No último dia 26 de fevereiro, o mundo se chocou com a notícia de que o corpo de Gene Hackman e de sua esposa Betsy Arakawa haviam sido encontrados mortos em sua casa. Hackman que tinha 95 anos de idade, estava aposentado do cinema desde 2004 e sofria de Doença de Alzheimer em estágio avançado. As causas da morte de Hackman e de sua esposa ainda estão sob investigação.
Nascido na Califórnia em 1930, Gene Hackman começou sua carreira de ator ainda nos anos 1950, conseguindo seu primeiro papel no cinema no início dos anos 1960. Em 1967, Hackman conseguiu um papel principal no clássico Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas e, com isso também, recebeu sua primeira indicação ao Oscar.
O ator se consagraria nos anos 1970 e com o tempo se tornaria um dos mais importantes e respeitados atores de sua geração. Hackman atuou em diversos filmes importantes do cinema mundial e por isso, como forma de homenagear sua bem-sucedida carreira, decidimos listar 13 filmes marcantes que contam com a atuação desse brilhante ator. Sem mais delongas, vamos lá.
Gene Hackman – Um ator sem futuro
Eugene Allen Hackman nasceu em 30 de janeiro de 1930 em San Bernardino, na Califórnia, nos Estados Unidos. Sua família se mudava bastante, mas eventualmente eles se estabeleceram na pequena cidade de Danville, no Illinois, onde Hackman passou boa parte de sua infância e adolescência. Aos 10 anos de idade, ele decidiu que se tornaria ator. Quando Hackman tinha 13 anos de idade, seus pais se divorciaram e o pai do futuro ator deixou a família.
Em 1946, aos 16 anos de idade, Hackman decidiu sair de casa. Para isso, se alistou nos Fuzileiros Navais, mentindo sua idade. Ele passaria mais de quatro anos servindo como operador de rádio de campo, período em que ficaria estacionado em Qingdao e Xangai, na China. Quando o Partido Comunista Chinês conquistou o país inteiro em 1949, Hackman foi realocado para o Havaí, nos Estados Unidos.
Após deixar o exército em 1951, Hackman se mudou para Nova York, onde trabalhou em diversos empregos. Logo depois, Hackman ingressou na Universidade de Illinois para estudar jornalismo e produção televisiva se aproveitando de uma lei que beneficiava veteranos da Segunda Guerra Mundial. No entanto, Hackman acabou não concluindo o curso, abandonando a faculdade para se mudar para a Califórnia.
De volta a Califórnia, Hackman começou a perseguir ativamente seu sonho de se tornar ator. Nessa época, ele ingressou no Pasadena Playhouse, um teatro histórico e premiado sediado na cidade de Pasadena, na Califórnia. Foi lá, que Hackman conheceu Dustin Hoffman, os dois logo se tornaram amigos. Pouco integrados ao resto da turma, os dois foram escolhidos como aqueles com menores chances de darem certo na carreira de ator. Hackman ainda recebeu a menor nota da história do Pasadena Playhouse até aquele momento.
A rejeição motivou Hackman ainda mais e ele estava determinado a provar que podia ser bem-sucedido na carreir de ator. Para isso, ele voltou para Nova York. Durante boa parte dos anos 1960, Hackman, Hoffman e Robert Duvall, todos eles californianos, dividiram em várias ocasiões, apartamentos na cidade. Nessa mesma época, para sobreviver, Hackman teve diversos empregos, trabalhando inclusive em uma unidade do restaurante Howard Johnson, uma cadeia de restaurantes que operava em diversos estados dos Estados Unidos na época.
Nesse período, ainda sem conseguir emplacar na carreira de ator, Hackman encontrou um dos instrutores do seu tempo no Pasadena Playhouse que lhe disse que seu atual emprego provava que ele realmente não conseguiria nunca ser bem-sucedido como ator. Um ex-colega de seus tempos de fuzileiro naval também o encontrou nessa época e disse que ele era “um filho da puta lamentável”.
Tudo isso, fez com que Gene Hackman se esforçasse ainda mais para conseguir trabalhos como ator. Ele estava determinado a fazer qualquer coisa para calar a boca dos críticos e se tornar um ator bem-sucedido. Por isso, em 1957, Hackman começou a atuar em peças fora do circuito da Broadway. Em 1959, Hackman conseguiu se primeiro papel na televisão na série antológica The United States Steel Hour. Em 1961, ele conseguiria seu primeiro papel no cinema, uma pequena participação no filme biográfico O Terror de uma Cidade.
No início dos anos 1960, Gene Hackman continuou atuando em diversas produções televisivas e também em peças de teatro. Em 1963, ele finalmente estreou na Broadway, o principal circuito de teatros nos Estados Unidos. No ano seguinte, a peça Any Wednesday, que era protagonizada por Sandy Dennis e contava com Hackman no elenco, fez um enorme sucesso. Isso abriu as portas para que ele conseguisse um papel no drama Lilith, seu primeiro papel significativo no cinema.
O ator continuou trabalhando em televisão e teatro até que em 1966 ele conseguiu um papel de maior destaque no drama épico Havaí, que era dirigido por George Roy Hill e contava com elenco e valores de produção de primeira linha. O filme, inclusive, recebeu sete indicações ao Oscar. O papel na produção ajudou a abrir os caminhos para Hackman em Hollywood.
Bonnie e Clyde e o sucesso em Hollywood
Com o papel em Havaí, Gene Hackman começou a se projetar em Hollywood. Em 1967, ele foi escalado para o papel de Sr. Robinson em A Primeira Noite de um Homem, filme (hoje) clássico, que acabou levando seu amigo Dustin Hoffman ao estrelato. No entanto, o diretor Mike Nichols acabou demitindo ele com poucas semanas de ensaio, por considerá-lo jovem demais para o personagem. Para o seu lugar foi contratato Murray Hamilton.
Esse revés, no entanto, não impediu Hackman de chegar ao sucesso ainda em 1967. Ainda naquele mesmo ano, ele atuaria em quatro filmes, incluindo Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas, onde ele interpretaria Buck Barrow, irmão de Clyde Barrow (Warren Beatty), protagonista do filme. O papel rendeu a Hackman sua primeira indicação ao Oscar e consolidou de vez sua carreira como ator de cinema.
Gene Hackman começou os anos 1970 já recebendo sua segunda indicação ao Oscar por sua atuação no drama Meu Pai, Um Estranho (1970). Essa seria uma das décadas mais produtivas da carreira do ator e onde ele atuaria em alguns de seus melhores filmes. Em 1971, Hackman protagonizaria o thriller policial Operação França, vencendo o Oscar de Melhor Ator, o primeiro de sua carreira. Com isso, o ator alcançaria o estrelato e se tornaria um nome conhecido no mundo inteiro.
Na década de 1970, Hackman atuaria em diversos filmes importantes, sendo dirigido por alguns dos melhores diretores da história do cinema mundial. Entre os mais importantes filmes estrelados por ele naquela década estão O Destino do Poseidon (1972), A Conversação (1974) e Superman: O Filme (1978). Só para citar alguns.
Nos anos 1980, já com uma carreira consolidada, Hackman continuaria a atuar em diversas produções importantes. Entre os filmes estrelados por ele nessa década estão Eureka (1983), Momentos Decisivos (1986) e Mississippi em Chamas (1988), só para citar três. Hackman iniciaria os anos 1990, já vencendo o seu segundo Oscar, pelo papel no faroeste Os Imperdoáveis (1992), filme dirigido e estrelado por seu amigo, Clint Eastwood.
Nessa mesma década, Hackman participaria de diversas produções de sucesso, como A Firma (1993), Maré Vermelha (1995) e A Gaiola das Loucas (1996). Só para citar três. Nos anos 2000, Hackman ainda entregaria uma de suas atuações mais elogiadas em Os Excêntricos Tenenbaums (2001) e atuaria em filmes como A Mexicana (2001), O Assalto (2001) e O Júri (2003), antes de se aposentar do cinema definitivamente com a comédia Uma Eleição Muito Atrapalhada (2004), que (infelizmente) seria seu último papel cinematográfico.
Apesar de parar de fazer filmes, Gene Hackman ainda continuou sua carreira como escritor, iniciada em 1999, e ainda fez alguns trabalhos para televisão até 2017. Hackman publicou seu último livro em 2013 e depois disso, praticamente sumiu dos olhares do público, até falecer aos 95 anos de idade em fevereiro desse ano.
Devido ao fato de Gene Hackman ter tido uma carreira bastante prolífica e bem-sucedida e também devido ao fato de ele ter atuado em diversos filmes importantes, elaborar uma lista com seus filmes mais marcantes é uma tarefa e tanto. No entanto, aceitamos esse desafio. É importante destacar que tentamos listar aqui os filmes mais importantes para a carreira de Hackman e também suas melhores, e mais marcantes, atuações na sétima arte. Como já dissemos antes, listaremos aqui apenas filmes. Assim sendo, não falaremos sobre os trabalhos televisivos e teatrais de Hackman. Todos preparados? Vamos lá.
Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (1967) – O primeiro grande sucesso da carreira de Gene Hackman
O filme que efetivamente revelou Gene Hackman para o mundo. A obra dirigida por Arthur Penn e estrelada por Warren Beatty (que também produz o filme) e Faye Dunaway conta a história do famoso casal de criminosos Clyde Barrow e Bonnie Parker e seu bando. O grupo aterrorizou uma parte dos Estados Unidos na primeira metade dos anos 1930 e foram caçados pela policia sendo eventualmente mortos por eles em 23 de maio de 1934.
Depois de conseguir um papel de algum destaque no drama épico Havaí (1966), Hackman teve o melhor ano de sua carreira até então em 1967. Além de atuar em quatro longa-metragens, o ator também foi escolhido para interpretar Buck Barrow, irmão de Clyde Barrow (Warren Beatty) em Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas. E sua atuação acabou sendo um dos aspectos mais elogiados do filme.
Apesar de Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas ter sido inicialmente mal recebido por alguns críticos de cinema importantes da época, o filme acabou sendo um enorme sucesso de bilheteria. Produzido a um custo estimado em cerca de 2.5 milhões de dólares, a produção arrecadou aproximadamente 70 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo. Com isso, Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas acabou se tornando um dos dez filmes mais vistos no mundo naquele ano.
Nos Estados Unidos, o filme se tornou dono da terceira maior bilheteria de 1967. Além disso, Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas também recebeu 10 indicações ao Oscar daquele ano. Se tornando dono do maior número de indicações, ao lado de Adivinhe Quem Vem Para Jantar, daquele ano. Entre os indicados estava justamente Gene Hackman que recebeu uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante.
A indicação seria a primeira de sua carreira e representaria também o momento em que sua carreira realmente estourou. Hackman acabaria perdendo o Oscar para o veterano ator George Kennedy, que estava indicado pelo seu desempenho no drama Rebeldia Indomável. Apesar da derrota, Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas mostrou para Hollywood o talento de Gene Hackman.
Atualmente, o filme é considerado um marco na história do cinema, tendo sido escolhido pelo American Film Institute como um dos melhores filmes norte-americanos já produzidos em toda a história. Por sua importância cultural, histórica e estética, em 1992, Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas foi escolhido para ser preservado no National Film Registry, da Biblioteca do Congresso Americano. Por tudo isso, o filme é um dos mais importantes na carreira de Gene Hackman e também um de seus papéis mais marcantes.
Meu Pai, um Estranho (1970)
Gene Hackman iniciou os anos 1970, já recebendo uma segunda indicação ao Oscar. Dessa vez, por seu papel no drama Meu Pai, um Estranho, onde ele interpreta um professor universitário viúvo que tem uma relação difícil com seu pai e que planeja se casar novamente e mudar para a Califórnia. No entanto, ele tem dúvidas sobre deixar seu pai para trás.
Dirigido e produzido por Gilbert Cates e escrito por Robert Anderson, Meu Pai, um Estranho é baseado em uma peça do próprio Anderson. O filme conta com um elenco de primeira linha que inclui Melvyn Douglas, Dorothy Stickney, Estelle Parsons e Elizabeth Hubbard. Apesar de ter dividido a opinião da crítica especializada na época de seu lançamento original, o desempenho do elenco de Meu Pai, um Estranho foi amplamente elogiado.
Especialmente as atuações de Hackman e Douglas, que interpreta seu pai, foram bastante elogiadas por quase todo mundo que assistiu ao filme. Com isso, ambos os atores receberam indicações ao Oscar. Hackman, como Melhor Ator Coadjuvante e Douglas, como Melhor Ator. Nenhum dos atores, no entanto, levaria a estatueta para casa. Apesar disso, Meu Pai, um Estranho ainda é considerada uma das atuações mais fortes e marcantes de toda a carreira de Gene Hackman, especialmente por contracenar de “igual para igual” com o veterano Melvyn Douglas.
Operação França (1971) – Gene Hackman chega ao estrelato
Em 1971, Gene Hackman chegaria ao estrelado ao protagonizar Operação França. No filme, o ator interpreta um detetive do Departamento de Polícia de Nova York que precisa desmantelar um esquema de tráfico de heroina liderado por um rico traficante francês. Dirigido por William Friedkin, Operação França é baseado em fatos reais. Por isso, praticamente todos os personagens do filme foram inspirados em pessoas que existiram na vida real.
Além de Gene Hackman, o elenco do filme conta ainda com Roy Scheider e Fernando Rey. Curiosamente, Friedkin não queria de forma alguma que Hackman protagonizasse Operação França e tentou recrutar diversos outros atores para o papel, incluindo Paul Newman, Jackie Gleason, Peter Boyle, Steve McQueen, Charles Bronson, Lee Marvin, James Caan, Robert Mitchum e até mesmo o colunista Jimmy Breslin, que não tinha qualquer experiência com atuação.
No final, no entanto, Friedkin acabou aceitando que Gene Hackman protagonizasse Operação França. A escolha obviamente foi acertada. A produção foi amplamente elogiada pela crítica especializada, sendo considerada por muitos críticos como um dos melhores filmes daquele ano. Além disso, Operação França também foi um grande sucesso de público.
Produzido a um custo estimado em cerca de 2 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 26 milhões de dólares apenas em “theatrical rentals” (a parte da arrecadação que fica com o distribuidor do filme) somente nos Estados Unidos no ano de seu lançamento, se tornando dono da terceira maior bilheteria do ano no país. No mundo todo, desde seu lançamento, calcula que Operação França tenha arrecadado mais de 75 milhões de dólares. Um lucro e tanto para a 20th Century-Fox, estúdio que distribuiu o filme.
Além disso, Operação França foi indicado a diversas premiações importantes daquele ano, incluindo cinco indicações ao BAFTA, quatro ao Globo de Ouro e oito indicações ao Oscar. No final, Operação França venceu cinco Oscars (mais do que qualquer outro filme), incluindo Melhor Filme, Direção, Ator e Roteiro Adaptado. Com isso, Hackman acabou vencendo seu primeiro Oscar, consolidando sua carreira como ator e chegando ao estrelato mundial.
Além de ter dado a Hackman seu primeiro Oscar, Jimmy “Popeye” Doyle, personagem que o ator representa em Operação França, é até hoje um dos personagens mais conhecidos de Hackman. Ademais, atualmente, Operação França é amplamente considerado um dos mais importantes filmes dos anos 1970. A produção também foi considerada um dos melhores filmes norte-americanos da história pelo American Film Institute e em 2005 foi escolhido para preservação no National Film Registry devido a sua importância estética, cultural e histórica. Por tudo isso, Operação França é provavelmente o filme mais marcante de toda a carreira de Gene Hackman.
O Destino do Poseidon (1972)
Logo após vencer o Oscar, Gene Hackman estrelaria O Destino do Poseidon, pioneiro dos filmes de desastre, a obra conta a história de um luxuoso navio de cruzeiros que ao fazer sua última viagem, entre Nova York e Atenas, é atingido por uma onda gigantesca que o faz virar de cabeça para baixo. Em pânico, os sobreviventes têm que encontrar um jeito de escapar do navio com vida.
Uma superprodução, O Destino do Poseidon conta com um elenco estelar que inclui cinco vencedores do Oscar: Gene Hackman, Ernest Borgnine, Jack Albertson, Shelley Winters e Red Buttons. Além deles, outros atores e atrizes de renome também estão no elenco, como Carol Lynley, Roddy McDowall, Stella Stevens e Leslie Nielsen. Todo esse elenco de primeira linha é liderado justamente por Hackman que protagoniza o filme.
Produzido a um custo estimado em cerca de 5 milhões de dólares, O Destino do Poseidon foi um grande sucesso de público, arrecadando aproximadamente 125 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo. Com isso, o filme se tornou dono da maior bilheteria do mundo em 1973 e a segundo maior dos Estados Unidos, perdendo apenas para O Poderoso Chefão. O filme também foi elogiado pela maioria da crítica especializada. Apesar de muitos considerarem seu roteiro clichê e previsível, o desempenho do elenco e os aspectos técnicos do filme foram amplamente elogiados.
O enorme sucesso comercial de O Destino do Poseidon, somado ao sucesso de Aeroporto (1970) dois anos antes, fez com que o início dos anos 1970 fosse marcado por inúmeros filmes de desastre estrelados por elencos estelares, incluindo Terremoto (1974) e Inferno na Torre (1974). Apesar de críticas a alguns de seus aspectos artísticos, O Destino do Poseidon foi indicado a oito Oscars.
Apesar da maioria das indicações terem sido em categorias técnicas, o filme foi indicado a Melhor Atriz Coadjuvante (para Shelley Winters), Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora (composta pelo genial John Williams) e Melhor Canção Original. O Destino do Poseidon venceu em duas categorias. Justamente, Melhor Canção Original e Melhor Efeitos Visuais. O filme também foi indicado a dois BAFTAs, incluindo um de Melhor Ator para Hackman, e a quatro Globos de Ouro. Por tudo isso, O Destino do Poseidon é até hoje um dos filmes mais marcantes da carreira de Gene Hackman.
Espantalho (1973)
Como já dissemos algumas vezes nesse texto, os anos 1970 foram provavelmente a década mais produtiva da carreira de Gene Hackman. Logo após estrelar O Destino do Poseidon, Hackman protagonizaria, ao lado de Al Pacino, a comédia-dramática Espantalho. A produção dirigida por Jerry Schatzberg conta a história de dois andarilhos que decidem viajar da Califórnia até Pittsburgh, na Pensilvânia, para abrirem juntos um lava-jato.
Espantalho é o tipo de filme que se alicerça em um bom roteiro e nas atuações de seu elenco. Exibido em competição no Festival de Cannes de 1973, Espantalho venceu o “Grand Prix du Festival International du Film” (ou “Grande Prêmio do Festival Internacional do Filme”, em tradução livre para o português), prêmio mais importante do Festival de Cannes na época e equivalente a Palma de Ouro dos dias atuais. O filme dividiu o prêmio com O Assalariado, de Alan Bridges.
O filme foi bem recebido pela crítica especializada que elogiou especialmente seu roteiro e as atuações de Al Pacino e Gene Hackman. Até hoje, alguns críticos consideram que as performances de Pacino e Hackman em Espantalho estão entre as melhores e mais destacadas de suas carreiras. O que não é pouco quando falamos de dois dos maiores atores da história do cinema mundial. Por isso, esse filme merece um lugar nessa lista.
A Conversação (1974)
Ainda nos anos 1970, Gene Hackman teria outra de suas atuações mais memoráveis no thriller A Conversação. Escrito, produzido e dirigido pelo genial Francis Ford Coppola, o filme conta a história de um especialista em vigilância que enfrenta um dilema moral e se envolve em uma trama misteriosa quando uma de suas gravações revela um possível homicídio.
Além de Hackman, A Conversação conta ainda com as atuações de John Cazale, Allen Garfield, Cindy Williams e Frederic Forrest em papéis coadjuvantes, além de participações de Harrison Ford e Teri Garr. Além disso, Robert Duvall aparece em uma ponta não creditada. O filme estreou comercialmente nos Estados Unidos em abril de 1974 e foi exibido em competição no Festival de Cannes daquele ano.
Lá, A Conversação venceu o prestigiado “Grand Prix du Festival International du Film” (ou “Grande Prêmio do Festival Internacional do Filme”, em tradução livre para o português), prêmio mais importante do Festival de Cannes na época. A produção também foi quase que unanimemente elogiada pela crítica especializada. Além disso, A Conversação também foi um sucesso comercial. Produzido a um custo de cerca de 1.5 milhão de dólares, o filme arrecadou quase 4.5 milhões de dólares apenas durante seu lançamento original.
O sucesso de A Conversação se refletiu em diversas indicações a premiações importantes, incluindo cinco indicações ao BAFTA, quatro ao Globo de Ouro e três ao Oscar. A elogiadíssima atuação de Gene Hackman no filme lhe rendeu indicações ao Globo de Ouro e ao BAFTA, além de uma vitória no National Board of Review. Curiosamente, no entanto, ele não foi sequer indicado ao Oscar.
A Conversação foi indicado aos Oscars de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, perdendo respectivamente para O Poderoso Chefão – Parte II e Chinatown. Atualmente, a obra é amplamente considerada como um dos mais importantes, melhores e mais influentes filmes já feitos até hoje. A Conversação tem sido amplamente considerado um dos melhores filmes da história por diversas publicações importantes. Além de também já ter sido escolhido um dos melhores filmes a vencer o Festival de Cannes e a perder o Oscar.
Devido a tudo isso, em 1995, A Conversação foi escolhido para a preservação no National Film Registry devido a sua importância cultural, história e estética. A atuação de Hackman no filme é amplamente considerada uma das melhores de sua carreira e o próprio ator considerava A Conversação um de seus filmes favoritos e também uma de suas melhores performances para o cinema. Por tudo isso, esse filme tem lugar cativo nessa lista.
Um Lance no Escuro (1975)
Em 1975, Gene Hackman estrelaria em mais um de seus filmes mais marcantes, o thriller neo-noir Um Lance no Escuro. Na obra, o ator interpreta um ex-jogador de futebol que agora se dedica a profissão de investigador particular na cidade de Los Angeles. Lá, ele é contratado para investigar o desaparecimento da filha adolescente de uma atriz de cinema. Ao se aprofundar nas investigações, ele descobre que o caso é muito mais complexo (e sinistro) do que ele pensava.
Dirigido por Arthur Penn, Um Lance no Escuro tem em seu elenco Susan Clark, Edward Binns, Jennifer Warren e James Woods, além de Melanie Griffith em seu primeiro papel para cinema. Apesar de não ter sido um grande sucesso de público na época de seu lançamento original, o filme foi bem recebido pela crítica especializada, sendo que a atuação de Gene Hackman foi bastante elogiada pela maioria dos principais críticos da época.
Um Lance no Escuro rendeu a Hackman uma indicação ao BAFTA de Melhor Ator, a terceira de sua carreira. Com o tempo, o filme cresceu bastante em estatura e atualmente é considerado um dos melhores thrillers produzidos nos anos 1970 e é apontado por diversos críticos e estudiosos como uma obra seminal do cinema neo-noir. Por tudo isso, Um Lance no Escuro merece um lugar nessa lista.
Superman: O Filme (1978)
Continuando nos anos 1970, Gene Hackman interpretaria mais um de seus personagens mais icônicos, o vilão Lex Luthor na primeira grande adaptação para o cinema de Superman. Dirigido por Richard Donner, que na época havia acabado de dirigir seu primeiro grande sucesso no cinema, o filme conta com um elenco estelar liderado por Christopher Reeve. Além de Gene Hackman e Reeves, o elenco conta ainda com Marlon Brando, Margot Kidder, Glenn Ford, Jackie Cooper, Trevor Howard, Terence Stamp e Ned Beatty, entre outros.
Produzido a um custo de 55 milhões, valor gigantesco para a época, Superman se tornou o filme mais caro já produzido até então. A superprodução com efeitos visuais revolucionários teve uma produção tumultuada. A escolha do elenco foi bastante difícil, com inúmeros atores sendo considerados para o papel principal até Reeves ser escolhido para protagonizar o filme. Além disso, as filmagens também foram extremamente difíceis.
Isso porque, Superman e Superman II (1980) foram filmados juntos. No entanto, o período de filmagens que deveria durar apenas sete ou oito meses acabou durando 19 meses. Nesse entremeio, o diretor Richard Donner acabou tendo graves desentendimentos com os produtores do filme. Quando 75% de Superman II estava pronto, os produtores ordenaram que Donner parasse as filmagens do filme para se concentrar em finalizar apenas Superman: O Filme.
Logo depois da conclusão das filmagens, Donner foi demitido e Richard Lester, que já havia sido contratado como co-produtor da obra, assumiu a direção de Superman II. Mesmo com 75% das filmagens concluídas, Lester refilmou diversas cenas do filme para poder ser creditado como diretor da obra. A escrita do roteiro de Superman também foi difícil, com pelo menos quatro roteiristas creditados pelo trabalho no filme (incluindo o consagrado Mario Puzo) e pelo menos um, Tom Mankiewicz, trabalhando no roteiro sem ser creditado.
Superman: O Filme contou com cenários grandiosos e efeitos especiais nunca vistos antes no cinema e criados apenas para o filme. Principalmente, os truques criados para dar a impressão de que o herói estava voando foram considerados revolucionários para a época e impressionaram muita gente. Superman: O Filme estreou comercialmente nos Estados Unidos em dezembro de 1978 e foi um enorme sucesso comercial.
O filme arrecadou mais de 134 milhões de dólares somente nos Estados Unidos, sendo visto por cerca de 120 milhões de pessoas e se tornando dono da segunda maior bilheteria daquele ano no pais. No mundo todo, Superman: O Filme acabaria por arrecadar mais de 300 milhões de dólares, se tornando o maior sucesso comercial da Warner Bros., distribuidora do filme, até aquele momento.
Superman: O Filme foi também muito bem recebido pela crítica especializada que elogiou principalmente os aspectos técnicos do filme, a atuação de Christopher Reeve e a trilha sonora de John Williams. Aliás, o tema criado por Williams para o filme acabou se tornando o tema “extra oficial” do personagem Superman e segue sendo utilizado, até hoje, em diversas produções, tanto fílmicas quando televisivas, protagonizadas por ele. Não à toa, esse é uma dos trabalhos mais conhecidos do genial compositor.
Superman: O Filme também consagrou Reeve que não apenas se tornaria uma estrela global, mas também se tornaria a encarnação mais conhecida do Superman. Até hoje, quase 50 anos depois, nenhum outro ator conseguiu se identificar tanto com o personagem quanto Reeve. Quanto a Gene Hackman, ele também ficaria para sempre identificado como Lex Luthor, se tornando uma das encarnações mais conhecidas do vilão que é, provavelmente, o mais conhecido dos quadrinhos.
Superman: O Filme foi indicado a um Globo de Ouro (para a trilha sonora de Williams), seis BAFTAs, incluindo indicações de Melhor Ator Coadjuvante para Hackman e Revelação do Ano para Reeve, e a quatro Oscars, onde venceu a categoria de Melhores Efeitos Especiais. Superman: O Filme é atualmente considerado um dos filmes mais influentes da história do cinema mundial, principalmente porque abriu caminho para que outros filmes baseados em quadrinhos fossem produzidos.
Além das outras três sequências de Superman: O Filme, lançadas entre 1980 e 1987, em 1989 também foi produzido uma adaptação para o cinema de Batman, o grande “rival” do Superman. A isso se seguiram outros filmes do “Homem-Morcego” nos anos 1990 e adaptação para o cinema de outros herois, como os X-Men e o Homem-Aranha produzidos no início dos anos 2000. Depois disso, em 2008, foi criado o Universo Cinematográfico Marvel (MCU), que trouxe de uma vez por todas os quadrinhos para o cinema. Sem Superman: O Filme seguramente nada disso existiria. Devido a toda e ssa importância, em 2017, o filme foi escolhido para preservação no National Film Registry.
Momentos Decisivos (1986)
O trabalho de Gene Hackman no cinema é tão prolífico, que o ator possui grandes atuações em filmes de praticamente todos os gêneros. O drama esportivo Momentos Decisivos é prova disso. O filme, que é inspirado em um acontecimento real, conta a história de um time escolar de basquete de uma pequena cidade que contra todas as chances vence um campeonato estadual, nos Estados Unidos nos anos 1950.
Dirigido por David Anspaugh, além de Hackman, Momentos Decisivos conta ainda com as atuações de Barbara Hershey e Dennis Hopper. Filmado quase todo em locação nos locais onde a história real havia ocorrido, Momentos Decisivos custou cerca de 6 milhões de dólares para ser finalizado. O filme, no entanto, se tornou um grande sucesso de público, arrecadando mais de 28 milhões de dólares em bilheterias.
Momentos Decisivos também foi majoritariamente bem recebido pela crítica especializada na época de seu lançamento. Como não poderia deixar de ser, um dos aspectos mais elogiados da produção foi justamente a atuação de Gene Hackman. Com o tempo, Momentos Decisivos cresceu ainda mais em estatura. Atualmente, a obra é amplamente considerada um dos melhores filmes esportivos já feitos.
Em 2008, Momentos Decisivos foi escolhido o quarto melhor filme esportivo de toda a história do cinema norte-americano por um júri de 1500 pessoas envolvidas com cinema em uma lista divulgada pelo respeitado American Film Institute. O filme também foi escolhido com um dos mais inspiradores de toda a história do cinema por um júri reunido pela mesma organização.
Em 2001, Momentos Decisivos foi escolhido para preservação no National Film Registry, devido a sua importância histórica, estética e cultural. Isso sem falar que ainda na época de seu lançamento o filme foi indicado a dois Oscars (Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Ator Coadjuvante) e a um Globo de Ouro. Por tudo isso, Momentos Decisivos seguramente merece um lugar nessa lista.
Mississippi em Chamas (1988)
No final dos anos 1980, Gene Hackman receberia mais uma indicação ao Oscar. Dessa vez, por sua atuação no thriller criminal Mississippi em Chamas. O filme que é baseado em uma história real foi dirigido por Alan Parker e conta a história de uma investigação criminal conduzida pelo FBI após o assassinato de três militantes de direitos civis em uma pequena cidade do Mississipi, nos Estados Unidos, na primeira metade dos anos 1960.
Protagonizado por Gene Hackman e Willem Dafoe, Mississippi em Chamas possui um elenco de primeira linha que conta ainda com Frances McDormand, Brad Dourif, R. Lee Ermey, Stephen Tobolowsky e Michael Rooker, entre outros. Filmado todo em locação nos estados do Mississippi e do Alabama, o filme estreou comercialmente nos Estados Unidos em dezembro de 1988, como uma distribuição limitada apenas para que a produção pudesse ser elegível a concorrer ao Oscar naquela temporada.
Somente no final de janeiro de 1989, é que o Mississippi em Chamas recebeu ampla distribuição. Produzido a um custo estimado em cerca de 15 milhões de dólares, o filme arrecadou quase 35 milhões de dólares em bilheterias, se tornando assim um sucesso comercial. Mississippi em Chamas também foi bem recebido pela crítica especializada, que elogiou principalmente as atuações de Hackman, Dafoe e McDormand, a construção do roteiro do filme e também a direção de Alan Parker.
No entanto, Mississippi em Chamas causou bastante polêmica em relação as alterações que o filme escolheu fazer em relação ao que havia realmente ocorrido na vida real. A falta de paralelo com a realidade, as “licenças poéticas” que o diretor Alan Parker resolveu tomar e o fato de o filme ter como protagonistas dois homens brancos, acabaram por gerar inúmeras críticas a Mississippi em Chamas.
Muitos, inclusive, acusaram a produção de fazer uso do famoso “salvador branco”, quando um herói branco tem que interferir para salvar vítimas negras ou de outras etnias. Apesar de toda essas polêmica Mississippi em Chamas teve bastante sucesso na temporada de premiações. O filme recebeu cinco indicações ao BAFTA, quatro indicações ao Globo de Ouro e sete indicações ao Oscar daquele ano, incluindo indicações a Melhor Filme, Direção, Ator e Atriz Coadjuvante.
A indicação de Gene Hackman a Melhor Ator foi a quarta de sua carreira e a segunda nessa categoria especificamente. Hackman também foi indicado ao Globo de Ouro e venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Berlim e no National Board of Review Awards. No Oscar, no entanto, o ator acabou perdendo para Dustin Hoffman, que estava indicado por sua atuação em Rain Man, filme que venceria as principais categorias naquele ano. Apesar disso, Mississippi em Chamas é, seguramente, um dos filmes mais marcantes da carreira de Gene Hackman.
Os Imperdoáveis (1992)
No início dos anos 1990, Gene Hackman emplacou um papel principal em um dos mais importantes faroestes de toda história do cinema. Creditado por revitalizar o gênero e dar um novo rumo a ele, Os Imperdoáveis conta a história de William Munny, um bandido e matador conhecido por sua crueldade e destreza com uma arma na mão, mas que agora viúvo e “aposentado”, tem vergonha de seu passado violento. Munny, no entanto, aceita voltar a ação uma última vez para ganhar um dinheiro que pode dar a ele e a seus filhos a segurança financeira que eles nunca tiveram.
Contando com um roteiro habilidosamente construído e cheio de simbolismo, profundidade e complexidade, Os Imperdoáveis foi dirigido, produzido e estrelado por Clint Eastwood. O lendário ator e cineasta convidou pessoalmente Gene Hackman para interpretar o principal antagonista do filme, o Xerife”Little” Bill Daggett, mas a princípio ele estava reticente em aceitar o papel. Isso porque, Hackman estava evitando trabalhar em filmes violentos para não desagradar suas filhas, que não queriam mais ver o pai em filmes do tipo.
Hackman, no entanto, foi convencido por seu agente e também pelo próprio Eastwood a aceitar o papel no filme, em uma decisão que hoje sabemos que foi bastante acertada. Além de Hackman e Eastwood, o elenco de Os Imperdoáveis conta ainda com Morgan Freeman, Richard Harris, Jaimz Woolvett, Saul Rubinek e Frances Fisher, entre outros. Produzido a um custo estimado em pouco mais de 14 milhões de dólares, Os Imperdoáveis se tornou um enorme sucesso de público, arrecadando mais de 159 milhões de dólares e sendo um dos filmes mais vistos em 1992.
Além disso, a produção foi unanimemente elogiada pela crítica, sendo amplamente considerada um dos melhores filmes de 1992. Entre os aspectos mais elogiados do filme, estavam justamente a atuação de seu elenco, especialmente o trabalho de Clint Eastwood e Gene Hackman. Os Imperdoáveis acabou se tornando um dos filmes mais premiados daquela temporada, recebendo seis indicações ao BAFTA, quatro indicações ao Globo de Ouro e novo indicações ao Oscar, sendo (ao lado de Retorno a Howards End) o filme com mais indicações no “Prêmio da Academia” daquele ano.
Entre as principais indicações ao Oscar recebidas por Os Imperdoáveis estavam as de Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Ator (para Eastwood) e Ator Coadjuvante (para Hackman). Essa seria a última indicação e também a última vitória de Gene Hackman no Oscar, já que o ator nunca mais seria lembrado pela Academia. Além das vitórias de Hackman, Os Imperdoáveis também venceu os Oscars de Melhor Filme e Direção se tornando o maior vencedor daquela noite.
Além do Oscar, Hackman também venceu o BAFTA, o Globo de Ouro, o National Society of Film Critics Awards e praticamente todos as principais premiações daquele ano. Os Imperdoáveis é amplamente considerado um dos melhores filmes já feitos e um dos mais importantes faroestes de toda a história do cinema mundial, sendo um dos três únicos filmes desse gênero a vencer o Oscar de Melhor Filme.
Por isso, em 2004, Os Imperdoáveis foi escolhido para preservação no National Film Registry, devido a sua importância estética, cultural e histórica. Por tudo isso, esse é seguramente um dos mais marcantes e importantes filmes de toda a brilhante carreira do genial Gene Hackman. E, por isso também, tem lugar cativo nessa lista.
A Firma (1993)
Ainda na primeira metade dos anos 1990, Gene Hackman estrelaria em mais um campeão de bilheteria, o thriller legal A Firma. Essa seria a primeira, de três ocasiões, em que o ator trabalharia em um filme adaptado de um livro de John Grisham. Dirigido por Sydney Pollack e estrelado por Tom Cruise, A Firma conta a história de um jovem e talentoso advogado recém-formado na Universidade de Harvard que aceita uma lucrativa oferta de emprego em uma famosa firma de advogados. Com o tempo, no entanto, ele descobre que a empresa esconde muito mais do que ele poderia imagina.
Além de Cruise e Hackman, o elenco do filme é estelar e conta ainda com as atuações de Jeanne Tripplehorn, Ed Harris, Holly Hunter, Hal Holbrook, David Strathairn e Gary Busey, entre outros. Em suas fases de pré-produção, A Firma passou pelas mãos de John Badham e John McTiernan, antes de Sydney Pollack ser finalmente escolhido para dirigir o filme. Além disso, antes de Tom Cruise, Charlie Sheen e Jason Patric foram considerados para o papel principal no filme, quando a produção ainda tinha um orçamento mediano.
Curiosamente, Gene Hackman quase não atua em A Firma, já que seu personagem no filme seria, originalmente, feminino e, por isso, seria interpretado por uma mulher. O papel, inclusive, deveria ir para a genial Meryl Streep. No entanto, John Grisham discordou da mudança e exigiu que a personagem continuasse sendo um homem. Dessa forma, de última hora, Gene Hackman foi chamado para interpretar o personagem.
Apesar de ter acabado de vencer o Oscar, o nome de Hackman não aparece no pôster do filme. Isso porque, Tom Cruise tinha um acordo com a Paramount Pictures, distribuidora de A Firma, estipulando que apenas seu nome aparecia acima do título do filme em seu pôster de divulgação. Hackman, como recém-vencedor do Oscar, queria que o seu nome também aparecesse lá. Quando o estúdio negou seu pedido, ele então pediu que seu nome fosse completamente removido do pôster.
Produzido a um custo estimado em cerca de 42 milhões de dólares, A Firma arrecadou mais de 270 milhões de dólares em bilheterias, se tornando não apenas um sucesso de bilheteria, mas também dono da quinta maior bilheteria do mundo em 1993. O filme também foi bem recebido pela crítica especializada que elogiou especialmente a atuação do elenco do filme. Como resultado, A Firma foi indicado a dois Oscars e um BAFTA. Em ambas as premiações, Holly Hunter foi indicada a Melhor Atriz Coadjuvante. Além disso, no Oscar, o filme também foi indicado a Melhor Trilha Sonora Original, perdendo para John Williams e seu genial trabalho em A Lista de Schindler.
Hunter que também estava indicada a Melhor Atriz em ambas as premiações por seu trabalho em O Piano e venceu essa categoria tanto no BAFTA quanto no Oscar. Por tudo isso, A Firma é considerado um dos trabalhos mais marcantes de Gene Hackman e, dessa forma, merece ser incluído nessa lista.
Os Excêntricos Tenenbaums (2001) – Um dos últimos grandes trabalhos de Gene Hackman
Gene Hackman iniciou os anos 2000 mostrando que ainda tinha muito a entregar em termos de atuação. Já no começo da década, ele entregou uma performance magistral na obra-prima Os Excêntricos Tenenbaums. Co-escrito, co-produzido e dirigido por Wes Anderson, o filme conta a história de uma família com três irmãos superdotados que foram prodígios na infância, mas que fracassaram ao chegar a vida adulta. A dinâmica já complicada da família sofre um abalo ainda maior quando a sua matriarca (Anjelica Huston) decide se casar novamente e o patriarca (Gene Hackman), que havia deixado a família quando seus filhos eram ainda adolescente, resolve retornar para tentar se reconciliar com os filhos e com a ex-esposa.
Os Excêntricos Tenenbaums tem um elenco de primeiríssima linha liderado por Gene Hackman e que conta também com Danny Glover, Anjelica Huston, Bill Murray, Gwyneth Paltrow, Ben Stiller, Luke Wilson e Owen Wilson. Apesar de o papel que Hackman interpreta no filme ter sido escrito especialmente para ele por Wes Anderson, o ator a princípio estava reticente em aceitar atuar em Os Excêntricos Tenenbaums. Isso porque, Hackman não conseguia entender o personagem e nem se relacionar com ele. Apesar disso, ele foi convencido a aceitar o papel no filme.
Apesar de ter sido quase todo filmado em Nova York, Os Excêntricos Tenenbaums faz de tudo para não deixar a cidade aparente em cena. Isso porque, Wes Anderson queria que o enredo do filme se passasse quase que em um “universo paralelo” e em uma cidade que pudesse ser qualquer uma. Isso tudo, devido a natureza absurdística e irônica do filme. Os Excêntricos Tenenbaums tem todos os ingredientes estéticos do cinema produzido por Anderson. Personagens excentricos, figurinos e locações bastante diferentes, um enredo peculiar e criativo, uma trilha sonora única e um destaque para as cores utilizados no filme.
Produzido a um custo estimado em 21 milhões de dólares, Os Excêntricos Tenenbaums arrecadou mais de 71 milhões de bilheterias, se tornando um sucesso de público e também o maior sucesso comercial, até então, da carreira de Wes Anderson. Além disso, a obra também foi muito bem recebida pela crítica especializada, que elogiou diversos aspectos de sua produção, destacando principalmente a atuação de Gene Hackman como a espinha dorsal do filme.
Devido a sua atuação elogiada, Hackman recebeu uma indicação ao Globo de Ouro por seu trabalho em Os Excêntricos Tenenbaums. A última de sua carreira. Tanto no Oscar quanto no BAFTA, o filme recebeu apenas uma indicação, a Melhor Roteiro Original. E, dessa forma, Hackman não foi indicado em nenhuma das duas premiações. Os Excêntricos Tenenbaums acabaria por ser um dos últimos trabalhos de destaque da carreira do ator, já que ele se aposentaria três anos depois do lançamento do filme. Por tudo isso, Os Excêntricos Tenenbaums é um dos trabalhos mais marcantes da carreira de Gene Hackman.
Conclusão
E aí gostou da nossa lista? Esperamos que sim. Elaborar esse tipo de lista, ainda mais se tratando de um ator tão prolífico, bem-sucedido e com trabalhos tão bons em sua filmografia quanto Gene Hackman é sempre bastante desafiador. No entanto, nós aceitamos essa missão e esperamos que ela tenha sido bem-sucedida. É claro que para separar “apeanas” 13 filmes de uma filmografia tão rica quanto a de Hackman tivemos que deixar diversos clássicos de fora.
Filmes, como A Marca da Brutalidade (1972), O Jovem Frankenstein (1984), Uma Ponte Longe Demais (1977), Eureka (1983), Sob Fogo Cerrado (1983), Sem Saída (1987), Wyatt Earp (1994), Maré Vermelha (1995), O Nome do Jogo (1995), A Gaiola das Loucas (1996), Poder Absoluto (1997), O Júri (2003) e muitos outros tiveram que ser deixados de fora dessa lista. E você? Qual seu filme favorito estrelado por Gene Hackman? Qual filme faltou nessa lista? Qual você incluiria? Comente abaixo. Como sempre seu comentário é muito importante para nós.