Logo da Netflix.
Logo da Netflix.

A Netflix anunciou hoje que a partir do primeiro trimestre do ano que vem deixará de divulgar regularmente o número de assinantes da plataforma. Segundo o co-CEO da empresa, Greg Peters, a Netflix passará a privilegiar outras estatísticas, como o tempo que o assinante passa dentro da plataforma assistindo a seus conteúdos. Segundo Peters, o número de assinantes tem perdido cada vez mais importância no mercado de streamings e tem cada vez menos sido um indicador seguro da saúde de uma empresa.

Para Peters, o tempo que o assinante passa dentro da plataforma assistindo a conteúdos é o “melhor indicador da satisfação” dos consumidores, sendo também um forte indicador de engajamento do assinante e que, por isso, a empresa passará a dar importância primordial a esse indicador. “Estamos focados na receita e na margem operacional como nossas principais métricas financeiras – e no engajamento (ou seja, no tempo gasto na plataforma) como nosso melhor indicador de satisfação do cliente”, disse a empresa em seu comunicado a seus acionistas.

O comunicado diz ainda que: “Nos nossos primeiros dias, quando tínhamos pouca receita ou lucro, o crescimento do número de membros era um forte indicador do nosso potencial futuro, mas agora estamos gerando lucro e fluxo de caixa livre (FCF) muito substanciais. Também estamos desenvolvendo novos fluxos de receita, como publicidade e nosso recurso de membros extras, de modo que as assinaturas são apenas um componente do nosso crescimento”.

Foto com diversas produções da Netflix.
Foto com diversas produções da Netflix.

A Netflix, no entanto, disse que continuará a divulgar quando o números de assinantes ultrapassar determinadas marcas, mas não divulgará mais esses números de forma constante. O anúncio da empresa foi mal recebido pelo mercado, com as ações da Netflix caindo mais de 3% nas horas após o anúncio. A queda ocorreu mesmo após os bons resultados financeiros divulgados pela empresa no mesmo comunicado.

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Netflix: Crescimento no número de assinantes e novo modelo de negócios

Os dados divulgados pela Netflix nessa quinta-feira correspondentes ao primeiro trimestre de 2024 mostram que a empresa ganhou 9,33 milhões de novos assinantes só nesse período e agora possui quase 270 milhões de assinantes no mundo todo, mantendo com folgas, a posição de maior plataforma de streaming do mundo. Os resultados foram melhores do que o mercado esperava, mas como dissemos antes, o anúncio de que a empresa não divulgará mais o seu número de assinantes a partir do ano que vem, acabou fazendo com que suas ações tivessem uma queda significativa nas horas posteriores ao anúncio.

A Netflix sabe que apesar do crescimento nesse início de ano, é bem provável que em pouco tempo, a empresa atinja o seu platô no número de nossos assinantes. Isso porque, a empresa está perto de um momento em que não terá mais para onde crescer. Por isso também, a Netflix tem tentando aumentar a arrecadação com os assinantes que já tem, através de novos planos de assinantes e também de nossos tipos de conta.

Assim, a empresa sabe que se continuar divulgando trimestralmente seu número de assinantes, como sempre fez, esses dados podem, em um futuro não tão longe assim, prejudicar a empresa. Até porque, como a própria Netflix disse em seu comunicado, o momento da empresa é outro, já que ela já está consolidada no mercado e agora busca tirar o máximo de receita dos clientes que já possui. Nesse caso, divulgar o tempo que o assinante passa dentro da plataforma assistindo a seus conteúdos passa a ser mais interessante para a empresa.

Como disse o co-CEO da Netflix, Greg Peters, com o novo modelo de negócios da empresa, o número de assinantes tem se tornado cada vez menos importante. Para exemplificar esse novo momento, ele cita o recurso de “membros extras” que, recentemente, começou a ser oferecido pela Netflix. Com ele, o assinante pode pagar um pouco mais e adicionar um “membro extra” a sua conta. Com isso, novos consumidores têm tido acesso à plataforma, mas eles não são contados como “novos assinantes”, apesar de gerarem novas receitas para a empresa.

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Além disso, no início de sua história, a Netflix possuia um preço único para todos os assinantes. Nessa época, mais assinantes significava mais receita. Contudo, há algum tempo isso mudou. Agora, com os diversos tipos de conta, a empresa pode lucrar até mesmo se convencer seus assinantes a mudarem de uma conta mais barata para uma mais cara. Além do mais, com os novos planos de assinatura que envolvem a exibição de propaganda durante a exibição de conteúdo (modelo utilizado desde sempre pela televisão comercial), maior engajamento significa também maior receita.

Cena de Stranger Things. Distribuição: Netflix.
Cena de Stranger Things. Um dos maiores sucessos da Netflix. Distribuição: Netflix.

Isso porque, quanto mais tempo o assinante fica em frente a tela, mais propagandas ele assiste e mais receita ele gera para a Netflix. Até porque, quem paga para anunciar na plataforma quer, obviamente, que seus anúncios sejam assistidos. Assim, temos um modelo de negócios parecido com o da televisão comercial, onde quanto mais visto é um programa, mais caro é para anunciar nele.

Dessa forma, não surpreende que a Netflix esteja mudando para um modelo de negócios que prioriza o engajamento, já que esse já é o padrão em praticamente todas as redes e mídias sociais existentes, onde a interação é mais importante que o número de inscritos ou seguidores. “O sucesso no streaming começa com o engajamento”, disse a Netflix a seus acionistas, complementando: “Quando as pessoas assistem mais, elas permanecem por mais tempo na plataforma (retenção), recomendam a Netflix com mais frequência (aquisição) e valorizam mais nosso serviço. É por isso que temos fornecido cada vez mais informações sobre engajamento.”

É claro que se esse novo modelo de negócios da Netflix funcionar, é bem provável que ele influencie seus concorrentes a seguirem o mesmo caminho e, assim, se torne o padrão no mercado. Como, aliás, ocorreu com os planos de assinatura que envolvem a exibição de propaganda durante a exibição do conteúdo. Modelo de negócios que vêm sendo copiado por diversas outras plataformas de streaming concorrentes da Netflix.

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