A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA) anunciou nessa segunda-feira a tarde que o drama histórico Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles Jr., será o representante do Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional do ano que vem. A escolha já era esperada. Como comentamos nos nossos dois textos anteriores sobre a corrida pela vaga de representante brasileiro nessa categoria, o filme era amplo favorito a vitória, sendo que a única produção que poderia, eventualmente, desafiar seu favoritismo era o thriller Motel Destino, de Karim Aïnouz. Contudo, isso não aconteceu.
Ainda Estou aqui tem tido ótima repercussão internacional desde que estreou no Festival de Veneza desse ano. A produção foi muito bem recebida pela crítica especializada e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 94% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet. Além disso, o filme venceu o prêmio de Melhor Roteiro no próprio Festival de Veneza e atuação de Fernando Torres, que protagoniza a obra, tem sido extremamente elogiada.
Processo para conseguir uma indicação ao Oscar é longo
O processo para, efetivamente, conseguir uma indicação na categoria de Melhor Filme Internacional é bastante complexa, já que dezenas (às vezes, até mais de uma centena) de países enviam filmes para concorrer a esse Oscar. Assim, para ser indicado nessa categoria, Ainda Estou Aqui terá que vencer muitos concorrentes. No entanto, a possibilidade de que o filme consiga uma indicação é real.
Isso porque, além de ter sido bem recebido em Veneza, o filme foi dirigido por Walter Salles Jr., diretor muito conhecido internacionalmente e que, inclusive, já colocou o Brasil no Oscar, com o drama Central do Brasil (1998). Naquele ano, inclusive, Fernanda Montenegro chegou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, primeira e única vez que uma brasileira conseguiu esse feito. Montenegro também está no elenco de Ainda Estou Aqui, o que dá ainda mais força ao filme na disputa pelo Oscar.
Aliás, por todos esses motivos, a escolha por parte da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais de Ainda Estou Aqui para representar o Brasil no Oscar do ano que vem, foi fácil, já que a produção parece ser aquela que tem mais chances de, efetivamente, conseguir a indicação. Aliás, se quisermos ser otimistas, poderíamos até mesmo sonhar com uma indicação de Melhor Atriz para Fernanda Torres e, até mesmo, de Melhor Roteiro para o filme.
Ainda Estou Aqui – um filme baseado em fatos reais
Ainda Estou Aqui é um drama histórico e conta a história da luta de Eunice Paiva (interpretada na idade adulta por Fernanda Torres e na velhice por Fernanda Montenegro) para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), que desapareceu em 1971 durante a Ditadura Militar. Paiva havia sido cassado anos antes, com a entrada em vigor do Ato Institucional Número Um, instituído logo após o Golpe Militar de 1964.
Ainda Estou Aqui é baseado em um livro de mesmo nome, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens, e que vivenciou os fatos de forma pessoal e próxima, durante o final de sua infância e início de sua adolescência. A mistura de drama histórico, com pitadas de política e autobiografia, é uma fórmula que geralmente agrada aos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), instituição que organiza e entrega o Oscar. O que pode dar uma chance real ao filme.
Agora é aguardar até o dia 17 de dezembro, quando devem ser divulgados os 15 pré-selecionados nessa categoria. Se Ainda Estou Aqui estiver nessa lista, então teremos que esperar até o dia 17 de janeiro, quando serão divulgadas todos os indicados ao Oscar 2025, inclusive, os da categoria de Melhor Filme Internacional. Se o filme brasileiro estiver nessa lista final, teremos o prazer de torcer por ele na cerimônia de entrega do Oscar, que ocorre em 2 de março do ano que vem. Agora é esperar para ver. Lembrando que Ainda Estou Aqui estreia comercialmente no Brasil em 7 de novembro desse ano.
