No século XII a.C., o príncipe Páris de Tróia vai a Esparta em busca de um acordo de paz, porém se enamora da rainha Helena, mulher do rei Menelau. Ao levar Helena de forma clandestina para Tróia, Páris desperta a ira de Menelau, que chama seu irmão Agamêmnon para comandar uma ofensiva contra a cidade.
Agamenon, ávido por poder, enxerga na guerra uma chance de dominar o Mar Egeu. Ele une os reinos gregos sob seu comando e envia Odisseu para persuadir Aquiles, o mais destacado guerreiro grego, a se juntar à campanha.
Ao desembarcar na costa troiana, os gregos triunfam nos primeiros confrontos, impulsionados pela força de Aquiles e seus mirmidões. Aquiles toma Briseida, sacerdotisa e parente da família real troiana, durante a invasão ao templo de Apolo. Um desentendimento entre Aquiles e Agamenon faz com que o guerreiro se retire da batalha. Nesse meio tempo, Heitor, príncipe de Tróia, comanda a defesa com coragem e mata Pátroclo, primo de Aquiles, em meio a um combate. Em vingança, Aquiles volta enfurecido e assassina Heitor em combate.
Príamo, rei de Tróia e pai de Heitor, súplica por seu corpo, e Aquiles, tocado pela súplica, permite uma trégua para a realização dos ritos fúnebres. Com a guerra estagnada, Odisseu sugere o estratagema do cavalo de madeira. Os gregos simulam uma retirada e se infiltram secretamente na Tróia.
Atacam por dentro e arrasam a cidade durante a noite. Briseida mata Agamenon, e Aquiles, ferido pelas flechas de Páris, morre após assegurar a fuga da mulher que ama. Com a queda de Tróia, os sobreviventes fogem por rotas secretas. O filme termina com o funeral de Aquiles, que representa tanto a glória quanto a tragédia da guerra.
Direção de Troia
Wolfgang Petersen é o diretor por trás de Tróia, o mesmo que dirigiu filmes como O Barco – Inferno no Mar, Força Aérea Um, e A Tempestade Perfeita. O estilo de direção de Petersen, consiste em, gêneros de aventura épica, e heroísmo. Além disso, a filmografia do diretor não apresenta nenhum elemento que define sua identidade visual.
Em Tróia, estrutura narrativa tradicional, porém , muito bem trabalhada, com começo-meio-fim bem definidos, mas embaladas com dinamismo moderno, cortes rápidos, trilhas sonoras intensas, e uso de efeitos visuais quando necessário (mas não exagerado). Uma das decisões do diretor para dar vida a essa obra foi focar na cidade de Tróia e retratá-la como uma metrópole fortificada e majestosa, com palácios altos, muralhas maciças e pátios amplos.
Além disso, foi construída uma cidade realista para representar Tróia, por meio de efeitos especiais, com muralhas, portões gigantes, praças internas e templos. Os efeitos foram usados de modo equilibrado com locações reais, evitando que o filme ficasse muito artificial.
Outro elemento muito que ajuda bastante a tornar o filme ainda mais real são os figurinos que não só vestem os personagens, mas também os caracterizam visualmente em um universo épico construído com honra, poder e tragédia.
Sob a direção do aclamado figurinista Bob Ringwood, cada traje possui um significado simbólico: as vestes elegantes e douradas dos troianos remetem a uma civilização sofisticada em decadência, ao passo que as roupas dos aqueus, confeccionadas em couro escuro e com linhas rígidas, evidenciam a brutalidade e o pragmatismo da guerra. Portanto, Wolfgang Petersen conseguiu fazer uma obra não artificial e caricata, como “300”, ou “Deuses do Egito”, mas sim, uma obra convincente e memorável.
Em que foi baseado esse filme
O longa-metragem Tróia (2004), sob direção de Wolfgang Petersen, teve como principal inspiração a Ilíada, a célebre obra épica grega atribuída a Homero. A Ilíada descreve os acontecimentos do último ano da Guerra de Tróia, uma disputa épica entre os gregos e os troianos, causada pelo sequestro da rainha Helena por Páris, príncipe de Tróia.
O diretor Wolfgang Petersen e o roteirista David Benioff (Game of Thrones) escolheram uma perspectiva mais realista e secular, omitindo os deuses e oferecendo justificativas políticas e humanas para os acontecimentos.
Diferenças entre o filme e a obra original
Já falamos sobre a obra que inspirou esse filme, e pesquisando sobre a obra, você perceberá que no livro Ilíada, a guerra de Tróia durou 10 anos. Pensando nisso ,me veio uma dúvida, quais outros elementos do livro foram representados diferente no filme? Aqui estão algumas das principais mudanças no filme com relação à obra original:
deuses não estão mortos: Nos livros, deuses são retratados como figuras físicas que atuam diretamente no desfecho, iniciando ou pondo fim em conflitos. No filme, deuses não se manifestam de nenhuma maneira, permanecem somente no imaginários dos personagens, e muitas vezes são blasfemados.
Agamenon, o odioso: acontece depois da Guerra de Tróia, em um evento narrado em outras obras da mitologia grega, especialmente nas tragédias de Ésquilo (Orestéia) e em partes da Odisseia, de Homero. No livro, sua morte aconteceu no último ato, pelas mãos de Briseis.
Motivo da guerra: A guerra começa com o rapto de Helena, mas envolve honra, vingança, alianças e destino, tudo permeado pela intervenção dos deuses. No filme, a narrativa foca mais em motivos políticos e pessoais, menos em destino ou intervenção divina.
Aquiles o sombrio: No livro, Aquiles é um herói quase divino, temperamental e orgulhoso, movido pela busca da glória eterna, apesar de saber que terá uma morte precoce. O filme destaca principalmente seu conflito interno e seu distanciamento dos demais gregos, porém reduz a complexidade mitológica e a esfera divina que o poema propõe.
Essas foram algumas diferenças entre o filme e o livro, que em geral são bem sutis. Posto isso, podemos concluir que o filme retrata a batalha de Tróia com bastante fidelidade, e de modo mais orgânico possível.
Orçamento e bilheteria de Troia
O orçamento de Tróia está estimado em US$ 175 milhões, mostrando estar na média com relação a filmes com temática de aventura épica, como os lançados naquele mesmo ano, como, “Rei Arthur” e “Alexandre”. Essa adaptação alcançou um sucesso comercial assombroso, arrecadando US$ 497 milhões nas bilheterias mundiais.
Troia foi um dos filmes mais rentáveis de 2004, e se ranquearam os filmes de maior bilheteria, veremos que esse longa-metragem está entre as 10 maiores bilheterias do ano. Troia se aproximou bastante de grandes sucessos daquele ano como “Homem-Aranha 2” e “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”
Tróia foi uma superprodução de grande investimento que teve um bom desempenho globalmente, mas não causou tanto entusiasmo nos Estados Unidos. Mesmo sem alcançar o status de fenômeno cultural como Gladiador, conseguiu assegurar seu lugar como um épico de guerra visualmente impressionante.
Crítica
Com relação ao público, “Tróia” foi muito bem recepcionado, recebendo muitos elogios, principalmente sobre a cenografia. Por exemplo, a equipe de produção do filme decidiu criar um cavalo de madeira em tamanho real, medindo aproximadamente 12 metros de altura e confeccionado com madeira escura, envelhecida e propositalmente rústica, a fim de transmitir uma aparência brutal e intimidadora.
Exposto em Çanakkale, Turquia, isso aconteceu após a première em Berlim (maio de 2004) e uma breve turnê promocional no Japão, a Warner Bros. doou o cavalo para a Turquia. O local fica, de fato, próximo a antiga troia.
O diretor Wolfgang Petersen desejava preservar o tom “histórico e realista”, distanciando a produção da estética mitológica repleta de CGI, que era uma tendência em filmes daquele período, como “O Senhor dos Anéis”.
Todo o trabalho caprichoso por trás dessa obra resultou em uma recepção muito positiva por parte do público. Por exemplo, o filme alcançou 74% de aprovação no Rotten Tomatoes. No Imdb, a adaptação alcançou 7.3/10 estrelas. Essa produção conquista o grande público até os dias de hoje.
Trilha sonora de Tróia
James Horner compôs o álbum de Tróia e, de fato, a identidade musical dessa trilha se mostrou muito bem acinturada a cultura e atmosfera grega. O compositor já produziu álbuns para filmes icônicos como, “O Homem Bicentenário”, “Jumanji”, “O Espetacular Homem-Aranha”, entre muitos outros.
Vale ressaltar que Horner produziu o álbum de Tróia em torno de 2 semanas, antes disso a tarefa estava nas mãos de Gabriel Yared. Possivelmente, o álbum desse filme poderia ser ainda mais envolvente se o músico tivesse trabalhado por mais tempo.
Em geral as faixas tocadas no filme “Troia”, são caracterizadas por A trilha mistura uma orquestra sinfônica tradicional (cordas, metais, percussão pesada) com instrumentos étnicos e vocais tribais, evocando um som que soa antigo, ritualístico e universal. Um exemplo que ilustra bem isso é a música “Achilles Leads the Myrmidons”: Essa faixa acompanha a cena em que Aquiles desembarca com seus guerreiros (os Mirmidões) na praia de Tróia e lidera o ataque fulminante à cidade, logo nos primeiros dias da guerra. As músicas dessa adaptação nos ajudam bastantemente a imergir na trama,
Conclusão
Em última análise, um dos elementos que também tornam essa obra muito marcante são as coreografias. Por exemplo, a luta entre Heitor e Aquiles é cheia de movimentos estéticos e, acima de tudo, bem coordenados. Tróia, dirigido por Wolfgang Petersen, é uma adaptação cinematográfica ousada que apresenta uma versão mais realista e humanizada de um dos fundamentos da mitologia ocidental.
Ao dispensar a intervenção divina e alterar vários acontecimentos da Ilíada, o filme apresenta uma história de guerra e heroísmo adaptada para a perspectiva contemporânea, com mais ênfase na política do que na mitologia e na história do que na poesia. Por fim, espero que essa análise tenha ampliado sua percepção sobre a adaptação cinematográfica de uma das histórias mais épicas da humanidade. Até a próxima!