Não Olhe Para Cima
Não Olhe Para Cima

Não Olhe Para Cima é uma comédia escrita e dirigida pelo ganhador do Oscar Adam McKay (“A Grande Aposta” – 2016), e produzida pela Hyperobject Industries em parceria com a Bluegrass Films.

Inicialmente o longa seria distribuído pela Paramount Pictures, mas a Netflix acabou adquirindo os direitos em fevereiro de 2020, com um lançamento limitado nos cinemas em 10 de dezembro de 2021, antes de chegar ao streaming no dia 24 de dezembro.

Não Olhem Para Cima faz uma excelente mistura entre catástrofe, ficção científica e sátira social, para flertar com personagens conhecidos da política dos EUA e de outros países, além de fazer uma crítica à mídia e ao comportamento da sociedade atual.

Questões importantes envolvendo as decisões do governo diante da pandemia da Covid-19, além da falta de empenho com as medidas para amenizar os efeitos da crise climática, também são temas que norteiam a trama.

Além disso, o enredo aponta diretamente para os pólos da sociedade americana moderna, como negacionistas, sexistas, alienados, militares brucutus e até mesmo os supostos visionários tech (do tipo “Elon Musk”).

De maneira divertida, o longa mostra o ridículo em se ter as evidências comprovadas de um problema (com o meteoro representando a situação climática), mas fingir não enxergá-lo para manter os padrões econômicos e sociais intactos.

Apesar de caricatos, vários momentos do filme refletem a situação atual que vivemos, com verdades sendo omitidas pelos governos, o fenômeno das fake news, as falácias científicas sem comprovação e a mídia controlando a opinião pública.

Não Olhe Para Cima aborda a história de dois astrônomos desconhecidos da Universidade de Michigan, a doutoranda Kate Dibiasky e o Dr. Randall Mindy, que descobrem um cometa de proporções bíblicas em rota direta de colisão com a Terra.

Não Olhe Para Cima
Imagem: Não Olhe Para Cima/ Reprodução

Quando os cientistas tentam avisar a presidente dos EUA e a imprensa mundial, que o asteroide tem o potencial para destruir a vida por completo no planeta, são recebidos com descrença e descaso por todos.

É quando a situação se torna cada vez mais desesperadora, e todo esse caos consegue ser contado de uma forma surreal e possível ao mesmo tempo, em uma mistura agonizante de humor com drama psicológico.

O título do longa, Não Olhe Para Cima, é uma analogia, pois se ninguém olhar para o cometa, é como se ele nem estivesse ali, ou como diz o velho ditado, a ignorância pode ser uma dádiva.

Se damos risada é porque a situação é engraçada, mas também é engraçado o fato de sabermos que esse é o mundo em que vivemos e que muitas pessoas pensam dessa forma, escolhendo muitas vezes não ligar.

Não Olhe para Cima se consagra como um dos maiores lançamentos do ano em uma das maiores plataformas de streaming da atualidade, que bateu o recorde de público em uma semana.

O longa não se destaca só pela qualidade do elenco, direção e efeitos visuais, mas também por cumprir sua tarefa de trazer um tipo de humor escrachado, com uma mensagem bastante ácida nas entrelinhas.

É fácil notar como o trabalho de Adam McKay vêm se aprimorando e se destacando, não apenas na comédia de sátira (que por sinal é o seu gênero de origem) mas também no cinema de prestígio progressista hollywoodiano.

A grande concentração de astros e estrelas presentes em Não Olhe Para Cima é a prova mais clara disso, em um filme que foi projetado para servir como um grande desencargo de consciência de toda a classe artística californiana.

O elenco conta com Jennifer Lawrence como Kate Dibiasky, Leonardo DiCaprio como Dr. Randall Mindy, Cate Blanchett como Brie Evantee, Rob Morgan como Dr. Clayton “Teddy” Oglethorpe, Meryl Streep como Presidente Janie Orlean, Jonah Hill como Jason Orlean e Mark Rylance como Peter Isherwell.

Não Olhe Para Cima ainda tem as participações especiais de Tyler Perry como Jack Bremmer, Melanie Lynskey como June, Ron Perlman como Coronel Ben Drask, Timothée Chalamet como Quentin e Ariana Grande como Riley Bina.

As comparações de “Não Olhe Para Cima” com o cenário político brasileiro

Em um período marcado pela pandemia de coronavírus, o longa se popularizou por abordar temas como o negacionismo, ao mostrar cientistas encarando uma ameaça com potencial para destruir o planeta, enquanto o governo age como se nada estivesse acontecendo.

Nas redes sociais brasileiras, o público traçou um paralelo entre o roteiro e a gestão do governo federal no combate à Covid-19, e por conta disso, Não Olhe Para Cima chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter durante a semana de lançamento.

Não Olhe Para Cima
Imagem: Não Olhe Para Cima/ Reprodução

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A Presidente Janie Orlean foi comparada com Jair Bolsonaro, e Jason Orlean com um de seus filhos, Carlos Bolsonaro, devido à posição assumida por eles desde os primeiros casos da doença no Brasil.

Uma das cenas do filme também foi comparada nas redes sociais, à uma situação que aconteceu no final do ano passado, onde Natalia Pasternak (fundadora e presidente do IQC) criticou uma reportagem da TV Cultura que pedia para a população encarar a pandemia com “leveza”.

Ao saber das comparações, Pasternak marcou Adam Mckay e Leonardo DiCaprio no Twitter, na publicação de um vídeo legendado em inglês, feito para agradecer o filme “incrível”. Ela não conseguiu marcar Jennifer Lawrence (que está na cena), mas também a mencionou no agradecimento.

O enredo de “Não Olhe Para Cima”

No início do filme somos apresentados a incrível descoberta de um gigantesco asteróide, feita pela estudante de astronomia Kate Dibiasky.

Logo tomamos conhecimento, através de cálculos matemáticos feitos pelo professor Dr. Randall Mindy, que o corpo celeste está em rota de colisão com a Terra.

Diante deste cenário, os cientistas decidem avisar a população e são levados a informar à presidente do EUA . A Presidente dos Estados Unidos, Janie Orlean, analisa a informação e surpreendentemente apresenta uma abordagem indiferente ao problema.

Então Kate Dibiasky e o Dr. Randall Mindy decidem ir à mídia para expor o problema, onde Brie Evantee e seu companheiro de bancada, Jack Bremmer, os encaram como piada, produzindo até memes com suas caricaturas.

É interessante ver como grande parte da população fica mais preocupada com os assuntos corriqueiros e inúteis, como saber da vida de celebridades, do que a real ameaça do cometa que deve atingir a Terra em seis meses.

Com o cometa se aproximando do planeta Terra, temos a entrada de um novo personagem, Peter Isherwell, um bilionário ganancioso do ramo da tecnologia e CEO da mega empresa BASH.

Inicialmente o governo dos Estados Unidos decide que irá explodir o cometa utilizando mísseis nucleares, que serão guiados pelo astronauta veterano, Coronel Ben Drask, em uma missão suicida.

Mas uma reviravolta acaba por definir o destino da Terra, tendo em vista que o empresário ganancioso e financiador do governo, Peter Isherwell, oferece uma alternativa bem mais lucrativa ao problema.

Sua equipe de cientistas da BASH descobre que o cometa é composto de materiais extremamente valiosos, e minerar o asteroide traria uma fortuna absurda. Dessa forma a missão de explodir o asteroide é abortada.

A ideia agora é fragmentar o cometa, onde drones guiariam a queda dos fragmentos em uma área segura para coleta. Neste momento uma parte considerável da população concorda com tal atitude do governo.

Resta agora aos astrônomos Dr. Randall Mindy e Kate Dibiasky, fazerem o que estiver ao seu alcance para mudar a opinião pública e forçar o governo a repensar suas atitudes, uma tarefa que não será nada fácil.

Os principais personagens de “Não Olhe Para Cima”

Kate Dibiasky

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Imagem: Kate Dibiasky/ Não Olhe Para Cima

Kate Dibiasky, interpretada por Jennifer Lawrence, é uma doutoranda em astronomia da Universidade de Michigan que descobre um imenso cometa durante uma de suas vigílias no observatório.

Ela e seu professor Randall Mindy fazem cálculos e descobrem que este corpo celeste está vindo rapidamente em direção ao planeta Terra. Para piorar as coisas, eles chegam a conclusão de que o impacto será catastrófico e causará o fim da humanidade.

Kate entra em parafuso quando percebe que o governo não está nem aí para sua descoberta, e ainda mais quando a mídia ridiculariza o fato de eles estarem tentando alertar a todos sobre a gravidade da situação.

Como se não fosse o bastante, seu namorado Phillip termina com ela, e ainda usa a sua exposição na mídia para ganhar reconhecimento e se destacar na profissão.

Mas no meio desse turbilhão, ela acaba conhecendo Quentin, um jovem rebelde que se tornou seu fã, por causa dos recentes acontecimentos. Resta saber se os dois terão tempo para viver seu romance, pois o planeta está com seus dias contados.

A personagem é uma alusão direta à ativista sueca Greta Thunberg, transformada em meme nas redes sociais por negacionistas. A jovem, aliás, foi até alvo de uma piada de Trump, que disse que Greta precisava de um tratamento para nervosismo.

Dr. Randall Mindy

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Imagem: Dr. Randall Mindy/ Não Olhe Para Cima

Dr. Randall Mindy, interpretado por Leonardo DiCaprio, é um professor de astronomia da Universidade de Michigan que junto de sua aluna, descobre a iminente chegada de um cometa capaz de destruir o planeta Terra.

Juntos eles tentam avisar o governo americano sobre a descoberta, com a esperança de que alguma coisa seja feita para evitar uma catástrofe de proporções globais.

Mas a Presidente Orlean não está nem um pouco interessada que seus eleitores descubram que uma extinção em massa pode acontecer, e prefere negar o fato de que a raça humana está prestes a ser destruída.

Randall é uma pessoa muito retraída e não lida bem com essa reação dos líderes, o que faz com suas crises de ansiedade se tornem ainda mais constantes.

Mas com o passar do tempo, ele ganha a simpatia do público e uma admiração incondicional por parte da apresentadora Brie Evantee, com quem acaba desenvolvendo um romance.

Mas não será fácil para ele lidar com a Presidente e muito menos com o visionário Peter Isherwell, que tem as rédeas do governo em suas mãos, e está muito interessado em toda a riqueza que o cometa parece poder proporcionar.

Suas tentativas frustradas remetem ao trabalho do infectologista Anthony Fauci, que durante a pandemia, se mostrava calmo diante dos absurdos ditos pelo então presidente Donald Trump, em pronunciamentos.

Leonardo DiCaprio transita há tempos entre cientistas da área por causa da fundação de proteção ambiental que leva seu nome e seu personagem é uma “sólida representação” dos diversos cientistas que tentam há décadas alertar sobre as mudanças climáticas.

Presidente Janie Orlean

Não Olhe Para Cima
Imagem: Presidente Janie Orlean/ Não Olhe Para Cima

A Presidente dos Estados Unidos, Janie Orlean, interpretada por Meryl Streep, é claramente uma sátira ao Ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a representação do negacionismo que hoje é evidenciado em boa parte da sociedade americana.

Totalmente envolvida com seus próprios interesses, ela não aceita o fato de que o planeta pode ser destruído em sua administração e está bem mais preocupada com o número de votos que irá conseguir no senado.

Apesar de ser uma figura bastante caricata, Janie se parece muito com os atuais representantes de diversas nações espalhadas pelo globo, ainda mais quando comparada ao nosso “querido” presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo depois de ser comprovado que a vida na Terra como conhecemos pode acabar definitivamente, ela se mantém submissa às vontades de Peter Isherwell e seu plano absurdo de explorar as preciosidades escondidas no Cometa Dibiasky.

Grande representante dos movimentos anticiência, Trump fez diversos comentários absurdos sobre o aquecimento global e sobre a Covid-19 – ele chegou a dizer que a pandemia era uma mentira, feita para derrubá-lo da presidência.

Aliás, o papel de Meryl Streep faz diversas referências a outros ex-presidentes americanos, no intuito de apontar a apatia destes líderes em relação ao aquecimento global.

Assim como Orlean, George W. Bush também tentou emplacar uma apoiadora inexperiente em uma cadeira na Suprema Corte, e nem mesmo Barack Obama se livrou de alfinetadas, pois o hábito de fumar escondido é um dos “pecados” do ex-presidente.

Chefe de Gabinete Jason Orlean

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Imagem: Jason Orlean/ Não Olhe Para Cima

Jason Orlean, interpretado pelo ator Jonah Hill, é filho da Presidente Janie Orlean e o seu chefe de gabinete. Ele é mais um dos que ridicularizam a descoberta dos cientistas Randall Mindy e Kate Dibiasky.

Jason também está muito mais interessado no resultado das eleições e na imagem pública do governo, do que no bem estar da população. Na verdade ele sabe que uma notícia desse tipo causaria um caos na população e arranharia a “próxima” candidatura de sua mãe.

Acho que a única definição que cabe perfeitamente para este personagem no filme, seria “babaca ao extremo”. Apesar de uma figura extremamente caricata (algo que é uma especialidade de Jonah Hill), infelizmente precisamos admitir que existem sujeitos como ele exercendo cargos de poder.

Assim como o ex- presidente Donald Trump, Janie Orlean abusa do nepotismo ao nomear o próprio filho para o cargo de Chefe de Gabinete. Qualquer semelhança com as ações de outros presidentes no mundo não é mera coincidência.

Dr. Clayton “Teddy” Oglethorpe

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Imagem: Clayton “Teddy” Oglethorpe/ Não Olhe Para Cima

Dr. Clayton “Teddy” Oglethorpe, interpretado por Rob Morgan, é um cientista da NASA que pretende ajudar Randall Mindy e Kate Dibiasky a alertarem o governo dos Estados Unidos sobre a iminente chegada de um cometa gigantesco.

Ele sabe que a descoberta dos dois representa uma possível extinção da raça humana, mas convencer as pessoas sobre este risco, não será uma tarefa fácil, pos todos estão mais preocupados demais com seus próprios problemas.

Oglethorpe é uma pessoa muito centrada e inteligente, e talvez o personagem menos caricato e mais pé no chão de todo o filme.

Ele é uma clara representação de uma parcela da população negra americana, que mesmo exercendo bons cargos em empresas e instituições governamentais, não consegue ser ouvida por causa do racismo ainda predominante na população.

Peter Isherwell

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Imagem: Peter Isherwell/ Não Olhe Para Cima

Peter Isherwell, interpretado por Mark Rylance, é o bilionário super famoso e CEO da empresa de tecnologia BASH. Inicialmente ele é uma caricatura de Steve Jobs ao apresentar um novo smartphone que impede seus usuários de sentir tristeza.

Em seguida, ele abraça uma faceta de Mark Zuckerberg (criador do Facebook), ao entrar no mundo da política e exaltar as ações dos algoritmos, que reúnem informações pessoais de todos os usuários de redes sociais no planeta.

Mas é o CEO da Tesla, Elon Musk, que se sobressai entre as referências desse personagem, uma vez que ele não só é um entusiasta da exploração comercial do espaço, mas também vem oferecendo quantias absurdas à diversos países na busca por matérias-primas para as baterias de seus carros elétricos, sendo o lítio um dos minerais mais importantes para essa produção.

No longa, a destruição do cometa é interrompida por Peter Isherwell, quando sua equipe de cientistas descobre que o corpo celeste é rico em minérios necessários para a evolução da tecnologia.

Brie Evantee

Brie Evantee
Imagem: Brie Evantee/ Não Olhe Para Cima

Brie Evantee, interpretada por Cate Blanchett é uma apresentadora de Talk Show, que em um primeiro momento não acredita e até mesmo ridiculariza as alegações dos astrônomos Randall Mindy e Kate Dibiasky.

Quando fica provado que o cometa está realmente vindo em direção ao planeta Terra, e o Dr. Mindy acaba ganhando um certo status como principal cientista à frente das ações do governo, Brie acaba se envolvendo com ele.

Brie Evantee e seu companheiro de bancada, Jack Bremmer, são os representantes da grande mídia, que explora as futilidades da população, unicamente para bater suas metas de audiência, sem nenhum compromisso com a qualidade das informações.

O contexto social e político de “Não Olhe para Cima”

Mesmo que Adam McKay, diretor e roteirista de Não Olhe Para Cima, tenha escrito o longa antes da pandemia, é impressionante se pararmos para observar como os acontecimentos dele fazem um paralelo com a situação atual no planeta.

Mas isso se torna compreensívo se pensarmos que as questões abordadas no filme, de certa forma, sempre estiveram presentes em nossa sociedade e vinculadas ao modo como nos comportamos no dia a dia.

Há cerca de 66 milhões de anos, um asteroide se colidiu com o nosso planeta e extinguiu a maior parte dos seres vivos, inclusive os dinossauros. Então não existiria a possibilidade de uma coisa assim acontecer novamente?

Até o momento, a ciência ainda não descobriu qualquer cometa que esteja colocando a Terra em risco, mas de fato, o planeta vem sendo ameaçado por algo que nós já estamos cansados de escutar, o aquecimento global.

Entretanto, mesmo sabendo do risco que a humanidade está correndo, percebemos que os representantes governamentais se movimentam muito pouco, ou quase nada, no sentido de tomar medidas que realmente podem fazer a diferença nesse sentido.

Dicaprio
Imagem: Não Olhe Para Cima/ Reprodução

Por enquanto, os estudos demonstram que ainda temos tempo e que a situação pode sim se agravar, mas que uma possível extinção ainda irá demorar bastante.

Mas e se o fim do mundo não estiver tão longe assim? E se, de um dia para o outro, astrônomos viessem à mídia dizer que temos apenas seis meses de existência? É exatamente essa a questão abordada em Não Olhe Para Cima.

O longa, baseado em “possíveis acontecimentos verdadeiros”, como o próprio slogan diz, nos traz uma amostra de como a humanidade possivelmente reagiria à uma notícia desse tipo.

De fato, tivemos uma amostra com a pandemia da Covid-19, com muitas pessoas duvidando da ciência e da gravidade do vírus, além de muitas pessoas se questionando sobre a necessidade ou mesmo da eficácia das vacinas.

Janie Orlean, a presidente dos Estados Unidos, não entende, ou escolhe não entender, o quão grave é ter um cometa apontando em direção ao nosso planeta, e a partir disso, uma sucessão de eventos desesperadores começa a acontecer, o que é demonstrado com bastante humor no longa.

Vemos Kate Dibiasky surtando na televisão ao vivo e virando meme, a mídia mais preocupada com o término de um casal de influencers, além da própria presidente pensando mais em sua reeleição (que não vai acontecer se o cometa cair na Terra) do que em salvar o mundo.

Por mais hilário que essa situação possa parecer, o longa nos faz pensar se esse tipo de reação é tão absurda assim, tendo em vista que a população está mais preocupada com suas redes sociais, do que a real situação que o mundo vive atualmente.

E se pararmos para analisar os fatos, não é de hoje que os cientistas vêm avisando sobre os efeitos do aquecimento global, e poucos têm se movimentado realmente para uma resolução do problema.

Mesmo com o grande número de mortes durante a pandemia e a constante sobrecarga do sistema de saúde, muitos não deixaram de fazer suas festinhas clandestinas, mostrando que realmente não se importam nem um pouco com a sociedade como um todo, e nem mesmo com a segurança de suas famílias.

O longa também traça um importante comparativo com a realidade e a ganância dos bilionários e das grandes corporações, que tratam a sociedade como apenas números em um algoritmo, e só se importam com o quanto irão lucrar.

Assim como pode acontecer na vida real, com as pessoas só começando a entender o real tamanho do problema que está acontecendo, quando o cometa se torna visível no céu, porém aí já será tarde demais.

Dicaprio
Imagem: Não Olhe Para Cima/ Reprodução

A grande mensagem de Não Olhe Para Cima, é que as pessoas precisam acreditar e confiar na ciência, algo que parece cada vez mais difícil, uma vez que as respostas nem sempre são aquelas que queremos ouvir.

Como seres humanos, estamos acostumados a fechar os olhos para o que acontece, e na verdade isso funciona como um tipo de auto adaptação, ainda mais quando pensamos que nos dias de hoje, é possível saber de quase tudo em tempo real com apenas um clique.

Mesmo assim, as pessoas continuam fugindo da realidade e se escondendo em suas bolhas de perfeição, onde o que vale, é a maior quantidade de “views” e “likes”.

Faz todo sentido que McKay e a Netflix tenham se encontrado de modo satisfatório no longa, uma vez que à sátira do diretor se une à postura da Netflix, em ser como algo que se opõe ao antigo sistema hollywoodiano.

O cineasta diz ter escrito essa história (sobre cientistas que descobrem um meteoro em curso de colisão contra a Terra mas não são levados a sério por ninguém) antes da pandemia.

Definitivamente, o momento para o lançamento de Não Olhe Para Cima foi perfeito, mas o fato é que essa narrativa já está tão presente em nossas vidas, que tudo no filme se parece com um ciclo repetitivo, onde temos a estranha sensação de estarmos em um eterno déjà vu.

Não Olhe Para Cima está atualmente disponível com exclusividade no catálogo de filmes da Netflix. Não assistiu ainda? Então é só clicar aqui e dar aquela conferida!

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