Ficção Americana
Jeffrey Wright interpretando Thelonious 'Monk no filme Ficção Americana

Ficção Americana apresenta Thelonious “Monk” Ellison, um escritor e professor afro-americano em Los Angeles, segue uma carreira literária marcada por sua luta contra os estereótipos raciais e pelas expectativas editoriais limitantes. Depois de ser rejeitado por uma editora por não ser “ negro ” o suficiente em seu último manuscrito, ele foi afastado da universidade devido à sua franquia em questões raciais. Enviado a Boston para participar de um seminário literário, Munch embarca em uma intensa jornada pessoal e profissional ao se comparar com o sucesso de um escritor que abraça estereótipos.   

Durante sua estada em Boston, Munch encontrou eventos que desafiaram suas interações e relacionamentos familiares. A morte inesperada da irmã Lisa e a chegada do irmão distante, Cliff, levantam questões emocionais complexas. Enquanto isso, seu relacionamento com a advogada Coraline se desenvolve em meio às pressões financeiras e emocionais de cuidar de sua mãe doente.  

Frustrado com a indústria literária e com o sucesso dos estereótipos, Munch escreveu um romance satírico que desafiava as expectativas da literatura ” negra “. O pseudônimo Stagg R. Leigh lançou-o em uma jornada de sucesso comercial e polêmica, culminando em um filme baseado em sua obra. Porém, a revelação de sua identidade gera conflitos pessoais e profissionais, principalmente com Caroline e outra escritora influente, Sintara.

A história gira em torno das dificuldades, preconceitos, expectativas da indústria e que situações familiares complexas que Munch encontrou na arte e na vida. “American Novel ” investiga as intersecções entre raça, identidade, sucesso e a natureza da expressão numa sociedade artística que muitas vezes impõe restrições e estereótipos.  

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Ao longo da narrativa, Munch enfrentou dilemas morais e pessoais que questionam o valor de sua arte, as exigências comerciais da indústria cultural e o significado por trás das narrativas de identidade racial. A trama explora temas universais através de lentes afro-americanas, e culmina em um final surpreendente que desafia as expectativas do público e dos personagens envolvidos. 

Diretor de Ficção Americana

O americano Cord Jefferson é a mente por trás de Ficção Americana. Ele nasceu no ano de 1982. E contando com “Ficção Americana”, sua filmografia possui o total de 1 filme. Brincadeiras a parte, de fato, é impressionante como seu primeiro trabalho em um longa metragem, apresentou uma performance alta como a de filmes dirigidos por diretores com uma carreira robusta como por exemplo: “Histórias Cruzadas”, “Não Olhe Para Cima”, entre outros.

Exatamente no minuto 9:00 do filme, a imagem de Monke (O Protagonista) é sobreposta por uma mulher na plateia. A cena parece ter sido articulada quase de forma meticulosamente planejada com o intuito de passar a seguinte mensagem: A sua opinião só é válida se for coerente com aquilo que os outros querem ouvir.

Esses posicionamentos cinematográficos organizados de forma meticulosa, capazes de transmitir mensagens profundas, enfatizam a visão apurada do diretor em construir situações concisas, concretas e claras. Isso torna o filme uma obra inteligente e ao mesmo tempo de fácil absorção para o espectador.

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Contexto Cultural do Filme

A princípio “Woke” significa despertar, ou outros termos com significados relacionados. O movimento visa a igualdade e a defesa das identidades de gêneros, classes sociais, e raciais. Não é exagero concluir que o movimento busca defender qualquer tipo de minoria. Desde o final de 2010 o movimento vem conquistando cada vez mais espaço principalmente nos países ocidentais. 

Como qualquer outro movimento, as ideologias são deturpadas por indivíduos mais extremos, e o que antes era uma causa nobre, hoje a má fama deste movimento começa a exaurir forças. Em outras palavras, o timing de estreia de “Ficção Americana” se mostrou eficaz.

Ironicamente o filme caiu nas graças até mesmo da indústria cinematográfica que majoritariamente está dominada por profissionais que adotam para si a imagem de defensores da igualdade racial e de gênero.

Em conclusão, sujeito a uma série de bombardeios de críticos, empresas de mídia, movimentos políticos a proposta ousada desta obra em um meio hostil, Ficção Americana recebeu um grande destaque a ponto de furar bolhas e conseguir um alcance muito relevante.

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Melhores Cenas de Ficção Americana

O filme usa e abusa daquilo que chamamos de vergonha alheia. O filme usa e abusa daquilo que chamamos de vergonha alheia. Além disso, essas piadas estereotipadas são tratadas de forma inteligente e intencional, destacando como essas representações simplistas podem ser distorcidas e ridicularizadas para revelar as nuances e complexidades da experiência afro-americana. 

O filme não apenas desafia esses estereótipos, mas também comenta subversivamente a cultura contemporânea e as expectativas depositadas nos artistas negros.  

Essa palavra é ofensiva: 

  • A princípio, o filme inicia mostrando Monke dando aula para um grupo de alunos. No quadro, a seguinte frase está escrita, “Um Preto Artificial”, uma aluna branca aponta aquelas palavras como racistas. Em resposta, Monke afirma que se superou o “racismo” daquelas palavras, ela também poderia. Dessa forma, em menos de 10 minutos de filme temos ideia de tudo que está por vir.

Agora está negro o suficiente?: 

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  • “Os brancos acham que querem a verdade, mas não querem. Eles só querem se sentir absolvidos”, essas são as palavras que Artur (Agente de Negócios) fala para Monke, após o escritor produzir um livro cheio de estereótipos racistas a fim de afrontar pessoas importantes do mercado. Mas esses estereótipos são aceitos ao invés de obras mais intelectuais enviadas por Monke anos antes. A cena é uma crítica inteligente à agenda racial imposta pelo movimento Woke.

Uma dualidade pode nascer em meio a toda essa comédia trágica, um sentimento de que não importa qual causa mova um grupo, uma vez que o mesmo deturpa e banalizam essas de maneira arbitrária essas ideias, de acordo com suas perspectivas.

Orçamento e Bilheteria de Ficção Americana

“Ficção Americana” estreou nos cinemas americanos em dezembro de 2023. Aqui no Brasil a obra estreou no mês de fevereiro, ao entrar no catálogo da Amazon Prime Video. A bilheteria do filme ultrapassa pouco mais de US$ 22 milhões. Sendo assim, o alcance que este filme obteve se mostrou bem limitado. 

A propósito, o orçamento dessa produção está estimado em US$ 10 milhões. Um filme que apesar de ter um custo baixíssimo, satiriza de maneira perspicaz e crítica o que hoje chamamos de “politicamente correto”.

O fato de ser uma obra tão ousada possibilitou, ainda mais, este filme a furar bolhas, ganhar espaço em premiações, e receber atenção em portais de crítica conceituados, chamando a atenção daqueles que concordam com os “tribunais raciais” e também a atenção dos que não con concordam.

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Em conclusão, tendo em vista o peso que o assunto representa, aqui no Brasil até o presente momento esse longa-metragem não teve tanta repercussão. 

Elenco de Ficção Americana

O elenco de Ficção Americana é recheado por figuras talentosas, como por exemplo John Ortiz que interpretou Artur, o agente de Monke. Sterling K. Brown e a atriz Tracee Ellis Ross que deram vida aos irmãos do protagonista, e que de fato, apresentaram uma química grandiosa.

É difícil até mesmo destacar a incrível performance de Jeffrey Wright, que deu vida ao protagonista do filme, em meio a atuações tão carismáticas. Por exemplo, na cena em que Lorraine revela seu futuro casamento a Monke é satisfatório ver como todos compartilhando da mesma emoção, de forma tão genuína e convincente. 

A real é que o ponto mais alto desse filme depois do roteiro é o entrosamento entre os atores, isso realça exponencialmente os momentos de drama nessa adaptação como podemos ver no velório de Lisa Ellisson interpretada por Tracee Ellis Ross.

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Crítica

Acima de tudo, desde o lançamento de “Não Olhe Para Cima”, não víamos um filme com uma proposta tão ousada. Contudo não é somente uma proposta ousada que torna essa trama tão cativante. Posto isso, podemos ressaltar um roteiro inteligente e bem construído, feito pela mesma pessoa que dirigiu o filme. 

O filme brinca em como os ativistas desejam projetar uma imagem de interesse genuíno pela verdade e ações reais para promover a justiça e a equidade racial. Isto parece apontar a necessidade de uma abordagem mais autêntica e empenhada no combate ao racismo. 

Contudo, de uma forma ironica, vemos em “Ficção Americana” uma representação da nossa realidade onde a causa é banalizada, muito por conta dos propios defenssores da igualdade racial imputarem regras e costumes aos negros, voltando ao mesmo problema incial do racismo.

Tudo isso fez com que a taxa de aprovação do filme alcançasse resultados mais que relevantes. Como por exemplo no ilustre IMDB, atualmente podemos ver uma classificação de 7,6 estrelas em uma escala de 70 mil avaliações. Por fim, podemos concluir que essa produção, de fato, é uma das mais bem sucedidas lançadas em 2023.

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Prêmios Conquistados

Prêmio  Categoria
Oscar Melhor Roteiro Adaptado 
BAFTA Melhor Roteiro Adaptado 
Critic Choice Awards  Melhor Roteiro Adaptado 
Satellite Awards  Melhor Roteiro Adaptado 
Satellite Awards  Melhor Trilha Sonora Original
San Diego Film Critics Society Awards Melhor Ator (Jeffrey Wright)

A princípio, o diretor Cord Jefferson revelou em entrevista que sua vida é muito condizente com a vida de Munch, protagonista de “American Novel ”. Essa ligação pessoal é provavelmente um dos motivos pelos quais o filme tem tantos caprichos, desde os atores até os diálogos. Não é surpresa, então, que o filme ganhou diversos prêmios, incluindo o prestigiado Oscar na categoria “ Melhor Roteiro Adaptado ”. Como resultado, este reconhecimento estendeu-se à Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (BAFTA), onde o filme também ganhou o prémio de “ Melhor Roteiro Adaptado ”, destacando a qualidade e profundidade da estrutura narrativa.

A identificação entre o diretor e talvez tenha uma camada extra de detalhes e cuidado ao filme, refletida na riqueza de detalhes, na profundidade dos diálogos e nas atuações dos atores. Esta ligação pessoal pode ter contribuído significativamente para a recepção positiva do filme por parte da crítica e do público, demonstrando que a arte muitas vezes beneficia da sinceridade e da proximidade com a experiência real. No final das contas, “Ficção Americana” não ganhou apenas prêmios importantes, mas deixou uma marca de rigidez como uma obra que ressoa com deficiência e profundidade emocional.                  

Trilha Sonora de Ficção Americana

Antes de mais nada, a trilha sonora de “Ficção Americana ” foi composta por Laura Karpman, ilustre compositora americana conhecida por seu trabalho em “Marvel”, “Paris Can Wait” e “Sitara: Star Dream”, etc. muito para a experiência do filme. Em suma, a melodia harmoniosa realça perfeitamente a atmosfera do filme sem se desviar do esquema narrativo. 

Ademais, peças mais lentas, como “Hi Lorraine” e “Sorry”, acrescentam camadas emocionais e contemplativas à trama, destacando momentos de introspecção e conexão emocional entre os personagens. A música segue o ritmo calmo do filme, enfatizando os elementos de maturidade e autoconsciência da história.          

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Além disso, a trilha sonora ajuda a reduzir a ansiedade do público, proporcionando uma experiência mais envolvente e agradável. Laura Karpman combina uma narrativa convincente, uma direção cuidadosa e uma música convincente para fazer de “Ficção Americana” uma obra que não é apenas divertida, mas também uma profunda reflexão sobre a vida e os relacionamentos.

Onde Assistir Ficção Americana?

Ficção Americana já está sendo transmitido no Amazon Prime Video e é considerado um dos melhores filmes da plataforma até hoje! Através de uma narrativa envolvente e ponderada, o filme explora temas complexos sobre a identidade racial, o sucesso na indústria literária e os desafios enfrentados pelos artistas afro-americanos. American Novel combina sátira, drama e profundidade emocional para oferecer uma experiência cinematográfica única e imperdível para os espectadores do Amazon Prime Video. 

Conclusão

“A arbitrariedade das ordens e das proibições com as quais me confrontava denunciava-lhes a inconsistência.” – Simone de Beauvoir. A frase ressalta bem o uso de argumentos em prol de causa somente no momento em que convém, normalmente exercidos por grupos extremistas ou líderes políticos. Essa essência que aponta a todo momento a hipocrisia, está presente em “Ficção Americana”.

Chegamos ao fim de mais uma humilde análise, acima de tudo, espero que esta resenha tenha ajudado a você a absorver um pouco do que o filme representa. Se você tem uma opinião sobre Ficção Americana deixe nos comentários e continue acompanhando a Proddigital Pop. Até a próxima!

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