Game Boy Color
Game Boy Color - Imagem Evan-Amos - Wikipédia

O quão melhor algo que já era bom, pode se tornar? O limite tecnológico de uma geração é o momento em que nada mais pode ser atingido ou acrescentado e a única opção é partir então para uma nova plataforma ou geração. O Game Boy Color alcançou esse limite tecnológico oferecendo o que havia de melhor em uma plataforma 8-bits e compactando tudo na palma da mão.

Nesse artigo vamos trazer à tona a história do Game Boy Color, o primeiro console portátil colorido da Nintendo que marcou o fim de um ciclo evolutivo e se tornou um fenômeno de vendas onde quer que tenha sido lançado.

Se prepare para conhecer mais um capítulo de sucesso da Nintendo e de figuras geniais que atuaram nos bastidores.

História

Após o lançamento do Game Boy original em 1989 e sua revisão subsequente (Game Boy Pocket) de 1996, a Nintendo alcançou uma posição dominante no mercado de consoles portáteis.

A linha Game Boy, criada por Gunpei Yokoi e Satoru Okada conquistou um sucesso avassalador, passando com rolo compressor por cima de concorrentes com maior poder tecnológico e elevando a Nintendo como a principal referência no segmento.

Fossem adultos ou crianças, todos queriam um Game Boy e o bordão “É Nintendo ou Nada” se justificava completamente quando o console portátil da Big-N alcançava a marca de milhões de unidades vendidas em todo o mundo e ostentava uma vasta biblioteca de jogos.

Nesse ponto da história os desenvolvedores de jogos clamavam por melhorias de hardware no Game Boy afim de trabalharem em jogos artisticamente mais bem elaborados e em cores.

O uso de gráficos coloridos havia se tornado comum na indústria dos videogames na década de 1990, e o Game Boy original, embora eficaz na entrega de entretenimento de alta qualidade, não acompanhava esse padrão.

Por outro lado, atender à crescente demanda por cores agora se tornava mais acessível à medida que a tecnologia avançava e tal upgrade já fazia parte dos planos da Nintendo. No entanto, uma última versão revisada do Game Boy original estava programada para vir primeiro.

O Game Boy Light ainda teria gráficos monocromáticos, porém, sua tela iria oferecer retroiluminação, permitindo jogar em ambientes escuros.

A saída de Gunpei Yokoi

Em 1995, a equipe de Pesquisa e Desenvolvimento 1 da Nintendo, liderada por Gunpei Yokoi, enfrentou um enorme fracasso com o Virtual Boy.

Este console, que seria o primeiro a proporcionar uma experiência de jogos em realidade virtual/3D, acabou sendo um desastre devido as suas limitações técnicas.

Por conta desse caso e de outros fatores, Gunpei Yokoi acabou deixando a Nintendo em 1996. A principal razão foi a pressão e a responsabilidade que ele sentiu após o fracasso do Virtual Boy. Como ele estava liderando o projeto, se sentiu culpado e decidiu sair como uma forma de se desculpar pela situação.

Além disso, ele sentia que estava perdendo a liberdade para criar e executar suas ideias dentro da Nintendo e queria buscar novas oportunidades e desafios em outro lugar.

Junto com alguns colegas, Yokoi fundou em 1996 sua própria empresa chamada Koto Laboratory, onde continuou a trabalhar em projetos de hardware, jogos e brinquedos. Eles inventaram os Tamagotchis, os bichinhos virtuais que viraram febre nos anos 90.

A saída de Gunpei Yokoi da Nintendo marcou o fim de uma era na empresa, porque ele havia desempenhado um papel importante na criação de muitos produtos de sucesso, como o próprio Game Boy, a linha Game & Watch, além de ser o cara que criou o botão direcional “D-Pad”, que é usado em praticamente todos os videogames até hoje.

Infelizmente, o brilhantismo de Gunpei Yokoi foi tragicamente interrompido por conta de um acidente de carro fatal em 1997.

Após a saída de Yokoi da Nintendo em 1996, a liderança do time de Pesquisa e Desenvolvimento 1 da Nintendo foi assumida por Takehiro Izushi. O mesmo havia trabalhado anteriormente com Yokoi e era considerado uma escolha natural para a sucessão.

Projeto do Novo Game Boy

A reestruturação da equipe de P&D1 da Nintendo após a saída de Gunpei Yokoi levou à criação de uma sub-divisão dedicada ao desenvolvimento de hardware de consoles portáteis. Satoru Okada assumiu o papel de gerente nessa divisão e deu continuidade ao projeto do novo Game Boy.

Essa reorganização permitiu a Okada mais autonomia no desenvolvimento do Game Boy e dava espaço para a realização da ambição original por trás do conceito. Afinal, foi graças a ele que o Game Boy não se tornou apenas mais um Game & Watch tunado.

Em 1997 o custo dos componentes eletrônicos da era dos 8 bits era muito menor, o que agora tornava viável conceber uma versão definitiva do Game Boy. Incorporando os componentes mais potentes que aquela tecnologia permitia, o Game Boy Color seria então o último elo da geração de 8 bits antes de partirem uma plataforma nova.

A ideia de uma versão high-end do Game Boy original seria entregar tudo aquilo que os desenvolvedores de jogos e os fãns mais queriam. Isso envolvia a adição de uma tela colorida e um aumento significativo no poder de processamento do console.

O objetivo da equipe era manter a retrocompatibilidade com os jogos do Game Boy original. Isso permitiria que os jogadores tivessem uma experiência melhorada com a biblioteca de jogos existente, tornando o novo console um upgrade ainda mais atraente para os fãs da plataforma já consolidada.

Essa era uma abordagem que o time de P&D 1 pretendia seguir como estratégia. Desse modo, todo Game Boy que fosse lançado já teria uma biblioteca muito grande comparada a qualquer outro concorrente. O que era uma visão totalmente contrária ao do time P&D 2, que defendia que os consoles novos deveriam focar-se totalmente em trazer avanços, abrindo mão do legado.

Vale mencionar que foi essa visão que deu à luz ao Super Nintendo em 1990, o console mais poderoso da quarta geração, mas que não era compatível com os jogos do NES.

A fim de assegurar total compatibilidade, o Game Boy Color precisaria ser equipado com uma unidade de processamento central (CPU) praticamente idêntica à do modelo anterior e o aumento de desempenho iria depender principalmente do aumento de frequência de operação.

Contudo, isso resultava em um consumo de pilhas significativamente mais elevado e, sendo assim, foi necessário deixar a retro iluminação de fora para manter a boa autonomia do aparelho, visto que essa sempre foi uma característica muito elogiada nos consoles anteriores.

Outra ideia de Satoru Okada foi adicionar uma porta de comunicação baseada em infravermelho para possibilitar uma mecânica de jogos que consistiam em troca de itens colecionáveis. Algo que foi amplamente explorado na série de jogos do Pokémon e outros títulos. Não sendo exatamente um substituto do cabo Game Link, seria apenas uma alternativa viável para aplicações específicas, considerando as limitações de alcance e velocidade dos sensores.

Ao passo que desenvolviam o Game Boy Color a todo vapor, já realizavam os preparativos do projeto “Atlantis” que viria a ser o Game Boy Advance anos mais tarde.

Embora a equipe não contasse mais com a genialidade de Yokoi, eles conseguiram continuaram a produzir consoles de grande sucesso, como o Game Boy Color, o Game Boy Advance, o Game Boy Advance SP e o fenomenal Nintendo DS.

Lançamento

O Game Boy Color fez sua estreia no Japão em 21 de outubro de 1998, com um preço de lançamento de ¥12.800.

Logo em seguida, no dia 18 de novembro de 1998, o Game Boy Color foi lançado na América do Norte com um preço inicial de US$79,95.

Na Europa, o aguardado console chegou em 23 de novembro de 1998, com um preço de lançamento de €99,99.

Caixa do GBC
Caixa do GBC – Imagem ZeoKnight – gamefaqs.gamespot.com

Apesar do lançamento não ter tido tanto destaque e ter poucos jogos exclusivos, o Game Boy Color conseguiu atingir um excelente número de vendas iniciais.

Não se tratava de uma verdadeira revolução de próxima geração. A velocidade da CPU foi dobrada em relação ao modelo original, e tinha quase quatro vezes mais memória. Basicamente era o Game Boy que Satoru Okada havia idealizado quase uma década antes.

A identidade visual adotada pela Nintendo nessa época abusava das cores e o novo Game Boy Color seguia esse estilo sendo lançado em cinco cores: cereja, roxo, verde-claro, amarelo e azul-petróleo. Por curiosidade, essas são as mesmas cores que compõe o logo “COLOR”. Berry (C), Grape (O), Kiwi (L), Dandelion (O), and Teal (R).

Edições Limitadas e Novas Cores

Seguindo a tendência do Nintendo 64, o portátil recebeu posteriormente uma edição com carcaça em plástico roxo semitransparente chamada de “Atomic Purple” e, como de costume, foram lançadas também diversas outras cores e edições limitadas com o passar dos anos.

Modelos de Game Boy Color
Modelos de Game Boy Color – Image Limen8 – Reddit
  • Dourado e Prateado (edição especial Pokémon Gold e Silver)
  • Dourado e Prateado (edição especial Pichu e Pikachu)
  • Rosa (Japão – Edição especial Hello Kitty)
  • Laranja (Japão – Edição promocional da Yedigün)
  • Transparente (Japão – várias cores)
  • Verde e Amarelo (Austrália)
  • Preto
  • Azul marinho
  • Azul Piscina
  • Branco
  • Cinza com botões coloridos

No Brasil

Game Boy Color foi lançado no Brasil em 12 de novembro de 1998, pela Gradiente que, na época, era a representante oficial da Nintendo no país. O console foi lançado nas cores: verde, amarelo, roxo e atomic-purple. O preço de lançamento foi de R$ 299.

Embora o preço inicial fosse bastante elevado para a época, o lançamento do Game Boy Color no Brasil foi um sucesso, e o portátil se tornou os mais vendidos no país, ajudando a popularizar o segmento por aqui. O que abriu caminho para o lançamento de novos consoles, como o Game Boy Advance, que chegou alguns anos depois e encontrou um mercado mais familiarizado e com certa expectativa.

Naquela época, a Nintendo não possuía uma subsidiária no país, o que todas a fabricação, distribuição e comunicação oficial de seus produtos era feita pela Gradiente. Anteriormente, a Playtronic, uma joint-venture entre Gradiente e Estrela (fabricante de brinquedos), introduziu o console Super Nintendo no mercado brasileiro em 1993. No entanto, anos mais tarde, a Estrela se retirou da operação, deixando a Gradiente como a principal responsável.

Em setembro de 2001, após o lançamento do Game Boy Advance, a Gradiente anunciou uma redução de 33% no preço do Game Boy Color, caindo de R$ 299 para R$ 199. Daí então uma série de comerciais de TV foram veiculados para promover as vendas no pais com apelo no preço mais “popular”. (A título de curiosidade, o salário mínimo em 2001 era de R$180,00)

Recepção

O Game Boy Color representou mais um triunfo inquestionável da Nintendo, alcançando. Em conjunto com o Game Boy original, as vendas totais ultrapassaram a marca de 118 milhões de unidades em todo o mundo. Desse total, impressionantes 32 milhões de unidades foram comercializadas somente no Japão, com mais 44 milhões vendidas nas Américas e mais de 42 milhões em outras regiões ao redor do globo.

Houve um certo debate sobre o Game Boy Color ser verdadeiramente um novo console ou apenas uma aparência renovada e com um nome diferente. Tal questão dividiu a opinião de muitos críticos da mídia especializada.

Por um lado, muitos argumentavam que o Game Boy se enquadrava na categoria de “console de geração intermediária”, oferecendo apenas um aprimoramento nos gráficos 8-bits.

Por outro lado, muitos discordavam argumentando sobre os títulos exclusivos que faziam uso de comunicação infravermelho e que não eram compatíveis com modelos inferiores devido ao seu nível de complexidade.

O fato é que os jogos lançados para o Game Boy Color após 1999 exploraram tanto sua capacidade gráfica que não eram compatíveis com sistemas anteriores de forma alguma.

De qualquer maneira, o Game Boy Color representava a versão definitiva e mais completa da era dos 8-bits, e marcando o encerramento de um ciclo para a família Game Boy que já estava pronta para migrar direto para os 32-bits com Game Boy Advance.

Ficha Técnica

CPUSharp LR35902 (8-bits / 8.38 Mhz)
MemóriasRAM: 32 KB + 16KB do cartucho / VRAM: 16 KB / ROM: 8MB
Áudio2 canais de onda quadrada, 1 canal PCM 4-bit (64 4-bit de amostragem) e 1 canal de ruído. Sistema de som mono integrado.
VídeoTiles: 512, sprites: 40 (10 por linha), tamanho dos sprites: 8×8 ou 8×16 px, modo de cores: 10,32 ou 56 (8 paletas de fundo de 4 cores, 8 paletas de sprite de 3 cores).
TelaLCD (TFT) de 2,3 polegada, resolução de 160×144 px / 59.7Hz, paleta de 15-bit RGB (32,768 de cores).
ConectividadeEntrada para cartucho, porta serial (game link), infravermelho, conector P2 para fones de ouvido estéreo.
ControlesD-Pad, 4 botões (A, B, Start e Select), disco de volume, chave de liga/desliga.
Alimentação2 pilhas AA ou Adaptador DC de 3V
Dimensões75 mm x 27mm x 133mm
Hardware do Game Boy Color
Hardware do Game Boy Color – Imagem Evan-Amos – Wikipédia

Cartuchos

Os cartuchos (game paks) de Game Boy Color eram produzidos em plástico transparente (“clean” ou coloridos) e possuíam pequenos detalhes como entalhes e nomenclaturas para torná-los mais distintos dos antigos.

Para quem não sabe, termo “Game Pak” foi criado pela Nintendo em 1985, junto com o lançamento do NES. É uma abreviação de “Game Package”, ou “Pacote de Jogo”.

Foi dado esse nome como recurso de marketing para enfatizar que os cartuchos eram mais do que apenas uma mídia de armazenamento de dados, mas também um pacote completo de jogo, incluindo software e hardware adicional. Até porque, os cartuchos da Nintendo muitas vezes possuíam hardware complementar que expandiam a capacidade do console.

Cartucho Game Boy Color
Cartucho Game Boy Color – Imagem Lucas Renan

No caso do Game Boy color, por exemplo, alguns game paks possuíam memória RAM adicional de até 16KB e um sistema de salvamento de jogo sustentado por uma bateria do tipo “botão”. Isso permitia aos jogadores salvar seu progresso nos jogos diretamente no cartucho, o que era uma característica importante para jogos mais longos e não parava por ai…

Retrocompatibilidade

O Game Boy Color era totalmente compatível com cartuchos dos modelos anteriores e vários de seus cartuchos também eram compatíveis com o sistema original (cartuchos pretos), mas sofrendo algumas penalidades devido as limitações técnicas.

Quando o jogador roda um jogo do Game Boy original no Color, ele tem a possibilidade de deixar o jogo colorido, selecionando uma paleta de cores. A função é ativada ao pressionar uma combinação específica de botões, como alguma direção do D-Pad + A ou B ou nenhuma delas, assim que aparecer o logotipo do Game Boy no Boot do sistema.

D-PadBotão de Ação
NenhumAB
CimaMarromVermelhoMarrom escuro
BaixoBegeLaranjaAmarelo
EsquerdaAzulAzul marinhoTons de Cinza
DireitaVerdeVerde escuroInvertido

O sistema de paletas de cores automáticas é armazenado no banco de dados interno do próprio console e não nos cartuchos. São 12 paletas e cada uma pode conter até 16 cores.

Em muitos jogos de Game Boy original as sombras cinza são reinterpretadas usando diferentes subconjuntos dessas paletas de 16 cores. Por exemplo, um subconjunto pode ser usado para exibir sprites móveis, enquanto outro é dedicado aos elementos estáticos do cenário. Isso permite o Game Boy Color recriar uma experiência visual mais rica e variada. Similar a uma remasterizarão em tempo real.

Além disso, para aqueles que preferissem a experiência monocromática original, existia a opção de escala de cinza (pressionando Esquerda + B) que proporcionava uma aparência praticamente idêntica à do Game Boy antigo.

Vale mencionar que também existem mais de 90 jogos para Game Boy original, publicados pela própria Nintendo, que possuem uma paleta especial que é ativada automaticamente quando nenhum botão é pressionado na inicialização. Os jogos que não tem paleta especial pré-configurada rodam com a paleta verde escura por padrão.

Acessórios

A linha Game Boy era extremamente comercial e recebeu diversos acessórios que não apenas melhoravam a jogabilidade e a comodidade, mas também expandiam as possibilidades de uso, tornando-o uma plataforma versátil para entretenimento e criatividade. Dentre inumes acessórios oficiais e não oficiais, fizemos uma lista com alguns bem curiosos.

Game Boy Camera – lançado em 1998 como “Pocket Camera” no Japão, é um acessório bem peculiar. Este dispositivo permite que os usuários capturassem imagens em preto e branco de baixa resolução e as editassem de forma básica diretamente em qualquer modelo da linha Game Boy.

Game Boy Camera
Game Boy Camera – Imagem Evan-Amos – Wikipédia

O acessório se conecta direto no slot de cartuchos do Game Boy, transformando o console em uma câmera digital primitiva. O sensor tinha uma resolução de imagem de apenas 128 x 112 pixels, o que era bem ruinzinha mesmo para a época. No entanto, a limitação da resolução não impediu que a Game Boy Camera se tornasse um sucesso em alguns países desenvolvidos, principalmente entre crianças e adolescentes.

A Game Boy Camera oferecia várias funções, como tirar fotos, criar pequenas animações, adicionar efeitos de distorção às imagens e até mesmo tirar selfs.

Incluía também alguns minijogos e recursos de entretenimento, como um minijogo de DJ e uma função de “scanner de rosto” que permitia ao jogador inserir rostos nas animações.

Game Boy Printer – lançada em 1998 é uma impressora portátil que complementa a Game Boy Camera, permitindo aos jogadores imprimir imagens capturadas com pela Camera em forma de adesivos.

A impressora portátil utiliza papel térmico de 38mm e não requer tinta. Ela se conecta ao Game Boy através de um cabo game-link e necessita de seis pilhas AA para funcionar.

Além da impressão de imagens capturadas pela Game Boy Camera, a Game Boy Printer também pode ser usada em conjunto com outros jogos que oferecem suporte a essa funcionalidade.

Por exemplo, em jogos como “Pokémon Yellow,” os jogadores podiam imprimir listas de Pokémons capturados, informações sobre suas criaturas ou até mesmo adesivos de Pokémons. Essa funcionalidade agregou uma dimensão adicional à jogabilidade, permitindo que os jogadores compartilhassem suas realizações de jogo de forma tangível.

A impressão da Game Boy Printer é em preto e branco e com baixa resolução. Os adesivos tinham um aspecto característico e retrô que era parte do seu charme. A Game Boy Printer era um brinquedo diferente que atendia bem ao público-alvo e à época em que foi lançada.

Worm Light – é um acessório que ilumina a tela do Game Boy color. Foi projetado para ser conectado na porta serial game-link e fornecer uma fonte de luz, tornando possível jogar em ambientes com pouca ou nenhuma luminosidade e aumentar a clareza de jogos mais detalhados.

Nyko Worm Light
Nyko Worm Light – Imagem Ebay

Este acessório se tornou popular entre os jogadores do Game Boy Color e Advance, sendo um paliativo para a falta de uma tela retro iluminada. Embora fosse muito útil era um devorador de pilhas.

Game Boy Pocket Sonar – lançado pela Bandai em 1998, é talvez o acessório mais inusitado já inventado para Game Boy. Como o nome sugere, ele transformava o console portátil em um dispositivo de sonar, permitindo que os jogadores/pescadores detectassem peixes na água (WTF!?).

Bandai Fish Finder Pocket Sonar
Bandai Fish Finder Pocket Sonar – Imagem Ebay

A ideia por trás do Game Boy Pocket Sonar era fornecer uma ferramenta divertida e inovadora para entusiastas da pesca que também eram fãs de videogame. O dispositivo emitia ondas sonoras na água e detectava seu eco, ajudando os pescadores a identificar a presença de peixes e determinar sua profundidade.

Para usar o Game Boy Pocket Sonar, os jogadores conectavam uma das partas do acessório (parte azul) no slot de cartucho e lançavam a outra extremidade (parte amarela) na água, onde ele começava a enviar ondas sonoras simuladas e exibir informações coletadas sobre a profundidade da água e a presença de peixes.

Além dessa utilidade nada convencional, o acessório era compatível com jogos de pesca virtual como “Fish Life” e “The Legend of the River King”.

Embora o Game Boy Pocket Sonar tenha sido uma ideia criativa e esquisita única, ele não se tornou um acessório amplamente popular e ficou restrito apenas ao mercado japonês.

Handy Boy – Lançado pela Nyko em 1991, foi um dos acessórios mais populares para o Game Boy na época.

Ele foi projetado para melhorar a experiência de jogo, tornando o Game Boy mais ergonômico e oferecendo recursos adicionais. Era uma plataforma que se encaixava ao redor do console, oferecendo alças laterais que tornavam mais confortável segurar o aparelho durante longas sessões de jogo.

Handy Boy
Handy Boy – Imagem Ebay

O conjunto possuía uma lente de aumento integrada, que se encaixava sobre a tela do Game Boy para ampliar a imagem. Além disso, ele incluía uma luz embutida, similar ao “Worm Light” que iluminava a tela, tornando a jogabilidade mais cômoda em condições de pouca luz.

O acessório também tinha alto-falantes embutidos que amplificavam o som e melhoravam a qualidade de áudio dos jogos.

O Handy Boy era uma solução completa e possuía compartimentos para armazenar cartuchos de jogos adicionais, permitindo que os jogadores transportassem seus game paks favoritos para onde quer que fossem.

Jogos

Com a chegada do Game Boy Color, a biblioteca de jogos cresceu com títulos específicos que exploravam as novas capacidades de cores do console. Isso resultou em uma gama ainda mais ampla de experiências de jogo, principalmente RPGs, jogos de aventura e quebra-cabeças, muitos dos quais se tornaram verdadeiros ícones. A possibilidade de trocar itens colecionáveis a partir da conexão de Infravermelho fez jogos, como os da série Pokémon, se tornarem particularmente interessantes e revelando uma tendência.

The Legend of Zelda: Oracle of Ages/Oracle of Seasons (2001) – Uma épica aventura que desafia o tempo! Desenvolvido pela Capcom em colaboração com a Nintendo, estes jogos oferecem uma experiência única ao permitir que os jogadores interajam entre si para desbloquear conteúdo exclusivo através da comunicação por infravermelho exclusiva do Game Boy Color. Com gráficos cativantes e quebra-cabeças desafiadores, são verdadeiras joias do Game Boy Color. Mesmo depois de mais de 22 anos vale muito a pena conhecer.

Pokémon Crystal (2001) – A jornada Pokémon atinge um novo patamar neste título aqui. Além de contar com as icônicas criaturas de Johto, Crystal introduziu elementos como animações nos combates e a possibilidade de escolher o gênero do treinador. É uma adição fenomenal à franquia que encantou os fãs da época.

Super Mario Bros. Deluxe (1999) – O encanador bigodudo mais famoso do mundo chegou ao Game Boy Color em grande estilo! Esta versão Deluxe do clássico Super Mario Bros. trouxe novos desafios, gráficos melhorados e até mesmo um modo competitivo para dois jogadores. Uma homenagem incrível ao legado de Mario.

Metal Gear Solid (2000) – Solid Snake se infiltra no Game Boy Color! Esta adaptação portátil do épico stealth da Konami é realmente impressionante e oferece uma experiência tão envolvente quanto a versão para consoles de mesa. Com uma trama intrigante e mecânicas de jogo bem projetadas, é uma pérola do Game Boy Color. É mais um título do mestre Kojima que vale a pena ser apreciado mesmo 23 anos depois.

Donkey Kong Country (2000) – A Nintendo fez um excelente port do clássico Donkey Kong Country de 1994 (SNES) para Game Boy Color. Aproveitando os gráficos coloridos e preservando uma jogabilidade clássica, nele o jogador explora a Ilha do Crocodile e enfrenta desafios emocionantes jogando com Donkey Kong e Diddy Kong. Foi um título muito aguardado e novamente vendeu muito.

Wario Land 3 (2000) – Wario prova que ser mau pode ser divertido (e isso é bom, hehe)! Neste jogo de plataforma, Wario enfrenta uma série de desafios em um mundo cheio de segredos. Com uma mecânica de jogo envolvente e um toque de humor peculiar, Wario Land 3 é uma adição brilhante à biblioteca do Game Boy Color e destaca-se por sua abordagem única em relação a outros jogos de plataforma da época.

Dragon Warrior III (2001) – Uma jornada épica de RPG! Esta entrada na famosa série Dragon Warrior (Dragon Quest) encantou os fãs do gênero com sua narrativa envolvente, personagens memoráveis e sistema de classes. Uma aventura que cativa do início ao fim. Além disso, o jogo aproveitou a conectividade entre Game Boy Colors. Ao conectar dois sistemas via cabo, os jogadores podiam desbloquear áreas especiais e participar de batalhas contra chefes exclusivos.

Kirby Tilt ‘n’ Tumble (2001) – Este jogo altamente viciante permite aos jogadores controlar o personagem Kirby inclinando o Game Boy Color, uma ideia revolucionária para a época. O hardware adicional contido no cartucho traz um sensor de inclinação similar ao que temos hoje em smartphones. Com jogabilidade única e desafios divertidos, Kirby Tilt ‘n’ Tumble é uma experiência verdadeiramente única e fantástica.

Harry Potter and the Philosopher’s Stone (2001) – Mergulhe na magia de Hogwarts em um dos melhores RPG’s do Game Boy Color! Esta adaptação baseado na encantadora da obra-prima de J.K. Rowling leva os jogadores a uma jornada mágica com Harry Potter. Explore os corredores de Hogwarts, aprenda feitiços, crie poções, colecione cartas e enfrente batalhas emocionantes. Com ambientação impecável e uma trilha sonora envolvente, é uma experiência imperdível para os fãs do bruxinho mais famoso do mundo. De sua geração é talvez o jogo mais fiel ao livro trazendo personagens e acontecimentos que ficaram de títulos lançados para outras plataformas e até mesmo do próprio filme. Vale a pena jogar mesmo depois de décadas!

Harry Potter and the Chamber of Secrets (2002) – Seguindo a mesma linha de alto nível do primeiro jogo, este título transporta os jogadores para o segundo ano de Harry em Hogwarts. Enfrente a misteriosa Câmara Secreta, descubra novos feitiços e desvende os segredos sombrios da escola de magia e bruxaria. Com gráficos e interfaces aprimorados e uma narrativa envolvente, é uma adição mágica ao mundo dos jogos do Game Boy Color. Este foi o último jogo lançado para o GBC.

Emulador

Mesmo que o tempo de vida do Game Boy Color tenha sido relativamente breve, ele foi capaz de fazer nome suficiente para deixar um legado que pode ser aproveitado por meio de emulação oficial.

O serviço Virtual Console da Nintendo é uma iniciativa que começou com o Wii, mas também esteve disponível em outros sistemas, como o Nintendo 3DS e o Wii U. O Virtual Console permite que os jogadores comprem e baixem versões digitais de jogos clássicos de consoles mais antigos da Nintendo, como o NES, SNES, Nintendo 64, Game Boy e outros.

Bônus – Durabilidade e Reparo

O conceito da linha game boy sempre englobou robustez e durabilidade. A Nintendo projetou o console para suportar a manipulação abusiva de uma criança e /ou o descuido de um adulto na correria do dia a dia. Então, é comum vermos Game Boys com mais de 20 anos funcionando perfeitamente e sendo vendidos em ótimas condições.

Entretanto, alguns componentes inevitavelmente irão sofrer oxidação através das décadas. Se não aconteceu com você ainda, saiba que vai grande probabilidade de acontecer…

Certo dia você encontra seu Game Boy Color com a tela aparentemente “estragada” e fica se perguntando como essa tragédia pode ter acontecido.

Pelicula Oxidada
Pelicula Oxidada – Imagem Lucas Renan

Mesmo tomando todo o cuidado e conservando bem embalado o aparelho parece até que foi vandalizado.

“O maior assassino de todos é o tempo e ele é implacável”. Contudo, você pode ficar tranquilo. Seu Game Boy ainda não morreu e tem salvação.

Como assim?! Deixe-me explicar!

O Game Boy Color possui uma película polarizada que foi colada sobre a tela de cristal líquido. Com o passar dos anos essa cola foi sofrendo oxidação natural ao ponto de ficar enrugada fazendo parecer como se alguém tivesse dando um soco no display.

No entanto, o reparo é relativamente simples e barato. Para se ter uma ideia, é possível adquirir uma película de reposição por algo em torno de 30 reais e fazer a substituição.

Tendo a habilidade técnica, o processo é simples e se resume a:

  • Desmontar o aparelho utilizando uma chave “Y”;
  • Remover a película estragada;
  • Limpar a cola velha do LCD usando álcool isopropílico;
  • Medir e recortar a película nova;
  • Limpar bem a superfície e aplicar a nova película;
  • Montar tudo de novo.

A aplicação da película polarizada é similar a aplicação de uma película protetora de tela de Smartphone e exige um pouco de habilidade. Então, é necessário um cartão de plástico para retirar as bolhas de ar e é importante fazer tudo em um ambiente mais limpo possível para evitar grudar poeira.

Depois do procedimento, seu Game Boy fica com uma imagem perfeita, igual quando você o tirou da caixa pela primeira vez.

Além disso se a tela de acrílico frontal estiver muito riscada, também é possível adquirir uma sobressalente. Existem opções de vidro, que são mais resistentes a arranhões. São perfeitamente recortadas, idênticas a original, e trazendo o logo Game Boy Color.

AVISO IMPORTANTE: os procedimentos citados acima têm apenas caráter informativo e nós não nos responsabilizamos por quais quer danos causados em seu aparelho. Faça o procedimento de reparo por sua conta e risco. Recomendamos fortemente a contratação de uma assistência técnica especializada para realização de qualquer procedimento.

Por fim, espero que tenha gostado do nosso artigo. Obrigado por nos ler até aqui e, se você tem ou teve um Game Boy Color, compartilhe a sua história nos comentários.

Até a próxima, pessoal!

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