Montagem com alguns dos principais filmes escritos por John Hughes.
Montagem com alguns dos principais filmes escritos por John Hughes.

John Hughes foi um dos mais importantes e influentes roteiristas do cinema norte-americano nos anos 1980 e 1990. Extremamente prolífico, Hughes escreveu roteiros que se tornaram, não apenas clássicos e icônicos, mas também enormes sucessos de bilheteria. Por isso, seu nome acabou se tornando uma espécie de “commodity” que atraia o público e ajudava a vender os filmes. Além de roteirista, Hughes também foi um diretor e produtor de sucesso, mas é inegável que seu maior impacto tenha sido no campo da escrita de roteiros.

Foi lá, que Hughes ajudou a moldar o cinema dos anos 1980 e 1990 e acabou por influenciar enormemente os filmes de comédia e, principalmente, os chamados “filmes adolescentes”. Sua capacidade de se comunicar com as pessoas entrando na vida adulta e de expressar os dramas vividos por essa parcela da sociedade, fez com que Hughes criasse uma conexão com esse público que ninguém antes havia conseguido criar. Dessa forma, ele escreveu filmes que se tornaram clássicos, que são copiados até hoje e que ajudaram a revelar inúmeros atores para o mundo.

Hughes era tão prolífico e tinha tanta facilidade em escrever roteiros, que na maioria das vezes, ele tinha que “entregá-los” a outras pessoas, já que não conseguiria tempo hábil para produzir e dirigir todos eles. Só para se ter uma ideia, nos 20 anos em que esteve realmente ativo, entre 1982 e 2001, Hughes escreveu mais de 30 roteiros que efetivamente se tornaram filmes. Além de inúmeros outros, que ficaram pela metade ou foram completados, mas nunca se tornaram filmes.

Além disso, Hughes era famoso por escrever roteiros em poucos dias. Segundo consta, ele escreveu a primeira versão do genial roteiro de Curtindo a Vida Adoidado (1986), em apenas 20 horas. Além disso, Hughes teria escrito o roteiro de Clube dos Cinco (1985) em apenas dois dias e o de Esqueceram de Mim (1990) em cerca de uma semana. Por tudo isso e também pela enorme importância que John Hughes tem para o cinema mundial, a tarefa de escolher apenas 10 de seus roteiros é bem difícil

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Contudo, afim de homenagear essa mente brilhante do cinema que, infelizmente, já nos deixou, resolvemos aceitar o desafio. Lembrando que essa lista é de roteiros escritos por John Hughes. Portanto, incluiremos na lista filmes dirigidos por ele e também por outros diretores. O mais importante aqui, é que o roteiro do filme tenha sido escrito por Hughes. Então, sem mais delongas vamos lá.

John Hughes: um gênio solitário

John Hughes nasceu em 18 de fevereiro de 1950, em Lansing, a capital do estado do Michigan, nos Estados Unidos. Filho de um vendedor e de uma dona de casa que gostava de trabalhos voluntários, Hughes cresceu bastante solitário. Isso porque, ele foi o único filho homem do casal que teve ainda três filhas mulheres. No bairro, em que o futuro roteirista passou a infância, também não havia muitos garotos de sua idade e ele passava a maior parte do tempo sozinho, o que o ajudou a desenvolver sua imaginação.

Aos 12 anos, ele e sua família se mudaram para Chicago, cidade que teria grande importância em sua obra, onde sua solidão continuou. Em uma entrevista de 1986, Hughes disse: “Eu cresci em um bairro que tinha, principalmente, meninas e idosos. Não havia meninos da minha idade, então eu passava muito tempo sozinho, imaginando coisas. E toda vez que nos estabelecíamos em algum lugar, nos mudávamos. A vida começou a melhorar na sétima série e depois nos mudamos para Chicago. Acabei em uma escola muito grande e não conhecia ninguém”.

Imagem de John Hughes nos anos 1980. Créditos: Chicago Parent.
Imagem de John Hughes nos anos 1980. Créditos: Chicago Parent.

Na adolescência, seus pais passaram a criticá-lo por seu estilo de vida e cobrá-lo por suas escolhas para o futuro. Foi nessa época, que Hughes começou a desenvolver uma forte ligação com o cinema, que lhe servia como uma espécie de válvula de escape para o que ele estava vivendo em casa. Ainda no final dos anos 1960, John Hughes ingressou na Universidade do Arizona. Nessa época, ele já escrevia textos cômicos e piadas. Em 1970, ele deixou a universidade e passou a vender piadas para comediantes já famosos, como Rodney Dangerfield e Joan Rivers.

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Devido a seu talento escrevendo, ainda em 1970, Hughes conseguiu um emprego de redator na agência de publicidade Needham, Harper & Steers, onde ele trabalharia por cerca de quatro anos. Ainda seguindo sua carreira de redator publicitário, Hughes se mudou para outra agência, a Leo Burnett Worldwide, em 1974. Foi lá que, devido a constantes viagens de négocios para Nova York, ele fez contato pela primeira vez com o pessoal da revista National Lampoon.

John Hughes: Trabalho na National Lampoon e início no cinema

A National Lampoon era, nessa época, a mais popular e respeitada revista de humor dos Estados Unidos. Hughes logo se tornou contribuidor regular da revista. Segundo P. J. O’Rourke, que era editor da National Lampoon, “John escrevia tão rápido e tão bem que era difícil para uma revista mensal acompanhá-lo”. Foi lá que John Hughes escreveu “Vacation ’58”, uma história de humor baseada em suas experiências em viagens de família quando ele era criança. A história serviria de base para o roteiro de Férias Frustradas, seu primeiro grande sucesso no cinema.

Foi também na National Lampoon que John Hughes teve a chance de escrever seu primeiro roteiro cinematográfico. Na época, a revista fazia tanto sucesso que começou a produzir filmes para cinema. O primeiro filme da National Lampoon, o hoje clássico, Clube dos Cafajestes (1978), foi um gigantesco sucesso de bilheteria. A partir daí, a revista passou a se dedicar fortemente a produção de longas-metragens. Hughes ainda era parte do staff da revista quando em 1982 escreveu o roteiro de A Reunião dos Alunos Loucos, comédia que nada mais era do que uma tentativa de replicar o sucesso de Clube dos Cafajestes.

Capa da famosa revista National Lampoon.
Capa da famosa revista National Lampoon, onde John Hughes começou sua carreira no cinema.

A produção foi um enorme fracasso de público e crítica. Contudo, a partir daí, John Hughes não pararia mais de escrever roteiros para cinema. Já no ano seguinte, em 1983, ele escrevia o roteiro de dois grandes sucessos de público e critica, se tornando um dos mais bem sucedidos e influentes roteiristas do cinema contemporâneo norte-americano. Mas agora que você já sabe de forma mais aprofundadamente quem é John Hughes e como ele começou sua carreira, vamos ao que interessa, nossa lista.

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10 – Beethoven, o Magnífico (1992)

No início dos anos 1990, John Hughes vinha do estrondoso sucesso de Esqueceram de Mim. Por isso, seu nome, se tornou uma “marca”, uma espécie de “commodity” que ajudava a vender filmes e atrair público para os cinemas. Nessa época, o roteirista tentou por diversas vezes replicar o sucesso de Esqueceram de Mim. Foi nesse contexto, que ele escreveu o roteiro de Beethoven, o Magnífico, filme que conta a história de uma família que adota um filhote de cachorro da raça São Bernardo, que devido ao seu tamanho e comportamento, acaba causando enormes confusões.

Comédia familiar típica da Sessão da Tarde, Beethoven está longe de ser um dos melhores roteiros da carreira de John Hughes, mas foi, no entanto, um imenso sucesso comercial. Dirigido por Brian Levant, um diretor especializado em comédias familiares, o filme arrecadou quase 150 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo. Devido ao seu sucesso, um ano depois a Universal Pictures, estúdio que distribuiu o filme, produziu uma continuação chamada Beethoven 2 (1993).

Aliás, essa não seria a única continuação do filme que daria origem a uma franquia que, até agora, já conta com oito filmes, sendo que o último deles foi lançado em 2014. Devido ao fato de Beethoven, o Magnífico ser uma comédia familiar, cujo o roteiro é baseado em piadas de baba e sujeira de cachorro e em perseguição a bandidos burros e incompetentes (ao estilo de Esqueceram de Mim), o filme obviamente não foi bem recebido pela crítica especializada. Só para se ter uma ideia, atualmente, o filme possui uma taxa de aprovação de apenas 31% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet.

Contudo, é impossível negar que a produção tenha ficado no coração e na memória afetiva de muita gente que era criança nos anos 1990. É impossível não lembrar do filme que, aqui no Brasil, era reprisado incessantemente na Sessão da Tarde, no Cinema em Casa e na Temperatura Máxima. O mais interessante é que na época da produção de Beethoven, John Hughes estava deixando a Universal Pictures, estúdio que produziu alguns de seus primeiros filmes, e permitiu que seu roteiro fosse produzido desde que ele fosse creditado com o pseudônimo “Edmond Dantès”, em referência ao personagem do livro O Conde de Monte Cristo. A ideia era que ninguém soubesse que o roteiro era seu, mas a ideia não deu tão certo assim, já que em Hollywood, não era segredo nenhum que Hughes o tinha escrito.

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9 – Férias Frustradas de Natal (1989)

Férias Frustradas de Natal é o terceiro filme da franquia Férias Frustradas e marca o retorno de John Hughes à franquia que ele mesmo criou em 1983. O filme conta novamente uma história da Família Griswold, protagonista dos quatro primeiros filmes da franquia. Dessa vez, eles tentam ter um feriado de natal perfeito, mas claro, se envolvem em mil confusões. Dirigido por Jeremiah S. Chechik, o filme conta com um elenco estrelado por Chevy Chase e Beverly D’Angelo, igualmente protagonistas dos quatro primeiros filmes da franquia.

Produzido a um custo de cerca de 25 milhões de dólares, Férias Frustradas de Natal arrecadou quase 75 milhões de dólares em bilheterias e foi um sucesso comercial. Apesar disso, na época de seu lançamento, o filme foi recebido com frieza pela crítica especializada. Contudo, com o tempo, a obra se tornou um clássico de natal e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 70% no Rotten Tomatoes, se tornando um dos roteiros mais conhecidos de John Hughes.

O próprio Hughes, no entanto, não queria escrever o roteiro de Férias Frustradas de Natal, mas, segundo ele, a Warner Bros., estúdio que distribuiu os filmes da franquia, lhe implorou por outro filme. Isso porque, o segundo filme da franquia, Férias Frustradas II (1985), que foi escrito por outro roteirista, não havia sido tão bem recebido nem pelo público e nem pela crítica especializada da época. O roteirista só aceitou porque tinha “um bom enredo” na manga e escreveu o roteiro baseado na história “Christmas ’59” que ele publicou na National Lampoon, em dezembro de 1980.

Hughes, no entanto, admitiu algum tempo depois, que todos os filmes dessa franquia haviam servido apenas de “veículo” para Chevy Chase se promover. “O estúdio veio até mim e implorou por outro (filme) e eu só concordei porque tinha uma boa história para basear (o roteiro). Mas esses filmes tornaram-se pouco mais do que veículos para Chevy Chase”, disse ele em uma entrevista dada no ano 2000.

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O mais interessante é que Férias Frustradas de Natal deveria ter sido dirigido por Chris Columbus. Contudo, o diretor entrou em conflito com Chase e foi substituído por Jeremiah S. Chechik. Como forma de compensação por esse problema, Hughes deu a Columbus o roteiro de Esqueceram de Mim para que ele o dirigisse. Coincidentemente, o filme se tornaria o maior sucesso comercial da carreira de Hughes.

8 – Antes Só do que Mal Acompanhado (1987)

Antes Só do que Mal Acompanhado não é um dos roteiros mais conhecidos de John Hughes, mas é, contudo, um dos seus mais elogiados. Além disso, o filme também foi dirigido pelo próprio Hughes. A quinta vez em sua carreira em que ele escreveu e dirigiu um filme. Estrelado por dois gênios da comédia, Steve Martin e John Candy, Antes Só do que Mal Acompanhado conta a história de Neal, um executivo de marketing interpretado por Martin, e Del, um vendedor interpretado por Candy, que sem querer se tornam companheiros de viagem quando o vôo em que os dois estão é desviado.

Dessa forma, eles embarcam em uma odisséia de três dias para tentar chegar a tempo a cidade de Chicago, onde Neal terá um jantar de Ação de Graças com sua família. Ainda na época de seu lançamento, o filme foi um imenso sucesso de crítica e público. Produzido a um custo de 15 milhões de dólares, a obra arrecadou quase 50 milhões em bilheterias.

Além disso, Antes Só do que Mal Acompanhado foi quase que unanimamente bem recebido pela critica especializada, que viu no filme uma mudança de rumo na carreira de John Hughes que desde 1984, vinha trabalhando quase que exclusivamente a produções que se dedicavam a retratar o universo adolescente. Muitos viram Antes Só do que Mal Acompanhado como uma demonstração do enorme repertório e talento de Hughes. Capaz de escrever bons roteiros em diferentes gêneros. A atuação de Steve Martin e John Candy também foi bastante elogiada pela crítica e, atualmente, o filme possui uma taxa de aprovação de 92% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas da internet.

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Com o tempo, Antes Só do que Mal Acompanhado acabou se tornando um clássico cult e muita gente nos Estados Unidos acabou pegando o hábito de assistir o filme durante os feriados de Ação de Graças, o que fez com que isso se tornasse uma espécie de tradição para muitas pessoas, o que também garante que a obra continue a ser lembrada e assistida até os dias atuais.

7 – Dona de Casa por Acaso (1983)

Pode-se dizer que esse foi o primeiro grande sucesso da carreira de John Hughes, apesar de ter sido lançado nos Estados Unidos apenas uma semana antes de Férias Frutadas. E apesar de esse último ter se tornado mais conhecido e cultuado, Dona de Casa por Acaso foi (acredite se quiser) mais bem sucedido financeiramente do que Férias Frustadas, arrecadando cerca de 3.5 milhões de dólares a mais em bilheterias e sendo produzido a um custo três vezes menor do que ele. Depois do fracasso de A Reunião dos Alunos Loucos (1982), pode-se dizer que foi Dona de Casa por Acaso que permitiu que John Hughes continuasse sua carreira de roteirista cinematográfico.

No filme, um engenheiro mecânico, desempregado devido a uma crise financeira, é obrigado a se tornar “uma dona de casa”, cuidando da casa e dos filhos, enquando sua esposa, que antes exercia essa função, volta ao mercado de trabalho, como uma executiva da indústria publicitária, para assim sustentar a família. Estrelado por Michael Keaton e Teri Garr, a obra deu a Keaton o primeiro grande papel de destaque de sua carreira e o transformou em um dos “talentos cômicos” mais solicitados dos anos 1980, até o próprio ator quebrar esse “estigma” ao atuar em Batman (1989).

Produzido a um custo de apenas 5 milhões de dólares, Dona de Casa por Acaso arrecadou quase 65 milhões de dólares em bilheterias, se tornando a nona maior bilheteria de 1983 nos Estados Unidos. O filme também foi relativamente bem recebido pela crítica da época e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 76% no Rotten Tomatoes. Além disso, o sucesso da produção, representou uma grande virada na carreira de Hughes que, por causa disso, assinou um contrato de três filmes com a Universal Pictures.

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Foi esse contrato que permitiu que ele escrevesse e dirigisse três dos filmes mais conhecidos de sua carreira: Gatinhas & Gatões (1984), Clube dos Cinco (1985) e Mulher Nota 1000 (1985). Esses filmes junto com outros que John Hughes escreveu e dirigiu nesse período retratando o mundo dos jovens e adolescentes daquela época, fizeram com que ele ficasse eternamente conhecido como a principal voz desse público nos anos 1980 e fosse também, reconhecido como um dos poucos que conseguiu retratar essa geração com originalidade e realismo.

6 – Gatinhas & Gatões (1984)

Logo após escrever os roteiros de Dona de Casa por Acaso e Férias Frustadas, que foram dois dos maiores sucessos financeiros de 1983, John Hughes assinou um contrato de três filmes com a Universal Pictures, o que lhe permitiu dirigir seu primeiro filme, a comédia dramática Gatinhas & Gatões, lançada em 1984. O primeiro rascunho do filme foi originalmente escrito ainda em 1982, mas ficou engavetado até o sucesso dos filmes citados acima, quando a Universal Pictures decidiu bancar tanto Gatinhas & Gatões quanto Clube dos Cinco (1985), com a condição de que Gatinhas & Gatões fosse lançado primeiro.

Assim, o filme se tornou seu primeiro longa-metragem como diretor. Após escolher Molly Ringwald como protagonista da obra, Hughes adaptou o roteiro para ela. Gatinhas & Gatões transformaria Ringwald em uma estrela global. Além disso, o filme também foi o primeiro de uma série de roteiros de Hughes em que ele exploraria o mundo dos adolescentes do anos 1980. Todos esses filmes se tornariam clássicos e fariam dele o maior “porta-voz” dos adolescentes daquela época.

Em Gatinhas & Gatões, John Hughes explora diversos temas que ele exploraria com ainda mais profundidade em seus filmes seguintes. Além disso, aqui ele já mostra o estilo de roteiro que seria padrão em seus próximos filmes, com destaque para o realismo da história e a profundidade dos personagens. Essas características fariam com que Gatinhas & Gatões fosse bastante elogiado e a repetição desse padrão em seus filmes seguintes faria com que John Hughes conseguisse como ninguém, retratar no cinema o mundo dos jovens e adolescentes.

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Na obra, Molly Ringwald interpreta uma jovem que acaba de completar 16 anos de idade (daí o nome original do filme “Sixteen Candles” ou “Dezesseis Velas”) e que espera que data marque o início de uma fase gloriosa em sua vida. Contudo, as coisas não saem como planejado e ela é praticamente ignorada ou mesmo “mal tratada” por todos ao seu redor. Aqui também, Hughes dá bastante destaque a vida amorosa dos personagens, já que esse é um tema de suma importância para gente nessa idade.

É em Gatinhas & Gatões também que John Hughes começa a ajudar a revelar um grupo de atores que acabaria por dominar a cena de “filmes adolescentes” nos anos 1980. Além de Molly Ringwald, a produção também conta com a presença de Anthony Michael Hall em seu elenco, ator que faria diversos filmes desse tipo naquela década e, inclusive, estaria no elenco de outros clássicos de John Hughes. Produzido a um custo de 6.5 milhões de dólares, o longa-metragem arrecadou quase 24 milhões em bilheterias.

Gatinhas & Gatões também se tornaria um sucesso de crítica. Ainda em seu lançamento, o filme receberia elogios de críticos de cinema famosos, como Roger Ebert, Janet Maslin e Gene Siskel. Atualmente, a obra mantêm uma taxa de aprovação de 81% no Rotten Tomatoes. Com o tempo, a produção se tornou um dos clássicos mais cultuados dos anos 1980 e um dos filmes mais famosos da carreira de Molly Ringwald.

5 – Esqueceram de Mim (1990)

Após passar pela fase dos “filmes adolescentes”, das comédias e das comédias românticas, John Hughes praticamente inventou um novo subgênero da comédia pastelão, ao escrever o roteiro de Esqueceram de Mim. Filme que acabaria também por se tornar o maior sucesso comercial de toda a sua carreira. A base para a história de Esqueceram de Mim surgiu quando o roteirista planejava as férias com sua família e estava listando as coisas que não podia deixar de levar na viagem. Ele então pensou que o mais importante era não deixar para trás os filhos e, então, teve a ideia de imaginar o que uma criança faria se fosse esquecida pelos pais sozinha em casa.

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Famosa cena de Esqueceram de Mim, onde Kevin usa loção pós-barba pela primeira vez.

Com essa ideia em mente, ele escreveu o roteiro de Esqueceram de Mim, que conta a história de Kevin McCallister (Macaulay Culkin), um garoto de oito anos de idade, que devido a diversas circunstâncias e coincidências, acaba sendo esquecido em casa pela família que irá passar férias em Paris. De início, o garoto adora ficar sozinho e curte a sua independência. Contudo, o que ele não sabe é que dois ladrões atrapalhados estão aproveitando o período de férias para roubar todas as casas (em sua maioria, vazias) do bairro.

Sem escolha, Kevin será obrigado a defender seu lar desses ladrões. Para isso, ele cria diversas armadilhas e causa inúmeros danos nos bandidos que no final, estão quase que implorando para serem presos. Fazendo uso de diversos elementos de comédia pastelão, mas também apresentando alguns temas sérios, Esqueceram de Mim tem a capacidade de fazer rir, mas também de nos fazer, em algumas cenas, chorar. Por isso, se tornou um dos maiores clássicos de natal do cinema mundial.

Para além disso, o enorme sucesso comercial de Esqueceram de Mim fez com que seu enredo fosse infinitamente copiado. Dessa forma, inúmeros filmes cujo enredo básico era uma criança (ou animal) inadvertidamente, ou propositalmente, derrotando bandidos idiotas foram feitas durante os anos 1990 e 2000, fazendo com esse tipo de filme se tornasse quase que um subgênero do cinema da época.

O próprio John Hughes tentou repetir a fórmula de sucesso, em filmes como Ninguém Segura este Bebê (1994), 101 Dálmatas (1996), Dennis, o Pimentinha (1993) e até Beethoven, o Magnífico (1992). Algumas vezes com sucesso, outras nem tanto. A tentativa de repetir o sucesso de Esqueceram de Mim não surpreende ninguém, já que a produção deu um lucro gigantesco a 20th Century Fox, que distribuiu o filme. Produzido a um custo de 18 milhões de dólares, a obra arrecadou mais de 476 milhões de dólares nas bilheterias do mundo todo.

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Com isso, Esqueceram de Mim teve a segundo maior bilheteria do mundo no ano de 1990, ficando atrás apenas de Ghost: Do Outro Lado da Vida. O mais interessante, é que a Fox não deveria distribuir o filme, já que a Warner Bros. Pictures era quem deveria financiá-lo e distribuí-lo. Contudo, o estúdio não queria que o filme custasse mais que 10 milhões de dólares para ser produzido. Já antecipando que não seria possível produzir Esqueceram de Mim com esse orçamento, John Hughes se encontrou secretamente com o pessoal da Fox e passou, clandestinamente, para eles uma cópia do roteiro do filme.

Quando Hughes apresentou uma orçamento de cerca de 14 milhões a Warner Bros., o estúdio exigiu que cortes fossem feitos no orçamento. O roteirista e produtor, no entanto, disse que não seria possível fazê-lo. Assim, o estúdio desistiu de produzir o filme. No dia seguinte, a Fox entrou na jogada e aceitou financiar Esqueceram de Mim, dando a Hughes 18 milhões para produzí-lo. A aposta da Fox se mostrou bastante acertada e o estúdio lucrou mais de 400 milhões com o filme.

Além de sucesso de público, Esqueceram de Mim também foi bem recebido pela crítica especializada. Entre os aspectos mais elogiados da produção estavam a atuação de Macaulay Culkine a trilha sonora de John Williams, que até hoje é um de seus trabalhos mais lembrados. Aliás, pela canção “Somewhere in My Memory”, tema principal do filme, Williams recebeu sua única indicação, até hoje, ao Oscar na categoria de Melhor Canção Original. Isso porque, todas as outras indicações ao Oscar desse genial compositor são na categoria de Melhor Trilha Sonora. Aliás, Williams também recebeu uma indicação ao Oscar nessa categoria por seu trabalho em Esqueceram de Mim.

Com o tempo, a obra se tornou um clássico, sendo amplamente considerada um dos melhores filmes de natal já produzidos na história do cinema. O sucesso do filme, fez com que Macaulay Culkin, se tornasse um grande astro, recebendo salários milionários antes mesmo de chegar a adolescência. A produção também foi um ponto de virada na carreira de Chris Columbus, que a partir de então, se tornou um dos diretores mais requisitados do cinema infanto-juvenil, dirigindo diversos filmes de sucesso desde então.

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“Somewhere in My Memory”, tema principal de Esqueceram de Mim, composta por John Williams.

Interessante, que Hughes deu o filme para Columbus, justamente para compensar a sua “demissão” de Férias Frustradas de Natal (1989), que também é baseado em um de seus roteiros. O sucesso de Esqueceram de Mim deu origem a uma franquia, sendo que o segundo e o terceiro filmes da franquia, lançados em 1992 e 1997, foram escritos por John Hughes. O filme de 1992, trazia o elenco completo do filme original e foi um grande sucesso de bilheteria, apesar de não ter sido tão bem recebido assim pela crítica especializada. Já o filme de 1997, que trazia um novo elenco e um novo personagem principal, não passou nem perto do sucesso dos dois primeiros filmes.

4 – A Garota de Rosa-Shocking (1986)

A Garota de Rosa-Shocking foi o terceiro roteiro escrito por John Hughes após o sucesso de Gatinhas & Gatões (1984), seu primeiro filme como diretor. Assim como a maioria de seus roteiros nessa época, A Garota de Rosa-Shocking, é sobre o mundo adolescente e conta a história de Andie Walsh (Molly Ringwald), uma garota de uma família humilde do subúrbio de Chicago que se envolve com Blane McDonnagh (Andrew McCarthy), um rapaz muito mais rico que ela.

Andie tem que decidir se tenta ficar com ele, ou dá uma chance ao “esquisito” “Duckie” Dale (Jon Cryer). Assim como Gatinhas & Gatões, o filme também é estrelado por Molly Ringwald, que nessa época estava no auge de sua popularidade. Da mesma forma que todos os trabalhos de Hughes nessa época, o roteiro de A Garota de Rosa-Shocking tenta dar profundidade aos personagens e realismo a trama mostrada na telona.

Apesar de ter escrito o roteiro do filme, Hughes preferiu deixar a direção a cargo de Howard Deutch, já que nessa época, ele estava envolvido com a direção de Curtindo a Vida Adoidado (1986). Assim como quase todos os filmes escritos por John Hughes nessa época, A Garota de Rosa-Shocking foi um tremendo sucesso de crítica e público. Elogiado por críticos famosos da época, como Roger Ebert, Janet Maslin e Pauline Kael, o filme atualmente mantêm uma taxa de aprovação de 75% no Rotten Tomatoes, o principal agregador de críticas especializadas da internet.

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A famosa cena final de A Garota de Rosa-Shocking.

A obra também foi um sucesso comercial, arrecadando mais de 40 milhões de dólares em bilheterias tendo custo cerca de 9 milhões de dólares para ser produzida. Para além disso, o filme se tornou quase que um fenômeno cultural nos anos 1980. Principalmente, sua trilha sonora se tornou febre na época de seu lançamento e até hoje é considerada uma das melhores já reunídas para um filme. A canção “If You Leave”, da banda inglesa Orchestral Manoeuvres in the Dark, que toca na cena final do filme, se tornou um sucesso mundial, ficando entre as 10 canções mais escutadas em diversos países do mundo.

O filme também influenciou o figurino e o comportamento dos jovens da época e hoje é considerado um clássico cult. Além disso, a produção ajudou a fundar o chamado “Brat Pack”, um grupo de jovens atores que dominou o cinema norte-americano na segunda metade dos anos 1980 e também no início dos anos 1990.

3 – Férias Frustradas (1983)

Um dos roteiros mais famosos de John Hughes, que também se tornou uma de suas marcas registradas e uma das comédias mais famosas dos anos 1980. Escrito em 1982, o roteiro de Férias Frustradas é baseado em uma história que Hughes escreveu em 1979 para a revista cômica National Lampoon, para a qual ele trabalhava na época. Os direitos de adaptação da história para o cinema foram compradas pela Warner Bros. no início dos anos 1980 e o estúdio chamou Hughes para escrever o roteiro que também teve colaboração de Harold Ramis, que dirigiria o filme, e Chevy Chase, que estrelaria o filme.

Junto com o sucesso de Dona de Casa por Acaso (1983), o também sucesso de Férias Frustradas, garantiu a John Hughes uma carreira em Hollywood. Produzido a um custo de 15 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 61 milhões de dólares nas bilheterias dos Estados Unidos, se tornando um dos 15 filmes mais vistos no país naquele ano. A produção também foi muito bem recebida pela crítica especializada na época, recebendo elogios de críticos renomados, como Janet Maslin, por exemplo.

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Atualmente, Férias Frustradas é considerado um clássico e uma das melhores comédias produzidas nos anos 1980. Sendo também, junto com Clube dos Cafajestes (1978), um dos filmes mais famosos produzidos pela National Lampoon. O sucesso da obra foi tão grande que gerou uma franquia, que atualmente, conta com outros cinco filmes. No entanto, de todas as continuações, apenas Férias Frustradas de Natal (1989) chegou perto do sucesso do filme original. Coincidentemente, esse filme de 1989 também foi escrito por John Hughes.

Além de ter “dado uma carreira” para John Hughes, Férias Frustadas também ajudou a consolidar a carreira de Chevy Chase, se tornando o seu maior sucesso de bilheteria até então e transformando o ator em um estrela global. Além disso, o filme também ajudou a consolidar a carreira de Harold Ramis como diretor, já que a produção foi o seu segundo trabalho de direção . Por tudo isso, pode se dizer sem medo de errar que o roteiro de Férias Frustradas é um dos mais importantes da carreira de John Hughes.

2 – Clube dos Cinco (1985)

Em segundo lugar em nossa lista, está um dos filmes mais importantes produzidos nos anos 1980 e também um dos melhores retratos da vida adolescente naquela época. Claro, que estamos falando de Clube dos Cinco (1985). Uma das grandes obras-primas de John Hughes, a produção foi filmada quase ao mesmo tempo que Curtindo a Vida Adoidado, que é provavelmente o filme mais importante da carreira de Hughes. E foi apenas o segundo trabalho de Hughes como diretor.

Como sempre, Hughes escreveu Clube dos Cinco em poucos dias. Contudo, na época, a Universal Pictures, com quem ele tinha um acordo para escrever e dirigir três filmes, ficou mais impressionado com o roteiro de Gatinhas & Gatões (1984), que acabou se tornando o primeiro filme dirigido por ele. Aliás, o estúdio nem sequer queria deixar John Hughes dirigir Clube dos Cinco, porque achava que ele não possuía experiência suficiente para isso.

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A Universal Pictures só se convenceu a deixá-lo a frente da direção quando Hughes prometeu produzir o filme por um orçamento de apenas 1 milhão de dólares e filmá-lo todo praticamente em apenas uma locação. Isso porque, boa parte da história de Clube dos Cinco se passa em uma biblioteca onde os cinco personagens principais do filme estão “de castigo” em um sábado de manhã.

Clube dos Cinco foi todo filmado em Maine North High School, uma escola no subúrbio de Chicago que havia sido fechada em 1981. A biblioteca onde se passa quase toda a ação do filme foi reconstruída no ginásio da escola, porque a biblioteca real do local era pequena demais para as filmagens. Hughes, inclusive, utilizou a parte interna da escola para algumas cenas de Curtindo a Vida Adoidado, sendo que a escola utilizada nas tomadas externas desse filme foi a Glenbrook North High School, que ficava bem perto da Maine North High School.

Aliás, para economizar dinheiro, John Hughes produziu Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado quase que ao mesmo tempo, já que os dois filmes e Gatinhas & Gatões (1984) faziam parte de um acordo de três filmes entre ele e a Universal Pictures, firmado logo após os sucesso de Dona de Casa por Acaso e Férias Frustadas.

Como se pode imaginar, Clube dos Cinco foi um enorme sucesso de público. Produzido a um custo de, como dissemos, apenas um milhão de dólares, a obra arrecadou mais 51 milhões em bilheterias, se tornando a 13ª maior bilheteria de 1985 nos Estados Unidos. O sucesso de crítica, pode-se dizer, foi ainda maior. Amplamente elogiado ainda na época de seu lançamento, com o tempo o filme se tornou um clássico absoluto. Sendo, inclusive, escolhido para preservação no Registro Nacional de Filmes (ou National Film Registry, no original em inglês) da Biblioteca do Congresso Americano, devido a sua “importância cultural, histórica e estética”.

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Clube dos Cinco é, atualmente, considerado uma das melhores produções cinematográficas da história, a retratar o universo adolescente. Como em todos os filmes de Hughes nesse subgênero, o roteiro do filme tenta sempre quebrar clichês e esteótipos, retratando da forma mais realista possível, o mundo dos adolescentes da época. Aliás, todo o enredo de Clube dos Cinco é construído com o intuito de quebrar esteriótipos.

Cinco adolescentes, com personalidades totalmente diferentes, cada uma representando um esteriótipo diferente, são obrigados a ficar por horas em um local juntos e assim são também obrigados a conviver um com o outro. O atleta, a menina popular, a menina alternativa, o garoto nerd e o “revoltado” são personagens comuns em todo filme que retrata o mundo adolescente. Contudo, aqui todos esses esteriótipos escondem uma personalidade única e também diversos problemas e desafios ocultos que ninguém mais vê.

A clássica cena final de Clube dos Cinco.

Propositalmente, a única figura adulta do filme, o vice-diretor da escola, Richard Vernon, é o único personagem da obra a ser retratado de forma totalmente negativa e também de forma completamente superficial, entrando em cena apenas para brigar ou colocar os personagens principais para baixo. Devido a natureza do filme, as atuações de Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Judd Nelson, Molly Ringwald e Ally Sheedy no filme foram extremamente elogiadas. Aliás, por esse motivo, os quatro atores acabaram por formar a base do que se chamou de “Brat Pack”, um grupo de jovens atores que dominou o cinema norte-americano nos anos 1980.

A trilha sonora de Clube dos Cinco se tornou também um dos aspectos mais conhecidos do filme e trazia canções majoritariamente dos gêneros rock e new wave que eram bastante populares nos anos 1980. A canção-tema do filme, “Don’t You (Forget About Me)”, da banda escocesa Simple Minds, se tornou um imenso sucesso comercial no mundo todo. Chegando ao topo do ranking das canções mais ouvidas dos Estados Unidos e de diversos outros países do mundo.

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A letra da canção, inclusive, retrata muito bem o enredo básico de Clube dos Cinco. Por tudo isso, o filme é um dos mais importantes da carreira de John Hughes. Aliás, sua importância e seu legado são tão grandes que seria impossível falar sobre ele em profundidade apenas nesse texto, o que só poderia ser feito em uma análise completa sobre essa obra-prima.

1 – Curtindo a Vida Adoidado (1986)

Em 1985, John Hughes escreveria e dirigiria aquele que é, provavelmente, o principal filme de sua carreira. Lançado em 11 de junho de 1986, Curtindo a Vida Adoidado se tornaria um dos maiores clássicos dos anos 1980. Um clássico que até hoje encanta muita gente. Assim como Clube dos Cinco (1985), o filme também foi escolhido para preservação no Registro Nacional de Filmes (ou National Film Registry, no original) da Biblioteca do Congresso Americano, devido a sua “importância cultural, histórica e estética”.

O mais interessante é que Hughes escreveu o roteiro do filme em menos de uma semana, já que uma greve do Sindicato dos Roteiristas dos Estados Unidos (o famoso “Writers Guild of America”) estava a caminho. Curtindo a Vida Adoidado foi o quarto filme dirigido por Hughes e seu primeiro para a Paramount Pictures, depois que seu acordo de três filmes com a Universal Pictures acabou.

Assim como em Clube dos Cinco, aqui também Hughes dá grande importância a construção dos personagens principais do filme, em detrimento, inclusive, ao desenvolvimento do próprio enredo da obra. “Eu sei como o filme começa, sei como termina. Nunca sei o resto, mas isso não parece importar. Não são os eventos que são importantes, são os personagens que passam pelo evento. Eu queria criar um personagem que pudesse lidar com tudo e todos”, disse ele sobre o roteiro do filme.

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Curtindo a Vida Adoidado é também uma grande declaração de amor a cidade de Chicago, onde John Hughes cresceu e onde também se passam a maioria dos filmes que ele escreveu. “Chicago é o que eu sou. Muito de Curtindo a Vida Adoidado é uma espécie de minha carta de amor para a cidade”, disse ele sobre o filme. Por esse motivo, a produção foi quase toda rodada em Chicago e em outras cidades vizinhas. Além disso, diversos pontos turísticos da cidade aparecem no filme.

Inclusive, a famosa cena do desfile onde o personagem principal, Ferris Bueller, dubla e dança ao som de “Twist and Shout” dos Beatles, foi filmada no centro de Chicago. Somente algumas cenas do exterior da casa de Ferris foram filmadas em Long Beach, na Califórnia. Com um orçamento de cinco milhões de dólares, Hughes foi capaz, inclusive, de fazer imagens aéreas de Chicago e também ver a cidade de cima, algo que ele ainda não havia tido a chance de fazer. “Eu realmente queria capturar o máximo possível de Chicago. Não apenas a sua arquitetura e a sua paisagem, mas também o seu espírito.”

Como se pode imaginar, Curtindo a Vida Adoidado foi um imenso sucesso de público. Produzido a um custo de 5 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 70 milhões em bilheterias e foi o décimo filme mais visto de 1986. Junto à crítica especializada, a produção também foi um enorme sucesso, recebendo elogios rasgados de críticos importantes, como Roger Ebert, Richard Roeper, George Will e Steve Almond. Roeper chegou a dizer que Curtindo a Vida Adoidado era um de seus filmes favoritos e Almond chamou a produção de “o filme adolescente mais sofisticado” que ele já havia visto.

A icônica cena em que Ferris Bueller dubla “Twist and Shout” durante um desfile. A cena foi filmada no centro de Chicago, nos Estados Unidos.

Por seu desempenho no filme, Matthew Broderick recebeu uma indicação ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator em um Filme Musical ou de Comédia. Até hoje, a única indicação ao Globo de Ouro de sua carreira. Com o tempo, Curtindo a Vida Adoidado se tornou não apenas um clássico, mas também um dos filmes mais influentes dos anos 1980. Com sua celebração a vida e seus personagens profundos e complexos.

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O desejo de celebrar a vida e o presente contidos na obra, fez com o crítico de cinema Richard Roeper chamasse a obra de “uma espécie de filme de prevenção ao suicídio”, devido ao enredo principal em que o jovem Ferris Bueller (Matthew Broderick) resolve “matar” um dia de aula para levar sua namorada, Sloane Peterson (Mia Sara) e seu melhor amigo, Cameron Frye (Alan Ruck) para um passeio em Chicago, afim de tirá-lo de um estado depressivo.

Até hoje, a famosa frase dita por Ferris para o espectador ainda no início do filme, “A vida passa rápido demais; e se você não parar de vez em quando para vive-la, acaba perdendo seu tempo” é frequetemente repetida por muita gente e usada quase como se fosse um mantra. Aliás, a quebra da chamada “quarta parede” também é um dos aspectos mais copiados e referenciados do filme até os dias atuais. Assim como no caso de Clube dos Cinco, o roteiro de Curtindo a Vida Adoidado é tão brilhante, que é impossível analisá-lo em profundidade em um texto como esse.

Conclusão

E aí, gostou da nossa lista? Tentamos compilar dez dos principais roteiros escitos por John Hughes em sua carreira. Hughes era um escritor tão genial que fazer essa lista foi uma tarefa hercúlea. Só para se ter uma ideia, para listar apenas dez filmes escritos por ele, tivemos que deixar de fora inúmeras outras produções de renome e que também tiveram seus roteiros escritos por Hughes, como Mulher Nota 1000 (1985), Ela Vai Ter um Bebê (1988), Quem Vê Cara Não Vê Coração (1989), A Malandrinha (1991), Dennis, o Pimentinha (1993), Milagre na Rua 34 (1994), Ninguém Segura este Bebê (1994) e 101 Dálmatas (1996). Muitos desses filmes são atualmente considerados clássicos.

Aliás, seria até mais fácil escrever uma lista de quinze ou vinte filmes importantes cujos roteiros foram escritos pelo genial John Hughes. Contudo, um texto desse tipo ficaria grande demais. Se você gostou de nossa lista, não deixe de comentar abaixo. Se você acha que faltou algum filme na lista deixe escrito abaixo. O mais importante é não deixar de comentar.

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