado de Doutor Jivago. A produção acabaria por vencer em cinco categorias, incluindo as mais importantes, de Melhor Filme e Melhor Direção. Apesar da resistência de alguns membros da crítica, A Noviça Rebelde se tornou um sucesso absoluto entre o público comum. O filme agradou tanto que muitas pessoas iam mais de uma vez ao cinema para assistí-lo. O que ajudou a aumentar ainda mais sua bilheteria.

Nos Estados Unidos, A Noviça Rebelde ficou quatro anos e meio em cartaz, um recorde para a época. Acredita-se que só no país, o filme tenha vendido mais 142 milhões de ingressos, o terceiro maior número na história da indústria cinematográfica norte-americana. Calcula-se que no mundo todo, o filme vendeu mais 283 milhões de ingressos. A obra ainda quebrou recordes de bilheteria em 29 países diferentes, sendo sucesso em diversos países da Europa e da Ásia. Ao final de sua passagem pelos cinemas, A Noviça Rebelde havia arrecadado mais de 286 milhões de dólares em bilheterias e se tornado o filme mais visto de 1965.

A Noviça Rebelde foi também a primeira produção cinematográfica da história a arrecadar mais de 100 milhões de dólares em bilheterias e em novembro de 1966, se tornou o filme mais visto da história do cinema, ultrapassando …E o Vento Levou que mantinha a posição há 26 anos. A produção manteve o primeiro lugar no ranking por cinco anos, até 1971. Calcula-se que corrigida a inflação, a bilheteria de A Noviça Rebelde seria equivalente a $2,892 bilhões de dólares em valores atualizados.

Bilheteria original do filme: $286.2 milhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $2.892 bilhões de dólares

5 – Vingadores: Ultimato (2019)

Na quinta posição, temos o filme mais novo da nossa lista. Lançado em 2019, Vingadores: Ultimato foi um enorme êxito comercial. O sucesso de bilheteria era esperado, já que a produção representava a conclusão de um enredo que começou em 2008 e levou praticamente 22 filmes para ser concluído. A produção também era parte do chamado “Universo Cinematográfico Marvel (MCU)”, uma franquia cinematográfica que contava com os heróis mais populares da Marvel Comics e que foi um imenso sucesso de público.

Por tudo isso, Vingadores: Ultimato era uma das produções cinematográficas mais esperadas da história recente do cinema mundial. Por esse motivo, seu sucesso nas bilheterias não surpreendeu ninguém. Produzido a um custo estimado de cerca de 400 milhões de dólares, a produção foi uma das mais caras da história do cinema, tendo sido filmada ao mesmo tempo (ou “back-to-back”) com Vingadores: Guerra Infinita, do qual Ultimato é continuação direta.

Dirigido pelos irmãos Anthony Russo e Joe Russo, o filme conta com um elenco estelar e com a presença de praticamente todos os principais heróis do Universo Cinematográfico Marvel que haviam aparecido nos outros 21 filmes da franquia. Em Ultimato, o grupo de heroís chamado de “Vingadores” tem que fazer um enorme esforço e grandes sacrifícios para finalmente conseguir derrotar o vilão Thanos, que no final do Guerra Infinita havia dizimado metade da população do universo, incluindo inúmeros membros dos Vingadores.

Como em quase todos os filmes do MCU, Ultimado tem cenas de ação espetaculares e efeitos especiais de primeira linha, mas também tenta construir um roteiro que tenha profundidade e que discuta temas importantes. Com isso, os atores do filme têm espaço para grandes atuações e momentos icônicos. O elenco de primeira linha liderado por Robert Downey Jr., conta com inúmeros intérpretes famosos e premiados, como Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Don Cheadle, Paul Rudd, Brie Larson, Karen Gillan, Danai Gurira, Benedict Wong, Jon Favreau, Bradley Cooper, Gwyneth Paltrow e Josh Brolin.

Cena mais famosa de Vingadores: Ultimato, em que o Homem de Ferro derrota o vilão Thanos.

Por tudo isso, Vingadores: Ultimato também foi bem recebido pela crítica especializada e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 94% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet. Comercialmente falando, a produção bateu recorde atrás de recorde desde os primeiros momentos de seu lançamento comercial nos cinemas, em 26 de abril de 2019. Só para se ter uma ideia, Ultimato superou a bilheteria de Guerra Infinita, seu predecessor, em apenas 11 dias de exibição.

A produção arrecadou mais de 1,2 bilhão de dólares apenas em seu final de semana de estreia, tendo a maior estreia de toda a história do cinema e dobrando o valor arrecadado por Guerra Infinita que era o detentor anterior do recorde. Aliás, esse recorde se mantêm intocado até os dias atuais, mais de cinco anos após o lançamento do filme. Ultimado atingiu, como dito, a marca do 1 bilhão de dólares em bilheterias em apenas cinco dias e do 1,5 bilhão de dólares em bilheterias em apenas oito dias. Um recorde que, igualmente, até hoje não foi superado.

Acredita-se que o filme tenha pago todos os seus custos de produção, promoção e lançamento em apenas cinco dias de exibição, o que também é um recorde até os dias atuais e que tenha dado um lucro de quase 900 milhões de dólares para a Walt Disney Studios Motion Pictures, estúdio que distribuiu a obra no mundo todo. Em 4 de maio de 2019, 11 dias após seu lançamento, Ultimato superou a marca dos 2 bilhões de dólares em bilheteria, um recorde que até hoje, igualmente, não foi batido.

Ao final de sua passagem pelos cinemas mundiais, Vingadores: Ultimato (2019) havia arrecadado $2.799 bilhões de dólares em bilheterias e se tornado o dententor da maior bilheteria da história do cinema. Posto que o filme ocuparia até 2021 quando Avatar (2009) foi relançado em alguns países e voltou a ter a maior bilheteria da história. Se corrigida a inflação de 2020, calcula-se que a bilheteria em valores atualizados de Vingadores: Ultimato seja de $3,174 bilhões de dólares em valores atuais, o que faz com que ele detenha a quinta maior bilheteria da história do cinema mundial.

Bilheteria original do filme: $2.799 bilhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $3.174 bilhões de dólares

4 – Guerra nas Estrelas (1977)

O próximo filme da nossa lista é uma obra tão importante e tão conhecida que é até difícil falar sobre ela. Guerra nas Estrelas (ou “Star Wars”, seu nome original) foi lançado em 1977 e se tornou um dos maiores clássicos e um dos filmes mais cultuados de toda a história do cinema. Pode-se dizer que o filme refundou o gênero de ficção científica e das óperas e épicos espaciais e deu origem a uma franquia que mudou não apenas a história do cinema, mas também de basicamente toda a indústria do entretenimento. Guerra nas Estrelas é tão importante, que dificilmente você encontrará alguém que não tenha pelo menos ouvido falar do filme.

Escrito e dirigido por George Lucas, Guerra nas Estrelas conta a história de Luke Skywalker, mostrando a descoberta de suas origens e também seu envolvimento com a Aliança Rebelde, um grupo de rebeldes que tenta destruir o tirânico Império Galático. Estrelado por Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Peter Cushing, Alec Guinness, Anthony Daniels, Kenny Baker, Peter Mayhew, David Prowse e James Earl Jones, a produção apresentou ao mundo o que talvez seja o maior vilão da história do cinema, Darth Vader.

Outros destaques da obra, são a trilha sonora de John Williams, que acabou por ser tornar tão famosa quanto o próprio filme, além de outros conceitos criados para o filme, como o da “Força” e também dos jedis. Por incrível que pareça, durante sua produção, Guerra nas Estrelas enfrentou diversos problemas e acabou custando três milhões a mais do que o esperado, sendo finalizado por um custo de 11 milhões de dólares. Por sua história ambiciosa e por ser uma produção de “baixo orçamento”, quase ninguém acreditou que a obra faria sucesso.

Trailer de Guerra nas Estrelas (1977).

A própria Twentieth Century-Fox, distribuidora do filme, não acreditava em seu sucesso e, por isso, Guerra nas Estrelas inicialmente teve uma distribuição limitada, estreando apenas em alguns poucos cinemas nos Estados Unidos. Contudo, já nas primeiras semanas após a sua estreia, o filme começou a chamar a atenção e atrair o público, o que fez com que o estúdio aumentasse o número de salas em que a produção era exibida.

Apenas seis meses após estrear nos cinemas norte-americanos, Guerra nas Estrelas já havia se tornado a maior bilheteria da história do cinema norte-americano, superando Tubarão (1977). Em 1978, o filme estreou em diversos países do mundo e, com isso, acabou por se tornar a primeira produção cinematográfica a superar a marca de 500 milhões de dólares em bilheterias, se tornado também o filme mais visto da história do cinema mundial. Em sua primeira exibição nos cinemas, Guerra nas Estrelas arrecadou 530 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo. O filme seria relançado diversas vezes, e arrecadaria a impressionante marca de 775 milhões de dólares em bilheterias.

Guerra nas Estrelas se manteve no topo de maiores bilheterias da história até 1983, quando foi superado por E.T. O Extraterrestre (1982). Curiosamente, tanto Tubarão quanto E.T. foram dirigidos por Steven Spielberg, grande amigo de George Lucas e um dos poucos que acreditaram que Guerra nas Estrelas tinha potencial para se tornar um sucesso comercial. Além do sucesso com o público, o filme também fez bastante sucesso com a crítica especializada da época que considerou a produção inteligente, criativa e ambiciosa.

Guerra nas Estrelas acabou recebendo 11 indicações ao Oscar de 1978, incluindo indicações nas categorias de Melhor Filme, Direção, Roteiro Original e Ator Coadjuvante (para Alec Guinness). O filme acabou vencendo em sete categorias, abocanhando praticamente todos as categorias técnicas daquela edição do prêmio. Além disso, a Industrial Light & Magic, que George Lucas fundou para criar os efeitos especiais de Guerra nas Estrelas é até hoje uma das principais empresas de efeitos visuais do mundo, já tendo ganhado o Oscar em 15 ocasiões diferentes.

Calcula-se que se corrigida a inflação, a bilheteria de Guerra nas Estrelas seja de $3.453 bilhões de dólares em valores atualizados, o que fez dela a quarta maior bilheteria de toda a história do cinema mundial. Além disso, todos os filmes da franquia Star Wars já arrecadaram juntos mais de 10 bilhões de dólares em bilheteria. Inclusive, um outro filme da franquia, Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força (2015), é o décimo colocado dessa lista. O que só mostra a força da criação de George Lucas.

Bilheteria original do filme: $775.4 milhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $3.453 bilhões de dólares

3 – Titanic (1997)

Outro filme tão icônico e de sucesso tão estrondoso que fica até difícil falar sobre ele. Incrivelmente, esse é “apenas” um dos dois filmes de James Cameron a estar presente nessa lista. O cineasta que costuma dirigir poucos longa-metragens, quase sempre está a frente de projetos grandiosos e de ambição quase infinita. Incrivelmente também, os dois filmes de Cameron a aparecer aqui, travam uma disputa apertada pelo segundo e terceiro lugares dessa lista.

Algumas fontes, acreditam que Titanic teve a segunda maior bilheteria da história, se corrigida a inflação, e outras crêem que o filme teve a terceira. Como aqui, utilizamos como base,a lista publicada pelo Guinness World Records em 2014 e atualizada para os dias atuais utilizando o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) publicado anualmente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Titanic aparecerá na terceira posição em nossa lista.

Utilizando como pano de fundo o naufrágio do RMS Titanic, navio que era o maior, mais moderno e mais luxuoso navio já construído e que afundou em 15 de abril de 1912, como pano de fundo, Titanic centra seu enredo na história de amor entre dois personagens ficcionais, Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet) e Jack Dawson (Leonardo DiCaprio). Rose uma mulher rica e prestes a se casar com um homem que ela não ama e Jack, um pobretão que só está no navio por um golpe de sorte.

A junção de tragédia e amor entre pessoas muito diferentes, fez de Titanic um sucesso total e absoluto junto ao público. A bilheteria estrondosa do filme fez de DiCaprio e Winslet estrelas globais e faria com que os dois tivessem carreiras muito bem sucedidas em Hollywood. DiCaprio, inclusive, se tornou o principal “galã” do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, sendo alvo de suspiros de quase todas as adolescentes daquela época. O status de galã, pode-se dizer, até mesmo atrapalhou, em certo sentido, a carreira de DiCaprio, que custou a ser respeitado e reconhecido como “ator de verdade” em Hollywood.

A famosa cena de Titanic onde Jack diz ser “o rei do mundo”.

Titanic, começou como uma “desculpa” de James Cameron para mergulhar até os destroços submersos do RMS Titanic. O cineasta então resolveu tentar convencer algum estúdio hollywoodiano a financiar a expedição. A expedição logo se tornou um filme com um orçamento gigantesco, de 200 milhões de dólares, o maior orçamento de um filme em toda a história até aquele momento. O custo era tão alto, que teve que ser financiado por dois estúdios, a Paramount Pictures e a 20th Century Fox. Os dois estúdios chegaram a um acordo em que a Paramount distribuiria o filme no mercado doméstico (Estados Unidos e Canadá) e a Paramount no resto do mundo.

A produção de Titanic foi gigantesca, problemática e estressante. Para criar as grandiosas cenas que envolviam o navio, foram usadas diversas técnicas, desde miniaturas e imagens geradas por computador (CGI) até a construção de sets gigantescos, muitos deles dentro de enormes tanques de água. Além disso, o perfeccionismo e a personalidade difícil de James Cameron, fizeram com as filmagens fossem traumatizantes para alguns atores, como Kate Winslet, por exemplo.

Com o filme já pronto, muitos agreditavam que a produção seria um enorme fracasso de bilheteria. Além do orçamento muito grande, Hollywood vinha de um período em que filmes que se passavam no mar, como Waterworld: O Segredo das Águas (1995) e Velocidade Máxima 2 (1997), haviam sido enormes fracassos de bilheteria. Até o próprio Cameron admitiu que pensava que o filme daria um prejuízo de pelo menos 100 milhões de dólares aos estúdios. “Trabalhamos nos últimos seis meses em Titanic com a certeza absoluta de que o estúdio perderia US$100 milhões. Era uma certeza”, disse ele em uma entrevista.

No entanto, assim que Titanic estreou, o sucesso foi imediato e bem acima do esperado. Já em seu final de semana de estreia, a produção arrecadou quase 30 milhões de dólares em bilheterias e lotou cinemas por todo os Estados Unidos. Depois disso, o filme bateu recorde atrás de recorde. Em 14 de março de 1998, com cerca de três meses em cartaz, a produção ultrapassou Guerra nas Estrelas, se tornando a maior bilheteria de um filme nos Estados Unidos em toda a história. A obra ficaria 15 semanas consecutivas em primeiro lugar nas bilheterias dos Estados Unidos e do Canadá.

Em 1 de outubro de 1998, após cerca de 10 meses em cartaz, o filme havia arrecadado $1.84 bilhões de dólares no mundo todo e se tornado a maior bilheteria de toda a história do cinema, superando Jurassic Park (1993). O filme ficaria 12 anos nessa posição até ser ultrapassado por outro filme de James Cameron, Avatar (2009). Titanic foi também o primeiro filme da história a passar a marca de 1 bilhão de dólares em bilheterias.

O longa-metragem também foi um enorme sucesso de crítica, sendo considerado o principal filme de 1997. No Oscar de 1998, que muito devido a popularidade do filme foi o mais assistido da história, Titanic recebeu indicações em 14 categorias diferentes, vencendo em 11 delas, incluindo as categorias de Melhor Filme, Direção e praticamente todas as categorias técnicas. Com as 11 vitórias, a produção igualou o recorde de Ben-Hur (1959), de maior número de vitórias em uma única edição da premiação mais importante do cinema.

Calcula-se que se corrigida a inflação, a bilheteria de Titanic seja de $3,495 bilhões de dólares em valores atuais, o que faz dela a terceira maior bilheteria da história do cinema mundial e a quinta maior da história do cinema norte-americano. Um feito e tanto para um filme que poderia gerar um prejuízo estimado em 100 milhões de dólares. O sucesso de Titanic, fez com que o filme fosse constantemente copiado e homenageado e se tornasse um ícône da cultura pop mundial.

Bilheteria original do filme: $2.264 bilhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $3.495 bilhões de dólares

2 – Avatar (2009)

Após o enorme sucesso de Titanic, James Cameron passou 12 anos sem dirigir um longa-metragem. Contudo, quando o fez, foi capaz de produzir um filme que desbancaria o sucesso comercial de Titanic, feito que na época, parecia muito difícil de ser alcançado. Avatar se passa em um futuro distante, onde os humanos estão colonizando uma lua chamada Pandora, afim de explorar um mineral extremamente valioso e que só é encontrado lá.

Avatar custou 237 milhões para ser produzido, e fez uso extensivo de imagens geradas por computador (CGI) e técnicas de captura de movimentos. Inúmeras tecnologias foram criadas para a produção do filme e seus efeitos visuais foram extremamente inovadores para o cinema na época, representando um avanço enorme e até mesmo uma mudança significativa na forma como os filmes passaram a ser feitos desde então.

Curiosamente, Cameron escolheu um elenco quase que de desconhecidos para estrelar o filme. Dos membros principais do elenco, apenas Sigourney Weaver já era uma estrela mundial na época do lançamento do filme. Zoe Saldana, Stephen Lang e, principalmente, Michelle Rodriguez já tinham carreiras consolidadas antes de Avatar, mas é inegável que o filme fez com suas carreiras dessem um salto grande. Já o grande protagonista de Avatar, o ator australiano Sam Worthington, realmente deve sua fama mundial ao sucesso da obra.

James Cameron começou a desenvolver o roteiro de Avatar ainda nos anos 1990 e pretendia começar suas filmagens logo após o lançamento de Titanic. Contudo, o cineasta não o fez por não acreditar que havia tecnologia na época para criar os efeitos visuais que ele desejava. Avatar estreou no final de dezembro de 2009, em mais de 14 mil salas de cinema no mundo todo e já em seu final de semana de estreia conseguiu arrecadar a incrível quantia de 77 milhões de dólares em bilheterias.

Apenas 19 dias após seu lançamento, a produção ultrapassou a marca de 1 bilhão de dólares em bilheterias, um recorde para época. Com cerca de quatro semanas de exibição, Avatar se tornou o filme mais visto de 2009. Em 31 de janeiro de 2010, pouco mais de um mês após seu lançamento, a produção alcançou a marca de 2 bilhões de dólares em bilheterias. Ainda no início de 2010, Avatar ultrapassou Titanic, se tornando a maior bilheteria da história do cinema mundial.

Ao final de seu lançamento original, Avatar arrecadaria a quantia de 2,749 bilhões de dólares no mundo todo. O filme, no entanto, seria relançado alguns anos depois, com sua bilheteria alcançando o valor de $2.923 bilhões de dólares. A produção mantêm ainda hoje, 15 anos após seu lançamento, o recorde de maior bilheteria da história do cinema mundial. Marca que o filme chegou a perder em 2019, mas retomou em 2021.

Trailer de Avatar (2009).

Além do sucesso de público, Avatar também foi um sucesso de crítica. Apesar de muitos críticos considerarem seu enredo simplório por ser fortemente baseado na história dos nativos norte-americanos e sua luta contra os colonizadores europeus, os avanços tecnológicos trazidos pelo filme foram extremamente elogiados. Avatar foi indicado em nove categorias no Oscar de 2010, o maior número ao lado de Guerra ao Terror, mas acabou levando apenas três estatuetas para casa, todas elas em categorias técnicas.

A briga entre os dois filmes no Oscar daquele ano foi considerado simbólico da luta entre o cinema independente, representado por Guerra ao Terror que custou apenas 15 milhões para ser produzido, e o cinema comercial, representado por Avatar. No final, os votantes do Oscar escolheram o cinema independente e deram a Guerra ao Terror os principais prêmios da noite.

Curiosamente, a diretora do filme, Kathryn Bigelow, é ex-esposa de Cameron e os dois foram casados durante dois anos, entre 1989 e 1991. Calcula-se que se corrigida a inflação, a bilheteria atualizada de Avatar seja de $3,834 bilhões de dólares, fazendo com que o filme tenha a segunda maior bilheteria de toda a história do cinema mundial.

Bilheteria original do filme: $2.923 bilhões de dólares

Bilheteria corrigida pela inflação: $3.834 bilhões de dólares

1 – … E o Vento Levou (1939)

O primeiro colocado da nossa lista é um filme tão icônico que mesmo 85 anos após seu lançamento, ele ainda é reconhecido pelo nome por muita gente. Seu sucesso comercial foi tão estrondoso, que até hoje, mais de oito décadas depois, não foi superado. É claro que estamos falando de … E o Vento Levou, mistura de épico de guerra com romance, lançado no distante ano de 1939. Estrelado por Vivien Leigh e Clark Gable, nos icônicos papéis de Scarlett O’Hara e Rhett Butler, o filme conta com um elenco de peso, com nomes, como Leslie Howard, Olivia de Havilland e Hattie McDaniel.

O enredo do filme é centrado principalmente na rica e mimada Scarlett O’Hara, que apaixonada por um homem, Ashley Wilkes (Leslie Howard), é obrigado a casar-se com outro, justamente Butler, quando Wilkes se casa com sua prima, Melanie Hamilton (Olivia de Havilland). O pano de fundo da história é o interior do estado americano da Georgia durante a Guerra Civil Americana (1861-1865). O enredo busca mostrar o amadurecimento de O’Hara, que passa de uma jovem que tem tudo nas mãos, para uma mulher que, em meio a guerra, tem que lutar pelo que quer.

A produção de .. E o Vento Levou foi extremamente atribulada e apesar de sua direção ser creditada a Victor Fleming, pelo menos dois outros diretores de renome, George Cukor e Sam Wood, trabalharam dirigindo cenas do filme. O roteiro da obra é creditado a Sidney Howard, mas igualmente, diversos outros roteirista participaram da escrita ou mesmo lapidação do roteiro do filme. Por tudo isso, a maioria dos críticos de cinema, considera que .. E o Vento Levou é na verdade uma obra se seu produtor, David O. Selznick, que foi quem realmente liderou a produção do filme, em todos os aspectos, do inicio ao final.

As filmagens de .. E o Vento Levou foram adiadas por cerca de dois anos e envolveram sets e cenas enormes. A escolha da atriz para interpretar Scarlett O’Hara foi extensa e envolveu a testagem de pelo menos 1400 atrizes diferentes. No final, Vivien Leigh foi a escolhida para interpretar o papel. Sua participação no filme deu a ela um Oscar e fez dela uma das maiores estrelas do cinema na época. Aliás, todo o elenco principal do filme se beneficiou do sucesso de … E o Vento Levou, até mesmo Clark Glable que já era uma grande estrela na época.

Por seu papel no filme, Hattie McDaniel ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, se tornando o primeiro intérprete afro-americano a vencer um Oscar. Aliás, na edição do Oscar daquele ano, .. E o Vento Levou foi indicado em 13 categorias, vencendo em oito, incluindo Melhor Filme (se tornando o primeiro filme em cores a vencer nessa categoria), Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante e Roteiro. Um recorde para a época e que só seria superado em 1958, pelo musical Gigi. A produção foi a primeira conhecida a utilizar a técnica de lançar um filme no final do ano e exibí-lo apenas em sessões limitadas para aumentar a expectativa em torno da obra e aumentar suas chances no Oscar, técnica essa que depois seria conhecida como “Oscar bait”.

Comercialmente, .. E o Vento Levou também foi um imenso sucesso, gerando filas de espera e sendo elogiado e assistido por políticos e personalidades da época. Só para se ter uma ideia, entre sua estreia em dezembro de 1939 e julho de 1940, o filme foi exibido apenas em sessões fechadas com ingressos que haviam sido comprados antecipadamente a preços que chegavam ao dobro do praticado na época e com a Metro-Goldwyn-Mayer, que distribuía a obra, chegando a coletar até 70% de lucro em cada ingresso. Valor muito superior aos 35% que eram coletados normalmente na época.

Cena mais famosa de … E o Vento Levou (1939). O filme ainda é o maior sucesso de bilheterias de toda a história do cinema mundial.

Ao fim de sua primeira passagem pelos cinemas, acredita-se que o só o distribuidor de … E o Vento Levou tenha arrecadado pelo menos 32 milhões de dólares com o filme, o que fez dele o mais assistido da história do cinema até então. A produção seria relançada com sucesso inúmeras outras vezes e calcula-se que a bilheteria total do filme tenha sido de pelo menos 390 milhões de dólares. Entre 1940 e 1966, ou seja, durante 26 anos, .. E o Vento Levou deteve o posto de maior bilheteria da história do cinema, até finalmente ser superado por A Noviça Rebelde. Até hoje, nenhum outro filme, conseguiu ficar tanto tempo assim no topo do ranking de maiores bilheterias do cinema.

Calcula-se que se corrigida a inflação, a bilheteria atualizada de … E o Vento Levou seja de $4,204 bilhões de dólares, fazendo com que o filme tenha, até hoje, a maior bilheteria de toda a história do cinema norte-americano e mundial. Apesar de, atualmente, alguns aspectos da obra serem mal visto, como a forma como a Guerra Civil e os afro-americanos são retratados no filme, … E o Vento Levou ainda é considerado um dos maiores clássicos de toda a história do cinema e um dos melhores filmes já feitos até hoje.

Bilheteria original do filme: $>$390 milhões de dólares (somados os diversos relançamentos do filme)

Bilheteria corrigida pela inflação: $4.204 bilhões de dólares

Conclusão

E aí, gostou do nosso texto. Tentamos construir uma lista que fosse a mais precisa possível das dez maiores bilheterias da história se corrigida a inflação. Tentamos também explicar, mesmo que brevemente, porque esses filmes foram tão bem sucedidos comercialmente. Esse tipo de lista não é tão fácil assim de se fazer. Por isso, se você gostou do nosso texto, não esqueça de deixar um comentário e compartilhá-lo com quem você puder.

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