Foi anunciado hoje que o compositor grego Vangelis faleceu em Paris, aos 79 anos de idade. O músico estava internado em um hospital da capital francesa recebendo tratamento contra a COVID-19. Contudo, na terça-feira, ele teve uma insuficiência cardíaca e acabou não resistindo. Vangelis era mundialmente conhecido por seu estilo musical único que combinava música clássica, com música eletrônica e progressiva.
Apesar de tocar e compor profissionalmente desde os anos 60, foi nos anos 70 que ele obteve sucesso musical ao se mudar para Londres e começar uma carreira solo. Nos anos 80, contudo, Vangelis ficaria mundialmente famoso ao compor as trilhas sonoras de dois clássicos do cinema mundial, Carruagens de Fogo (1981) e Blade Runner (1982). Ambas as trilhas estão entre as mais conhecidas e premiadas da história do cinema e foram, inclusive, incluídas pelo Instituto Americano de Cinema (American Film Institute) entre as 25 melhores trilhas sonoras de todos os tempos.
Por seu trabalho em Carruagens de Fogo, Vangelis recebeu um Oscar de Melhor Trilha Sonora. O único de sua brilhante carreira. A canção principal da trilha sonora de Carruagens de Fogo, inclusive, é utilizada até hoje em cerimônias esportivas ao redor de todo mundo e se tornou símbolo de esporte e de vitória esportiva.
Além das trilhas de Carruagens de Fogo e Blade Runner, Vangelis compôs também as trilhas de diversos outros filmes importantes, entre eles, Missing — O Desaparecido (1982), Rebelião em Alto-Mar (1984), 1492 — A Conquista do Paraíso (1992) e da famosa série documental, Cosmos (1980). Além disso, o compositor lançou diversos álbuns de estúdio, tanto solos quanto em parceria com outros músicos.
Vangelis era extremamente influente em seu meio e entre as honrarias mais importantes que recebeu estão, a Ordem Nacional da Legião de Honra (condecoração honorífica máxima oferecida pelo governo francês), a Ordem das Artes e das Letras (também oferecido pela França a artistas que fizeram contribuições significativas para o mundo das artes) e a Medalha de Serviço Público, oferecida pela Nasa. Além disso, em 1995, o músico foi homenageado pela União Astronômica Internacional com o nome de um planeta, o 6354 Vangelis.
Apesar de mundialmente conhecido, Vangelis era extremamente avesso à fama e ao mundo das celebridades e, raramente, concedia entrevistas ou falava publicamente sobre sua vida pessoal. Sendo considerado por muitos como um “artista recluso”. Por isso, pouco se sabia sobre sua vida “fora dos palcos”. O que também se reflete no fato de que a notícia de sua morte só foi tornada pública, dois dias depois de seu falecimento.
Em uma rara entrevista concedida, em 2005, ao jornal inglês The Daily Telegraph, o músico declarou sua aversão à fama, ao mundo das celebridades e a “vida decadente” do início de sua carreira. O artista também disse que não gostava de drogas e álcool, afirmando que a fama inibe a criatividade. Segundo Vangelis, ele percebeu que “sucesso e criatividade pura não são muito compatíveis. Quanto mais bem-sucedido você se torna, mais você se transforma em um produto de algo que gera dinheiro”.
O músico também não tinha residência fixa, gostava de viver viajando e não gostava muito de morar no mesmo país por muito tempo. Apesar de tudo isso, aqueles que o conheciam pessoalmente diziam que ele era extremamente amigável, bem-humorado, brincalhão e gostava de se reunir e conversar com seus amigos.