“Piratas do Caribe: No Fim do Mundo”, se passa durante o auge da opressão imperial, a Companhia das Índias Orientais, agora no comando do Coração de Davy Jones, espalha o terror pelos mares, executando todos os envolvidos com a pirataria. Para enfrentar essa ameaça, os Nove Lordes Piratas devem se reunir no santuário de Shipwreck Cove. No entanto, Jack Sparrow, um dos lordes, encontra-se aprisionado no mundo dos mortos.
Depois de atravessarem o além e trazerem Jack de volta, o grupo se divide em interesses e alianças: Will busca libertar seu pai, “Bootstrap” Bill, do Holandês, enquanto Jack planeja recuperar sua liberdade e o domínio sobre o mar. Sao Feng nomeia Elizabeth como sua sucessora antes de falecer, entregando-a a ele. Barbosa sugere libertar Calypso para derrotar Beckett, porém Elizabeth defende uma guerra aberta. Com o voto surpreendente de Jack, ela é proclamada Rei dos Piratas.
No auge da história, em meio a um redemoinho conjurado por uma Calypso enfurecida, Pérola Negra e Holandês Voador enfrentam uma batalha naval contra o navio de Beckett. Durante a batalha, Davy Jones fere Will gravemente, mas, com a ajuda de Jack, ele consegue perfurar o coração de Jones, assumindo sua maldição e tornando-se o novo capitão do Holandês. Após derrotar Beckett, cuja armada se retira ao ver o Endeavour destruído, Elizabeth e Will compartilham um breve adeus, agora que Will se tornou imortal.
Will parte para cumprir seu destino como guia das almas perdidas do mar, enquanto Elizabeth fica com seu coração trancado em um baú. Barbosa trai o grupo mais uma vez e rouba o Pérola, porém Jack o ilude, levando para procurar a famosa Fonte da Juventude. Na cena pós-créditos, dez anos depois, Elizabeth e seu filho esperam no litoral pelo retorno de Will, que finalmente aparece a bordo do Holandês.
Direção de Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
O Primeiro filme apresentava um tom mais fantasioso, leve, e divertido. Esse tom também está presente no segundo filme, porém há mais seriedade. Por isso, em “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo”, Gore Verbinski optou por uma abordagem impactante, visceral, e sombria.
Por exemplo, a sequência inicial de *Piratas do Caribe: No Fim do Mundo* mostra um grupo de prisioneiros, incluindo mulheres, homens e até uma criança, sendo levado à força pela Companhia das Índias Orientais. Em meio ao silêncio sufocante e à rigidez militar, o garoto inicia a cantoria solo da música dos piratas “Yo Ho (A Pirate’s Life for Me)”. Gradualmente, a multidão se junta em uníssono, convertendo a execução em um gesto simbólico de resistência. À medida que a música aumenta, o carrasco aciona a alavanca e os corpos despencam, finalizando a cena com um choque brutal entre a crueldade do império e a determinação inabalável dos piratas.
Ao contrário de muitos blockbusters que se concentram em um único protagonista, ele apresenta um elenco coral em que diversas histórias e motivações se cruzam, adicionando profundidade à narrativa. Apesar disso atrapalhar um pouco a nossa noção de tempo sobre a trama, é quase irrelevante.
Em geral, podemos concluir que Gore Verbinski elevou um filme de piratas para uma experiência épica e impactante fez um trabalho excepcional em “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo”.
Roteiro de piratas do Caribe: No Fim do Mundo
O roteiro desse filme, escrito por Ted Elliott e Terry Rossio, é marcado por muita complexidade, como as estratégias e manipulações de Jack. Todos os eventos são muito bem conectados. A inteligência e o trabalho magistral dos roteiristas nesse filme, se mostra nítida.
Por exemplo, na transição do segundo ato para o terceiro, Jack, Elizabeth, Barbosa, e Davy Jones, Becker e Will se encontram em dois lados contrários, respectivamente. A cena parece ser apenas um jogo de interesse dos personagens. Mas Jack parece induzir Elizabeth a trocá-lo por Will. Além disso, há um momento em que ele tira o chapéu como uma provocação mas ele estava, sutilmente convidando Barbosa para cortar e reivindicar o totem que o definia como lorde pirata, e que futuramente seria usado para libertar Calypso.
Cada negociação, traição ou piada volta como peça funcional alguns minutos (ou filmes) depois, transformando confusão aparente em prazer de decifrar. A ousadia de desafiar o público a pensar é uma das coisas mais negligenciadas no cinema atual. “Piratas do Caribe: no Fim do Mundo” se mostra magistral porque assume risco: entrelaça política, humor e thriller, sem jamais negar a lógica interna.
Melhores cenas do filme
“Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” foi uma das maiores superproduções da Disney. A grande jornada de Jack para se livrar de seu pacto, a união de Will e Elizabeth, e a ligação entre Barbosa e Calypso, nesse terceiro filme, finalmente chegaram a uma conclusão. Diga-se de passagem, nenhum dos finais dos personagens deixou a desejar. Isso tudo deu margem para diversos momentos épicos, são eles:
Libertar calypso: Barbossa executa o ritual com os Nove Pedaços de Oito, libertando Calypso de sua forma humana. Convertida em mar e tempestade, ela se levanta colossal, irada com a deslealdade de Davy Jones. Recusando-se a auxiliar tanto os piratas quanto o império, ela desaparece e invoca um redemoinho que consome os navios.
Fúria do Mar: No olho do redemoinho, Pérola Negra e Holandês Voador duelam em meio a relâmpagos, água e caos. Tripulações batalham entre mastros e cordas enquanto canhões disparam. Elizabeth e Will se casam durante a batalha. Jack confronta Davy Jones, e Will o vence ao perfurar seu coração, pondo fim à maldição.
São só negócios: O Pérola Negra e o Holandês Voador avançam juntos contra o Endeavour. Sob o olhar atônito de Beckett, os navios disparam canhões em uníssono, destruindo o convés e as velas. Silencioso e derrotado, Beckett caminha entre explosões antes de ser consumido pelo fogo. Sua armada recua, vencida.
O filme é muito longo, e muitos outros eventos como a morte de Norrington, o encontro dos 9 lordes piratas, o desfecho poético e trágico de Will, também mereciam ser destacados se houvesse mais espaço neste artigo. Do início ao fim, “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” se mostra capaz de prender a nossa atenção, e particularmente falando, esse é o ponto mais alto que a franquia alcançou.
Anacronismos de Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
“Piratas do caribe: No Fim do Mundo” se passa em 1720, e alguns elementos usados nesse filme, apesar de realmente terem existido na vida real, só tiveram destaque em séculos posteriores. Como por exemplo, a mais poderosa pirata mulher que navegou pelos mares Ching-Shih. No filme Ching é uma das 9 lordes piratas, porém na vida real esse pirata só se destacou na primeira década do século XVIII.
Além disso, Calypso é a divindade marinha, mantida prisioneira em forma humana. De fato, na mitologia grega, ela é filha de Atlas e reside na ilha de Ogígia. Atribuir a Calypso o papel de deusa caribenha ligada ao vodu combina panteões diferentes e insere uma figura da Grécia Antiga na mitologia afro-caribenha, sem qualquer correspondência mitológica ou cultural real.
O roteiro apresenta uma gama de decisões criativas, nesse sentido lembra até o roteiro de “Sinbad: A Lenda dos Sete Mares”. Todas essas decisões tornaram a trama do longa metragem, envolvente, e verdadeiramente excitante.
Crítica
Há algumas mudanças nesse filme com relação às obras antecedentes, como por exemplo na direção de fotografia. Por exemplo, a direção de arte O designer de produção Rick Heinrichs (que trabalhou em “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” dirigido por Tim Burton). Heinrichs, projetou uma paleta de cores mais fria e dessaturada, como no último ato, na batalha de Jack e Davy Jones.
Além disso, o diretor de fotografia foi Dariusz Wolski, optou por um visual ainda mais sombrio, carregado e simbólico, com destaque para os cenários surreais (como o mundo dos mortos e o combate no redemoinho). Isso indica uma mudança estética, embora com o mesmo diretor de fotografia, provavelmente por exigência do roteiro e da direção de arte.
Esse visual mais trevoso, e o tom mais visceral, são os elementos que mais contribuíram para melhorar o terceiro filme da saga. Isso tudo refletiu na recepção da crítica, o filme alcançou uma aprovação de 72%, em uma escala de mais de 250 mil votos. Em geral podemos ver níveis de aprovações igual ou superior de “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo”, com relação à obra anterior, reforçando que os 3 primeiros filmes mantiveram uma qualidade alta.
Orçamento e bilheteria
O orçamento desse filme está estimado em US$ 300 milhões, uma quantia gigante até mesmo para os padrões do cinema atual. Isso possibilitou que o filme entregasse uma produção ainda mais robusta com relação a “Piratas do Caribe: O Baú da Morte”. Na mesma época, filmes como o “Homem-Aranha 3” (US$ 258 milhões), “A Bússola Dourada” (US$ 210 milhões), e “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (US$ 140 milhões).
A bilheteria dessa obra está estimada em US$ 963 milhões, e é a maior bilheteria de 2007. Apesar de ter sido um dos filmes menos rentáveis, se levarmos em conta seu custo. “Piratas do Caribe: O Baú da Morte”, conquistou e reteve a maior parte do público.
“Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” foi, sem dúvida, um sucesso comercial expressivo. Mesmo com críticas divididas e um orçamento altíssimo, o filme liderou as bilheterias de 2007. Assim, a obra consolidou a força global da franquia e provou que o carisma de seus personagens, especialmente Jack Sparrow, era capaz de atrair multidões, independentemente das controvérsias narrativas.
Trilha Sonora de Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
Hans Zimmer volta para criar a trilha sonora de Piratas do “Caribe: No Fim do Mundo, depois de sua contribuição memorável no segundo filme (O Baú da Morte). Em At World ‘s End, Zimmer expande os temas previamente estabelecidos e introduz novos elementos com uma tonalidade mais épica, dramática e sombria, refletindo a magnitude e a carga emocional do desfecho da trilogia.
“Hoist the Colours”, essa música, curiosamente, viraliza constantemente nas redes sociais, principalmente nos conteúdos relacionados ao oceano, mar, navegação, e nicho de fantasia pirata. Contudo, o público em geral não atribui essa faixa a “Piratas Do Caribe”. Muitos acreditam que é uma cantiga de pirata genuína e peculiar. Em outras palavras, “Hoist the Colours” é um trabalho tão magistral que conquistou uma autonomia aparte da franquia. Em poucos filmes, uma faixa consegue se sobressair, podemos ver isso também em “Como Treinar o Seu Dragão”.
Com uma construção musical que remete a cantos marítimos autênticos, falta de créditos visíveis nas redes sociais e impactantes versões colaborativas, “Hoist the Colours” ultrapassou seu contexto cinematográfico. Atualmente, ela atua como um “folclore instantâneo”: uma criação fictícia tão persuasiva e amplamente divulgada que a cultura digital a reinterpreta como se fosse uma tradição ancestral dos mares.
Conclusão
Em última análise, “Piratas do Caribe: No Fim do Mundo” colocou na mesa um conceito bem relevante, como o governo pode ser tão imoral quanto os próprios piratas. Um dos aspectos mais interessantes e centrais dessa obra! O filme, dirigido por Gore Verbinski e com roteiro de Ted Elliott e Terry Rossio, apresenta uma crítica política evidente ao inverter a estrutura clássica de “heróis contra vilões”.
No filme Piratas do “Caribe: No Fim do Mundo, os piratas se mostram de maneira genuína e clara sobre sua natureza: são fora da lei, rebeldes e oportunistas, sem a intenção de esconder suas ações ou intenções. Eles não negam sua identidade nem se escondem por trás de falsas moralidades.
Essa sinceridade brutal gera uma intensa contradição com o governo imperial, que se apresenta como protetor da ordem e da justiça, porém emprega métodos autoritários, imorais e hipócritas para preservar seu domínio.
Particularmente falando, esse é o melhor filme da franquia, uma conclusão digna de um conto épico. Infelizmente, essa saga recebeu mais duas sequências desnecessárias, mas discutiremos isso em análises futuras. Até a próxima!















