Festival de Gramado

Sendo o principal festival de cinema do Brasil, o Festival de Gramado já conta com amplo reconhecimento internacional, graças a seus esforços e iniciativas de incentivo às produções nacionais e latino-americanas.

Com seus 50 anos de história, o evento ajudou a coroar trabalhos dos mais variados profissionais do setor, além de produções importantes da indústria cinematográfica latina e do nosso país.

Nesse caso, fora sua premiação principal, o Kikito, o festival ainda homenageia setores específicos. E nesse artigo, vamos mergulhar de forma mais profunda nas realizações e contribuições dadas pelo evento desde sua criação, filmes premiados, atores e atrizes que já foram agraciados com o prêmio, etc. Acompanhe!

O que é o Festival de Gramado?

O Festival de Gramado é atualmente o maior festival de cinema do Brasil, realizado anualmente em Gramado, cidade do estado do Rio Grande do Sul, na região Sul do país. Em seu status atual, o evento premia não apenas filmes nacionais, mas também produções latino-americanas, que são criadas fora do nosso território.

Em sua trajetória, o Festival de Cinema de Gramado pôde acompanhar todas as fases de desenvolvimento do cinema nacional. Não à toa, é pioneiro e grande referência no setor.

Dentre seus prêmios, vale o destaque a troféus como o Kikito – que é o principal -, Oscarito, Cidade de Gramado e Eduardo Abelin, que ajudam a homenagear os profissionais da indústria do cinema, sejam cineastas, atores ou outras personalidades da área.

Quando o Festival de Gramado foi criado?

O ano de criação do festival data de 1973, lançado originalmente durante a Festa das Hortênsias, que na época organizava a sua VIII edição.

Quem criou o Festival de Gramado?

Desde sua fundação, o evento está diretamente ligado à própria prefeitura de Gramado. De todo modo, sua criação se deu graças aos esforços do crítico de cinema e jornalista Paulo Fontoura Gastal, juntamente com o apoio do então prefeito do município, Horst Volk. Já a oficialização do projeto se deu pelo Instituto Nacional de Cinema (INC).

Atualmente, o festival é realizado pela Gramadotur, que é uma Autarquia de Turismo e Cultura ligada a Prefeitura de Gramado, e grande responsável por organizar os eventos de destaque dentro do município, a exemplo do Expogramado, Natal Luz e o festival de cinema em si. Acompanhando essa realização estão ainda a Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e o Ministério da Cultura do Brasil.

Um pouco da história do festival de Gramado

Para compreender mais profundamente a relevância que o Festival de Gramado possui, nada melhor do que conferir um pouco da história e desenvolvimento do evento, até tornar-se o destaque que é atualmente.

Período de criação do evento

Embora tenha oficialmente surgido em 1973, as primeiras etapas da criação do Festival de Gramado ocorreram ainda na década de 1960. Isso porque o evento tem como base uma pequena mostra de filmes que era realizada nesse período na própria capital gaúcha, Porto Alegre. Foi dessa mostra que nasceu o projeto levado para Gramado por Paulo Gastal e Horst Volk.

Foco das primeiras edições

Focada exclusivamente nos filmes nacionais, as primeiras edições do Festival de Cinema de Gramado ficaram marcadas também pela nudez, sensacionalismo e a própria crise das estrelas na disputa por fama no evento da Serra Gaúcha.

O período, vale lembrar, era de tempos políticos conturbados, marcado pela ditadura militar instaurada. Assim, o festival tinha também que driblar a censura por parte do governo.

A chegada das obras latino-americanas

O rompimento das barreiras nacionais aconteceu somente em 1977, ano em que o primeiro filme de origem latino-americana foi exibido no festival. “La tregua”, um filme de drama argentino escrito e dirigido por Sérgio Renan foi a obra responsável por esse feito.

No entanto, a transformação completa do festival, introduzindo de vez as obras  latino-americanas produzidas fora do país, ocorreu apenas em 1992. Foi nesse mesmo ano, aliás, que pela primeira vez um filme estrangeiro conseguiu vencer o prêmio principal. O feito deve-se a “Técnicas de duelo”, uma comédia colombiana do diretor Sergio Cabrera.

Quais são os principais prêmios entregues no Festival de Gramado?

Sendo um festival completo, e não uma premiação restrita em si, o Festival de Cinema de Gramado conta alguns prêmios de destaque. Nesse caso, cada troféu busca coroar os trabalhos de uma respectiva área, seja dos filmes como um todo, direção, atuação, etc.

Uma divisão comum, vale destacar, é considerar o Kikito como a premiação do festival em si, e os demais ligados ao setor de homenageados, que é onde entram os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Cidade de Gramado e Kikito de Cristal. Veja mais sobre cada um deles!

Kikito

Como mencionado, o Kikito é o grande símbolo e a premiação máxima entregue dentro do festival. Sendo uma representação de uma figura risonha, o “deus do bom-humor”, esse já foi inclusive o símbolo da cidade e foi declarado um patrimônio cultural de Gramado.

A estatueta foi criada pela artesã gramadense Elisabeth Rosenfeld, que também foi quem atribuiu o nome do prêmio. Inicialmente, o troféu era confeccionado em madeira de imbuia e atualmente é produzido em bronze.

O Kikito é entregue aos profissionais do cinema que conseguiram destaque em diversas categorias, com as obras concorrendo dentro de setores diferentes, como longa-metragem brasileiro, longa-metragem estrangeiro, curta-metragem brasileiro, longa-metragem gaúcho, longa-metragem documental e curta-metragem gaúcho.

Assim, cada um desses setores possui suas próprias categorias, como o Melhor Filme longa-metragem brasileiro, Melhor Atriz longa-metragem brasileiro, Melhor Ator, Diretor, Montagem, Roteiro, Direção de Arte, etc.

Troféu Oscarito

Outra importante premiação dentro do festival é o chamado Troféu Oscarito, que é uma homenagem entregue desde o ano de 1990. A estatueta é concedida aos grandes atores e atrizes presentes no cinema nacional.

O nome em si já é uma homenagem ao ator espanhol naturalizado brasileiro Oscarito. E dentre os profissionais que já foram agraciados com o troféu, vale a referência a nomes como:

• Grande Otelo;
• Anselmo Duarte;
• Lima Duarte;
• Antônio Fagundes;
• Tarcísio Meira;
• Sônia Braga; e
• Fernanda Montenegro.

Troféu Eduardo Abelin

O Troféu Eduardo Abelin, por sua vez, é uma forma de homenagear os cineastas, diretores ou então entidades de cinema brasileiro. A premiação é entregue desde o ano de 2001, e já premiou nomes como:

• Walter Carvalho;
• Otto Guerra;
• Carlos Saldanha;
• Canal Brasil;
• Walter Lima Jr.;
• Carlos Reichenbach; e
• Roberto Farias.

Troféu Cidade de Gramado

O Troféu Cidade de Gramado busca destacar os nomes que possuem ligação com Gramado e com o próprio festival em si, e que contribuíram para a divulgação e crescimento da cidade e também do evento. Ele é entregue desde 2012, e já homenageou nomes como:

• Araci Esteves;
• Mauricio de Sousa;
• Denise Fraga;
• Ney Latorraca;
• Antonio Pitanga;
• Tony Ramos;
• Daniel Filho;
• Rodrigo Santoro; e
• Eva Wilma.

Troféu Kikito de Cristal

Por fim, outra premiação de homenagem é o Troféu Kikito de Cristal, que busca destacar os expoentes do cinema latino. O prêmio é entregue desde o ano de 2007, e já coroou os trabalhos de nomes como:

• Paulina García;
• Leonardo Sbaraglia;
• Soledad Villamil;
• Cecilia Roth;
• Jean Pierre Noher;
• Othon Bastos;
• Manuel Martinez Carril;
• Ruy Guerra; e
• Eduardo Coutinho.

Quem são os últimos 10 vencedores da categoria Melhor Ator Longa-Metragem Brasileiro?

A sessão de longa-metragem brasileiro é justamente uma das mais esperadas do Festival de Gramado. E, nesse caso, uma das suas categorias mais importantes é a de Melhor Ator. Veja quem foram os vencedores nos últimos 10 anos:

• 2022 – Gabriel Knoxx, pelo longa “Noites Alienígenas”;
• 2021 – Nando Cunha, pelo longa “O Novelo”;
• 2020 – Andrade Júnior, pelo longa “King Kong en Asunción”;
• 2019 – Paulo Miklos, pelo longa “O Homem Cordial”;
• 2018 – Osmar Prado, pelo longa “10 Segundos para Vencer”;
• 2017 – Paulo Vilhena, pelo longa “Como Nossos Pais”;
• 2016 – Paulo Tiefenthaler, pelo longa “O Roubo da Taça”;
• 2015 – Breno Nina, pelo longa “O Último Cine Drive-in”;
• 2014 – Nelson Xavier, pelo longa “A Despedida”;
• 2013 – Irandhir Santos, pelo longa “Tatuagem”.

Quem são os últimos 10 vencedores da categoria Melhor Atriz Longa-Metragem Brasileiro do Festival de Gramado?

Agora que conferimos os 10 últimos atores a levarem o Kikito de Melhor Ator Longa-Metragem Brasileiro, veremos também as atrizes a vencerem a premiação, na categoria correspondente. Foram elas:

• 2022 – Marcélia Cartaxo, pelo longa “A Mãe”;
• 2021 – Glória Pires, pelo longa “A Suspeita”;
• 2020 – Isabél Zuaa, pelo longa “Um Animal Amarelo”;
• 2019 – Marcélia Cartaxo, pelo longa “Pacarrete”;
• 2018 – Karine Telles, pelo longa “Benzinho”;
• 2017 – Maria Ribeiro, pelo longa “Como Nossos Pais”;
• 2016 – Andréia Horta, pelo longa “Elis”;
• 2015 – Mariana Ximenes, pelo longa “Um Homem Só”;
• 2014 – Juliana Paes, pelo longa “A Despedida”;
• 2013 – Leandra Leal, pelo longa “Éden”.

Últimos 6 filmes a vencerem o Kikito de Melhor Filme Longa-Metragem Brasileiro

Por fim, mas não menos importante, vamos conferir ainda quais foram os últimos 6 filmes coroados com o prêmio mais importante do festival. Acompanhe!

Noites Alienígenas

“Noites Alienígenas” é um envolvente drama brasileiro dirigido e co-escrito por Sérgio de Carvalho, inspirado em seu próprio romance homônimo. O filme conquistou o cobiçado Kikito de Melhor Filme Longa-Metragem Brasileiro no Festival de Gramado em 2022, com Gabriel Knoxx recebendo a estatueta de Melhor Ator por seu trabalho.

A narrativa se desenrola em torno de três amigos de infância: Rivelino, interpretado por Gabriel Knox, Paulo, vivido por Adanilo, e Sandra, brilhantemente representada por Gleici Damasceno.

Esses personagens se reencontram em Rio Branco, uma cidade amazônica, mergulhando em um contexto sinistro e misterioso. O enredo habilmente entrelaça suas histórias individuais enquanto exploram não apenas os desafios da reunião após muitos anos, mas também os elementos que envolvem o local.

Carro Rei

Vencedor da categoria em 2021, “Carro Rei” é uma cativante obra de ficção científica brasileira dirigida e co-roteirizada por Renata Pinheiro. O filme mergulha os espectadores em um mundo onde a conexão entre humanos e máquinas atinge novos patamares.

O protagonista, Uno, interpretado por Luciano Pedro Júnior, possui um dom extraordinário: a habilidade de se comunicar com carros desde a sua infância. A trama se desenrola de forma envolvente quando a empresa do pai de Uno enfrenta uma ameaça iminente devido a uma lei que proíbe a circulação de carros antigos na cidade.

Movido pela determinação de proteger o legado de seu pai e a relação especial que ele compartilha com as máquinas, Uno embarca em uma jornada emocionante. Seu objetivo é reviver uma amizade de infância com um carro que já foi seu melhor amigo, transformando-o no lendário “Carro Rei”. Esta visão ousada é a de transformar um veículo em um símbolo de esperança e mudança para todos.

King Kong en Asunción

“King Kong en Asunción” é uma intrigante produção cinematográfica dirigida por Camilo Cavalcante, que une os cenários do Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina para contar uma história cativante. O filme gira em torno do personagem central, conhecido como O Velho, interpretado por Andrade Júnior. Ele é um pistoleiro de aluguel cuja vida é uma jornada errante através do vasto território latino-americano, cumprindo suas tarefas sombrias.

Apesar de sua longa carreira como pistoleiro, O Velho encontra-se em um ponto de inflexão na vida. Cansado das lidas de sua profissão ele decide embarcar em um último trabalho antes de buscar a tão desejada aposentadoria. No entanto, seu objetivo final é mais do que apenas encerrar sua carreira; é também se reunir com sua filha, a qual ele não teve a oportunidade de acompanhar enquanto crescia.

O filme foi o grande vencedor do Kikito de Melhor Filme da categoria em 2020 e, como observado, conferiu também o troféu de melhor ator a Andrade Júnior, que nem mesmo pôde receber sua premiação, uma vez que faleceu ainda em 2019, antes do evento.

Pacarrete

“Pacarrete” é um comovente drama brasileiro, dirigido e escrito por Allan Deberton. O filme narra a jornada de Pacarrete, interpretada por Marcélia Cartaxo, uma professora de dança aposentada que se encontra em um momento complexo de sua vida. Diante das dificuldades, ela acaba tendo que retornar à sua cidade natal, Russas, no interior do Brasil.

O foco da narrativa se concentra em Pacarrete, que se esforça para lidar com os desafios que a vida lhe apresentou. Sua trajetória a leva a assumir uma responsabilidade significativa: cuidar de sua irmã doente, Chiquinha, interpretada por Zezita de Matos. Enquanto Pacarrete se envolve na tarefa de cuidar de sua irmã, ela também confronta memórias do passado e reavalia sua própria identidade e propósito.

Além do Kikito de Melhor Filme em 2019, a obra garantiu ainda o prêmio de Melhor Atriz a Marcélia Cartaxo, por seu brilhante trabalho.

Ferrugem

Ficando com a estatueta no Festival de Gramado em 2018, “Ferrugem” é um impactante drama brasileiro dirigido e escrito por Aly Muritiba, que aborda temas cruciais da era digital e da vida adolescente. O filme se passa em Curitiba, capital do Paraná, e mergulha profundamente nas complexidades do mundo contemporâneo dos jovens.

A trama segue a vida de Renet, interpretado por Giovanni de Lorenzi, um adolescente que se vê envolvido em um cenário alarmante de “revenge porn” e cyberbullying. Tati, papel desempenhado por Tifanny Dopke, é uma colega de escola de Renet, cujas imagens íntimas são compartilhadas sem sua permissão, desencadeando uma série de eventos devastadores. A história também envolve Davi, interpretado por Enrique Díaz, e Boi, interpretado por Alex Ferreira, personagens que entrelaçam suas vidas nesse contexto tenso.

O filme aborda com sensibilidade e seriedade as consequências reais e emocionais da pornografia de vingança e do cyberbullying, destacando as implicações profundas desses atos na vida dos jovens afetados. Ao mesmo tempo, “Ferrugem” explora a vulnerabilidade dos adolescentes na era digital e oferece uma reflexão sobre a privacidade, as relações interpessoais e a ética no mundo virtual.

Como Nossos Pais

“Como Nossos Pais” é um profundo drama brasileiro dirigido e escrito por Laís Bodanzky, que oferece uma introspectiva exploração da vida e das complexas relações familiares. A história gira em torno de Rosa, interpretada por Maria Ribeiro, uma mulher que passa por uma jornada de autodescoberta e confronto com as expectativas sociais.

Rosa vive uma vida que parece ser guiada pelo automatismo e pela infelicidade. Ela se encontra presa em uma rotina monótona, enfrentando conflitos tanto em seu casamento com Dado, interpretado por Paulo Vilhena, quanto em sua relação com seus pais divorciados, Homero, interpretado por Jorge Mautner, e Clarice, papel desempenhado por Clarisse Abujamra. A dinâmica entre Rosa e sua mãe, em particular, é marcada por tensões resultantes de visões de mundo contrastantes.

Enquanto o filme explora as interações familiares e as diferenças geracionais, também aprofunda a luta interior de Rosa. Ela confronta o abismo entre sua vida real e as expectativas que ela sempre alimentou. “Como Nossos Pais” mergulha nas complexidades das pressões sociais e das aspirações individuais, enquanto retrata uma mulher em busca de sua própria voz e autenticidade.

Marcado por atuações profundas, o filme ficou com o Kikito de Melhor longa nacional de 2017. Além disso, ambos os protagonistas ganharam o prêmio por seus trabalhos: Maria Ribeiro como Melhor Atriz e Paulo Vilhena como Melhor Ator.

Considerações finais sobre o festival de gramado

Como foi possível observar, o Festival de Gramado faz jus a todo o renome que possui. Afinal, já são mais de 5 décadas de contribuições para a indústria cinematográfica nacional e latina, premiando e homenageando os destaques do setor.