Quem é Alice Duport-Percier?

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Clair Obscur: Expedition 33 surpreendeu o mundo dos games ao surgir como um dos principais candidatos ao GOTY 2025, acumulando indicações em direção de arte, narrativa, desempenho e trilha sonora.

Entre todos esses méritos, porém, um detalhe capturou os jogadores de um jeito quase sobrenatural: a voz que ecoa nos momentos mais marcantes do jogo. Uma voz etérea, poderosa, dolorosamente humana — e que pertence a uma artista que muitos sequer conheciam.

Essa voz é de Alice Duport-Percier, soprano francesa e compositora que encontrou, em um RPG fantástico, um palco tão grandioso quanto qualquer teatro europeu.

Agora, vamos te levar por uma jornada para conhecer quem é essa artista, de onde ela veio e como sua música se tornou parte essencial da alma de Expedition 33. Prepare-se: conhecer Alice é entender por que tanta gente saiu do jogo procurando a voz que fez o coração apertar.

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Origens musicais e formação

Alice Duport-Percier cresceu em Lyon, França, em um ambiente profundamente musical. Os pais eram músicos, e ela demonstrou o desejo de cantar desde muito jovem.

Com cerca de 7 anos, ela ingressou no coro infantil do Opéra de Lyon após estudar no Conservatoire de Saint-Priest. Posteriormente, ela continuou a formação no renomado Conservatoire national supérieur de musique et de danse de Lyon, onde se especializou em música antiga. Além disso, ela obteve o Diplôme d’État para ensinar canto em 2016.

Essa base sólida de canto clássico e coral oferece a Alice uma dicção precisa, projeção forte e técnica vocal acima da média. Dessa forma, ela se destacou não apenas na ópera, mas também em colaborações artísticas muito variadas.

Carreira erudita e projetos paralelos

Nos anos seguintes, Alice participou de concursos importantes. Ela chegou à semifinal do Concurso Corneille em 2017 e do Concurso de Froville em 2019.

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Além disso, ela fundou vários conjuntos vocais, como Les Kapsber’girls, Libera me e Tenta la Fuga. Esses grupos se dedicam à música antiga e ao repertório coral e receberam prêmios como o Diapason d’Or e o ffff da Télérama.

Ela também fez sua estreia operística em produções de grande destaque. Em 2019, ela interpretou Oberto em Alcina no Händelfestspiele de Karlsruhe sob regência de Andreas Spering. Posteriormente, em 2023, ela encarnou Amour em Orphée et Eurydice no Opernhaus Zürich.

Críticos elogiaram sua voz cristalina e sua presença de palco. Mas é quando expandimos o olhar para além da ópera que a narrativa se torna realmente interessante.

A virada: videogame, trilha sonora e crossover cultural

Lorien Testard e Alice Duport-Percier
Lorien Testard e Alice Duport-Percier – Clair Obscur: Expedition 33

A parte mais fascinante da trajetória de Alice Duport-Percier surge com sua entrada no mundo dos videogames.

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Ela integrou a equipe musical de Clair Obscur: Expedition 33, título do estúdio Sandfall Interactive. Em seu site oficial, ela afirma que co-compôs a música destinada ao jogo e emprestou sua própria voz às composições. Dessa forma, ao lado do compositor Lorien Testard, ela assume um papel importante na construção da identidade sonora do projeto.

A comunidade de fãs discute essa participação com entusiasmo. Relatos apontam que Alice não apenas gravou vocais, mas compôs linhas melódicas importantes da trilha. Isso adiciona um nível raro de autenticidade à trilha sonora, já que uma artista com credenciais eruditas mergulhou em composição, arranjo e interpretação vocal para um jogo narrativo.

Além disso, muitos jogadores destacaram que parte das letras utiliza francês ou línguas construídas, o que reforça a estética distinta da obra.

Para o público brasileiro e global que acompanha o jogo, esse fenômeno revela algo importante. A trilha não funciona apenas como música de videogame. Ela representa um experimento artístico híbrido que mistura ópera, barroco e ambientações digitais contemporâneas. Por isso, essa fusão elevou Alice a uma nova posição de destaque.

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Nos Estados Unidos, para se ter ideia, ela já aparece entre as artistas femininas francesas mais transmitidas do ano, impulsionada pelo sucesso crescente da trilha.

O que torna o trabalho de Alice Duport-Percier tão singular

Logo de cara, a identidade sonora de Alice Duport-Percier desempenha um papel central na trilha. A voz dela cria uma textura única que se destaca no mix das trilhas sonoras modernas. Sua formação clássica garante clareza, nuance e expressão, elementos que se percebem facilmente nas composições do jogo.

O crossover entre mundos também chama atenção. Para quem joga Clair Obscur, é prazeroso notar que a música não cumpre apenas uma função técnica. Ela nasce de uma artista que vive música erudita e decidiu explorar o universo dos videogames. Dessa forma, a trilha adiciona profundidade à experiência de imersão.

Alice oferece uma presença feminina protagonista em composição e performance, algo ainda incomum em grandes trilhas de videogame. Por isso, sua participação fortalece o alcance simbólico e emocional da obra.

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Além de Clair Obscur: Expedition 33

Para além de Clair Obscur, Alice já explora colaboração com dança (companhia Chrikiz), performa shows experimentais voz + piano, e participa de “Manga Symphonic Odyssey” com orquestra. O fato de ela abraçar múltiplos formatos – ópera, música antiga, videogame, dança – a posiciona como artista híbrida, apta para o futuro do entretenimento interativo.

Para fãs do jogo, isso significa que pode haver mais colaborações: quem sabe DLCs com música nova, versões alternativas do tema, concertos ao vivo com a trilha de Clair Obscur interpretada pela Alice e orquestra… e isso amplia o universo da experiência de jogo.

Se Clair Obscur for indicado ou até ganhar prêmios de melhor trilha sonora, o nome de Alice Duport-Percier estará lá como um dos responsáveis – e para você jogador, entender sua trajetória torna a escuta da música ainda mais rica.

Talentos que florescem nos Indies franceses

Alice Duport-Percier e o compositor Lorien Testard
Alice Duport-Percier e o compositor Lorien Testard

Alice Duport-Percier faz muito mais do que aparecer como cantora em um jogo. A trajetória dela, construída entre coros infantis, formação erudita e composição contemporânea, transforma cada nota de Clair Obscur em algo vivo.

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Dessa forma, você percebe história, técnica e emoção em uma trilha que mistura tradição e modernidade. E ela não foi o primeiro talento a florescer de um jogo indie francês.

Curiosamente, esse caminho lembra o de Olivier Deriviere, outro compositor francês brilhante que encontrou nos videogames um território fértil para inovação.

Em seu trabalho em um jogo chamado “Obscure” (2004), ele uniu orquestra, eletrônica e experimentação e acabou redefinindo a música interativa. Assim como Deriviere, Alice revela que artistas formados no mundo clássico podem expandir o alcance da arte quando entram no entretenimento digital.

Para você que joga e aprecia trilhas, isso tem um sabor especial. Na próxima vez que o tema principal tocar, pare um instante, feche os olhos e pense na voz que guia aquela melodia, refinada e contemporânea ao mesmo tempo.

Afinal, a história dos videogames mostra que a trilha sonora também pode ter pedigree. Tanto Deriviere quanto Alice Duport-Percier provam isso com força e personalidade.

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