Se você gosta de cinema e especialmente de filmes de terror, você com toda a certeza já ouviu falar no diretor norte-americano John Carpenter. Com uma carreira que já dura mais de 50 anos, o cineasta é conhecido por sua versatilidade tanto nos temas de seus filmes quanto na capacidade de assumir vários papéis no set de filmagem. Além de dirigir, Carpenter também é compositor, editor e escreve a maioria de seus filmes.
Bastante famoso por sua criatividade, inventividade e capacidade de escrever e dirigir filmes únicos e peculiares, Carpenter já esteve a frente de quase duas dezenas de obras cinematográficas. O diretor quase sempre dirige filmes independentes e de baixo ou baixíssimo orçamento e nunca esteve a frente de uma produção que custasse mais de 50 milhões de dólares.
Outra peculiaridade de sua obra é que seus filmes são quase sempre mal entendidos ou mal recebidos no momento em que são lançados. Contudo, com o passar dos anos eles acabam conquistando um sem número de admiradores, fazendo com que a visão sobre eles mude para melhor. Isso ocorreu com quase todos os filmes que Carpenter dirigiu em sua carreira.
Isso acontece, provavelmente, por dois motivos principais. Primeiro, porque o cineasta dirige quase sempre filmes de baixo orçamento que muitas vezes são rejeitados pela crítica (ou mesmo pelo público) por não possuírem a “qualidade técnica” esperada. Segundo, porque os filmes do diretor são bastante peculiares. Por isso, eles nem sempre são fáceis de se “digerir”, o que também pode levá-los a serem rejeitados. Contudo, com o tempo, as pessoas parecem passar a entender e admirar essas obras.
É importante destacar que a maioria dos filmes mais famosos de Carpenter foi lançado nos anos 70 e 80. Nos anos 90, sua produção começou a entrar em declínio e nos anos 2000, ele dirigiu apenas dois filmes. Atualmente, Carpenter parece estar mais focados nos trabalhos de produção cinematográfica e composição de trilha sonoras e desde 2010 ele não dirige um longa-metragem.
Nessa lista, focamos apenas nos filmes dirigidos por John Carpenter. Portanto, você não verá obras em que ele tenha atuado apenas como roteiristas, produtor, compositor ou editor. Boa leitura.
Halloween (1978)
Sem sombras de dúvidas o filme mais importante da carreira de Carpenter e um dos filmes mais importantes da história do cinema moderno. Halloween pode não ter fundado o sub-gênero “filme slasher”, mas seguramente foi a obra que o colocou no centro do “palco” do cinema mundial. Sem Halloween o cenário do cinema de terror moderno seria totalmente diferente. Sem ele, não existiram nem Michael Myers, nem Jason, nem Freddy, nem Ghost Face, nem grande parte dos filmes de terror feitos durante os anos 80, 90 e 2000.
Por isso, Halloween é considerado um dos filmes mais influentes e importantes já feitos. Além disso, foi a obra que realmente lançou a carreira de John Carpenter que depois, dirigiria muitos outros clássicos. Ah! E não nos podemos esquecer também que Halloween foi um enorme sucesso de bilheteria. Feito com um orçamento de apenas 300 mil dólares, o filme arrecadou cerca de 70 milhões em bilheterias e deu origem a uma franquia que até hoje ainda rende frutos.
O Enigma de Outro Mundo (1982)
Provavelmente, o segundo filme mais importante da carreira de Carpenter. A história de um grupo de cientistas preso em um estação na Antártica e sendo assimilados um a um por uma criatura alienígena desconhecida não foi muito bem nas bilheterias na época de seu lançamento, além de ter sido literalmente odiado pela crítica especializada.
Contudo, atualmente, O Enigma de Outro Mundo é considerado uma das ficções científicas mais importantes da história do cinema e é frequentemente incluído em listas de melhores filmes já feitos. Além de tudo isso, os efeitos especiais do filme e, principalmente, a criatura alienígena desenvolvida por Rob Bottin já são praticamente parte do imaginário popular.
Fuga de Nova York (1981)
O filme que iniciou a parceria entre Carpenter e Kurt Russell que perduraria por diversos anos. Nesse clássico, os Estados Unidos estão tomados pelo crime. Por isso, o governo decide converter a ilha de Manhattan, em Nova York, em uma enorme prisão de segurança máxima para os piores criminosos do país. Acontece que o avião do presidente americano é sequestrado e jogado, de propósito, na ilha.
O governo então, é obrigado a chamar o ex-soldado, e agora prisioneiro, Snake Plissken para resgatá-lo, em troca do perdão de sua sentença. Fuga de Nova York foi um dos poucos filmes de Carpenter a ser sucesso de público e de crítica na época de seu lançamento.
Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986)
Essa mistura de comédia, ação, aventura, fantasia e filme de artes marciais foi outro dos filmes de John Carpenter que não agradou muito ao público quando foi lançado, mas que acabou virando um queridinho das plateias com o passar dos anos. Aqui, contudo, é importante destacar que a crítica adorou o filme na época de seu lançamento, só o público mesmo que não curtiu muito. Em Os Aventureiros do Bairro Proibido temos Kurt Russell (novamente ele) na pele de um caminhoneiro que sem querer acaba se envolvendo em uma briga milenar entre criaturas, artistas marciais e figuras lendárias no bairro chinês de São Francisco.
A mistura de efeitos especiais e técnicas inventivas e inovadoras, cenários extravagantes e elementos da cultura oriental fazem do filme uma obra única que não à toa ainda hoje é copiada por outros cineastas. No Brasil, Os Aventureiros do Bairro Proibido é especialmente amado por aqueles que assistiam à televisão aberta durante o final dos anos 90 e início dos anos 2000, quando o filme era frequentemente exibido na Sessão da Tarde.
Eles Vivem (1988)
Outra ficção-científica dirigida por John Carpenter, Eles Vivem ganhou status de filme cult por sua crítica social ferrenha e por seu aguçado comentário social. No filme, um andarilho descobre que a classe social dominante do mundo é, na verdade, formada por um grupo de alienígenas disfarçados, que por meio de mensagens sublimares propagadas por meio dos veículos de comunicação de massa manipula os humanos.
Assim, eles podem continuar a dominar o planeta, enquanto os humanos continuarão a se conformar com o status quo e a simplesmente consumir e viver sua vida “comum”. Assim como ocorreu com a maioria dos filmes de Carpenter, Eles Vivem não foi bem recebido pela crítica na época de seu lançamento (apesar de ter feito algum sucesso com o público) e só anos depois passou a ser considerado uma obra clássica. Atualmente, o filme é bastante influente e algumas de suas falas são usadas frequentemente em outros filmes e em obras de arte.
Starman — O Homem das Estrelas (1984)
Aqui temos uma peculiaridade na carreira de John Carpenter, seu único filme a receber uma indicação ao Oscar. Nesse caso, de melhor ator para Jeff Bridges, que protagoniza Starman, interpretando um alienígena que vem à Terra em resposta a uma mensagem da Voyager 2. O filme foi um enorme sucesso de crítica (um dos poucos da carreira do diretor) na época de seu lançamento, mas não fez tanto sucesso assim com o público.
Além da indicação ao Oscar, outra peculiaridade de Starman é que ele é uma das poucas obras da filmografia de Carpenter que flerta com os gêneros drama e romance. Além de se distanciar do terror, do estranho e do sobrenatural, que são os gêneros que mais aparecem na filmografia de Carpenter.
Assalto à 13.º DP (1976)
O filme que realmente deu origem a carreira de John Carpenter. Apesar de não ter sido seu primeiro longa-metragem, foi o sucesso de Assalto à 13º DP, principalmente na Europa, que fez com que o diretor conseguisse financiamento para a produção de Halloween, obra que faria dele um nome mundialmente conhecido. Feito com apenas 100 mil dólares, Assalto à 13 DP conta a história de um policial e um assassino condenado, que tem que unir forças para defender uma delegacia de polícia que está sendo atacada por uma violenta gangue.
Considerado de baixíssimo orçamento, na época de seu lançamento, o filme estreou apenas em festivais e no circuito de filmes independentes e alternativos dos Estados Unidos e da Europa. Com o tempo, no entanto, Assalto à 13 DP se tornou bastante influente e cultuado. Dando origem a diversas homenagens, análises acadêmicas e até um remake, lançado em 2005.
A Bruma Assassina (1980)
Primeiro filme dirigido por John Carpenter após ele ficar mundialmente famoso por seu trabalho em Halloween (1978), A Bruma Assassina foi um enorme sucesso de público na época de seu lançamento, arrecadando mais de 21 milhões de dólares para um orçamento de apenas 1 milhão de dólares. Como é comum na carreira de Carpenter, no entanto, a obra não fez tanto sucesso assim com a crítica especializada. Contudo, com o passar do tempo, acabou caindo nas graças de críticos do mundo todo e se tornando uma obra de referência do cinema de terror.
A Bruma Assassina conta a história de uma cidadezinha costeira da Califórnia invadida por um nevoeiro que traz consigo os espíritos de um grupo de marinheiros mortos em um naufrágio há 100 anos atrás e que querem vingança contra os habitantes do lugar. Uma curiosidade do filme é que o nome de diversos personagens da história são uma homenagem a profissionais que trabalharam com Carpenter, como Dan O’Bannon (que ajudou o diretor em seu início de carreira) e Nick Castle (que interpretou Michael Myers em Halloween).
Christine — o Carro Assassino (1983)
Outro clássico da Sessão da Tarde ou melhor, do Cinema em Casa. Isso porque, assim como Os Aventureiros do Bairro Proibido, Christine também passava bastante na televisão aberta brasileira durante o final dos anos 90 e início dos anos 2000. A obra é uma das poucas da filmografia de John Carpenter que foi sucesso de crítica e público na época de seu lançamento. Tendo, inclusive, recebido elogios rasgados de críticos de cinema famosos, como Roger Ebert, por exemplo. Assim como quase tudo que foi dirigido por Carpenter em sua carreira, Christine também virou cult com o passar dos anos e possui grupos de admiradores fanáticos ao redor do mundo.
O filme conta a história de Christine, um carro que tem personalidade própria e que, adquirido por um jovem nerd e socialmente inapto, acaba desenvolvendo um forte laço com ele, passando a perseguir (e assassinar) todos que, na visão dela, representam perigo para esse laço. Christine tem ainda um atrativo adicional ao reunir dois mestres do terror, o diretor John Carpenter e o escritor Stephen King, que escreveu o livro que deu origem ao filme.
Dark Star (1974)
Primeiro longa-metragem da carreira de John Carpenter, Dark Star começou a ser produzido ainda quando o diretor estava na universidade e foi completado com apenas 60 mil dólares. Na época de seu lançamento, o filme foi praticamente ignorado pelo público, mas foi bem recebido em festivas e também por parte da crítica especializada. Isso, garantiu que a exibição da obra em algumas salas de cinema e também permitiu à Carpenter financiar seu próximo filme, Assalto à 13º DP, cujo sucesso na Europa lhe permitiria filmar Haloween.
Dark Star é uma ficção-científica com pitadas de humor, que conta a história da tripulação de uma nave espacial (a Dark Star do título) incumbida de destruir planetas instáveis que possam representar uma ameaça à colonização em outros planetas mais estáveis e propensos a serem ocupados.
À Beira da Loucura (1994)
Lançado em 1994, À Beira da Loucura é a última parte do que John Carpenter nomeou de “Trilogia do Apocalipse” que engloba, além desse filme, O Enigma de Outro Mundo (1982) e Príncipe das Sombras (1987). Aqui, temos a história de um investigador de seguros que vai até uma cidadezinha procurar um famoso escritor de livros de terror que desapareceu. Chegando lá, no entanto, ele começa a questionar a própria sanidade e ser incapaz de distinguir com clareza o que é real e o que não é.
A obra é uma homenagem à obra do escritor H. P. Lovecraft e assim como a maioria dos filmes de Carpenter não fez sucesso na época de seu lançamento, sendo reconhecido apenas anos depois. À Beira da Loucura é um dos filmes de Carpenter com mais admiradores, principalmente por tratar de temas como loucura, alucinação, sonhos, etc.
Príncipe das Sombras (1987)
O segundo capítulo da “Trilogia do Apocalipse” não poderia ficar de fora dessa lista. Esse filme de terror com elementos sobrenaturais conta a história de um grupo de estudantes de física que é incumbido de ajudar um padre a investigar um misterioso cilindro descoberto em um antigo monastério.
Contudo, no curso da investigação, eles descobrem que o líquido dentro do cilindro tem consciência própria e é a encarnação de Satã. O filme teve uma recepção morna por parte da crítica especializada, mas fez bastante sucesso com o público arrecadando mais de 14 milhões de dólares em bilheterias para uma produção que custou apenas 3 milhões de dólares.
Vampiros (1998)
Um dos últimos filmes dirigidos por John Carpenter, Vampiros é um mistura de terror com faroeste e conta a história de um caçador de vampiros que deve impedir que o mais antigo e poderoso dos vampiros se aposse de uma cruz que lhe daria o poder de sobreviver à luz do sol. Essa é a primeira obra de Carpenter em que ele se aventura no mundo dos filmes sobre vampiros, o que mostra a versatilidade do diretor que, pode-se dizer, dirigiu filmes sobre praticamente todos os principais temas do universo dos filmes de terror.
Fantasmas de Marte (2001)
No parágrafo anterior dissemos que John Carpenter se aventurou em todos os principais temas do universo dos filmes de terror. Sendo assim, ele não poderia deixar de fazer um filme sobre zumbis. E foi isso que o diretor fez em seu pênultimo filme, Fantasmas de Marte. Contudo, como é de praxe com Carpenter, esse não é um filme de zumbi comum. Na verdade, é um mistura de terror, com ação, faroeste, ficção científica e filme de zumbi. Tudo isso junto e ainda tendo como cenário o planeta Marte.
Em Fantasmas de Marte, uma equipe de policiais vai até um posto avançado e isolado do planeta, afim de escoltar para julgamento um famoso criminoso que lá foi capturado. Chegando ao local, no entanto, eles percebem que ele está quase que completamente vazio. Ao começarem a investigar o motivo do desaparecimento de todos os habitantes do lugarejo, eles se deparam com uma terrível surpresa.
Apesar do bom elenco e do enredo interessante, Fantasmas de Marte, foi um enorme fracasso de público e crítica. O que, inclusive, levou Carpenter a passar quase 10 anos sem dirigir nenhum outro filme. Atualmente, contudo, o filme ganhou status de cult, possui diversos admiradores e é adorado por diversos críticos que elogiam a peculiaridade da obra com sua trilha sonora marcante, suas boas cenas de ação e sua mistura de gêneros.
Fuga de Los Angeles (1996)
Sequência de Fuga de Nova York (1981), Fuga de Los Angeles é a única continuação que John Carpenter aceitou dirigir em toda a sua carreira. Apesar de Halloween ter tido diversas continuações, o diretor nunca esteve a frente de nenhuma delas. Sempre preferindo se limitar a ajudar a escrever o roteiro e a produzir o filme. Aqui, Snake Plissken (Kurt Russell) está de volta. Dessa vez, para encontrar e resgatar um aparelho capaz de tornar inútil qualquer equipamento eletrônico do mundo e que, por isso, pode ser usado para fins militares. Agora, contudo, Plissken tem que escapar é de Los Angeles que, após um terremoto, se tornou uma ilha separada do continente e lar dos mais terríveis criminosos do país.
Fuga de Los Angeles foi a produção mais cara da carreira de Carpenter, tendo custado cerca de 50 milhões de dólares para ser feito. Ou seja, uma superprodução para os padrões do diretor que quase sempre dirigi filmes de baixo orçamento. A obra, no entanto, foi um enorme fracasso de público (arrecadando apenas 25 milhões em bilheterias) e teve uma recepção bastante morna por parte dos críticos. Com sempre ocorre com os filmes de Carpenter, no entanto, a obra é hoje um clássico cult com admiradores no mundo todo.
E aí? O que achou da nossa lista? Faltou algum filme? Deixe sua opinião nos comentários.