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O cinema brasileiro perde Paulo Gustavo, um ícone da comédia

Paulo Gustavo Dona Herminia
Imagem: Paulo Gustavo e Dona Herminia

É com extremo pesar que prestamos nossa homenagem ao ator, humorista, apresentador, roteirista e diretor, Paulo Gustavo, que deixou um grande vazio para o cinema e a para a televisão brasileira, ao falecer nesta terça feira (04) com 42 anos de idade, após uma intensa batalha contra a COVID-19.

Ele se encontrava internado em estado grave de saúde, desde o dia 13 de março no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

No começo de abril, o ator apresentou piora do quadro clínico e foi introduzido à “Terapia de Oxigenação por Membrana Extracorpórea”, um equipamento que efetua a absorção do oxigênio quando o pulmão está comprometido.

No último dia 03, Paulo veio a sofrer uma embolia pulmonar que causou uma piora significativa em seu estado de saúde, onde o boletim médico informava que “Infelizmente, a situação clínica atual era instável e de extrema gravidade”.

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Na tarde do dia seguinte, foi divulgado que o seu quadro clínico era irreversível, mas que ele ainda mantinha sinais vitais e às 22 horas, o último boletim informou que ele havia falecido.

O corpo de Paulo Gustavo foi cremado nesta quinta-feira (06) em uma cerimônia reservada para a família e amigos mais próximos. Ele deixa seu marido, o dermatologista Thales Bretas e seus filhos Romeu e Gael, os dois com pouco mais de um ano de idade.

A morte do humorista repercutiu no mundo artístico, político e intelectual, tanto no Brasil quanto no exterior. Atores e comediantes postaram homenagem em suas redes sociais, entre eles Miguel Falabella, Mônica Martelli, Fábio Porchat, Marcus Majella, Tatá Werneck, Marcelo Adnet e outros.

Mônica Martelli e Paulo Gustavo
Imagem: Mônica Martelli e Paulo Gustavo/ Reprodução

“Meu irmão, eu te amo e pra sempre vou te amar. Você foi muito bravo e agora pode descansar. Vamos lembrar de você sempre assim. Sorrindo, criando, fazendo o Brasil gargalhar”

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Entre jornalistas e apresentadores, Sandra Annenberg, Serginho Groisman, Angélica, Xuxa Meneghel, Fátima Bernardes, Fernanda Paes Leme, também lamentaram imensamente a sua morte, com postagens em suas redes sociais.

A cantora Beyoncé, de quem Paulo Gustavo era um grande fã, publicou uma homenagem em seu site oficial, dizendo:

“Paulo Gustavo, descanse em paz.”

O ator Marlon Wayans, estrela do filme “As Branquelas” de 2004, também lembrou do humorista em seu perfil no Instagram, dizendo que apesar de não conhece-lo pessoalmente, sempre ouviu de amigos e fãs brasileiros, coisas ótimas sobre ele.

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A vida e o início da carreira de Paulo Gustavo

Paulo Gustavo nasceu e foi criado em uma família de classe média da cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ele estudou no tradicional Colégio Salesiano durante o ensino fundamental e assumiu sua opção sexual desde a adolescência.

Ele se formou em Artes Cênicas na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) no início de 2005, junto com Fábio Porchat, Marcus Majella, entre outros. Contudo, no final de 2004 o humorista já estava ganhando visibilidade no meio artístico por integrar o elenco do famoso espetáculo “Surto“.

Foi nesta peça que Paulo Gustavo apresentou pela primeira vez, a personagem humorística Dona Hermínia, mas após sua formatura, ele acabou deixando a equipe de “Surto” e estreou a peça “Infraturas” ao lado de Fábio Porchat.

Infraturas- Paulo Gustavo e Fábio Porchat/ Divulgação
Imagem: Infraturas- Paulo Gustavo e Fábio Porchat/ Divulgação

Nesta época o ator também começou a fazer pequenas participações em programas de TV, como por exemplo na novela exibida pela Rede Record em 2005, “Prova de Amor” e no seriado “A Diarista”, da Rede Globo, estrelada por Cláudia Rodrigues.

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Em 2006 Paulo Gustavo estreou o espetáculo “Minha Mãe É Uma Peça”, um monólogo escrito por ele mesmo, onde voltou a interpretar a Dona Hermínia. Ele começou o projeto com um orçamento de R$ 3 mil que conseguiu levantar a partir de uma “vaquinha” feita entre os amigos e familiares.

Contudo, o ator estava convicto de que sua personagem conseguiria conversar com a realidade de muitas pessoas e acabou convencendo a direção do “Teatro Cândido Mendes” no Rio de Janeiro a ceder o espaço para a peça.

Em pouco tempo o espetáculo se tornou muito famoso na cena carioca, onde o próprio “boca a boca” foi responsável pela divulgação e as sessões acabavam ficando frequentemente lotadas.

A peça foi responsável por levar mais de 2 milhões de espectadores para o teatro, e depois de sete anos, acabou ganhando uma adaptação para o cinema, com roteiro escrito pelo próprio Paulo Gustavo e direção de André Pellenz.

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O sucesso de Minha Mãe É Uma Peça

É difícil falar de Paulo Gustavo sem mencionar Dona Hermínia, a protagonista dos filmes Minha Mãe É Uma Peça. A personagem é uma versão caricata de todas as mães e donas de casa, que precisa lidar com os problemas familiares com sua personalidade irreverente e sarcástica.

O primeiro longa foi lançado em junho de 2013 e atingiu a marca de dois milhões de espectadores em sua terceira semana de exibição nos cinemas, se tornando a produção mais assistida naquele ano.

Em 2016 a sequência Minha Mãe É Uma Peça 2 foi lançada, mas desta vez com direção de César Rodrigues. O filme também fez muito sucesso, arrecadando aproximadamente R$ 124 milhões, com um orçamento de apenas R$ 8 milhões.

Minha Mãe é uma Peça 2
Imagem: Minha Mãe é uma Peça 2/ Reprodução

Minha Mãe É Uma Peça 3 não ficou para traz e se tornou a maior bilheteria de um filme nacional na história, levando 11,5 milhões de pessoas às salas de cinema e arrecadando R$ 175 milhões.

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Paulo Gustavo foi indicado ao Prêmio Shell como “Melhor Ator” pelo primeiro Minha Mãe É Uma Peça, e venceu o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pela adaptação do roteiro de Minha Mãe É Uma Peça 2.

Ao todo, os três filmes da franquia venderam juntos, mais de 26 milhões de ingressos, e com certeza representam uma virada na carreira do humorista, sendo que a Dona Hermínia, sem dúvidas se tornou seu maior personagem.

A maneira como ela fala e se comporta, é baseada na mãe do próprio humorista e com certeza se identifica perfeitamente com os dramas e paranoias vividas por todas as donas de casa brasileiras.

Paulo Gustavo conseguiu criar roteiros inigualáveis e transmitir toda sua leveza e humor ácido para essa querida personagem, que irá morar para sempre no coração de cada um dos seus milhões de fãs.

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Os personagens de Paulo Gustavo

Paulo Gustavo já declarou em várias entrevistas que o seu processo de criação começou ainda na infância, quando ele imitava seus parentes nas festas de família. Mas se engana quem pensa que ele só criou a Dona Hermínia de Minha Mãe é Uma Peça.

O ator fez a sua estreia em um papel fixo de televisão, no programa “O Sítio do Pica Pau Amarelo”. Em 2007, na última temporada da série, ele interpretou o Delegado Lupicineo, sendo que naquela época, sua performance já roubava a cena.

Sendo uma versão mais polêmica e definitivamente mais preconceituosa de Dona Hermínia, a Senhora dos Absurdos foi uma das criações de Paulo Gustavo para o programa 220 Volts transmitido pela Rede Globo.

Paulo Gustavo
Imagem: Senhora dos Absurdos/ Reprodução

Ela servia como uma sátira usada pelo humorista, para escancarar os absurdos da sociedade atual e criticar especificamente o discurso dos mais privilegiados. Em um dos últimos programas, ela chegou a falar sobre a pandemia da COVID-19.

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Paulo Gustavo também roubava a cena com o personagem Anibal, que se trata do melhor amigo da protagonista Fernanda, nos longas “Os Homens São de Marte… E É Pra Lá que Eu Vou” lançado em 2014, e “Minha Vida em Marte” de 2018.

Além disso, o humorista também estrelou o programa Vai que Cola do Multishow, onde interpretava o personagem Valdomiro Lacerda, um malandro que abandona sua vida no Leblon para fugir da polícia, e acaba se escondendo no bairro do Méier, na pensão da Dona Jô.

Vai que Cola está entre os programas de maior audiência do canal e prova que o humor mais escrachado e popular, ainda tem seu espaço na TV. Valdomiro apronta várias loucuras ao lado de Jéssica, Ferdinando, Terezinha e Maicól.

Não podemos esquecer do sitcon A Vila, também produzido pelo Multishow, onde Paulo Gustavo encarna o ex-palhaço Rique, que estaciona seu trailer em uma simpática vila, acompanhado de sua melhor amiga, Violeta, interpretada por Katiuscia Canoro.

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Depois que o circo onde eles trabalhavam vai à falência, a dupla tenta começar uma vida nova e até mesmo arrumar um emprego, mas acabam se metendo em muita confusão e passam a conviver com os moradores nada normais do local.

A Vila
Imagem: A Vila- Multishow/ Divulgação

A saudade que ficou

Para aqueles que não acreditavam no terror que esta pandemia poderia representar, tivemos mais uma prova de que a COVID-19 não se trata uma simples “gripezinha”. Não fosse pelo imenso número de mortes, como também pela quantidade de pessoas internadas e o caos enfrentado pelos profissionais da saúde.

Mais uma vez nos deparamos com a tristeza que este vírus é capaz de proporcionar, como se fosse um recado para aqueles que continuam com suas festinhas clandestinas e aglomerações desnecessárias.

O Brasil já sofreu demais com todas as perdas e a população parece ainda não ter entendido a gravidade da situação. Tudo isso sem contar com a posição mesquinha adotada pelos governantes, que acordaram tarde demais para o problema.

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Paulo Gustavo deixará muitas saudades, mas com certeza seu legado nunca será esquecido. Todos os personagens que ele nos deixou de presente, serviram e continuarão servindo como uma válvula de escape para tanta tristeza que temos passado nesses tempos difíceis.

Um ator exemplar, um humorista sem igual, além de um talento incomparável para compor grandes personagens. O país inteiro chora com a perda de um dos maiores artistas brasileiros.

Não marque bobeira!!!

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Uma resposta

  1. Sim, é um ícone do humor. Para mim era um dos melhores humorista do Brasil. tinha um humor natural, era engraçado, eu adorava ele. Vai fazer falta.

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