Já estamos em setembro e, por isso, a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA) anunciou recentemente a lista de doze filmes que concorrem a uma vaga para representar o Brasil no Oscar do ano que vem e pleiteiar uma possível indicação na categoria de Melhor Filme Internacional. Agora os membros da comissão designado pela ABCAA devem escolher seis filmes que irão avançar para próxima etapa. A escolha será anunciada no próximo dia 16 de setembro. Por último, no dia 23 de setembro, será anunciado o nome do escolhido para representar o Brasil no Oscar 2025.

O escolhido, ainda enfrentará dezenas de outros filmes representantes de diversos países do mundo. Só para se ter uma ideia, no ano passado, 92 países enviaram representantes para pleitear uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Como essa categoria funciona de forma muito diferente das outras do Oscar, ela permite que diversos filmes que, de outra forma não teriam essa oportunidade, possam ser assistidos pelos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), organização que entrega o Oscar, e possam eventualmente ser indicados ao prêmio, que é considerado o mais importante do cinema mundial.

O representante do Brasil, primeiramente, enfrentará uma pré-seleção, onde normalmente, 15 filmes são escolhidos e cujos selecionados devem ser anunciados no final de dezembro desse ano. Depois disso, entre esses 15, cinco são efetivamente indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Os nomes desses indicados serão conhecidos juntamente com os outros indicados ao Oscar 2025, em 17 de janeiro do ano que vem. Por fim, o vencedor dessa categoria será anunciado durante a cerimônia do Oscar 2025, que ocorrerá em 2 de março do ano que vem.

Abaixo, apresentamos a lista dos doze filmes pré-selecionados para representar o Brasil, falando um pouco sobre eles e discorrendo brevemente sobre suas chances de representar o país no Oscar do ano que vem. Sem mais delongas, vamos lá.

A Metade de Nós

Drama dirigido e co-escrito por Flavio Botelho e estrelado por Denise Weinberg e Cacá Amaral, A Metade de Nós conta a história de um casal já na terceira idade, que tem que lidar com o suicídio de seu único filho. Perdidos, cada um deles escolhe caminhos diferentes para tentar superar a perda e também os sentimentos de culpa e arrependimento, ao tentarem eventualmente racionalizar possíveis escolhas que eles poderiam ter feito e que poderiam, eventualmente, ter evitado aquela tragédia.

A Metade de Nós estreou na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 27 de outubro do ano passado, sendo exibido em outros festivais no Brasil e na América do Sul, até estrear comercialmente no Brasil, de forma limitada, em 30 de maio desse ano. O filme é a estreia de Flavio Botelho na direção de um longa-metragem. O cineasta já havia dirigido um curta-metragem em 2013 e tem bastante experiência com produção cinematográfica.

Tanto Denise Weinberg e Cacá Amaral são intérpretes bastante experientes com participação em diversas séries, novelas e filmes. A Metade de Nós teve boa passagem por festivais, vencendo o prêmio do público de melhor longa-metragem brasileiro na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, recebendo menção honrosa para o elenco no Festival Mix Brasil e vencendo o prêmio de Melhor Ator (para Cacá Amaral) no Festival Internacional de Cine de Punta del Este.

Apesar de tudo isso, A Metade de Nós corre bastante por fora na disputa pela vaga para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional do ano que vem. O filme pode até conseguir ficar entre os seis pré-indicados que serão anunciados em 16 de setembro, mas é dificil ver o filme vencendo outros concorrentes de peso e sendo anunciado como grande vencedor no dia 23 de setembro.

Ainda Estou Aqui – Filme favorito a representar o Brasil no Oscar 2025

Esse é, provavelmente, o favorito a ser o representante do Brasil no Oscar do ano que vem. Dirigido por Walter Salles Jr. e estrelado por Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello, Ainda Estou Aqui conta a história real do desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a Ditadura Militar e a subsequente luta de sua esposa, Eunice, na tentativa de descobrir o que realmente aconteceu com seu marido.

Ainda Estou Aqui tem tudo que é preciso para ser escolhido como representante do Brasil no Oscar de Melhor Filme Internacional do ano que vem. Primeiro, o filme é dirigido por Walter Salles Jr., diretor internacionalmente conhecido e que já foi indicado ao Oscar nessa mesma categoria pelo filme Central do Brasil (1998), um dos melhores e mais renomados filmes brasileiros produzidos nos últimos 50 anos. Salles Jr. e Fernando Meirelles são, provavelmente, os dois diretores brasileiros mais conhecidos lá fora.

Segundo, o filme tem em seu elenco Fernanda Montenegro que também é internacionalmente conhecida e é, igualmente, a atriz brasileira mais respeitada fora do Brasil. Montenegro, inclusive, já foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, entre outras premiações importantes, justamente por seu trabalho em Central do Brasil. Sua filha, Fernanda Torres, também tem algum renome lá fora, principalmente, entre os amantes de cinema. Enquanto que Selton Mello é, inegavelmente, um grande ator. Portanto, nesse sentido, o elenco do filme é irretocável.

Imagem de Ainda Estou Aqui (2024). Créditos: Divulgação.
Imagem de Ainda Estou Aqui (2024). Créditos: Divulgação.

Outro ponto a favor de Ainda Estou Aqui, é o fato de ele ser um filme baseado em um acontecimento real e ter todo um contexto político que envolve a Ditadura Militar no Brasil. Some-se a isso, o fato de o roteiro do filme ser baseado em um livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, o que adiciona uma camada de autobiografia e literatura testemunhal ao filme, o que sempre agrada a críticos e cinéfilos.

Além disso tudo, Ainda Estou Aqui foi exibido em competição no prestigiado Festival de Veneza, onde, inclusive, concorreu ao Leão de Ouro, principal premiação do festival, e levou o prêmio de melhor roteiro para casa. A produção será ainda exibida em pelo menos dois festivais renomados, o de Toronto e o de Nova York e já tem distribuidor de peso (a Sony Pictures International Productions) nos Estados Unidos e em diversos outros países do mundo. Ou seja, estamos falando de um filme que chegará muito forte aos cinemas do mundo todo.

Para finalizar, Ainda Estou Aqui tem sido muito bem recebido por onde passa e foi bastante elogiado pela crítica especializada. Atualmente, com apenas 12 críticas registradas, o filme mantêm uma taxa de aprovação de 92% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet. Além disso, a atuação de Fernanda Torres tem sido unanimemente elogiada por todos que assistem ao filme.

Por tudo isso, é quase certo que Ainda Estou Aqui estará na lista de seis pré-selecionados que será divulgada pela Academia Brasileira de Cinema no próximo dia 16 de setembro e é franco favorito a ser o escolhido para representar o Brasil no Oscar. Ainda é cedo para isso, mas no curso atual das coisas, é possível até mesmo sonhar com uma possível indicação a Melhor Filme Internacional no próximo dia 17 de janeiro.

Cidade; Campo

Drama escrito e dirigido por Juliana Rojas, Cidade; Campo conta duas histórias relacionadas a migração do campo para cidade e vice-versa. Na primeira delas, Joana (Fernanda Vianna) é obrigada a deixar sua cidade natal e ir para a casa de sua irmã em São Paulo, depois que suas terras foram devastadas por um desastre natural, tendo que se adaptar a vida na “cidade grande”. Na outra, Flávia (Mirella Façanha) e sua esposa, Mara (Bruna Linzmeyer), deixam a cidade grande e se mudam para a fazenda de seu falecido pai, onde ambas enfrentam os desafios de se adaptar à vida no campo.

Cidade; Campo estreou no Festival de Berlim desse ano, sendo exibido na mostra Encontros, uma das mostras paralelas do festival, onde Juliana Rojas, inclusive, venceu o prêmio de Melhor Direção. A produção também foi exibida no Festival de Gramado, onde venceu o Prêmio do Júri da Crítica e o Kikito de Melhor Atriz (para Fernanda Vianna). Além disso, Cidade; Campo passou por diversos outros festivais importantes com sucesso e sendo indicado a prêmios.

Conta também a favor do filme, o fato de Juliana Rojas já ser uma figura estabelecida no cenário do cinema independente brasileiro e também internacional. A cineasta já dirigiu pelo menos dois outros longa-metragens que tiveram boa recepção em festivais internacionais. Seu primeiro longa, Trabalhar Cansa, de 2011, foi selecionado para a mostra Un Certain Regard do prestigiado Festival de Cannes e As Boas Maneiras, de 2017, venceu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Locarno, na Suíça.

Por ser um filme com boa passagem por festiviais internacionalmente respeitados e dirigido por uma cineasta com um nome já consolidado no cinema independente e de arte, é possível dizer que Cidade; Campo tem boas chances de, pelo menos, conseguir estar entre os seis pré-selecionados a serem anunciados no dia 16 de setembro. Agora, vencer a competição para representar o Brasil no Oscar do ano que vem já é outra história.

Estômago 2 – O Poderoso Chef

Estômago 2 – O Poderoso Chef é uma superprodução para os padrões brasileiros e, por isso, tem uma produção muito bem acabada. Co-escrito e dirigido pelo cineasta curitibano Marcos Jorge, o filme é continuação de Estômago (2007), que também foi dirigido por Jorge e que é unanimemente considerado um dos melhores filmes brasileiros produzidos nesse século. Aliás, a produção foi, inclusive, considerada um dos 100 melhores filmes brasileiros da história pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), em votação realizada em 2015.

Dessa forma, dá para entender o tamanho da responsabilidade de se produzir uma continuação de um filme tão cultuado e elogiado. Em Estômago 2 – O Poderoso Chef, vemos Raimundo Nonato (João Miguel), protagonista do primeiro filme, já como um figura popular e poderosa na prisão devido a seus dotes culinários. Nonato já está preso há anos por ter assassinado uma prostituta por quem estava apaixonado, acontecimento que vemos no primeiro filme.

Contudo, a dinâmica da prisão é afetada pela chegada de um poderoso mafioso, Dom Caroglio (Nicola Siri), o que acaba criando uma rivalidade com Etcetera (Paulo Miklos), chefão dos presos desde o primeiro filme. Esse acontecimento faz com que Nonato tenha que escolher a quem será fiel, a Dom Caroglio ou a Etcetera.

Estômago 2 – O Poderoso Chef estreou no início de agosto desse ano no prestigiado Festival de Gramado, onde, inclusive, foi o filme que mais venceu Kikitos, o prêmio entregue no festival. A produção venceu os Kikitos de Melhor Roteiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Trilha Sonora e Melhor Filme eleito pelo júri popular, além de Melhor Ator, prêmio que foi dividido entre Miguel e Siri.

Apesar das vitórias, Estômago 2 – O Poderoso Chef está longe de ser uma unanimidade entre público e a crítica. Não obstante o fato de que o desempenho do elenco e os valores de produção do filme tenham sido amplamente elogiados, diversos outros aspectos da obra, inclusive, seu roteiro, receberam diversas críticas negativas. Duas das principais críticas ao filme foram em relação a falta de criatividade e originalidade do roteiro e também ao papel dado ao personagem Raimundo Nonato.

Imagem de Estômago 2 - O Poderoso Chef (2024). Créditos: Divulgação.
Imagem de Estômago 2 – O Poderoso Chef (2024). Créditos: Divulgação.

Para muita gente, Estômago 2 – O Poderoso Chef carece da criatividade e originalidade que são o ponto forte do primeiro filme. Além disso, muita gente também reclamou que Raimundo Nonato foi deixado de lado em favor de Dom Caroglio, se tornando praticamente um personagem coadjuvante no filme, o que fez com que a produção também perdesse um de seus pontos mais fortes.

Por tudo isso, é possível ver Estômago 2 – O Poderoso Chef sendo anunciado entre os seis pré-selecionados no dia 16 de setembro, principalmente, devido a força de seu elenco e da notoriedade do primeiro filme de 2007. Contudo, é dificil ver a produção conseguindo vencer outras mais fortes e sendo escolhida para representar o Brasil no Oscar do ano que vem.

Levante

Levante é o primeiro longa-metragem da carreira da cineasta paulista Lillah Halla. No filme, Ayomi Domenica Dias interpreta uma jovem jogadora de vôlei de 17 anos que está prestes a jogar a partida mais importante de sua vida e que irá definir seu futuro, mas descobre que está grávida e tenta de todas as formas possíveis interromper a gravidez. A produção conta com um elenco formado majoritariamente por atores jovens e/ou em início de carreira.

Levante estreou originalmente em maio do ano passado no Festival de Cannes. Lá, o filme foi exibido na Semana da Crítica, uma das mostras paralelas do festival organizada pelo Sindicato Francês de Críticos de cinema. Em Cannes, Levante venceu um dos prêmios entregues pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), o de melhor primeiro longa-metragem exibido em mostras paralelas.

A produção também passou, com sucesso, por diversos outros festivais mundo a fora e recebeu duas indicações ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro desse ano. A premiação, que é uma das mais importantes do cinema no país, é organizada pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA), que também escolhe o filme que irá representar o Brasil no Oscar. Levante estreou comercialmente, de forma limitada, no Brasil, em 22 de fevereiro desse ano.

Por ser uma produção com boa passagem por festivais e premiada em Cannes, principal festival de cinema do mundo, e ainda já reconhecida pela ABCAA, é possível que Levante tenha chances reais de estar entre os seis pré-selecionados a serem anunciados no próximo dia 16 de setembro. No entanto, é bem dificil que o filme seja o escolhido da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais para representar o Brasil no Oscar do ano que vem.

Motel Destino – Filme também tem chances no Oscar 2025

Motel Destino é o mais recente longa-metragem do cineasta cearense Karim Aïnouz. No filme, Iago Xavier interpreta Heraldo, um jovem fugindo de uma chefona do crime depois de um “trabalho” que deu errado e que decide se esconder no Motel Destino, um local administrado pelo temperamental Elias (Fábio Assunção) e sua esposa Dayana (Nataly Rocha). A relação do casal, no entanto, é extremamente tulmutuada e a chegada de Heraldo complica ainda mais as coisas, fazendo com que um triângulo amoroso se desenvolva.

Motel Destino estreou em maio desse ano no Festival de Cannes, onde o filme foi exibido na mostra principal e concorreu a Palma de Ouro, prêmio mais importante do respeitado festival. A produção estreou comercialmente no Brasil em 22 de agosto e também será distribuído para outros países da Europa e do mundo. Amplamente elogiado pela crítica especializada, o filme atualmente mantêm uma taxa de aprovação de 65% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet.

Karim Aïnouz é, atualmente, um dos diretores brasileiros mais conhecidos e respeitados não só aqui no Brasil, mas também internacionalmente. Diversas de suas produções, passaram por festivais respeitados e já, inclusive, respresentaram o Brasil em busca de uma indicação ao Oscar. Só para se ter uma ideia, os últimos dois filmes dirigidos por Aïnouz estrearam em Cannes e seu último filme, antes de Motel Destino, foi uma produção britânica, falada em inglês e estrelada por Alicia Vikander e Jude Law.

Isso sem falar dos filmes de sucesso que ele roteirizou, mas não dirigiu, como Abril Despedaçado (2001), Cidade Baixa (2005) e Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), por exemplo. Ou seja, estamos falando de um diretor com uma longa e respeitada carreira, já internacionalmente conhecido e figura tarimbada de festivais grandes, como Cannes, Berlim e Veneza. Por tudo isso, é quase certo que Motel Destino estará na lista de seis filmes pré-selecionados a ser divulgada no próximo dia 16 de setembro.

Além disso, é possível dizer que o filme é, provavelmente, o principal rival de Ainda Estou Aqui na briga para se tornar o representante do Brasil no Oscar do ano que vem. Ainda Estou Aqui ainda corre na frente, mas Motel Destino tem tudo que é necessário para, eventualmente, surpreender e ser o grande vencedor a ser anunciado no próximo dia 23 de setembro. Agora, é esperar para ver quem vence essa disputa.

Ninguém Sai Vivo Daqui

Ninguém Sai Vivo Daqui é um drama baseado em histórias reais que ocorreram no famigerado Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais. No filme, cujo enredo se passa nos anos 1970, uma jovem chamada Elisa (Fernanda Marques) é internada no hospital por seu pai, após engravidar do namorado em uma “relação proibida”. Ao chegar lá, a jovem enfrentará os abusos e maltratados do local que já foi considerado pelo renomado psiquiatra italiano Franco Basaglia, um “campo de concentração”.

Ninguém Sai Vivo Daqui foi co-escrito e dirigido por André Ristum e é baseado no livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex, que também é uma das roteiristas do longa-metragem. A produção também deu origem a série Colônia (2021), do qual Ninguém Sai Vivo Daqui é quase um derivado. Ou seja, uma versão mais curta e enxuta feita para cinema. O filme, abriu o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro do ano passado e estreou comercialmente, de forma limitada, no Brasil, em 11 de julho desse ano.

André Ristum já é um diretor experiente e respeitado e que já esteve a frente de produções estreladas por atores bem conhecidos, como Meu País (2011), estrelado por Rodrigo Santoro, Cauã Reymond e Débora Falabella, O Outro Lado do Paraíso (2014), estrelado por Eduardo Moscovis e A Voz do Silêncio (2018), estrelado por Marieta Severo. Por tudo isso, é possível que Ninguém Sai Vivo Daqui tenha chances reais de estar entre os seis pré-selecionados a serem anunciados em 16 de setembro. No entanto, dificilmente o filme será o escolhido para representar o Brasil no Oscar do ano que vem.

O Sequestro do Voo 375 – Superprodução que quer representar o Brasil no Oscar

O Sequestro do Voo 375 é uma superprodução e o filme mais caro dessa lista. Produzido a um custo estimado em cerca de 15 milhões de reais, uma fortuna para os padrões do cinema brasileiro, o filme reconta a história do sequestro do voo VASP 375, ocorrido em 1989 e um dos eventos mais notórios da aviação brasileira. Diferente das outras produções dessa lista, O Sequestro do Voo 375 é um thriller de ação com forte apelo comercial.

Produzido e distribuído pela Walt Disney Company, o filme tem uma produção muito bem acabada, com cenários realísticos e uso maciço de efeitos visuais, afim de recriar com a maior exatidão possível os acontecimentos daquele fatídico evento. É claro que, como todo filme de ficção, O Sequestro do Voo 375 faz uso de licença poética em alguns momentos da história.

Dirigido por Marcus Baldini, que tem bastante experiência com a direção de filmes e séries biográficas e baseadas em fatos reais, O Sequestro do Voo 375 é estrelado por Danilo Grangheia e Jorge Paz. A atuação da dupla é um dos aspectos mais elogiados do filme, ao lado da tensão constante da história, do roteiro bem amarrado e da coragem de se realizar um filme de ação no Brasil. Os valores de produção do filme foram elogiados, mas os seus efeitos visuais não foram tão bem recebidos pela maioria dos críticos.

Imagem de Motel Destino (2024). Créditos: Divulgação.
Imagem de Motel Destino (2024). Créditos: Divulgação.

Apesar de ser um filme diferente, muito mais comercial do que as outras produções mais artísticas dessa lista, é possível dizer que O Sequestro do Voo 375 tem chances de estar entre os seis pré-selecionados que serão anunciados no dia 16 de setembro. No entanto, é muito dificil ver o filme conseguindo a vaga para representar o Brasil no Oscar, já que a produção não parece ter perfil, nem ambição para isso.

Saudade Fez Morada Aqui Dentro

Drama escrito e dirigido por Haroldo Borges, Saudade Fez Morada Aqui Dentro conta a história de um adolescente de 15 anos de idade, morador de um bairro humilde, que enfrenta uma doença degenerativa que o deixará cego e em meio a isso, ainda deve enfrentar todas as dificuldades e descobertas da adolescência.

Saudade Fez Morada Aqui Dentro estreou no Festival de Mar Del Plata, na Argentina, em novembro de 2022. Depois, a produção passou por diversos outros festivais mundo a fora, sendo premiado em diversos deles. A produção deve estrear comercialmente, de forma limitada, no Brasil em 19 de setembro desse ano.

O diretor Haroldo Borges já tem uma boa experiência em cinema, sendo que esse é o terceiro longa-metragem de sua carreira. Por ser um filme bem independente, de um diretor cuja carreira ainda não está tão bem consolidada no mercado e com um elenco de intérpretes quase todos desconhecidos, é bem dificil ver o filme sequer sendo incluído entre os seis pré-selecionados que serão anunciados no dia 16 de setembro. Provavelmente, só o fato de estar nessa lista de 12 filmes já é uma grande vitória para Saudade Fez Morada Aqui Dentro.

Sem Coração

Escrito e dirigido pela dubla de cineastas Nara Normande e Tião, Sem Coração se passa no verão de 1996 e conta a história de Tamara (Maya de Vicq), uma adolescente passando suas últimas semanas na vila pesqueira no litoral de Alagoas onde ela mora, antes de se mudar para Brasília. Um dia, ela houve falar de uma outra adolescente apelidada de “Sem Coração” devido a uma cicatriz que ela tem no peito e ao longo do verão, Tamara acaba se sentindo cada vez mais atraída por ela.

Sem Coração é o segundo longa-metragem dirigido por Tião e o primeiro dirigido por Nara Normande. Contudo, ambos já são habitués em festivais mundo a fora e tem boa experiência com produção de curtas metragens. Sem Coração conta com um elenco de intérpretes, sem sua maioria, jovens e inexperientes e cujo maior destaque é a presença de Erom Cordeiro e Maeve Jinkings, dois intépretes com carreiras já consolidadas no cinema e na televisão brasileiras.

Sem Coração estreou em setembro do ano passado no respeitado Festival de Veneza, onde o filme foi exibido na mostra paralela, Horizontes e também concorreu ao “Queer Lion”, troféu independente que premia o melhor filme com “temática e cultura gay” exibido durante o Festival. Depois disso, a produção foi exibida em diversos outros festivais mundo a fora, incluindo, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o Festival Internacional do Rio e o Festival de Cinema de Munique.

Sem Coração também recebeu duas indicações ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro desse ano. A premiação, que é uma das mais importantes do cinema no país, é organizada pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA), que também escolhe o filme que irá representar o Brasil no Oscar. Além disso, o filme estreou comercialmente, de forma limitada, no Brasil em 18 de abril desse ano e também foi exibido comercialmente em diversos países da Europa.

Apesar de sua passagem com sucesso por diversos festivais importantes do Brasil e do mundo, é dificil ver Sem Coração sendo o escolhido para representar o Brasil no Oscar do ano que vem, já que se trata de um filme muito “alternativo e indenpendente”. Provavelmente, já será uma grande vitória se a produção conseguir estar entre os seis pré-selecionados que serão anunciados no próximo dia 16 de setembro. No entanto, o fato de o filme estar aqui nessa lista inicial de doze produções já é um grande feito.

Vermelho Monet

Escrito e dirigido por Halder Gomes, Vermelho Monet conta a história de um talentoso pintor que acaba de sair da cadeia e está em busca de reconstruir sua vida. Mas as coisas se complicam quando ele encontra uma atriz internacional em crise, que acaba se tornando uma espécie de musa inspiradora para ele, e uma negociante de arte, que reconhece o seu talento. O filme é estrelado por Maria Fernanda Cândido, Chico Diaz e Samantha Heck Müller. Diaz e Cândido são dois intérpretes bastante conhecidos no audiovisual brasileiro e com carreira já consolidadas no cinema e na televisão.

Vermelho Monet estreou em dezembro de 2022, no Festival do Recife (atualmente conhecido como Cine PE – Festival Audiovisual), onde a produção recebeu o prêmio especial do júri de Melhor Atriz Coadjuvante, para Gracinda Nave. O filme também foi exibido no Festival de Cinema de Estocolmo, na Súecia e no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles, nos Estados Unidos, saindo premiado de ambos. A produção estreou comercialmente, de forma limitada, no Brasil, em 9 de maio desse ano.

Vermelho Monet é uma obra fora da curva na filmografia de Halder Gomes, que é famoso por dirigir comédias. O cineasta, inclusive, dirigiu Cine Holliúdy (2012), O Shaolin do Sertão (2016) e Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral (2019), todos estrelados pelo comediante Edmilson Filho. Cearense, Gomes também é muito conhecido por seu estilo de cinema que dá muito destaque aos costumes, jeitos, comportamentos e “dialetos” de seu estado natal.

Imagem de O Sequestro do Voo 375 (2024). Créditos: Divulgação.
Imagem de O Sequestro do Voo 375 (2024). Créditos: Divulgação.

Apesar de Halder Gomes ser um cineasta com carreira já consolidada, inclusive, no cinema comercial brasileiro e apesar da presença no elenco do filme de Maria Fernanda Cândido e Chico Diaz, dois intérpretes nacionalmente conhecidos, é dificil enxergar Vermelho Monet com chances reais de vencer a disputa pelo direito de representar o Brasil no Oscar 2025. Contudo, a produção pode sonhar com uma vaga entre os seis pré-selecionados a serem anunciados em 16 de setembro.

Votos – Único documentário na disputa para representar o Brasil no Oscar 2025

Co-escrito e dirigido por Ângela Patrícia Reiniger, Votos é diferente de todos os outros 11 filmes dessa lista, já que é o único documentário que concorre a uma vaga de representante do Brasil no Oscar do ano que vem. A produção busca investigar e compreender o motivo que levam as pessoas, em pleno século XXI, a fazerem votos de pobreza, castidade, obediência e estabilidade, abrindo mão da “vida moderna” para se dedicarem a vida religiosa em mosteiros e conventos.

Votos estreou em outubro de 2022, onde foi exibido na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um dos mais importantes festivais de cinema do país. O filme também foi exibido em diversos outros festivais de cinema mundo a fora e estreou comercialmente, de forma limitada, no Brasil, em 25 de julho desse ano. A jornalista e cineasta Ângela Patrícia Reiniger já dirigiu alguns curtas metragens e produziu programas jornalísticos, tendo também dirigido um longa-metragem, o documentário Três Irmãos de Sangue (2006).

Por ser um documentário, um filme independente (apesar de ser uma produção da Globo e da O2), com pouco apelo comercial, é dificil ver Votos sendo escolhido para representar o Brasil no Oscar no ano que vem. Aliás, é dificil ver o filme sequer sendo escolhido entre os seis pré-selecionados a serem divulgados no próximo dia 16 de setembro. Aliás, só o fato de estar aqui entre esses 12 filmes, já é, provavelmente, uma grande vitória para Votos, já que isso, traz reconhecimento e visibilidade para o filme.

Conclusão

E aí, gostou do nosso texto? Além de listar os 12 filmes que concorrem a uma vaga para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional do ano que vem, também falamos brevemente sobre cada um dos filmes e analisamos, também brevemente, a chance de cada um deles de conseguir a vaga. Se gostou do nosso texto, não esqueça de deixar seu comentário abaixo. Se assistiu algumas das produções listadas aqui, comente sobre o que achou delas. Como sempre, seu comentário é muito importante para nós.

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