Lançamento: | Abril e setembro de 1972 na América do Norte |
Fundador | Ralph Baer |
Atuais donos | Descontinuado |
Países que opera | Descontinuado |
O que oferece | Console de videogame |
O Magnavox Odyssey foi um lançamento pioneiro para a sua época. Afinal, o console trazia uma proposta diferente de entretenimento e diversão. Mesmo que fosse um aparelho com gráficos muito simples, a experiência proporcionada pelo dispositivo era inovadora.
Considerado o primeiro console lançado, o Magnavox Odyssey teve uma história curta, mas marcante no mercado. Por esse motivo, vale a pena conhecer e compreender melhor a trajetória do console. Sendo assim, veja a seguir o que é o Magnavox Odyssey, quando foi criado, quem o desenvolveu e mais.
O que é o Magnavox Odyssey?
O Magnavox Odyssey foi um console de videogame, considerado o primeiro dispositivo do tipo. Esse aparelho tinha uma composição linear, por isso não tinha som e mostrava gráficos simples. Ainda que tenha sido lançado em 1972, o desenvolvimento do aparelho começou no ano de 1966.
Seu criador foi Ralph Baer. Com a ajuda de Will Rusch e Will Harrison, Ralph Baer elaborou sete protótipos do produto até a Magnavox autorizar a produção no ano de 1971.
Na época do seu lançamento, o dispositivo não tinha nem som nem cor. Por esse motivo, a Magnavox oferecia dados, cartões, dinheiro falso e fichas para conquistar o público tradicional. Além disso, a falta de memória no Magnavox Odyssey não permitia que as partidas ficassem salvas. Então, os cartões que acompanham o console ajudavam os usuários a marcarem os pontos e resultados.
Uma característica marcante do console era a overlay. Tratava-se de uma camada protetora para o jogador colocar sobre a tela da TV. Como resultado, a camada ajudava o jogador a visualizar novos gráficos e ambientes na tela. O produto foi descontinuado no ano de 1975.
Quem é o criador do Magnavox Odyssey?
O Magnavox Odyssey é uma criação de Ralph Baer para a empresa Magnavox e Philips. Na época, essas empresas mantinham um acordo de parceria. O dispositivo é considerado o primeiro console caseiro de videogame.
Quando o Magnavox Odyssey foi lançado?
O Magnavox Odyssey foi lançado entre agosto e setembro do ano de 1972 na América do Norte. Com o progressivo sucesso, o dispositivo foi lançado no Reino Unido em 1973, Europa e Japão em 1974 e Brasil em 1982. Como a primeira versão nunca foi lançada no Brasil, a marca Philips optou por vender a nova versão apenas como Odyssey, sem numeração.
Como o Magnavox Odyssey surgiu?
No ano de 1966, Ralph Baer, com a ajuda de Will Harrison e Will Rusch, começou a desenvolver um aparelho capaz de ser acoplado a uma TV. Desse modo, o usuário poderia interagir com conteúdos televisivos. Somente em 1968 que o primeiro protótipo batizado de “brown box” ficou pronto.
Após o dispositivo ficar pronto, o trio passou a oferecê-lo a potenciais compradores. Somente quando a Magnavox se interessou pela ideia que o produto passou a ser fabricado.
Lançado entre agosto e setembro de 1972, o produto vendeu mais de 100.000 unidades em seis meses. Esse número foi considerado positivo, visto que o console custava US$ 100,00 e era relativamente desconhecido.
Como o console funcionava?
O Magnavox Odyssey era um console sem som e cor. Embora o dispositivo tivesse capacidade para evoluir para uma versão com efeitos sonoros, a fabricante jamais trouxe essa função para o Magnavox Odyssey. Não o bastante, o processador disponível era muito simples, o que impedia a criação de ambientes mais complexos.
Por isso, o console possuía overlay, uma camada de plástico para o usuário colocar sobre a tela da televisão. Desse modo, era possível observar cenários, cores e outros efeitos enquanto o gameplay estava ativo.
Além disso, o Magnavox Odyssey oferecia fichas, dinheiro falso, dados e tabelas. Como o console não salvava os dados da partida, esses materiais serviam para marcar pontos e contabilizar resultados.
Por fim, o dispositivo também possuía um rifle, o “shooting gallery”. Esse acessório era conectado ao console e servia para o usuário atirar em alvos na tela.
Overlay
O hardware do Magnavox Odyssey era bastante linear, resultando em jogos sem cor ou som. Por esse motivo, a fabricante disponibilizava o overlay, uma camada de plástico colorido para colocar sobre a tela. Assim, era possível melhorar o aspecto das cores e cenários dos jogos.
Esses filmes plásticos eram fundamentais para construir cenários mais complexos e envolventes. Contudo, os usuários deveriam trocar manualmente as camadas de acordo com o nível e tipo do jogo.
Concepção e desenvolvimento
A princípio, Ralph Baer desenvolveu o protótipo do Magnavox Odyssey com o objetivo de criar simuladores de treinamento para uso militar. No entanto, Ralph percebeu o potencial da sua criação para o setor de entretenimento. Após apresentar a ideia a diversas empresas, a Magnavox aceitou fabricar o console para TV em maior escala.
Vendas, impacto mercadológico e disputas judiciais
O Magnavox Odyssey parou de ser fabricado no ano de 1975 após vender 330.000 unidades. Na época, essas vendas eram consideradas positivas, já que o produto tinha um valor elevado e não era tão popular. Ainda assim, o console ajudou a definir o setor de jogos nos anos seguintes.
Porém, a Magnavox enfrentou um longo período de disputas judiciais. Tudo porque a Atari desenvolveu um produto muito semelhante ao Magnavox Odyssey. Como resultado, a Magnavox processou essa e outras empresas, recebendo ao longo de duas décadas mais de US$ 100 milhões como indenização por causa de plágio de patentes.
Além da Atari, as empresas Electronic Arts, Midway e Williams receberam acusações de plágio de patentes. No ano de 1977, um juiz declarou que as patentes do Magnavox Odyssey eram únicas e a acusação de plágio era legítima. A solução foi as empresas entrarem em acordos amigáveis para estabelecer o pagamento de indenizações.
Informações equivocadas e limitações do console
O Magnavox Odyssey acompanhava um manual de instruções cujo entendimento era complicado. Além de termos mais técnicos para o público leigo, o manual autorizava o recorte dos overlays se as camadas não fossem do mesmo tamanho da tela do televisor. No entanto, essa instrução causou reclamações, pois o corte danificava as overlays.
Além disso, uma desinformação passou a circular, já que muitos consumidores acreditavam que o Magnavox Odyssey só era funcional em uma TV Magnavox. Na época, uma televisão da marca era considerada cara para muitas pessoas. Como resultado desse equívoco, o console perdeu muitas vendas.
O Magnavox Odyssey podia ser conectado à tomada por meio de uma fonte vendida separadamente ou por seis pilhas. Além disso, para ativar ou desligar o aparelho era necessário colocar um cartucho de jogo e removê-lo, respectivamente. Ademais, o jogador precisava trocar os overlay de acordo com o jogo ou ação dentro do game.
Continuação
Apesar do seu encerramento em 1975, o Magnavox Odyssey ganhou continuações. O Magnavox Odyssey 2 foi lançado em 1978 e já contava com processador próprio. Como resultado, a nova versão era mais rápida que a antecessora e rodava jogos mais complexos. Essa versão foi um sucesso, comercializando mais de 2 milhões de aparelhos até 1984.
O novo console foi sucesso no Brasil, sendo renomeado para Philips Odyssey. Provas desse sucesso foram as competições nacionais de jogos dedicadas ao console e as traduções de alguns jogos, como o Pick Axe Pete.
Atualizações
Ao longo dos anos 70, o Magnavox Odyssey ganhou novas atualizações e versões. O console possui ao todo 11 versões com diferenças marcantes entre elas. Além do design, as versões do Magnavox Odyssey possuíam jogos coloridos, chips modernizados, jogos com diversas versões e capacidade para 2 a 4 jogadores.
Estrutura dos jogos
Para jogar o Magnavox Odyssey, o usuário deveria usar um game card. Esse cartucho guardava os dados que seriam decodificados pelo aparelho e transformados nos jogos. Enquanto alguns jogos só precisavam de um cartucho, outros chegavam a precisar de 10 cartuchos para funcionar, como o jogo Shooting Gallery.
A Magnavox lançou 33 jogos para o Magnavox Odyssey. Em linhas gerais, os games tinham foco em partidas 1 versus 1 e jogos esportivos. Nesse período ainda não existia uma inteligência artificial para o usuário disputar contra a máquina.
Quanto aos jogos, eles tinham nomes genéricos e resumiam o tema da história. Por exemplo, o jogo “Soccer” era um jogo com temática de futebol. Alguns jogos tinham tanto título quanto narrativa mais elaborada, como o “Haunted house”, incentivando o jogador a explorar uma mansão assombrada.
Jogos do Magnavox Odyssey
Embora não tenha durado tanto quanto outros consoles, o Magnavox Odyssey existiu tempo suficiente para construir um grande catálogo. São mais de 30 jogos dos mais variados temas. Sendo assim, veja a seguir alguns dos títulos mais conhecidos.
– Air-sea war/ Battle
O Air-sea war e o Battle são dois jogos que a Magnavox lançou em um único cartucho. Em Air-sea War, o jogador controla um avião que deve disparar misseis sobre um navio. Por sua vez, um segundo jogador deve desviar dos disparos e contra-atacar com mísseis.
Ambos os jogadores podem controlar a direção dos disparos depois de lançá-los. Sempre que acertar o alvo, o jogador ganha um ponto. Caso atinja um barco neutro na tela, o jogador perderá uma pontuação. Quem tiver mais pontos ao final da contagem de 3 minutos ganha a partida. Os jogadores também recebiam um tabuleiro com cartucho e peões.
Já o Battle dá ao jogador o controle de um tanque. Dentro de 3 minutos, os jogadores devem acertar o maior número de disparos no adversário. Caso atinjam uma mina, os jogadores perdem pontos. É possível mudar a configuração para escolher o layout, guia de projéteis ou presença de minas.
– Cosmic Conflict
O Cosmic Conflict transporta dois jogadores para um cenário de ação de tiro. No jogo, um jogador assume o comando de uma espaçonave que patrulha uma parte da galáxia. Porém, deve se defender o perímetro contra uma raça alienígena que deseja controlar a terra.
– Dynasty!
O Dinasty! É um game de estratégia bastante parecido com o Reversi. Trata-se de um tabuleiro onde os jogadores revezam para colocar discos pelo tabuleiro. Ganha quem tiver mais discos espalhados pelo espaço disponível do tabuleiro.
Além de jogar contra outro jogador, havia possibilidade disputar partidas contra o computador. Outra característica é uma vantagem de tempo para os jogadores novatos terem mais chances contra jogadores experientes.
– K.C.’s Krazy Chase!
Trata-se de um jogo de labirinto bastante semelhante ao jogo Pac-Man. O jogador controla um personagem que deve comer alguns alimentos espalhados por um labirinto enquanto é caçado por monstros. É uma continuação do jogo K.C. Munchkin.
A Atari iniciou uma acusação de plágio contra a empresa Philips. De fato, existem muitas semelhanças tanto na estrutura quanto narrativa dos jogos, além do personagem principal. Em resposta, a Philips criou um antagonista no jogo semelhante ao adversário Centipede de Pac-Man.
O jogo foi um grande sucesso no Brasil, recebendo o nome de “Come-come”. A sua popularidade era grande, visto que até mesmo pessoas que não jogavam conheciam o jogo.
– Killer Bees
O Killer Bees é um jogo de ação com temática de ficção científica. No jogo, um grupo de invasores alienígenas atacam a terra com o objetivo de governá-la. Para impedir a invasão, o jogador deve controlar abelhas treinadas para lidar com ameaças terroristas.
Killer Bees possui um ritmo frenético em comparação aos outros jogos do Magnavox Odyssey. Um dos grandes diferenciais é que o jogador pode mover o personagem por toda a tela, não ficando restrito a um labirinto.
Os objetos aumentam a sua velocidade de forma gradual, algo não visível inicialmente. No entanto, o jogador deve mostrar a sua destreza e rapidez para capturar os monstros. O jogo possui alguns códigos secretos, algo desaprovado pela empresa, mas mantido pelos seus desenvolvedores.
– Pick Axe Pete
Em Pick Axe Pete, o jogador controla um mineiro dentro de uma mina com diversos níveis. O personagem possui uma picareta poderosa, mas o usuário só terá 1 minuto para esmagar a maior quantidade de pedras antes que a picareta se desfaça.
Pete pode pular ou se abaixar quando as pedras avançam sobre ele. Despencar para um nível mais baixo não significa morrer se não for atingido por uma avalanche em seguida. Algumas pedras podem colidir entre si e revelar itens que ajudarão Pete, como uma nova picareta, ou levá-lo ao novo nível.
Quando o personagem passa para o próximo nível, um espaço aleatório da tela some. Logo, quanto mais avançado o personagem tiver, mais espaço aberto terá para cair pedras sobre ele. Alguns itens podem elevar o poder de Pete, exigindo apenas paciência para conseguir a chave do próximo nível.
O jogo é perfeito para quem adora ação frenética e contínua. Além disso, Pick Axe Pete exige atenção e destreza do jogador, já que as pedras nunca param de cair. Apesar da tensão, é um jogo bastante divertido.
– Quest for the Rings
Lançado em 1981, o Quest for the rings é considerado o primeiro game de console a possuir fichas e mapas. Com forte inspiração no RPG Dungeons & Dragons e Senhor dos anéis, o jogo possui diversas classes. Um jogador assume a posição de Ringmaster, o antagonista do jogo.
O jogador pode escolher entre a classe de mago capaz de paralisar a maioria dos monstros com feitiços, guerreiro com uma espada, fantasma para atravessar paredes e o mutante com a habilidade de ficar invisível. Essa é, sem dúvida, a maior referência ao Tolkien, embora o personagem do jogo use uma capa e não um anel para acessar a habilidade.
Infelizmente, o jogo possui uma limitação que não permite explorar toda a sua narrativa no console. Porém, o Quest of the rings oferecia um manual de luxo com o enredo do jogo. Assim, o jogador conheceria toda a história sobre os 10 anéis desaparecidos e a importância de juntá-los.
Ao longo do jogo, o usuário passa por diferentes ambientes, cada um com um nível diferente de dificuldade. Por exemplo, as masmorras não possuem tantos obstáculos e são ambientações mais simples. No inferno, as paredes são feitas de lava e se o personagem tocar nelas ele morre imediatamente. Já as paredes moventes continuam a se mover e podem aprisionar os personagens. Por fim, as cavernas de cristal são invisíveis e podem atrapalhar a locomoção dos indivíduos.
O jogador tem um mapa físico para saber a sua posição e quais áreas ele pode explorar. A posição dos anéis é determinada pelo Ringmaster, atuando como o vilão do jogo enquanto outros dois jogadores são os heróis. O ringmaster tinha uma presença mais ativa nas partidas e poderia até controlar um dos jogadores para atacar o outro.
– Space Monster
O Space Monster transporta o jogador para uma aventura de ação de tiro fixo. No jogo, o usuário controla um robô com um canhão para destruir robôs inimigos. Para tanto, ele deve atirar em cada invasor enquanto desvia dos contra-ataques dos monstros.
Os alienígenas possuem um escudo que muda de lugar com frequência, aumentando a vulnerabilidade dos monstros. Caso o jogador tenha o seu canhão atingido, ele ficará sem armamento e deverá recuar para a linha de defesa. Além disso, é possível que o jogador recupere o canhão abrindo mão de um escudo. Quem conquistar dez partidas é considerado vitorioso.
Ainda que o Space Monster tenha uma proposta simples, o jogador terá dificuldades para superar os oito adversários. Ou seja, o player terá a garantia de diversão com um jogo desafiador e bastante envolvente.
– Speedway/Spin-out/Cryptologic
Trata-se de um único cartucho com três jogos diferentes. Conhecidos como Speedway, Spin Out e Cryptologic, os jogos possuem temáticas diferenciadas, assim como a sua jogabilidade.
O Speedway é um jogo de corrida onde o jogador deve conduzir um carro em uma estrada. A posição do volante determina a direção do carro e se o veículo acelera ou diminui a velocidade. O usuário deve dirigir pelo máximo de tempo sem bater, pois existem obstáculos e outros carros na estrada.
Já o Spin Out coloca dois jogadores disputando uma corrida. Quem for atingido por outro carro ou bater nas laterais da pista perderá pontos e ficará para trás. A velocidade determinará o campeão e quem completar 15 voltas em menos tempo ganha.
Por sua vez, o Cryptologic desafia dois jogadores a decifrarem mensagens entre si. No jogo, um player deve escrever uma mensagem com no máximo 14 caracteres. Após embaralhar a mensagem, o outro jogador deve escrever qual é o texto. Ao digitar uma letra errada, o jogador que recebeu a mensagem criptografada perde pontos.
Considerações finais sobre o Magnavox Odyssey
O Magnavox Odyssey pode não ter tanta popularidade ou ter tido uma fama duradoura quanto outros consoles. No entanto, é por causa desse aparelho que muitos outros aparelhos puderam surgir. Afinal, a proposta inusitada do dispositivo o colocou como uma referência de console para outras empresas de jogos.
Apesar de o aparelho não estar mais em fabricação, os jogadores ainda podem acessar seus jogos por meio de emuladores online. Embora sejam simples, são títulos que valem a pena conhecer e se divertir com amigos ou até sozinho.