Invasores de Corpos foi escrito pelo autor norte-americano Jack Finney, sendo publicado, de forma serializada, entre 1954 e 1955 na Revista Collier’s. No livro, uma pequena cidade da Califórnia, nos Estados Unidos, é invadida por sementes vindas do espaço. Essas sementes, cultivadas em plantas em formato de vagem, são capazes de se transformar em duplicatas perfeitas de pessoas. Carregando, inclusive, todos os seus aspectos físicos, memórias e conhecimentos. As duplicadas, no entanto, são incapazes de sentir.
Essas duplicatas, substituem as pessoas reais, assim que elas caem no sono. Sendo que as vítimas humanas desaparecem para sempre. No livro, essas duplicatas são incapazes de se reproduzir sexualmente e morrem depois de cerca de cinco anos. Invadindo um planeta após o outro. Dessa forma, se não forem detidas, elas substituirão todos os seres humanos e destruirão toda a vida na Terra.
No livro, Finney escolheu dar um final feliz a história, com os invasores desistindo de permanecer no planeta Terra, por serem incapazes de lidarem com a resistência dos humanos, particularmente aquela demonstrada pelo protagonista do livro. Assim, eles fogem deixando apenas poucas duplicatas para trás, sendo que essas são rapidamente destruídas pelos seres humanos restantes.
As 4 versões de Invasores de Corpos
4 – Invasores (2007)
Lançado em 2007, Invasores é a última adaptação oficial de Invasores de Corpos. O elenco estelar, encabeçado por Daniel Craig e Nicole Kidman, no entanto, não foi capaz de impedir que o filme se tornasse um enorme fracasso de crítica e público. Se por um lado, o “final feliz” do filme está mais de acordo com o otimismo do final original do livro, Invasores é provavelmente a adaptação que mais se distancia do enredo original de Invasores de Corpos. E, talvez, isso explique seu fracasso.
No filme, ao invés de sementes vindas do espaço que se transformam em duplicadas idênticas das pessoas e depois as eliminam, é uma espécie de vírus vindo do espaço que ameaça a humanidade. E aqui, o ataque não é apenas em uma pequena cidade dos Estados Unidos, mas sim, a nível global. Na história, um ônibus espacial cai na Terra e suas partes se espalham por diversas regiões do planeta.
O que as pessoas não sabem é que o tal ônibus espacial está infectado com uma espécie de fungo alienígena, cujos esporos são capazes de contaminar as pessoas. Assim que elas são contaminadas por esses esporos, elas dormem profundamente e durante esse sono, um vírus toma conta de todo o seu corpo, modificando-as e passando a controlar suas ações. Assim, elas não são mais as mesmas.
Com o tempo, o vírus, que tem sintomas parecidos com os de uma gripe, vai se espalhando pelo planeta e mais gente vai sendo contaminada. A única esperança da raça humana está nas mãos da Dr. Carol Bennell (Nicole Kidman) e de seu filho Oliver, que por ser portador de Encefalomielite Disseminada Aguda, uma doença cerebral, é imune ao vírus. Além de diferenças enormes do enredo em relação a Invasores de Corpos e às outras adaptações do livro, Invasores tem também algumas outras diferenças importantes.
A primeira delas é em relação à abordagem que ele dá a dominação pelos seres de outro planeta. Se nos outros filmes, isso é uma ameaça e algo totalmente ruim, em Invasores a dominação parecer ter também um lado bom. Sem sentimentos, os novos seres humanos (agora dominados pelo vírus) são pacíficos e obedientes. Sendo assim, a sociedade para de ter crimes, guerras e outros confrontos violentos.
Esse lado bom, faz com Bennell fique tentada a se entregar a dominação ao invés de combatê-la e só não o faz porque nesse “novo mundo”, seu filho, que é imune a contaminação, não teria lugar. Então, no final, mais do que simplesmente salvar o mundo, Bennell quer acima de tudo salvar seu filho.
O final de Invasores também é bastante otimista, o que faz dele, nesse sentido, mais fiel a Invasores de Corpos, do que as outras adaptações do livro. Aqui, Dr. Carol Bennell consegue utilizar a imunidade de seu filho para desenvolver uma vacina, que em um ano, destrói completamente o vírus e faz com que a Terra volte ao normal. Sem lembranças do que fizeram (ou viveram) durante o período de contaminação, os contaminados (agora curados) vivem “felizes para sempre”.
Apesar de dirigido pelo conceituado cineasta alemão Oliver Hirschbiegel, Invasores enfrentou diversos problemas durante sua produção, o que seguramente prejudicou sua qualidade. O roteiro de David Kajganich, que depois se consagraria em outras produções de terror, tinha uma abordagem diferente e tentava modernizar o enredo de Invasores de Corpos, criando uma história mais política e também mais atual.
Essa abordagem de Kajganich, apesar de tudo, acabou servindo de base para o que viria a ser o filme. Já o diretor Oliver Hirschbiegel tentou rodar Invasores quase sem o uso de efeitos visuais e com truques de câmera e filmagens em espaços pequenos para tentar maximizar as sensações de claustrofobia, medo e suspense. O cineasta também tentou filmar a maioria das cenas em locação.
O produto final, no entanto, não agradou a Warner Bros. Pictures (estúdio responsável pela distribuição do filme). Tanto a abordagem de Kajganich quanto a de Hirschbiegel foram reprovadas pelo estúdio. Assim, a Warner Bros. contratou os Wachowskis (responsáveis por Matrix) para reescrever partes dos roteiros e ajudar na refilmagem de diversas cenas do filme. Depois de mais de um ano engavetado, o estúdio contratou o diretor James McTeigue para refilmar diversas cenas de Invasores e dar uma nova cara ao longa-metragem.
O custo dessas refilmagens ficou em torno de 10 milhões de dólares. Nem McTeigue e nem os Wachowskis foram creditados oficialmente por seu trabalho no longa-metragem. Quando Invasores foi lançado, ele tinha custado cerca de 80 milhões de dólares para ser produzido. Contudo, nem a presença de Craig e Kidman no elenco foram suficientes para agradar ao público. Dessa forma, o filme arrecadou apenas cerca de 40 milhões de dólares em bilheterias.
A crítica especializada também não gostou da obra. Atualmente, Invasores mantêm uma taxa de aprovação de apenas 20% no Rotten Tomatoes, o principal agregador de críticas especializadas da internet. Sendo essa, a pior taxa de aprovação entre todas as adaptações de Invasores de Corpos. Já na época de seu lançamento, o filme foi “detonado” por críticos importantes, como Roger Ebert, Owen Gleiberman e Manohla Dargis. Invasores é, até hoje, amplamente considerado a pior adaptação oficial do livro de Jack Finney.
3 – Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua (1993)
Lançado em 1993, Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua (1993) é a terceira adaptação para o cinema de Invasores de Corpos. Devido ao seu elenco composto de nomes menos conhecidos e de seu orçamento mais enxuto, é de todas as adaptações, talvez a menos conhecida. Apesar de o título em português possuir o subtítulo “A Invasão Continua”, o filme não é continuação de nenhuma outra adaptação do livro. Sendo que esse subtítulo foi dado, provavelmente, para relacionar esse filme as duas adaptações anteriores e assim atrair público.
Dirigido por Abel Ferrara, cineasta conhecido por seus trabalhos no gênero neo-noir, especialmente em thrillers e filmes exploitation, Os Invasores de Corpos possui uma abordagem um pouco diferente das duas adaptações anteriores do livro. Aqui, a ação se passa em uma base militar, ao invés de se passar em uma cidade. É lá, que a invasão começa. Além disso, os protagonistas não são adultos, mas sim adolescentes, os únicos não substituídos por duplicatas.
O resto do enredo básico do filme, no entanto, se parece bastante com o das outras duas adaptações anteriores do livro. Aqui temos as sementes vindas do espaço, as vagens que se transformam em duplicatas sem emoção de pessoas que são, logo depois, eliminadas e a invasão começando em um local pequeno e, eventualmente, se espalhando pelo mundo.
Em Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua, Steve Malone, um agente do Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, se muda com toda a sua família para uma base militar para investigar os efeitos da atividade militar nos ecossistemas em volta do local. Logo em sua chegada a base, as coisas já estão estranhas e depois vamos descobrir, que a invasão já começou.
Apesar de Malone ser o motivo pelo qual sua família muda para a base, a protagonista do filme é na verdade sua filha adolescente, Marti Malone, interpretada pela atriz britânica Gabrielle Anwar. A medida em que todos os adultos da base vão sendo substituídos por cópias sem emoção, apenas os adolescentes, em alguma medida ignorados pelos adultos, vão restando.
Diferentemente de Invasores (2007), Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua aborda as consequências da invasão de forma muito mais obscura. Não há final feliz para aqueles substituídos pelas cópias e nem para Marti. A conclusão do filme, tem um tom bastante parecido com a conclusão de Vampiros de Almas (1956), primeira adaptação do livro, onde apesar de parecer que os protagonistas, de alguma forma, conseguiram paralisar a invasão, fica claro que ela está longe de terminar ou ser definitivamente derrotada.
Apesar de não contar com um elenco estelar, como Invasores (2007) e Invasores de Corpos (1978), por exemplo. o filme possui um elenco com nomes respeitáveis, como a própria Gabrielle Anwar, Meg Tilly, R. Lee Ermey e Forest Whitaker. Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua estreou no Festival de Cannes de 1993 e na época de seu lançamento agradou muitos críticos famosos, como Roger Ebert, que chegou a dizer que a obra era a melhor adaptação do livro de Jack Finney feita até então.
No Rotten Tomatoes, o filme mantém uma taxa de aprovação de 70%. Apesar do sucesso com a crítica, o filme foi um enorme fracasso de bilheteria. Produzido a um custo aproximado de 13 milhões de dólares, a produção não chegou nem sequer a arrecadar 500 mil dólares nos cinemas dos Estados Unidos. Isso porque, o filme foi lançado em apenas algumas dezenas de salas de cinema do país, já que a produção deveria ter sido lançada em 1992, mas só foi realmente estrear nos cinemas em 1993. Atualmente, a obra tem sido redescoberta pelo público, chegando até mesmo a ser considerada um clássico cult.
2 – Vampiros de Almas (1956)
É agora que as coisas começam a se complicar um pouco. As duas primeiras adaptações do livro de Jack Finney, lançadas respectivamente em 1956 e 1978, são amplamente considerados clássicos do cinema e estão entre os melhores filmes já feitos na história. Portanto, escolher entre os dois é a parte mais difícil da elaboração dessa lista. Dito isso, resolvemos colocar Vampiros de Almas, de 1956, em segundo lugar e Invasores de Corpos, de 1978, em primeiro lugar.
A grande diferença entre os dois filmes talvez seja o fato de que o filme de 1978 tem um elenco melhor, é tecnicamente mais bem feito (o filme de 1956 era um “filme B”), tem um tom mais obscuro e também é um pouco mais “realístico”, principalmente, se levarmos em conta o padrão do cinema atual. Assim, essa adaptação do livro, consegue “segurar a barra” melhor com o público contemporâneo.
Isso não quer dizer que Vampiros de Almas não seja um ótimo filme. Na verdade, como dito antes, ele é considerado um dos melhores filmes de ficção científica já feitos e, inclusive, foi selecionado para ser preservado pelo Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, uma honra reservada apenas àqueles filmes considerados entre os melhores e mais importantes já produzidos pelo cinema daquele país.
O roteiro de Vampiros de Alma segue, de forma geral, a estrutura básica do enredo do livro de Jack Finney. Em uma pequena cidade da Califórnia, chamada Santa Mira, um médico local, o Dr. Miles Bennell (Kevin McCarthy), começa a perceber que diversos moradores alegam que seus entes queridos foram substituídos por cópias exatas, mas sem emoções. A princípio, Bennell pensa serem só casos de Síndrome de Capgras, apenas para descobrir que a cidade foi tomada por invasores de outro planeta.
A lógica da invasão no filme é idêntica a do livro, com plantas que desenvolvem vagens onde as cópias das pessoas são formadas e depois o ser humano original é descartado. Aos poucos, os invasores tomam conta da pequena cidade e partem para dominar as cidades vizinhas. O final de Vampiros de Almas é, contudo, muito mais pessimista do que o do livro. Aliás, o final original do filme, seria ainda mais pessimista. Contudo, a Allied Artists Pictures, estúdio responsável na época pela distribuição da obra, exigiu que mudanças fossem feitas para deixar o filme com um final um pouco mais “feliz”.
Assim, tanto o prólogo quanto o epílogo de Vampiros de Almas foram filmados depois que a etapa de fotografia principal do filme já tinha sido concluída. É nesse prólogo que vemos o Dr. Bennell em uma sala de emergência de um hospital em Los Angeles sendo atendido por um psiquiatra para quem ele conta o que ocorreu em sua pequena cidade. E é no epílogo, que vemos o final um pouco mais feliz que o estúdio tanto queria.
Ao invés de Vampiros de Almas terminar com Bennell gritando desesperado em uma estrada ao ver caminhões carregados de vagens rumando para as maiores cidades da Califórnia, o filme termina com o psiquiatra finalmente acreditando na história de Bennell, solicitando que a polícia local bloqueie todos os acessos a Santa Mira e ligando para o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. Assim, esse final dá a entender que ainda será possível deter os invasores. Enquanto que o final original deixava claro que a luta estava perdida.
O sucesso de Vampiros de Almas é ainda mais impressionante, se levarmos em conta que o filme fez muito com pouco. A produção foi completada a um custo de apenas 400 mil dólares e, por isso, a obra pode ser considerada um “filme B”. Filmado quase todo em locação e nos estúdios da Allied Artists, a fotografia principal da obra levou apenas 23 dias para ser completada.
Dirigido por Don Siegel, que nos anos 1970 ficaria famoso por seu trabalho com Clint Eastwood, o elenco de Vampiros de Almas possuía poucos nomes famosos em seu elenco. O protagonista da obra, Kevin McCarthy, já tinha sido indicado a um Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, em 1951, mas estava longe de ser uma estrela. Já Dana Wynter, a principal coadjuvante do filme, tinha pouca experiência com cinema.
Apesar de tudo isso, Vampiros de Almas foi um enorme sucesso de público, arrecadando cerca de 3 milhões de dólares na época de seu lançamento. Nos anos seguintes, a reputação do filme cresceria e ele se tornaria uma das mais famosas obras de ficção científica produzida nos anos 1950, deixando um legado que influenciaria produções em diversos outros gêneros cinematográficos.
1 – Invasores de Corpos (1978)
Chegamos ao nosso primeiro lugar. Aquela que, em nossa opinião, é a melhor adaptação para o cinema do famoso livro de Jack Finney. Produzido com um orçamento bem superior ao do filme de 1956 e contando com um elenco de primeira linha, Invasores de Corpos conseguiu ir além do que foi Vampiros de Almas. Apesar de ser considerado por muita gente um remake do filme de 1956, a obra é muito mais uma readaptação do livro de Finney, possuindo grandes diferenças em relação a Vampiros de Almas e contando com o final mais obscuro de todas as quatro adaptações oficiais do livro para o cinema.
Uma das diferenças fundamentais desse filme em relação a Vampiros de Almas, é que sua ação se passa em uma das maiores cidades da Califórnia, São Francisco, e não em uma cidadezinha qualquer. Além disso, o início do filme mostra de forma mais detalhada a chegada do primeiro ser alienígena a Terra, algo que não é mostrado nem na adaptação de 1956, nem na 1993, onde o filme já começa com a invasão em progresso.
A estrutura central do enredo é o mesmo do livro e das adaptações de 1956 e 1993, com sementes de outro planeta que se tornam plantas e produzem vagens que geram cópias idênticas, mas sem emoções, das pessoas, que depois de copiadas são descartadas. Assim, aos poucos, essas cópias vão tomando conta da cidade e de seus arredores, até por fim dominarem todo o planeta.
Dirigido pelo premiado cineasta Philip Kaufman, Invasores de Corpos tem o melhor elenco entre todas as adaptações do livro de Jack Finney. Estrelado por Donald Sutherland, o filme conta ainda com as atuações de Brooke Adams, Jeff Goldblum, Veronica Cartwright e Leonard Nimoy, além de aparições especiais de diversos nomes famosos do cinema, incluindo Kevin McCarthy, que protagonizou Vampiros de Almas, e Don Siegel, que dirigiu o filme.
Kaufman tentou dar um ar de “film noir” a obra, contando uma história muito mais pessimista do que aquela que é contada nas outras adaptações do livro. O diretor também criou todos os efeitos especiais do filme de forma prática durante as filmagens. Ele também permitiu e encorajou os atores a improvisarem em algumas cenas, principalmente, nos espaços entre diálogos.
O final do filme, considerado surpreendente por muita gente, teve influência de Don Siegel e Kevin McCarthy, protagonista e diretor do filme de 1956, que descontentes com o “final feliz” daquele filme, sugeriram que Kaufman deve um final mais pessimista a seu filme. O diretor concordou, mas para evitar interferência do estúdio, escondeu isso de quase todo mundo, incluindo os atores do elenco.
O mais interessante do final de Invasores de Corpos está justamente na quebra de expectativa ao mostrar para o espectador que o suposto protagonista do filme, o personagem de Donald Sutherland , não é o último a sobreviver a invasão. Além disso, essa é a única adaptação do livro de Jack Finney, em que fica claro que a invasão foi bem sucedida, que os alienígenas venceram e que o futuro da humanidade está em grande perigo.
Com uma arrecadação de quase 25 milhões de dólares em bilheterias, Invasores de Corpos foi um êxito comercial na época de seu lançamento. Contudo, a crítica na época ficou dividida. Algus críticos importantes, como Pauline Kael, Gene Siskel e Kevin Thomas, elogiaram a produção. Já outros, como Janet Maslin, Roger Ebert e Richard Schickel, não gostaram tanto assim do filme. Apesar disso, o roteiro de Invasores de Corpos recebeu uma indicação ao Writers Guild of America Award, importante premiação entregue pelo sindicato de roteiristas dos Estados Unidos.
Com o tempo, a reputação de Invasores de Corpos foi crescendo e atualmente, o filme é considerado uma obra-prima e uma das melhores e mais importantes obras de ficção científica e terror de toda a história do cinema mundial. Além disso, a produção é tema constante de análises e estudos acadêmicos que tentam interpretar, e ressignificar, seus elementos simbólicos e metafóricos.
Adaptações não oficiais de Invasores de Corpos
Além de ser um dos livros do século XX mais adaptados para o cinema, Invasores de Corpos é também um dos livros cujo enredo é mais copiado, sem que a ligação com o livro seja oficialmente reconhecida pelos responsáveis pela produção do filme. Nesse sentido, separamos dois filmes cujas semelhanças entre seus enredos e o do livro são tão grandes que são praticamente inegáveis. Com muita gente, inclusive, considerando-os como adaptações “não-oficiais” do livro de Jack Finney.
Não os incluímos diretamente na lista, exatamente pelo fato de eles não serem adaptações oficiais do livro. Contudo, vale a pena fazer uma menção honrosa a essas duas produções que utilizam inúmeros elementos presentes na obra de Jack Finney. A seguir falaremos deles.
Prova Final (1998)
Clássico do cinema de terror e ficção científica do final dos anos 1990, Prova Final foi escrito por Kevin Williamson e dirigido por Robert Rodriguez. Williamson ficou famoso pelo estilo único de seus roteiros e por reinventar o subgênero de filme slasher com Pânico (1996). Já Rodriguez se consagrou com seus filmes de terror, a maioria de baixo orçamento e com um estilo tão peculiar que, inclusive, chamaram a atenção de gente como Quentin Tarantino.
Contando com Williamson e Rodriguez a frente do projeto e com um orçamento de cerca de 15 milhões de dólares, Prova Final conseguiu contratar um elenco estelar, encabeçado por atores jovens e bastante famosos na época. Entre os nomes que mais chamam a atenção estão, Jordana Brewster, Clea DuVall, Laura Harris, Josh Hartnett, Elijah Wood, Usher, Salma Hayek, Famke Janssen, Piper Laurie, Christopher McDonald, Robert Patrick e Jon Stewart.
Apesar de ser supostamente um roteiro original escrito por Kevin Williamson e baseado em um história criada por David Wechter e Bruce Kimmel, Prova Final possui diversos elementos bastante similiares a história de Invasores de Corpos. A principal delas é o fato de o filme ser sobre um organismo alienígena que foge de um planeta destruído e vem a Terra, dominando as pessoas uma a uma e transformando-as em versões sem emoções de si próprias.
Além disso, como quase todos os filmes de Williamson, os protagonistas são adolescentes. Uma semelhança bastante evidente entre o filme e Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua (199), terceira adaptação do livro de Jack Finney para o cinema, é justamente o fato de o organismo alienígena dominar primeiro os adultos, que são figuras de autoridade, e assim só restarem os adolescentes para combatê-lo.
Contudo, Prova Final também tem diferenças significativas em relação ao livro de Jack Finney. A primeira e mais importante delas é que aqui não existem cópias das pessoas. São as próprias pessoas que são dominadas por parasitas e se transformam em criaturas de outros planetas. Também não existem plantas, sementes ou mesmo a questão de ter que dormir para se transformar. Basta que o parasita entre em seu corpo e se aloje ali para que você seja dominado. Aqui também, existe um “alienígena chefe” que está por trás da invasão, que é feita de forma coordenada.
Em Invasores de Corpos isso não existe. Em nenhum momento nos é mostrado qual é a primeira criatura que está por trás de tudo e que está agindo de forma coordenada e inteligente para dominar o planete. Em Prova Final, a revelação de quem está por trás de toda a invasão é, inclusive, uma das grandes revelações do filme e só ocorre no final da história. Por último, em Prova Final, as criaturas alienígenas são aquáticas e dependem muito de água para sobreviver, o que acaba por ser sua maior fraqueza.
Entre diferenças e semelhanças, é inegável que Prova Final bebeu, nem que seja um pouco, da fonte de Invasores de Corpos. O mais importante, é que no final, o filme foi um sucesso de bilheteria, arrecadando quatro vezes mais do que custou para ser produzido e se tornando um clássico cult, sendo lembrado até os dias atuais.
Assimilate (2019)
Lançado em 2019, Assimilate é a mais recente e também a produção mais alternativa a utilizar elementos retirados do livro de Jack Finney. Apesar de não ser oficialmente uma adaptação da obra, as semelhanças são tantas que muita gente considera essa uma adaptação “não-oficial” do livro. Diferente de todos os filmes citados até aqui, Assimilate não conta com um nome famoso em sua direção e seu elenco principal é composto principalmente por atores jovens e pouco conhecidos.
A principal semelhança entre Assimilate e o livro de Jack Finney está no elemento principal de seu enredo. Ou seja, cópias que não demonstram emoção e que querem substituir os humanos e dominar o planeta. Aqui, no entanto, não existem plantas, vagens, esporos ou vírus, mas sim insetos, que picam as pessoas e criam cópias delas. Aqui também, as pessoas copiadas não desaparecem simplesmente, mas sim são mortas pelas cópias.
Em Assimilate, assim como em Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua (1993), são os adolescentes quem tem que lutar contra os invasores, já que os adultos são quase todos rapidamente assimilados. O filme também adapta a ação para os dias atuais, com os protagonistas sendo dois adolescentes que sonham em se tornar Youtubers. Aliás, é através do YouTube que eles tentam pedir ajuda ao mundo e é através de lá também que eles descobrem que sua cidade não é a única que está sendo tomada pelos alienígenas.
Assim como no livro, a ação no filme se passa em um pequena cidade “onde nada acontece”. Da mesma forma que em quase todas as adaptações da obra de Jack Finney, o final é pessimista com os protagonistas descobrindo que a invasão é em escala global e que sua cidade é, na verdade, uma das últimas que está sendo invadida. Deixando pouca esperança para que os humanos possam derrotar a ameaça que vem do espaço.
Conclusão
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