Apresentado durante a Summer Game Fest 2025, Out of Words é um jogo cooperativo artesanal que transforma a perda da fala em uma jornada visual emocionante, onde cada gesto substitui as palavras ausentes.
Nem sempre o maior espetáculo visual está nos gráficos com trilhões de polígonos em cena. Às vezes, ele está em um dedo manchado de tinta, na dobra de um papel ou na textura de um tecido costurado à mão.
Out of Words, novo jogo cooperativo publicado pela Epic Games e previsto para 2026, promete elevar o conceito de stop-motion a outro nível — e talvez redefinir o que entendemos como arte jogável.
Desenvolvido pelos estúdios dinamarqueses Kong Orange e Wired Fly, o título coloca dois adolescentes em um mundo surreal chamado Vokabulantis, após perderem a capacidade de falar um com o outro.
A partir daí, tudo é transmitido por gestos, movimentos e cenas mudas, embaladas por um visual que parece saído direto de um filme artesanal — porque, na verdade, é exatamente isso.
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Literalmente Feito à Mão
A produção de Out of Words usa stop-motion físico real: cada elemento do jogo é construído à mão usando materiais como argila, papel, tecido e madeira.
Os personagens foram esculpidos fisicamente, os cenários montados em miniaturas reais, e os movimentos registrados um a um em animação quadro a quadro. Depois, tudo foi digitalizado e integrado ao gameplay.
A sensação de profundidade e textura é palpável, como se o jogador estivesse tocando uma obra viva.

Jogos como The Neverhood, Armikrog e o inédito Harold Halibut já se aventuraram no campo do stop-motion, mas Out of Words leva essa abordagem a um patamar raríssimo: ele não simula uma estética artesanal — ele literalmente nasce dela.
Em tempos de filtros digitais e engines hiperrealistas, é quase radical apostar no imperfeito, no humano e no físico como forma de expressão.
Poesia em Forma de Jogo
Além do visual encantador, Out of Words também carrega uma bagagem literária.
O universo de Vokabulantis — onde se passa a história — foi inspirado na obra do poeta dinamarquês Morten Søndergaard, conhecido por transformar a linguagem em experiências sensoriais.
Morten Søndergaard vem colaborando com os estúdios Kong Orange e Wired Fly Animation desde 2018.
Essa influência se reflete na maneira como o jogo usa o silêncio e os gestos como forma de comunicação emocional. Não há diálogos, mas há significado em cada ação. E é justamente esse cuidado com a linguagem não-verbal que eleva o projeto para além da estética.
Durante a jornada, os jogadores são acompanhados por uma arraia voadora, uma espécie de guia sereno que reforça a atmosfera onírica do mundo.
Em certos momentos, braços monstruosos brotam dos próprios personagens para lançar um ao outro como se fossem parte de uma dança simbólica. Nada parece seguir uma lógica tradicional, mas tudo carrega peso metafórico.
Out of Words Pode Ser Inesquecível
A experiência de jogar Out of Words também se destaca pelas mecânicas incomuns.
Um dos recursos apresentados na demonstração técnica durante o SGF 2025 foi a gravidade invertida, que permite aos personagens correrem de cabeça para baixo, alterando drasticamente a percepção espacial.
Essa quebra de expectativa não é gratuita — ela reforça a ideia de que, em um mundo onde as palavras desapareceram, até as leis da física podem ser questionadas.
Visuais arrebatadores, gameplay cooperativo com mecânicas inusitadas, Out of Words promete entregar uma experiência original e memorável, sem medo de arriscar.
Com lançamento previsto para 2026, o jogo chega ao PC, PS5 e Xbox Series X|S e publicação da Epic Games. Se cumprir o que promete, Out of Words pode não apenas emocionar — mas entrar para a história como um dos projetos visuais mais ousados, poéticos e tecnicamente impressionantes da cena indie contemporânea.