O terror voltou a bater na porta com Resident Evil Requiem — e desta vez, muita revelações.
Durante o Capcom Spotlight transmitido em 26 de junho, Resident Evil Requiem foi o grande destaque, revelando detalhes inéditos sobre sua atmosfera, estrutura e narrativa.
Uma entrevistas especial reuniu quatro desenvolvedores do projeto, incluindo o diretor Koshi Nakanishi, que compartilhou a filosofia por trás do novo capítulo da franquia.
Entre comentários de bastidores, trechos de gameplay e uma enxurrada de pistas sobre o enredo, o que ficou claro é que Requiem aposta tudo em uma experiência de “medo viciante”, resgatando as origens da franquia Resident Evil com uma abordagem mais sombria e emocional.
Com previsão de lançamento para 2026, o título marca o retorno de Nakanishi à direção principal da série desde Resident Evil 7, e promete mexer com a fórmula — começando pela escolha de uma nova protagonista: Grace Ashcroft.
O Conceito Por Trás de Resident Evil Requiem
Durante a apresentação, o diretor Koshi Nakanishi revelou o que pode ser considerado o novo mantra da Capcom para Resident Evil Requiem: “medo viciante”.
A expressão foi usada para descrever a sensação de desconforto e tensão constante que o jogo pretende provocar, mas de uma forma que instigue o jogador a continuar — como um ciclo de angústia e alívio que se retroalimenta.
“Nosso conceito principal é o medo adictivo. Existe algo profundamente envolvente na catarse de superar o medo. Isso acaba criando uma espécie de vício que faz você querer jogar mais”, explicou Nakanishi, que retorna à direção da franquia após o sucesso de Resident Evil 7: Biohazard.
E essa abordagem se reflete diretamente no gameplay.
No vídeo divulgado, é possível ver trechos com a protagonista caminhando por corredores escuros com um esqueiro em mãos — evocando imediatamente o clima opressivo de jogos como RE7 e Silent Hill.
A novidade está na alternância entre câmeras: o jogador poderá transitar livremente entre a visão em primeira e terceira pessoa, recurso pensado para aumentar a imersão e a flexibilidade de jogabilidade, especialmente em momentos de combate ou investigação.
O time de desenvolvimento reforçou que o objetivo é fazer com que o jogador sinta o terror na pele, ampliando o impacto emocional da narrativa.
Tudo isso com uma estética que valoriza o contraste entre luz e sombra, ambientes apertados e uma sonoplastia que parece feita sob medida para quem joga de fones no escuro.
Um Pouco Mais Sobre Grace Ashcroft
Com Resident Evil Requiem, a Capcom apresenta uma nova protagonista: Grace Ashcroft, uma agente do FBI marcada por traumas do passado e uma busca por respostas pessoais.
Ao contrário dos protagonistas clássicos da franquia, Grace não é uma supercombatente; ela é introspectiva, analítica e, ao mesmo tempo, vulnerável — mas essa vulnerabilidade é justamente o que fortalece a experiência de horror.
Segundo os desenvolvedores, Grace foi escolhida para representar uma perspectiva mais realista do medo.
Ela é treinada, mas ainda suscetível ao pânico. É racional, mas nem sempre consegue esconder o medo no olhar. Isso torna sua jornada mais próxima da do jogador, especialmente quando comparada a figuras como Leon ou Chris, que já enfrentaram o inferno inúmeras vezes.
“Queríamos alguém que experimentasse o terror da mesma perspectiva de quem está jogando…”, explicou o diretor Koshi Nakanishi.
As Raízes de Grace
Outro detalhe que pegou muitos fãs de surpresa é sua conexão com o passado da franquia: Grace é filha de Alyssa Ashcroft, a repórter jogável de Resident Evil Outbreak (2003).
Em Resident Evil Requiem, a trama começa com a investigação da misteriosa morte de sua mãe, ocorrida oito anos antes, dentro de um hotel cercado por conspirações — um ambiente que já remete à tensão claustrofóbica de cenários clássicos como a mansão de RE1 ou o navio de RE: Revelations.
Essa escolha resgata um elo pouco explorado da cronologia e, ao mesmo tempo, libera o roteiro para novos caminhos.
Grace é uma personagem inédita, mas sua origem tem raízes profundas no universo da série — o que pode render tanto fan service quanto liberdade narrativa. E, segundo a Capcom, esse é só o começo.
Leon Não é o Protagonista
Desde os primeiros rumores sobre Resident Evil Requiem, muitos fãs esperavam que Leon S. Kennedy assumisse mais uma vez o papel principal — especialmente após seu destaque em Resident Evil 2 Remake e RE4 Remake.
No entanto, durante o evento, o diretor Nakanishi explicou por que isso não funcionaria para o novo jogo.
“Sempre pensamos em fazer do Leon o protagonista, mas fazer um jogo de terror centrado nele é difícil. Ele não se assustaria com o barulho de um balde caindo. Ninguém quer ver o Leon se assustando com qualquer coisa. Então ele não combina quando o assunto é terror” – Concluiu Nakanishi.
Essa afirmação deixa claro que Requiem busca uma abordagem mais próxima do que foi feito com Resident Evil 7, onde o foco estava no terror íntimo e pessoal, e não em cenas de ação bombásticas.
Leon pode até aparecer na trama — os desenvolvedores não descartaram sua participação como um personagem secundário —, mas ele não terá o protagonismo justamente para preservar o tom mais frágil, incerto e emocional da narrativa.
Essa escolha mostra maturidade por parte da Capcom, que não se deixou levar apenas pelo apelo popular. Colocar um rosto novo no centro da história, como Grace, reforça a ideia de redescobrir o terror — algo que teria menos impacto com personagens que já são vistos como “intocáveis”.
É um retorno à vulnerabilidade que deu certo com Ethan Winters, mas com mais profundidade psicológica e ligações diretas ao universo clássico.
Detalhes da Física Capilar – realismo que salta aos olhos
Um dos destaques técnicos revelados durante o Capcom Spotlight foi o trabalho minucioso na física do cabelo da protagonista, Grace Ashcroft.
O diretor de arte Tomonori Takano explicou que a equipe foi além da captura padrão de movimento, contratando um especialista externo e utilizando referências físicas reais para garantir naturalidade nas mechas.
Segundo Takano, eles chegaram a criar um peruca personalizada — uma peça artesanal feita especialmente para simular o comportamento real dos fios.
“O movimento natural do cabelo foi modelado em parte usando uma peruca feita sob medida como referência” – Revelou Takano.
Esse material serviu de base para a chamada “tecnologia Strands“, originalmente desenvolvida pela equipe de PRAGMATA, que Capcom adaptou para Requiem.
O uso dessa ferramenta permitiu que os fios de cabelo se comportassem de forma realista em contato com luz, vento ou quando Grace se movia em cenas intensas.
“Quando você vê a luz passando pelas mechas, percebe que foi um sucesso visual” — explicou Takano
O resultado foram cenas impressionantes, como momentos de corre atrás de um inimigo, com cabelos reagindo à movimentação, objetos e clarões de luz — tudo isso sem quebrar o clima de terror.
Este destaque técnico mostra o nível de detalhamento que o RE neXt Engine pretende alcançar, apostando em pequenas, mas cruciais, camadas de realismo.
Atmosfera Sufocante de Resident Evil Requiem
Com a história ambientada cerca de 30 anos após os eventos de Resident Evil 3: Nemesis, Requiem nos levará de volta a uma Raccoon City devastada, agora em ruínas e tomada por um silêncio opressor.
Além de ruinas, os ambientes apresentados são escuros, apertados, e cheios de elementos clássicos do terror psicológico — portas que se fecham sozinhas, corredores que parecem se mover, e sons perturbadores que aumentam a paranoia.
A atmosfera promete ser um dos principais pilares da experiência, com o uso pesado de iluminação dinâmica, reflexos e ambientação sonora em três dimensões.
Tudo isso contribui para amplificar a sensação de isolamento, mesmo com a protagonista sendo uma agente do FBI.
No gameplay, um dos recursos mais interessantes é a possibilidade de alternar entre primeira e terceira pessoa a qualquer momento, algo inédito na série.
Segundo o produtor Masato Kumazawa, a escolha da perspectiva será livre e estratégica, dependendo da situação. Em momentos de investigação e exploração, a visão em primeira pessoa aumenta a imersão; já nos combates, a câmera sobre o ombro pode oferecer maior controle e campo de visão.
“Queríamos dar ao jogador ferramentas para viver o terror da forma que preferir. Alguns se sentem mais imersos com a câmera nos olhos da personagem, outros preferem ver o entorno. Em Requiem, os dois estilos coexistem”, explicou o Kawata.

Outro ponto importante é que o jogo será totalmente offline e single-player, uma decisão que parece mirar diretamente na base de fãs mais puristas da franquia. Nada de multiplayer ou modo cooperativo. O foco é 100% narrativo e atmosférico.
A Capcom também confirmou que uma demo jogável estará disponível na Gamescom 2025, marcada para o fim de agosto. O lançamento completo está agendado para 27 de fevereiro de 2026, com versões para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
Até lá, os fãs podem esperar por novas prévias e, claro, teorias — muitas teorias.
E para quem está sedento por mais pistas sobre a história, os personagens e o funcionamento do jogo, vale ficar de olho no Resident Evil Portal — o site oficial da franquia já prometeu que novidades exclusivas serão reveladas em breve, o que pode incluir novos trailers, diários de desenvolvimento ou até um prólogo em formato interativo.
Com a demo programada para agosto e o lançamento completo em fevereiro de 2026, os próximos meses prometem ser intensos para os fãs da série.
Afinal, Requiem não é só mais um jogo: é uma carta de amor aos fãs mais antigos. Um experimento emocional, um mergulho no medo — e tudo indica que ele veio para marcar uma nova era dentro do universo Resident Evil.