“Sinbad – A Lenda dos Sete Mares”, conta a história de um pirata cativante e explorador, juntamente com sua audaciosa tripulação, busca subtrair o misterioso Livro da Paz, que se dirige à cidade de Siracusa, como sua última tarefa antes de se aposentar e viver em paz em Fiji. Surpreendentemente, o livro está resguardado pelo seu amigo de infância mais próximo, o Príncipe Proteus de Siracusa.
Ao tentar roubar o navio, um gigante monstro marinho chamado Cetus ataca o navio, e Sinbad e Proteus travam uma batalha conjunta, reafirmando sua antiga relação de amizade. Simbad tem uma ideia, usar os grandes mastros quebrados do barco com arpões para matar o monstro. Apesar da derrota da fera, Sinbad é levado para o mar, onde é resgatado pela deusa do caos, Éris, que lhe concede uma bênção em troca do Livro da Paz.
No entanto, Sinbad deixa a missão ao ver Proteus com sua futura esposa, Lady Marina. Prevendo a desistência, Éris subtrai o livro e acusa Sinbad, que é sentenciado à pena capital. Proteus intervém, suspendendo a sessão de julgamento, e encarrega Sinbad de recuperar o livro, mantendo-o como prisioneiro.
Marina se une à missão para assegurar seu êxito. Mesmo com os primeiros desentendimentos com Sinbad, eles enfrentam juntos ameaças como sereias sedutoras e um gigantesco pássaro mitológico conhecido como Roc, fortalecendo a conexão entre ambos.
Sinbad, no reino de Éris, descobre que a divindade planeja provocar o caos em Siracusa através da manipulação de Proteus. Éris sugere um teste a Sinbad, que se compromete a retomar a execução se fracassar. Ao demonstrar sua honestidade, Sinbad é agraciado com o Livro da Paz, restabelecendo a paz em Siracusa. Marina, encantada com a vida marítima e Sinbad, termina o noivado e se une a ele para novas aventuras.
Direção de Sinbad – A Lenda dos Sete Mares
A princípio, Sinbad – A Lenda dos Sete Mares foi dirigido por Tim Johnson e Patrick Gilmore. Tim Johnson é o mesmo diretor que esteve à frente de filmes bem populares como, por exemplo, “Os Sem Florestas”, “Antz”, e “Home”. Patrick Gilmore não dirigiu outras produções, até onde se sabe.
Antes de tudo, a encenação, um conceito fundamental no cinema, que se refere à disposição visual e espacial dos componentes na tela: personagens, cenários, luz, cor, gestos e ações. Esse fundamento é ainda mais importante em uma animação. De fato, Tim Johnson e Patrick Gilmore utilizaram bem esse recurso para guiar a narrativa, organizar a ação e construir cenas visualmente claras e impactantes.
Por exemplo, a sequência em que Sinbad e Proteus enfrentam o Kraken (mais especificamente, o monstro marinho invocado por Éris no começo do filme) é um dos exemplos mais notáveis de uma encenação bem organizada em meio a uma ação intensa. A cena se destaca pela composição Clara com Ação Paralela Bem Coreografada.
Apesar do movimento incessante da criatura, os diretores conseguem manter uma leitura visual clara: nunca há incerteza sobre quem está onde ou o que está ocorrendo.
O primeiro ato dessa animação se mostra bem sem graça, marcado por diálogos expositivos. Porém o filme só melhores a partir do segundo ato, com uma construção profunda feita no caráter do protagonista. Portanto, os diretores desse filme fizeram um trabalho muito bom.
Em que foi baseado Sinbad – A Lenda dos Sete Mares
Esse filme não representa fielmente nenhuma obra em específico, mas apresenta diversos elementos fortemente influenciados pela cultura asiática, especificamente os contos das “Mil e uma noites”, e mitologia grega. Simbad, por exemplo, é um pirata destemido que navega pelos sete mares, e enfrenta criaturas monstruosas como ninguém, isso é fiel ao personagem mostrado nas mil e uma noites, de mesmo nome.
Além disso, a deusa do caos Here ‘s, é uma das entidades mais temidas da mitologia grega e se mostra fielmente representada nessa animação. Éris é representada como a divindade do caos, que controla o destino dos humanos, busca dominar o universo humano e se diverte brincando com a sorte. De fato, toda as descisões criativas contribuiram para tornar o filme tão emblemático.
Concept arts de Sinbad – A Lenda dos Sete Mares
Os responsáveis pela criação dos designers de Sinbad – A Lenda dos Sete Mares são Carter Goodrich, Carlos Grangel, Nicolas Marlet, e Tony Sirico. Inicialmente, podemos destacar os traços precisos de Carter Goodrich e seus sketches iniciais de Simbad e Proteus
Nos desenhos acima, podemos notar a grande diferença, por exemplo o corpo de Simbad era muito mais esguio e comprido. Além disso, o personagem portava um escudo bem diferente do que foi usado para fugir do pássaro gigante. Ainda podemos ver os dois jovens bem mais jovens, aparentemente.
Vale ressaltar que o gestual que Carter projeta através do seus traços dos personagens. O Sketch acima podemos ver os diferentes ângulo de combate de Simba, uma postura confiante, e até mesmo podemos visualizar os movimentos de seu corpo leve.
O gestual dos personagens é um elemento que foi muito bem trabalhado em Sinbad – A Lenda dos Sete Mares, sobretudo nas cenas que Eris aparece. A deusa do caos tem expressões corporais bem lentas e controladas, o que até lembra dança expressiva.
A expressividade dos personagens é um dos elementos mais notáveis de Sinbad: A Lenda dos Sete Mares. Os traços elaborados por Carter Goodrich e seus colaboradores possibilitaram que Sinbad e Marina fossem carismáticos e irônicos sem parecer cínicos, e que a deusa Éris transmitisse força e caos com apenas um olhar.
Melhores cenas do filme
Sinbad – A Lenda dos Sete Mares é um animação que mescla elementos 3D com animação frame a frame. Essa interpretação dos contos clássicos das “Mil e uma noites”. Essa produção da DreamWorks, se baseia no personagem Sinbad como ponto de partida, porém incorpora poucos elementos diretamente da mitologia árabe tradicional. Isso tudo rendeu diversas cenas e criaturas alucinantes como:
Kraken: Logo no início, Simbad enfrenta um enorme monstro marinho com tentáculos e múltiplas bocas, enquanto tenta roubar o Livro da Paz. A criatura gigante foi animada em 3D. A cena se destaca por uma interação bem construída entre elementos 3D e desenho frame a frame.
Ilha peixe: No primeiro dos sete contos de Simbad, o Marinheiro, há uma cena em que Simbad desembarca com sua tripulação em uma ilha aparentemente comum, com árvores, terra firme e espaço para acampar. Esse foi uma das figuras resgatadas do conto clássico. Para ser mais específico, em “As mil e uma noites” há uma criatura marinha gigante que os marinheiros acreditavam ser uma ilha, não necessariamente um peixe.
A promessa da deusa: No ápice de desse filme, Éris desafia Sinbad, prometendo devolver-lhe o Livro da Paz se ele confessar a verdade: voltaria a Siracusa para substituir Proteus na morte? Ele afirma que concorda, porém ela o rejeita. Apesar de não ter garantias, Sinbad retorna e se oferece como sacrifício, demonstrando sua transformação. Para cumprir sua promessa divina, Éris devolve o Livro. O final evidencia um roteiro sagaz de John Logan, que enfatiza o desenvolvimento do personagem e rejeita soluções simples, investindo em um embate ético e emocional.
Grande parte da narrativa, personagens e criaturas foram recriados ou fortemente moldados por outras mitologias e convenções do cinema do Ocidente. Essa criatividade, possibilitou criar uma das histórias mais emocionantes e originais da DreamWorks.
Trilha sonora do filme
A trilha sonora de “Sinbad – A Lenda dos Sete Mares”, composta por Gregson Williams, se destaca por melodias orquestradas e amplas. Vale ressaltar, que Williams já compôs álbuns para grandes sucessos como “As Crônicas de Narnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, “Shrek”, e “O Príncipe do Egito”.
Podemos destacar a faixa tema principal da animação, “Let the Games Begin”. Em suma, esta abertura épica apresenta o tema heroico que permeia o personagem ao longo do filme. Uma fanfarra audaciosa que reaparece de várias maneiras nas cenas mais intensas e heroicas, composta por metais, cordas e percussão para intensificar o espírito de aventura de Sinbad. Além disso, “Eris Steals the Book”, A música de Éris é fortemente atmosférica, usando texturas sonoras que evocam o misticismo e a ameaça da personagem. Um exemplo disso é quando a deusa do caos rouba o livro.
As faixas musicais têm um grande peso nesse filme, e nos ajuda muito a mergulhar na trama. Gregson-Williams estabelece uma identidade sonora distinta, que reflete fielmente sua essência divina, caótica e manipuladora. O tema não é apenas inesquecível, ele marca todas as suas aparições com delicadeza e força, atuando simultaneamente como trilha sonora e comentário emocional.
Conclusão
“Sinbad: A Lenda dos Sete Mares” representa um marco na coragem técnica e criativa da DreamWorks no começo dos anos 2000. Com uma direção consistente, uma trilha sonora cativante e uma estética visual impactante, especialmente na criação de personagens como Éris, o filme combina aventura tradicional, mitologia e uma expressão artística ainda mais marcante.
Em última análise, apesar de ter sido lançado durante um período de transição para a animação em 3D, ainda se destaca como uma animação 2D que é visualmente impressionante e narrativamente rica, merecendo ser redescoberta e valorizada por novas audiências. Chegamos ao fim de mais uma análise, continue acompanhando a Proddigital Pop para receber as principais notícias do mundo do entretenimento. Até a próxima!