O que é Immersive Sim?

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System Shock
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Immersive Sim é mais do que um gênero de videogame. É como os jogos essencialmente deveria ser: JOGOS

Finalmente 2025 chegou e aposto que você já se pegou jogando vários aqueles lançamentos “AAA” super-hypados de R$350,00, com gráficos dignos da geração atual (Ray Trace até nos ossos) e história cinematográfica. Mas ainda assim, algo parece estar faltando na formula.

Você já teve a sensação de que, por trás de tanta beleza visual, a jogabilidade mal sai do básico?

E, para completar, a história “cinematográfica” prometida as vezes acaba não sendo lá grande coisa, deixando a experiência meio morna?

Pois é, cada vez mais surge a impressão de que a indústria dos games está refém de uma espécie de “síndrome do blockbuster”: milhões investidos em gráficos e roteiros que, no fim, podem não entregar a inovação de gameplay que tanto esperamos.

Mas e se eu te dissesse que existe um gênero focado justamente em nos devolver o controle total, numa experiência onde suas escolhas — e não apenas o script — fazem a diferença?

Essa é a premissa dos Immersive Sims, a categoria de jogos que aposta em sistemas vivos, com liberdade e consequências reais, para que cada decisão do jogador deixe sua marca no universo virtual.

Nesta jornada, vamos mergulhar no que torna os Immersive Sims tão fascinantes, trazendo suas origens, características e títulos que ainda insistem em desafiar a fórmula preguiçosa da atual indústria dos videogames.

Se você ainda não conhece, provavelmente se surpreenderá com as mecânicas que podem levar a caminhos inesperados e momentos genuinamente únicos — afinal, jogos são para serem jogados e não deveriam se resumir a gráficos e histórias pré-roteirizadas para te deixar de queixo caído.

Entendo o Conceito

“A menor distância entre dois pontos é uma reta”

Veja bem, construir um jogo que ofereça maneiras distintas de sair do ponto A e chegar ao ponto B é uma tarefa extremamente desafiadora e poucas equipes conseguem.

Imagine abrir um jogo que não te empurra por um único corredor pré-definido, mas sim abre portas (às vezes literalmente) para qualquer caminho que você queira trilhar. E não estamos falando de jogos em mundo aberto apenas.

Seja em um corredor ou em um mapa amplo, em vez de seguir uma rota óbvia com scripts predeterminados, você se vê num ambiente vivo que reage a cada abordagem sua — seja você um mestre do stealth, um hacker audacioso ou um maníaco da explosão sem limites.

Isso é o cerne dos Immersive Sims: “Simulador Imersivo”, em tradução, é um gênero de videogame que aposta na combinação de sistemas orgânicos e liberdade criativa para tornar cada partida uma experiência genuinamente única.

Nesse gênero, o mundo existe para além do jogador. Na verdade, ele respira, se move e evolui com suas decisões.

É como se cada objeto, porta, inteligência artificial e personagem fosse parte de um grande “tecido vivo”, pronto para ir se desdobrando conforme você interage com ele.

Quer exemplo mais incrível do que encontrar múltiplas maneiras de concluir o mesmo objetivo — talvez sabotando um sistema de segurança, subornando um guarda NPC ou até criando um atalho destruindo paredes com explosivos?

Enquanto toneladas de jogos se gabam de ser “mundo aberto” mas restringem suas interações a alguns botões de ação, os Immersive Sims entregam complexidade e profundidade: tudo pode (e deve) ser testado, explorado e, claro, subvertido.

Prey - Usando poderes Typhon é possivel se transformar em pequenos objetos e acessar áreas restritas
Prey – Usando os poderes Typhon é possível se transformar em objetos menores para acessar áreas restritas

Mas o que torna essa fórmula tão envolvente? A resposta está na liberdade de escolher, testar e também nas consequências palpáveis dessas ações, que formam o cerne desses jogos.

Por exemplo: Seu objetivo é acessar uma sala trancada e protegida para obter respostas e desenrolar a história.

Em um jogo tradicional, com eventos pré-determinados, você seguiria uma rota específica, lidaaria ou não com inimigos e acionaria uma interação pré-programada — geralmente apertando um botão e assistindo à sua cinemática.

Teria apenas um único jeito de acessar a sala (ou poucas opções limitadíssimas) e, independentemente de eliminar os inimigos ou passar despercebido, a progressão permanece a mesma.

Já em um Immersive Sim, existem diversas formas de invadir a sala. Seja simplesmente obtendo a chave ou código, hackeando, abrindo a força, explodindo, entrando por dutos de ar, subindo em elevações e saltando por cima do telhado, tuneis subterrâneos, usando poderes especiais, implantes tecnológicos, robôs miniatura e etc. É sempre tudo opcional e a criatividade manda aqui.

E a maneira que você lidaria com os inimigos poderia alterar direta ou indiretamente o rumo da narrativa, gerando diferentes desdobramentos a cada escolha.

Em outras palavras, se você decide superar desafios de forma criativa, não só o cenário pode reagir de forma diferente — como também a história muda (sutil ou drasticamente), sem que um “narrador invisível” dite cada passo.

A Filosofia de Game Design

Objetivamente falando, quais características definem um jogo como Immersive Sim?

Quando falamos de Immersive Sims, estamos nos referindo a um tipo de experiência que vai muito além de “atire em tudo que se mexe” ou “vá até tal lugar e colete algo”.

Esses jogos apostam em mecânicas complexas, liberdade de escolha e mundos interativos para criar a sensação de que, a qualquer momento, algo completamente inesperado pode acontecer — seja por culpa (ou mérito!) do seu jeito de jogar, seja pela forma como o universo virtual reage às suas ações.

Nesse sentido, os Immersive Sims se desprendem daquela ideia de estar em um filme interativo e parte para uma experiência que passa a seção de estar mais no controle.

Liberdade de Escolha – Aqui, não existe apenas um caminho “certo” ou “errado”. Você pode ser o agente furtivo que contorna inimigos pelas sombras, o hacker que desativa sistemas de segurança ou o guerreiro tanka todo mundo e abre portas na base da dinamite.

A grande sacada é que o jogo te dá ferramentas para você expressar sua criatividade, em vez de empurrar “soluções” preguiçosas pré-definidas para problemas triviais ou que sequer existem.

Immersive Sims são sobre expressão pessoal e, se você quiser, pode até improvisar combinações malucas — tipo usar um poder psíquico em conjunto com um item aparentemente inútil para abrir atalhos ou criar armadilhas. E o melhor? Tudo faz sentido dentro das regras do mundo.

O improviso que muitas vezes gera até glitch em jogos comuns, são formas validas de improviso nos Immersive Sims.

Consequências Reais – Na maior parte dos Immersive Sims, cada ato seu deixa um rastro tangível. Quando você derruba um guarda, oculta um corpo ou explode uma parede, o mundo não só registra, mas reage a isso.

NPCs podem mudar de atitude, portas podem ser trancadas (as vezes pra sempre), rotinas de segurança podem ser reforçadas.

Muitas vezes a janela de oportunidade para adquirir um item ou presenciar uma cena é fechada para sempre. Quase sempre somos obrigados a fazer uma escolha.

Immersive Sim

Ganha/Ganha, Perde/Ganha, Perde/Perde: Você pode até ganha uma arma ou item unico, mas um NPC precisa morrer, fechando um arco de missões secundárias e história.

Essa teia de causalidades faz com que você sinta que, de fato, está influenciando o jogo — em vez de simplesmente assistir a um roteiro pronto. Um filme interativo, sensível a spoilers e menos interessante para um replay.

Aliás, você pode assistir a meia dúzia de gameplays de Immersive Sims no Youtube e logo perceberá que cada jogador lidou com os obstáculos e desafios de forma diferente.

Recursos e Possibilidades – Para sustentar toda essa liberdade, os Immersive Sims oferecem um arsenal variado de ferramentas, armas, dispositivos e habilidades.

É como um gigantesco kit de LEGO, onde você escolhe as peças que melhor se encaixam no seu estilo ou na situação específica. E não estamos falando só de armas: pode ser um dispositivo futurista, um poder alienígena, um implante cibernético, um amuleto, um computador que você pode hackear ou até objetos do cenário que se tornam úteis de formas inusitadas.

Armas que não servem apenas para combater, como o canhão de Gloo de Prey, são ferramentas de construção que nos ajudam a acessar lugares inalcançáveis pelo personagem.

O Mundo como Protagonista – Nesses jogos, o cenário não é apenas um pano de fundo bonito — ele vive e respira independentemente de você.

Muitas vezes os personagens mantêm rotinas, eventos são simulada, mesmo que você não esteja olhando, e muitas histórias paralelas se desenrolam sem a sua interferência. Tudo depende das escolhas que você toma para seu gameplay.

É como se cada sala, cada corredor ou ruína abandonada escondesse segredos que contam sua própria narrativa, e cabe a você descobrir até onde explorar. O resultado? Sentimos que habitamos um universo que não gira só em torno do protagonista, mas que continua existindo de forma autônoma, rica e cheia de camadas.

Se for para resumir o conjunto da obra, as principais características de um Immersive Sim podem ser vistas como partes de um quebra-cabeça maior, onde a criação de possibilidades, a responsabilidade pelas consequências e a profundidade do mundo se encaixam para criar uma experiência incrivelmente autêntica.

É quase como se cada partida contasse uma história única, escrita a quatro mãos entre o jogador e o próprio jogo.

A Origem dos Immersive Sims

Agora que você já tem uma noção do que compõe a formula básica de um Immersive Sim, você pode estar se perguntando de onde surgiu.

Bem, quando olhamos para a história dos videogames, não há como negar que ela é marcada por uma sequência de saltos corajosos, quedas dramáticas e, claro, renascimentos que pegam muita gente de surpresa. Com Immersive Sims não é diferente.

Se hoje o gênero está voltando a circular com força, é porque lá atrás alguns gênios ousaram misturar mecânicas, narrativas e possibilidades de uma forma que o mercado de games não via todos os dias.

Da Inovação Crua ao Despertar de Possibilidades

Tudo começou quando estúdios como a Looking Glass Studios (responsável por Ultima Underworld e System Shock) resolveram provar que, sim, era possível criar mundos digitais capazes de oferecer uma liberdade inédita ao jogador.

Immersive Sim - Ultima Underworld - The Stygian Abyss (1992)
Ultima Underworld – The Stygian Abyss (1992)

Enquanto muitos games da época seguiam roteiros e desafios linearíssimos, esses pioneiros trouxeram uma fusão corajosa de RPG, exploração em primeira pessoa e elementos de simulação.

Se hoje achamos meio “normalzinho” poder decidir como abordar inimigos ou usar itens de mil maneiras diferentes, lembre-se de que, lá nos anos 90, isso era algo extremamente ousado.

O estúdio Looking Glass, junto de outros criadores, foi esculpindo o que viria a se tornar a “coluna vertebral” dos Immersive Sims: mecânicas abertas, mundos reativos e um foco quase maníaco em garantir que as ações do jogador tivessem consequência real.

Para muitos, a “pedrada” veio em 1992, com Ultima Underworld, que já apresentava níveis não lineares, interação complexa com objetos e uma atmosfera sombria onde cada canto oferecia algo para a gente investigar.

Immersive Sim - System Shock (1994) - Looking Glass
System Shock (1994) – Looking Glass

Em seguida, jogos como System Shock (1994) e, posteriormente, Thief – The Dark Project (1998) deixaram a marca. Você podia jogar do seu jeito, seja sorrateiro ou partindo para o confronto direto — mas precisava estar preparado para lidar com as repercussões disso.

O “Fim” – O Mercado (Quase) Abandona a Ideia

Por mais inovadores que fossem, os immersive sims enfrentaram desafios gigantes: Grana!

Produzir ambientes cheios de caminhos alternativos e reações personalizadas consumia tempo e dinheiro. O código fonte se torna um monstro grotesco e poucos programadores conseguem lidar com um projeto desse escopo sem terminar com um jogo quebrado após muito tempo de trabalho.

Na década de 2000 a indústria começou a se voltar para outros tipos de experiência, mais fáceis de promover e monetizar — como jogos de tiro lineares ou aventuras focadas apenas em ação sem tanta “bagagem” sistêmica.

Estúdios clássicos fecharam as portas ou foram comprados, e títulos que seguiam a linhagem Immersive Sim passaram a ser vistos como apostas arriscadas, quase nichadas demais para sobreviver a um mercado cada vez mais saturado de “blockbusters” previsíveis.

Se tornava cada vez mais difícil competir com trailers hipnotizantes de jogos como God of War no que diz respeito a atrair atenção e expectativa. Isso sem falar na epidemia de Shooters em primeira pessoa (FPS) como Call of Duty.

Some a isso o fato de que muitos dos projetos de Immersive Sims não explodiam em vendas na mesma proporção dos grandes shooters militares ou dos RPGs mainstream.

A questão era simples: desenvolver Immersive Sims era mais caro e complexo, enquanto a competição por atenção crescia exponencialmente. Isso gerou a ideia de que o gênero, apesar de todo o seu potencial, estava fadado ao ostracismo — uma “espécie em extinção” que só sobreviveria pela paixão de um punhado de fãs dedicados.

O Renascimento – Quando Velhos Sonhos Encontram Novos Tempos

Mas eis que, no início dos anos 2010, algo inesperado aconteceu. Alguns veteranos da indústria, que haviam trabalhado nos jogos pioneiros, uniram forças em estúdios como a Arkane Studios.

E eles tinham a ambição de reviver o espírito dos Immersive Sims, trazendo-o para um público moderno e mais jovem.

Foi assim que títulos como Dishonored (2012) e Prey (2017) chegaram às prateleiras (virtuais ou não), oferecendo aquele “DNA” clássico — múltiplas abordagens, mundos reativos e narrativas que se moldam às suas ações — mas com o polimento visual e tecnológico esperado pelos jogadores de hoje.

Dishonored (2012) - Arkane
Dishonored (2012) – Arkane

Esses lançamentos receberam elogios rasgados da crítica e conquistaram uma legião de fãs que talvez nunca tivesse tido contato com as experiências originais de System Shock ou Deus Ex.

O hype crescente mostrou que, sim, ainda há quem anseie por esse tipo de liberdade nos videogames.

E não para por aí: o gênero começou a infiltrar elementos em outros títulos, mostrando que os Immersive Sims podem aparecer em roupagens bem diferentes — seja numa distopia futurista, num loop temporal maluco ou numa estação espacial repleta de mistérios.

Os Immersive Sims passaram de experiências “cult” para um status de queridinhos da inovação, esfregando na cara da indústria que nem só de gráficos realistas e roteiros previsíveis vive um bom game.

A força desse renascimento se vê no crescente interesse em mesclar mecânicas de simulação, narrativas abertas e a garantia de que cada jogador é, em última instância, o verdadeiro autor da sua própria aventura. Afinal, num mundo saturado por fórmulas repetidas, quem não busca um sopro de originalidade que só um simulador imersivo de alto nível pode entregar?

Immersive Sims Modernos

Se até agora falamos de conceitos e história, nada melhor do que ver na prática como esses princípios ganham vida em títulos recentes.

Exitem muitos títulos modernos, mas separamos apenas três exemplos que, de formas bem distintas, aplicam as filosofias dos Immersive Sims e nos mostram que a inovação ainda respira forte na indústria.

Prey (2017) Imagine acordar em uma estação espacial gigantesca, repleta de mistérios, onde cada módulo pode esconder uma ameaça alienígena (ou uma oportunidade inusitada).

Prey (2017) - Arkane Studios

Prey é praticamente um “playground” de sistemas interconectados: você pode combinar poderes Typhon (os alienígenas de Talos I) com ferramentas humanas, hackear computadores para liberar passagens secretas ou criar rotas completamente novas usando uma arma de espuma solidificadora.

E não se engane: cada ação que você toma — seja salvar um tripulante, abrir caminho na base da força bruta ou manter tudo no mais absoluto stealth — deixa consequências que podem mudar o destino de personagens e afetar, de forma legítima, o rumo da narrativa. A sensação de explorar a Talos I, cheia de recantos sombrios e logs de voz reveladores, é pura adrenalina imersiva.

Deathloop (2021) – Agora, pegue a ideia de liberdade e acrescente um loop temporal, onde cada “reinício” te dá a chance de aprender e refinar táticas, descobrir novas pistas e testar estratégias de forma quase experimental.

Deadhloop (2021) - Arkane Studio

Aliás, lembra quando dissemos que Immersive Sims é sobre expressão e experimentação? Em Deathloop isso é levado a outro nível!

Em Deathloop, você encarna Colt, um assassino que precisa eliminar alvos específicos para quebrar o ciclo infinito que prende a ilha de Blackreef no mesmo dia, repetidas vezes.

Parece simples? Sim, mas prepare-se para eventos que mudam conforme o tempo avança, NPCs que reagem diferentemente a cada abordagem e um ambiente que exige conhecimento quase “científico” dos padrões de segurança e comportamento.

Deathloop é a prova viva de que o “DNA” de Dishonored continua fortíssimo, mas agora ainda mais estilizado, com personagens carismáticos, humor ácido e aquela imprevisibilidade que só um Immersive Sim pode entregar.

Cyberpunk 2077 (2020) – Apesar de muitos encararem Cyberpunk 2077 como um “RPG de mundo aberto” futurista, suas camadas de simulação e liberdade de abordagem fazem com que ele também beba da fonte dos Immersive Sims.

Cyberpunk 2077 (2020) - CD Projekt RED

Night City não é apenas uma megacidade bonita de cartaz, ela se torna um ecossistema vivo onde as escolhas do jogador — seja na hora de hackear, de partir pro tiroteio ou de se infiltrar como um fantasma digital — podem alterar rotinas e desfechos de missões inteiras.

Embora a história principal possa ter lá seus trilhos, há uma infinidade de atividades secundárias e encontros aleatórios onde a sua forma de agir realmente importa. Algumas portas são abertas ou fechadas para sempre. Alguns itens ou armas só podem ser adquiridos perante certas decisões.

O roteiro principal não se altera drasticamente, mas o desenrolar da maioria das missões se molda ao seu estilo, bem como seu ritmo.

Com um arsenal cibernético absurdo, habilidades que podem mudar radicalmente seu estilo de jogo e a possibilidade de interagir com NPCs em variados contextos, Cyberpunk 2077 prova que a filosofia de “jogue do seu jeito” não se limita a um horizonte medieval ou retrofuturista: ela é perfeitamente compatível com neons, implantes robóticos e a promessa (ou ameaça) de um futuro controlado por megacorporações.

No fim das contas, cada um desses jogos exemplifica como elementos típicos da filosofia de design Immersive Sim — liberdade, mundo reativo e peso das consequências — podem se manifestar em universos e contextos radicalmente diferentes, mantendo a essência de que o jogador é o verdadeiro agente de transformação.

Quer você esteja em uma estação espacial isolada, preso num loop temporal insano ou explorando uma metrópole futurista, a certeza é de que suas escolhas esculpirão o desenrolar de cada sessão de jogo e, muitas vezes, o mundo se torna talvez o principal personagem.

Immersive Sims é Nicho?

Não é simples responder a essa questão. Mas uma coisa é certa: assim como na vida, nem todas as pessoas gostam de ter liberdade.

Os Immersive Sims podem ser aplicados a RPG, ação e aventura, stealth e muitos outros gêneros, muitas vezes misturando elementos e apresentando diferentes níveis de profundidade.

Immersive Sim - Hitman

Se for para citar exemplos, podemos incluir jogos da franquia Hitman, Thief, Alien: Isolation, Dishonored, Deus Ex, BioShock, Prey (2017), Dark Messiah, Cyberpunk 2077, Deathloop, S.T.A.L.K.E.R., Zelda: Tears of the Kingdom e vários outros.

Apesar de toda a liberdade criativa e das infinitas possibilidades oferecidas, os Immersive Sims ainda dividem opiniões.

 Immersive Sim - Thief

Enquanto alguns jogadores abraçam com entusiasmo a chance de esmiuçar cada recanto do mapa e testar combinações inusitadas de habilidades, outros podem se sentir sobrecarregados ou até “paralisados” com tanta autonomia.

Então, por que será que esses jogos conquistam uma parcela tão apaixonada da comunidade, mas às vezes passam batido por outra parte dos gamers?

STALKER - Immersive Sim

Veja bem, para quem se encanta facilmente com a ideia de “criar a própria aventura”, os Immersive Sims são praticamente um sonho.

A oportunidade de abordar conflitos de mil maneiras, sentir o mundo reagindo à sua presença e vivenciar narrativas que não parecem pré-programadas gera uma imersão absurda. É uma sensação de que cada escolha sua importa — como se, de fato, você estivesse habitando aquele universo.

Vale pontuar que, para os que buscam rejogabilidade e experimentação, é o paraíso, e cada “new game” pode trazer descobertas novas, rotas alternativas, a chance de fazer melhor e desfechos inéditos.

Por outro lado, é até compreensível que existe a galera que prefere experiências mais lineares ou mecanicamente simples. Similar a assistir a um filme.

Nesses casos, a amplitude de possibilidades dos Immersive Sims pode soar até desconcertante. Afinal, não há um “caminho óbvio” para seguir do ponto A ao ponto B.

 Immersive Sim - System Shock

Muitas vezes o jogo abre tantas portas/possibilidades que, se você não estiver num dia inspirado, pode bater aquela sensação de não saber por onde começar.

Também há quem se frustre por não receber instruções obvias, ou por falhar ao testar estratégias mirabolantes que, na teoria, pareciam brilhantes — mas, na prática, exigem domínio dos sistemas do jogo.

Profundidade vs. Acessibilidade: Muitos Immersive Sims recompensam a persistência. Se você insistir, fuçar nos menus de habilidades, ler notas espalhadas pelo mundo e dedicar um tempo a entender cada mecânica, a experiência se torna gigantesca. É um genero com muito espaço para segredos e easter-eggs.

Porém, isso demanda investimento de tempo e energia, algo que nem todo gamer adulto têm disponível.

Em tempos em que a indústria de videogames muitas vezes se inclina para a gratificação instantânea (com tutoriais rápidos e recompensas constantes), esses títulos podem parecer “difíceis e complicados”, quase como um “gosto adquirido”.

Expectativas do Mercado: Não podemos esquecer que o marketing de um Immersive Sim costuma ser bem mais complicado.

“Quanto mais é oferecido, mais é esperado”

Prometer mundos livres e sistemas detalhados desperta expectativas altíssimas, e qualquer falha ou bug pode virar munição para críticas pesadas. Basta recordarmos do caso de No Man’s Sky (Hello Games) em 2016.

Além disso, esses jogos tendem a exigir orçamentos mais robustos, tempos de desenvolvimento ainda mais extensos e testes incansáveis para garantir que as infinitas variações de jogabilidade não quebrem tudo de forma irreversível.

Nesse cenário, grandes publishers às vezes acabam relutantes em investir — enquanto os fãs, por outro lado, clamam por algo que fuja da mesmice. Já imaginou o quão grandioso seria Hogwarts Legacy 2 se fosse um Immersive Sim?

Para Quem é Esse Gênero?

Bem, no fim das contas, o que atrai muitos jogadores a um Immersive Sim é exatamente o que pode espantar outros: a incrível liberdade criativa e a sensação de que cada passo é uma história em construção.

Se você adora ser desafiado a pensar fora da caixa, esses jogos podem virar facilmente seu gênero predileto. Agora, se a sua praia é seguir uma narrativa fechadinha e não ter que se preocupar com os incontáveis jeitos de resolver um mesmo problema, talvez seja melhor mirar nos AAA lineares da Naughty Dog.

Mas uma coisa é certa: num mercado sedento por fórmulas fáceis, os Immersive Sims são uma necessidade de ar fresco — e, para muitos, justamente o sopro de originalidade que faltava para reacender a empolgação nos videogames.

Obrigado por nos ler até aqui! Se você nunca experimentou um Immersive Sim, escolha um dos jogos mencionados — Prey, Deathloop, Cyberpunk 2077 ou até mesmo o Remake de System Shock — e mergulhe nessa proposta de ter o mundo à sua mercê.

Qualquer duvida ou sugestão, nos deixe um comentário. Até a próxima!

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