Já estamos no começo do segundo ano da nova década. Porém, a década de 2010 foi incrível para o cinema, com filmes que entraram para a história nessa década.
E para relembrar essas produções que vão virar – ou já viraram – grandes clássicos, vamos para a lista com uma seleção pra lá de especial.
Deixando claro que a sequência não é por uma preferência do melhor ao pior, e sim uma ordem aleatória.
A Rede Social (2010, David Fincher)
Polêmico, envolvente e subestimado. “A Rede Social” foi um dos filmes que deram inicio a década de 2010. E ele chegou colocando o pé na porta e mostrando porque iria entrar para a história do cinema.
Apesar do sucesso de bilheteria e critica, além das diversas indicações ao Oscar do seu ano, a produção de David Fincher (Seven: Os Sete Crimes Capitais) ainda é subestimada por muitos espectadores.
Podemos citar vários detalhes para coloca-lo como um dos melhores filmes da década. O incrível roteiro, com diálogos únicos. O show de atuação de Jesse Eisenberg no papel principal. A incrível criação – de forma bem polêmica – do gênio Mark Zuckerberg.
Além disso, A Rede Social é um caminho para entender todo o impacto do Facebook nos dias atuais. Claro que a produção – talvez – não tenha sido totalmente real, principalmente na criação da personalidade do “chefão” Zuckerberg. Porém, isso é um dos detalhes mais impares da produção.
Gravidade (2013, Alfonso Cuarón)
A década de 2010 foi incrível para filmes de diretores mexicanos. E um deles é o impactante “Gravidade” de Alfonso Cuarón (Roma).
Muitos não aceitam a produção ter esse grande status. Alguns o coloca como superestimado e o classifica como maçante. Porém, Gravidade vai muito além.
Cuarón conseguiu entregar uma das maiores produções visuais dos últimos anos. O uso da tecnologia é usado em seu ápice aqui. O diretor descobrir a fórmula perfeita de entregar um impacto gráfico na tela grande do cinema.
O roteiro do filme realmente pode ser visto como simples e não muito dinâmico para o espectador. Porém, Sandra Bullock carrega sozinha todo o desenvolvimento. E essa é uma das magias. A transformação da simplicidade em uma saga pela sobrevivência no espaço.
Também vale citar a fotografia de Gravidade como uma das mais belas da década de 2010 vista dos filmes. Merece todos os elogios técnicos.
Mad Max – Estrada da Fúria (2015, George Miller)
George Miller (Babe – O Porquinho Atrapalhado) no auge dos seus 70 anos resolveu voltar para a sequência de uma das suas franquias mais clássicas. E mesmo com muita gente duvidando, ele entregou um dos maiores filmes da década. Ou melhor, da história.
“Mad Max – Estrada da Fúria” é uma das produções mais empolgantes que podemos ver na telona do cinema. Sem Mel Gibson, mas com Tom Hardy e Charlize Theron dando tudo que o espectador esperava de protagonistas em um filme de ação.
Ao terminar Mad Max, você tira a poeira do seu corpo e tenta recuperar o fôlego. Ele é ação do início ao fim. Os 30 primeiros minutos são dos mais tensos e empolgantes da história do cinema, você até se segura firme na cadeira.
Para trazer ainda mais realidade, Miller brinca muito com os efeitos práticos. O que deixa tudo ainda mais alucinante, sabendo jogar com os movimentos de câmera.
O roteiro também merece seus elogios. Ele traz um dialeto moderno para os filmes de ação, sobre todas as questões de gênero e como é vista a relação do homem e da mulher nos dias atuais.
O George Miller faz o que bem quiser em Mad Max – Estrada da Fúria. Ele entrega o que os amantes do cinema precisavam, conseguindo conquistar todos dentro do mainstream, sem dever absolutamente nada as duas primeiras produções clássicas da franquia.
Corra! (2017, Jordan Peele)
Foi-se o tempo em que terror e suspense só serviam para explorar o medo no espectador. A década de 2010 foi uma das melhores para a evolução do gênero enquanto narrativa e produção. E “Corra!” talvez seja o grande marco disso.
Sendo o primeiro passo de Jordan Peele (Key and Peele) para se colocar como um dos diretores mais promissores da indústria, a produção chegou impactando todo mundo.
Corra! trouxe todo o peso social do racismo para seu universo de forma bem crua e densa. E usa muito bem disso para criar um entorno muito aterrorizante sob o protagonista.
Mas claro que com todo seu histórico de comédia, Jordan Peele não poderia deixar de trazer o humor ao seu primeiro longa. Mas as piadas aqui são todas bem colocadas como alívio cómico, colocando mais uma pitada de genialidade ao processo crítico social do longa.
Mesmo sem reinventar o gênero, Corra! precisa ser colocado como um dos melhores filmes da década de 2010. O filme entrega tudo que uma produção cheia de mensagem precisa entregar. Sabe exatamente o equilíbrio entre o impacto social e uma produção audiovisual.
Bacurau (2019, Kleber Mendonça Filho)
O cinema nacional também merece ser citado nessa lista. E nada melhor que escolher o extraordinário “Bacurau” do gênio Kleber Mendonça Filho (O Som Ao Redor) como nosso representante.
A produção teve uma expectativa e impacto midiático que poucas vezes foram vistas em um filme de nicho no mercado nacional. E não é pra menos. Em tempos tão difíceis para nossa cultura e política, Bacurau conseguiu significar essa polarização brasileira em uma obra atemporal.
A distopia criada por Kleber Mendonça Filho não poderia ser mais impar e verdadeira. O filme traz a realidade brasileira, mostrando toda a questão de privilégios, o duro impacto na cultura brasileira e questões de opressão.
E não ache que o filme é só um mecanismo para críticas sociais. Bacurau dá um show em questões técnicas e desenvolvimento de roteiro. É uma clara mostra que o cinema nacional está em evolução. Merece, com todos os méritos, estar entre os melhores filmes na década de 2010.
Boyhood (2014, Richard Linklater)
Mais um filme que divide muitas opiniões dos espectadores. Alguns o colocam como uma das grandes obras do cinema. Já outros o classifica como superestimado. O que não podemos negar é que “Boyhood” será lembrado por muitos e muitos anos.
Linklater (Escola de Rock) teve a brilhante ideia de gravar o crescimento de um jovem durante 12 anos. Dentro de uma ficção, com todos os traumas da evolução até a vida adulta, é impossível não se apegar as mudanças reais dos personagens.
De uma forma singela e única, Boyhood talvez seja um dos filmes mais humanas da década de 2010. O diretor conseguiu criar uma nova forma de unir a realidade com o cinema.
A trama é quase como ver um book de fotos da família. Ver situações e lidar tudo de forma bem natural e próxima a você. Deve ser até por isso que Boyhood consegue se aproximar e cativar tanto que está assistindo.
A Chegada (2016, Denis Villeneuve)
“A Chegada” é um filme que pode ter passado batido por muitos. Porém, Villeneuve (Sicario) mostrou porque está cada vez mais próximo do auge da sua carreira com uma das melhores ficções científicas dos últimos anos.
Sendo uma produção poética, talvez a mais interessante do século, o longa explora de uma forma bem singular o contato do ser humano com extraterrestres. Com isso, o diretor consegue tocar em uma ferida aberta da humanidade: a comunicação.
A Chegada consegue expressar algo muito além do que estamos assistindo. Mostrar como o diálogo é uma das armas essenciais para nossa existência. Porém, ao mesmo tempo, como a falta dele pode levar ao caos.
Junto disso, temos também que destacar a produção técnica do filme. Ela não é só impecável, como necessária para o entendimento da obra por completo. Além de completar com a incrível atuação de Amy Adams no papel de protagonista.
Vingadores: Guerra Infinita (2018, Joe Russo, Anthony Russo)
Os mais cultos podem ter certo receio em colocar uma história sobre heróis entre os melhores filmes da década de 2010. Porém, não tem como diminuir a importância que “Vingadores: Guerra Infinita” teve no cinema.
Os últimos anos foram de grande sucesso e evolução para produção com inspirações em HQs. E a Marvel, junto a Disney, é o grande símbolo desses filmes com seu Universo Cinematográfico (MCU).
Toda a espera dos milhões de fãs durante esses anos foi entregue em “Vingadores: Guerra Infinita”. Sem medo de fazer um filme cru, denso e sobre o vilão Thanos, a primeira parte do final de Vingadores conquistou o mundo.
Também podemos citar o impacto técnico que ele trouxe. Os CGI alcançaram níveis quase que realistas, que conseguem completar um roteiro cada vez mais digno dos quadrinhos originais.
Toy Story 3 (2010, Lee Unkrich)
Há algum tempo a Pixar focou em animações que consigam emocionar o telespectador com dramas bem desenvolvidos e histórias cheias de reviravoltas. E quem deu um ponta pé inicial nisso foi Toy Story 3.
Sem saber que teríamos o lançamento do quarto filme (que acabou saindo em 2019), a terceira produção da franquia parecida uma despedida. E não só um tchau para nossos queridos personagens, mas um adeus para nossa infância.
Grande parte dos telespectadores cresceu vendo Toy Story 1 e 2. Ver Andy se despedindo de Woody e sua trupe é sensação nostalgia que faz até os mais duros chorarem como uma criança.
Obviamente que o roteiro é também impecável. A Pixar novamente dá um show, mostrando que animação pode ser explorada de uma forma bem além de somente dramas rasos e divertidos.
Parasita (2019, Bong Joon-Ho)
A primeira produção de língua não inglesa a vencer um Oscar de Melhor Filme. Só isso classificaria “Parasita” como um dos melhores e mais importantes filmes da década. Porém, Bong Joon-Ho (Expresso do Amanhã ) consegue ir muito além de uma premiação.
Falamos de muitos filmes crus e que retratam a realidade nessa lista. E Parasita é mais um deles. Porém, faz isso de forma bem amarrada e que empolga o telespectador a cada cena. Queremos saber exatamente qual será o próximo passo do filme.
Parasita toca em assuntos cruéis da nossa sociedade. É quase como um espelho para nós mesmos. A crítica social consegue mostrar o sonho de sobreviver dos mais pobres diante de regalias aos privilégios dos mais ricos que vivem como “parasitas”.
Ele trata de forma bem direta sobre conceitos enraizados. Sobre preconceitos que nascemos com eles e levamos por toda a vida. Parasita foi feito para incomodar os privilégios de quem está assistindo.
A Origem (2010, Nolan)
Acharam que não teríamos Christopher Nolan (Batman: O Cavaleiro das Trevas) na lista, né? O inglês está bem longe de ser unanimidade entre os espectadores. Porém, temos que entender a importância de “A Origem” para o cinema moderno.
Todos sabem que filmes mirabolantes e com roteiro cheio de interpretações são bem difíceis que chegar ao mainstream. Porém, Nolan é um dos diretores que tem carta branca para isso.
E talvez A Origem seja o grande exemplo de como o diretor consegue alcançar o grande público. Um filme que mistura um pouco de tudo, indo de ficção científica a fantasia com pitadas e ação e até humor. É uma produção que consegue se equilibrar em todos seus gêneros.
Sendo também um show de produção visual, o trama ainda conseguiu trazer diversas discussões entre os amantes da sétima arte. Quem nunca ouviu alguém questionando se o pião parou ou não.
O Irlandês (2019, Martin Scorsese)
A volta de Martin Scorsese (Os Bons Companheiros) para um drama sobre a máfia com Al Pacino, Robert De Niro e Joe Pesci. “O Irlandês” é uma aula para qualquer iniciante de como fazer cinema.
No filme Scorsese brinca durante as mais de 3h de filme. O diretor está super confortável e desenvolve mais um épico sobre mafiosos. E dessa vez trazendo uma visão bem diferente deles. Ele troca a sensação de medo que temos pela máfia, para uma relação mais humana.
Não tem muito o que falar de O Irlandês. É mais um espetáculo de um dos maiores diretores de todos os tempos. Vale também citar o trabalho técnico do filme, que rejuvenesceu os atores para cenas em períodos antigos. Mais um show a parte!
Relatos Selvagens (2014, Damián Szifron)
O filme que ficou três anos em cartaz no Cinema Belas Artes na capital São Paulo. O filme que traz o auge de Ricardo Darín, um dos maiores nomes do cinema argentino. “Relatos Selvagens” é uma alegoria necessária entre os melhores filmes do século 2010.
O filme traz diversas histórias sem relação direta a princípio, porém que se unem pelo tema de acasos cruéis e naturais que a vida pode dar.
Com ótimos roteiros e atuais, Relatos Selvagens cativa qualquer um que parar para assistir. A mistura de drama, suspense e, obviamente, humor é único. Nos vizinhos hermanos sabem como fazer grandes produções.
O século 2010 foi de grande impacto para o cinema, com filmes incríveis. Essa pequena lista trouxe um pouquinho do que temos de melhores nos últimos anos. Vale a pena conferir cada um!
Só salva Mad Max, Vingadores, Parasita, A Origem e Relatos Selvagens.
O resto é mais ou menos.