O site norte-americano Deadline publicou hoje, com exclusividade, que a Paramount Pictures adquiriu os direitos para produzir um remake do clássico Um Corpo que Cai. Os detalhes da produção ainda não foram revelados, mas já se sabe que a intenção do estúdio é que o filme seja protagonizado por Robert Downey Jr. O ator, cujo talento é inquestionável, não tem tido muita sorte nas bilheterias após encerrar sua participação no Universo Cinematográfico Marvel (MCU), onde por mais de 10 anos, ele interpretou com muito sucesso Tony Stark (vulgo Homem de Ferro).
Desde sua última participação em um filme da franquia, em 2019 em Vingadores: Ultimato, Downey Jr. participou apenas de dois filmes lançados comercialmente: a comédia Dolittle (terceira adaptação para a telona de Dr. Dolittle, o médico que fala com os animais), lançado em 2020, que em meio ao catastrófico cenário da pandemia de COVID-19 ainda foi um dos 10 filmes mais vistos do ano, mas mesmo assim foi um fracasso de bilheteria, já nem sequer conseguiu recuperar o que o estúdio gastou para produzi-lo; e o documentário Robert Downey Sr., sobre seu pai que, apesar de ter sido muito elogiado pela crítica, teve um lançamento bastante limitado e não era um filme com intenções comerciais.
Nesse ano, Downey Jr deve estar no aguardado Oppenheimer, filme biográfico sobre o cientista J. Robert Oppenheimer, que será dirigido por Christopher Nolan. Se o ator emendar esse filme com um bem-sucedido remake de Um Corpo que Cai, sua “moral” deve voltar a subir em Hollywood e é possível pensar, até mesmo, em indicações a prêmios como o Oscar e o Globo de Ouro.
Além de Downey Jr., a Paramount já teria contratado o talentoso roteirista britânico Steven Knight, para escrever o roteiro do filme. Knight é responsável pelo roteiro de diversos outros filmes, incluindo obras elogiadas como Coisas Belas e Sujas (2002) e Senhores do Crime (2007), além de ser um dos criadores da elogiadíssima série Peaky Blinders. O roteirista também já estaria trabalhando no roteiro de um novo filme da franquia Stars Wars. Não é de hoje que alguns estúdios tentam produzir um remake de Um Corpo que Cai, mas os herdeiros de Alfred Hitchcock, que detêm os direitos sobre a obra, preferiram ceder os direitos para a Paramount, que é o estúdio onde o filme original foi produzido.
Um clássico atemporal
Dirigido pelo “mestre do suspense” Alfred Hitchcock e lançado em 1958, Um Corpo que Cai é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock e também um dos melhores filmes de toda a história do cinema mundial. A película, inclusive, foi uma das 25 obras originalmente escolhidas, em 1989, pela Biblioteca do Congresso Americano para serem preservadas no, então, recém-criado National Film Registry, uma coleção que busca preservar os melhores filmes produzidos nos Estados Unidos. Além disso, nas últimas duas seleções dos 100 melhores filmes da história, feitas pela famosa revista inglesa Sight & Sound, Um Corpo que Cai ficou em primeiro lugar em 2012 e em segundo em 2022.
No filme, James Stewart é um ex-detetive da polícia que é obrigado a se aposentar depois de um incidente de trabalho que o fez desenvolver acrofobia (medo extremo de altura) e vertigem (de onde vem o nome do filme em inglês “Vertigo” ou “vertigem”, na tradução para o português). Contratado por um conhecido para poder seguir sua esposa (interpretada por Kim Novak) que está se comportando de forma estranha, ele volta a ativa como detetive particular.
Além do roteiro muito bem escrito, do final surpreendente e misterioso (características da obra hitchcockiana) e das interpretações brilhantes de Stewart e Novak, o filme trouxe inovações técnicas que até hoje ainda são usadas no cinema. A principal delas foi o “Dolly zoom”, um efeito de câmera que distorce a perspectiva, criando no espectador uma sensação de desorientação. O efeito que, hoje em dia, inclusive, é chamado de “Vertigo Effect” (ou “Efeito Vertigo”), em homenagem ao filme, foi criado por Hitchcock e sua equipe afim de tentar passar para o espectador as sensações que o personagem de Steward tinha ao estar em algum lugar alto.
Como se percebe por tudo que foi dito acima, a responsabilidade da Paramount, de Knight, de Downey Jr. e também do diretor (que ainda não foi anunciado) são enormes ao resolverem produzir o remake de um filme que é considerado, por público e crítica, perfeito ou quase perfeito. A expectativa será grande para saber se eles estarão à altura desse desafio. É evidente que tanto o ator quanto o roteirista têm talento para isso, esperemos que as condições sejam favoráveis para que eles produzam um filme que pelo menos não “manche” a reputação da obra original.
