O supercomputador Nvidia DGX Spark, uma das apostas da empresa para acelerar o desenvolvimento de inteligência artificial, entrou no centro de uma polêmica técnica.
Segundo o renomado programador John Carmack, o desempenho real fica longe do prometido – entregando cerca de 50% da performance divulgada pela Nvidia em condições práticas. Assim, o debate sobre marketing e resultados no mundo real voltou à pauta.
Carmack publicou medições e conclusões após usar o sistema em testes de carga reais. Além disso, ele afirmou que outros desenvolvedores observaram resultados semelhantes.
A reação da comunidade técnica foi imediata, especialmente entre quem acompanha cada nova geração de hardware para aprendizado de máquina. Sendo assim, a discussão ganhou tração tanto entre entusiastas quanto entre profissionais que dependem de previsibilidade de desempenho.
Carmack questiona: potência anunciada não corresponde à real
DGX Spark appears to be maxing out at only 100 watts power draw, less than half of the rated 240 watts, and it only seems to be delivering about half the quoted performance (assuming 1 PF sparse FP4 = 125 TF dense BF16) . It gets quite hot even at this level, and I saw a report…— John Carmack (@ID_AA_Carmack) October 27, 2025
De acordo com John Carmack, o Nvidia DGX Spark consumiu aproximadamente 100 watts de energia ativa – muito abaixo dos 240 watts projetados pela Nvidia. Segundo ele, essa limitação impacta diretamente o resultado final. Portanto, o desempenho cairia para cerca de metade do poder anunciado quando se consideram formatos amplamente usados, como BF16.
Além disso, Carmack afirma que outros desenvolvedores com acesso ao Nvidia DGX Spark relataram números semelhantes. No entanto, ele aponta que os casos não parecem isolados, mas recorrentes, o que reforça a crítica sobre a distância entre promessa e uso real.
A Nvidia ainda não se pronunciou
Até o momento, a Nvidia não se pronunciou oficialmente sobre as alegações. Então, permanecem dúvidas sobre transparência e expectativa de entrega real para consumidores que investem pesado em hardware de ponta.
Além disso, especialistas do setor destacam que métricas como sparsity precisam de explicações claras, com limites e cenários explícitos. Portanto, quando esses números promovem soluções para o mercado profissional, a comunicação deve evidenciar premissas, workloads de referência e condições de teste.
O marketing técnico precisa de responsabilidade
No universo da IA e da computação de alto desempenho, onde margens são críticas e cada watt conta, as empresas precisam comunicar com exatidão o que seus produtos entregam em cenários reais. Além disso, especificações devem vir acompanhadas de contexto, limites e metodologias, para que o comprador compare resultados de forma justa e informada.

Nos últimos anos, o marketing técnico tem pecado pela falta de transparência. O caso do Nvidia DGX Spark não é isolado.
Empresas frequentemente exibem números imponentes – teraflops, frequências, picos de consumo e benchmarks sintéticos – que, na prática, não se traduzem em ganhos equivalentes de desempenho.
Um exemplo vem dos consoles: a GPU do PS5 Pro prometeu mais de 40% de potência extra em relação ao modelo base. No entanto, o uso prático revela melhora real que dificilmente ultrapassa 25% em jogos.
Assim, o descompasso entre teoria e realidade também aparece no ecossistema da Nvidia no PC gaming, que aposta em tecnologias “muleta” – como o DLSS e os geradores de quadros artificiais – para mascarar o avanço modesto de performance bruta.
São recursos úteis, sem dúvida, mas muitas vezes confundem o consumidor ao misturar renderização simulada com poder real de processamento. Dessa forma, em um mercado cada vez mais técnico e informado, transparência deve valer tanto quanto inovação.
Por fim, medição honesta e premissas claras constroem confiança e guiam escolhas melhores.















