Segundo reportagem exclusiva do site norte-americano Deadline, a atriz e diretora Sarah Polley estaria negociando com a Walt Disney Pictures para dirigir a versão live-action de Bambi. Ainda segundo a reportagem, a obra será um musical com a trilha sonora sendo escrito pela cantora country Kacey Musgraves, que tem seis indicações ao Grammy Awards no currículo. O roteiro estaria sendo escrito por Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster, que entre outros trabalhos, foram responsáveis pelo roteiro de Malévola: Dona do Mal (2019), também da Disney. A produção ficaria a cargo de Chris e Paul Weitz.
Desde, pelo menos 2020, se fala na produção de uma versão live-action de Bambi. O filme, pelo que se consta será todo feito a base de CGI fotorealístico, parecido com o que foi usado nas versões live-action de O Rei Leão (2019) e Mogli – O Menino Lobo (2016), já que assim com esses dois filmes, quase todos os personagens de Bambi são animais. Se esse fato se confirmar, será algo novo na carreira de Sarah Polley.
Sarah Polley: De atriz a roteirista e diretora
A canadense Sarah Polley começou sua carreira de atriz ainda criança, em 1985, no filme da Disney One Magic Christmas (ou “Um Natal Mágico”, na tradução livre). Daí em diante, ela não parou mais de atuar. Contudo, Polley chegou realmente ao estrelato, quando deixou a carreira de atriz de lado e passou a escrever e dirigir filmes. Seu primeiro longa-metragem, Longe Dela, lançado em 2006 e estrelado por Julie Christie, foi extremamente elogiado pela crítica e recebeu diversos prêmios, dando a Polley sua primeira indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
Daí para frente, Polley escreveu e dirigiu mais três filmes, todos muito bem recebidos pela crítica. Os últimos dois, o documentário Stories We Tell e o drama Entre Mulheres receberam diversos prêmios. Stories We Tell foi considerado pela BBC e pelo Festival Internacional de Toronto (o mais importante do Canadá), como um dos melhores documentários canadenses da história. Já Entre Mulheres, deu a Polley seu primeiro Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.
Por tudo isso, é seguro dizer que a diretora tem talento mais do que suficiente para produzir uma ótima versão live-action de Bambi. A questão aqui é que esse não é o tipo de filme que ela costuma dirigir. Primeiro, porque Polley nunca dirigiu uma superprodução em toda a sua carreira. Nenhum dos seus filmes até agora, custou mais do que 10 milhões de dólares. Segundo, porque a diretora também não tem experiência com a direção de filmes com uso massivo de efeitos especiais como, provavelmente, será Bambi.
E terceiro, porque ela costuma dirigir filmes mais “de arte”. Ou seja, obras cujo principal objetivo é provocar o espectador a pensar e sentir, sem muito compromisso com a arrecadação de grandes bilheterias. Portanto, é possível dizer que o sucesso ou fracasso desse projeto dependerá do acerto que Polley fizer com a Disney e do tamanho da liberdade que o estúdio eventualmente for dar para ela trabalhar.
Clássico do cinema e mais um na lista de remakes da Disney
Lançado em 1942, Bambi foi o quinto longa-metragem de animação lançado pela Walt Disney Pictures e era baseado em um livro de Felix Salten lançado em 1923. A obra é bem diferente das animações anteriores lançadas pela Disney até então, por ser muito mais dramático, sério, obscuro e realístico e por quase não conter elementos de fantasia em seu enredo. Produzido a um custo inicial de cerca de 850 mil dólares, o filme não foi tão bem assim nas bilheterias durante seu lançamento inicial. Isso porque, Bambi foi lançado no meio da Segunda Guerra Mundial, o que impediu que ele estreasse na maioria dos países da Europa. Contudo, mesmo assim, a animação foi lucrativa para o estúdio.
Ao longo dos anos, no entanto, a obra se tornou um verdadeiro clássico e, desde então, arrecadou mais de 267 milhões de dólares em bilheterias, se tornando uma das animações mais lucrativas da história. Além disso, o filme está preservado no National Film Registry da Biblioteca do Congresso Americano, devido a sua “importância cultural, histórica e estética” para o cinema norte-americano. O filme tem, desde o seu lançamento, feito parte da memória afetiva de gerações e mais gerações de crianças do mundo todo.
Não à toa, Bambi é mais um dos clássicos da Disney que o estúdio quer refilmar em forma de um filme live-action. Diversas outras animações clássicas da Disney já passaram pelo mesmo processo. A última delas, foi A Pequena Sereia, de 1989, cuja versão live-action acaba de estrear nos cinemas do mundo todo. A maioria dessas versões live-action tem conseguido arrecadar enormes bilheterias e a Disney já percebeu isso e também o potencial desses filmes de encher os seus cofres.
Só para se ter uma ideia, a versão live-action de O Rei Leão, lançado em 2019, fez quase 1,7 bilhão de dólares em bilheterias para o estúdio. Já a versão live-action de Aladdin, lançado no mesmo ano, fez pouco mais de 1 bilhão. Ambos os filmes estiveram entre os 10 mais vistos daquele ano. Ou seja, só em 2019, a Disney arrecadou quase 3 bilhões de dólares só com versões live-action de suas animações clássicas. E isso porque nem sequer citamos outros grandes sucessos do tipo, como a versão live-action de A Bela e a Fera, lançado em 2017, e que arrecadou quase 1,3 bilhão em bilheteria ou a versão live-action de Mogli – O Menino Lobo, lançado no ano anterior, e que arrecadou quase 1 bilhão de dólares em bilheterias.
Por tudo isso, pode-se afirmar sem medo de errar que a Disney continuará a produzir versões live-actions de suas animações clássicas e até de animações lançadas há pouco tempo. Como já podemos ver ocorrendo no caso de Moana, cuja animação foi lançada em 2016, e cuja versão live-action já foi anunciada com data de estreia prevista para 2025, ou seja, com menos de 10 anos de diferença entre o lançamento dos dois filmes.