Jackie Chan é um dos maiores astros de ação da história do cinema mundial e também um dos atores mais famosos do mundo todo. No Brasil, principalmente, a partir dos anos 1990, Chan se tornou extremamente conhecido e seus filmes eram frequentemente exibidos na televisão aberta brasileira, quase sempre com um sucesso enorme de audiência. O que muita gente pode não saber é que, além de ator e artista marcial, Jackie Chan escreveu, dirigiu e produziu diversos de seus filmes, o que fez dele também um dos cineastas mais bem-sucedidos financeiramente de toda a Ásia.
Jackie Chan ficou conhecido não apenas por seus filmes de ação e artes marciais, mas principalmente, por criar um estilo tão único em suas produções, que acabou sendo bastante copiado no mundo todo. Os filmes de Chan, geralmente, misturam comédia com ação e incluem inúmeras cenas grandiosas, incríveis, criativas e de difícil execução. Além disso, essas cenas, muitas vezes, envolvem objetos corriqueiros do dia-a-dia. Ou seja, os personagens de Chan usam o objeto que estiver a mão para se defender ou atacar seus adversários.
Jackie Chan também ficou conhecido por coreografar e executar todas as suas cenas de ação em seus filmes, dispensando assim, o uso de dublês profissionais. Isso fez com que diversas dessas cenas sejam, até hoje, listadas entre as melhores, mais corajosas e mais díficeis de serem executadas de toda a história do cinema mundial. Contudo, esse hábito de não utilizar dublês profissionais também causou a Chan diversos acidentes, alguns deles, inclusive, colocaram sua vida em sérios riscos.
O sucesso e talento de Jackie Chan ajudaram a moldar todo o cinema produzido em Hong Kong, sua terra natal, e também o cinema de artes marciais e ação produzido no mundo todo. Portanto, seu legado para a sétima arte é enorme. Na Ásia, a partir do final dos anos 1970, quase todos os filmes estrelados por Jackie Chan se tornaram enormes sucessos de bilheteria, com alguns desses filmes, inclusive, batendo diversos recordes de arrecadação.
Isso fez com que o nome “Jackie Chan” se tornasse quase que uma marca. Sendo que sua presença em um filme, garantiria o sucesso comercial do mesmo. Por isso também, diversos outros produtos, foram lançados para capitalizar em cima do nome de Jackie Chan. A partir da segunda metade dos anos 1990, principalmente, a partir do sucesso de Arrebentando em Nova York (1995), Chan expandiu seu sucesso para além da Ásia e, finalmente, conquistou Hollywood, algo que ele vinha tentando fazer, sem sucesso, desde os anos 1980.
Além de cenas de ação incríveis, muitos dos filmes de Jackie Chan são também muito bons, artisticamente falando. Por isso, muitos deles são considerados clássicos absolutos do cinema de ação e artes marciais, sendo que alguns deles, inclusive, são frequentemente incluídos em listas de melhores filmes da história ou mesmo são apontados como favoritos por cineastas respeitados, como Quentin Tarantino, por exemplo.
Além de produzir bons filmes, Jackie Chan também era extremamente prolífico, muitas vezes filmando e lançando três, quatro ou até mesmo cinco filmes em um mesmo ano. Em 1978, por exemplo, ele estrelou e lançou nos cinemas seis filmes. Um número incrível para os padrões do cinema comercial. É claro que temos que entender que o cinema asiático, durante os anos 1970 e 1980, era muito diferente do cinema hollywoodiano.
Assim, os filmes eram produzidos em muito menos tempo e eram lançados com muito mais frequência do que na Europa ou nos Estados Unidos. Além disso, os ingressos eram muito mais baratos do que nesses locais, fazendo com que existisse a necessidade de lançar vários filmes para gerar lucro para os estúdios e produtoras daquela época.
A partir dos anos 1990, Jackie Chan diminui um pouco seu nível de produção e, a partir dos anos 2000, essa diminuição foi ainda maior. Já mundialmente conhecido e passando dos 50 anos de idade, Chan começa a mudar o tipo de papel e filmes que ele escolhia para fazer, enveredando, inclusive, para papéis mais dramáticos. Nessa época também, ele realiza muitos trabalhos de dublagem, principalmente, em animações hollywoodianas, como os filmes da franquia Kung Fu Panda, por exemplo.
A partir do momento em que ele vai ficando mais velho, Chan passa também a produzir e distribuir mais filmes na Ásia, utilizando seu nome forte e a notoriedade que adquiriu durante seus mais de 50 anos de carreira. Ele se torna também, muito bem-sucedido nesse tipo de atividade, ganhando bastante dinheiro com isso.
Devido a enorme quantidade de filmes que Jackie Chan estrelou, produziu, dirigiu e escreveu e também a qualidade inegável de sua filmografia, é muito difícil de se elaborar qualquer tipo de lista como essa que estamos tentando elaborar hoje. Grande parte do que Chan produziu a partir de Punhos de Serpente (1978), seu primeiro grande sucesso, poderia ser, de alguma forma, considerado clássico.
Aliás, se você pegar para assistir qualquer filme estrelado por Chan durante os anos 1980, 1990 e início dos anos 2000, é muito provável que você fique satisfeito com o que verá. Aliás, é muito provável que você já tenha, inclusive, assistido grande parte dos filmes de Jackie Chan lançados durante essas décadas, já que esses filmes eram diuturnamente repetidos nos canais de televisão do Brasil até pouco tempo atrás.
Por tudo isso, tivemos que fazer um esforço enorme para compilar essa lista. E para isso, levamos em consideração alguns critérios. Primeiramente, para estar nessa lista, o filme deve ser estrelado por Jackie Chan, ou seja, ele deve ter um papel principal na obra. Dessa forma, excluímos pequenas participações ou papéis muito coadjuvantes de Chan em filmes. Por ter sido muito famoso na Ásia, Chan fez diversas participações em filmes, afim de ajudá-los a obter uma boa bilheteria. No início de sua carreira, ele também fez algumas participações em filmes norte-americanos. Todas essas participações serão ignoradas por nós nessa lista.
Também não importa para nós aqui, se Chan dirigiu, produziu ou escreveu os filmes, apenas se ele os estrelou. Para escolher os filmes que entrariam nessa lista, levamos em consideração a qualidade do filme em si, seu sucesso de público e crítica e também sua importância e seu legado para o cinema de uma forma geral. Tentamos ranquear os filmes em ordem decrescente, do “menos clássico” ao “mais clássico”.
Antes da lista, apresentamos também uma pequena biografia de Jackie Chan, falando um pouco sobre sua infância e como ele iniciou sua carreira no cinema. No entanto, não nos estenderemos muito nessa parte para dar mais espaço para a lista em si. Então, sem mais delongas, vamos lá.
Jackie Chan: Início precoce e sucesso com estilo próprio
Jackie Chan nasceu em 7 de abril de 1954, em Hong Kong que, naquela época, ainda pertencia a Grã-Bretanha, e foi batizado de “Chan Kong-sang”. Seus pais eram refugiados políticos que fugiram para Hong Kong depois da Guerra Civil Chinesa e tinham ligações com o Partido Kuomintang, que perdeu a guerra para o Partido Comunista Chinês. Chan passou boa parte dos primeiros anos de sua infância na casa do cônsul da França em Hong Kong, onde seu pai trabalhava como cozinheiro.
Em 1960, seu pai se mudou para a Austrália para trabalhar como chefe dos cozinheiros na embaixada norte-americana naquele país. Com isso, Chan foi enviado, com apenas seis anos de idade, para a Academia Dramática da China, uma Escola da Opera de Pequim. Lá, ele passaria os próximos 10 anos de sua vida. Lá também, ele começaria sua carreira artística e conheceria dois de seus principais parceiros na carreira cinematográfica.
Ainda nessa escola, devido a seu talento para as artes marciais e acrobacias, Jackie Chan foi escolhido para fazer parte do chamado “Sete Pequenas Fortunas”, um grupo dos melhores alunos da Academia Dramática da China e que a representava em apresentações por toda China e também em outros países do mundo. Foi nessa época, que ainda criança, ele faria suas primeiras participações no cinema, sempre em papéis pequenos.
Seu primeiro papel no cinema, aos oito anos de idade, foi em “Big and Little Wong Tin Bar”, em 1962. Entre os integrantes das “Sete Pequenas Fortunas”, estavam Sammo Hung e Yuen Biao, que se tornariam não apenas grandes amigos de Jackie Chan, mas também seus parceiros em inúmeras produções cinematográficas. Também fizeram parte do grupo, gente que depois construiria uma carreira artística de sucesso, como Yuen Wah, Yuen Qiu e Corey Yuen.
Em 1971, aos 17 anos de idade, Jackie Chan se mudou brevemente para a Austrália, se juntando a seus pais que já moravam lá. Nessa época, ele trabalhou na construção civil e foi lá também que ele adquiriu o nome artístico que usaria durante toda a sua vida. O nome veio de um outro trabalhador da construção civil que se chamava Jack e, nessa época, foi uma espécie de protetor de Chan. Assim, o futuro ator recebeu o apelido de “Pequeno Jack”, que depois seria reduzido para “Jackie” (ou “Jackzinho”, em um tradução bem literal para o português).
Ainda 1971, Jackie Chan voltou para Hong Kong e começou a trabalhar como figurante em filmes. Nessa mesma época, ele assinou um contrato com a “Great Earth Film Company” e acabou fazendo pequenos papéis e trabalhos como dublê em diversos filmes estrelados por Bruce Lee, como A Fúria do Dragão (1972) e Operação Dragão (1973). Em 1974, ele trabalhou como coreógrafo de artes marciais no filme The Young Dragons, do consagrado diretor John Woo.
Em 1976, Willie Chan impressionado com o trabalho de Jackie como dublê e coreógrafo, lhe ofereceu um papel como ator em um filme dirigido por Lo Wei. Willie depois se tornaria amigo pessoal e empresário de Chan. O ator aceitou a oferta, já que Wei havia sido responsável por revelar Bruce Lee para o cinema. O diretor, no entanto, queria transformar Chan em um “novo Bruce Lee”, já que mesmo tendo morrido precocemente em 1973, ele ainda fazia um enorme sucesso comercial não só na Ásia, mas também no mundo todo.
Assim, Lo Wei inventou um novo nome artístico para Chan, “Sing Lung”, que significa “se tornando o dragão”, em chinês, para destacar sua ligação com Bruce Lee, cujo nome artístico em chinês significava “Lee, o pequeno dragão”. Seguindo com seu plano, Wei deu a Jackie Chan o principal papel em A Nova Fúria do Dragão (1976). Dando a ele, seu primeiro papel principal de destaque no cinema. O filme era uma continuação de A Fúria do Dragão (1972), um dos maiores sucessos comerciais da carreira de Bruce Lee e do próprio Lo Wei.
A tentativa de transformar Jackie Chan em uma cópia de Bruce Lee não agradou ao público e o filme não foi bem nas bilheterias. Wei, no entanto, não desistiu e dirigiu Chan em diversos filmes com estilo parecido, sem que nenhum deles conseguisse obter um sucesso comercial desejável. Dois anos depois, em 1978, depois de muitos fracassos, Lo Wei aceitou “emprestar” Jackie Chan para outro estúdio, a Seasonal Film Corporation, para que ele fizesse lá dois filmes.
Nesse estúdio, e sob a direção de Yuen Woo-ping, Jackie Chan finalmente encontrou seu estilo e, consequentemente, o tão sonhado sucesso comercial. Woo-ping estava estreando como diretor e, por isso, deu total liberdade criativa para Chan. O resultado foram dois dos maiores clássicos da filmografia de Jackie Chan, Punhos de Serpente (1978) e O Mestre Invencível (1978). O primeiro se tornaria seu primeiro grande sucesso comercial nos cinemas e o segundo consolidaria seu nome como astro do cinema de artes marciais.
Em ambos os filmes, Jackie Chan explora o estilo que o consagrou, misturando artes marciais com comédia. Ou seja, ação com humor. Sendo realmente Jackie Chan e não uma cópia de Bruce Lee, o ator finalmente conseguiu entregar o que o público queria ver. Ao longo dos anos 1980, Chan refinaria ainda mais seu estilo, trazendo o enredo de seus filmes para os dias atuais e incluindo cenas extremamente elaboradas e também perigosas. Estilo esse, que tornaria sua marca pessoal.
Nessa mesma década, ele se consolidaria como o maior astro do cinema de ação asiático e na segunda metade dos anos 1990, finalmente, conquistaria Hollywood, para se tornar um astro conhecido no mundo todo. Realizando um sonho que ele perseguia desde o início dos anos 1980. Mas tudo isso é história e trataremos disso ao falarmos dos filmes dessa lista. Finalmente, sem mais demoras, vamos a lista.
Punhos de Serpente (1978) e O Mestre Invencível (1978) – Primeiros sucessos de Jackie Chan
Aqui, vamos “trapacear” só um pouco e incluir dois filmes no espaço que deveria ser ocupado por apenas um. Mas é por um bom motivo, já que é muito difícil desassociar essas duas produções. Apesar de seus enredos não terem quase nada em comum, os dois filmes foram produzidos pela mesma equipe, contaram com o mesmo elenco, foram dirigidas pelo mesmo diretor e lançadas no mesmo ano. Juntas, elas transformaram Jackie Chan em uma estrela do cinema produzido em Hong Kong.
Como dissemos acima, depois de dois anos tentando, sem sucesso, transformar Chan em um “novo Bruce Lee”, Lo Wei finalmente desistiu dessa empreitada e aceitou “emprestá-lo” para a Seasonal Film Corporation, para que lá, ele estrelasse duas produções cinematográficas. Essas duas produções foram justamente Punhos de Serpente e O Mestre Invencível, que muito provavelmente, foram filmadas no sistema “back-to-back”, ou seja, filmadas juntas.
Tanto é assim, que ambos os filmes foram dirigidos por Yuen Woo-ping e estrelados por Jackie Chan, Yuen Siu-tien e Hwang Jang-lee. Provavelmente, para reduzir custos, a Seasonal Film Corporation filmou as duas produções juntas, utilizando a mesma equipe e o mesmo elenco. Note que estamos falando do cinema produzido em Hong Kong no início dos anos 1970. Um cinema que antes de Bruce Lee era praticamente semiprofissional. Por isso, esse tipo de prática era comum na época. E, aliás, o sistema “back-to-back” ainda é bastante utilizado, mas em contexto diferente, normalmente, para produzir filmes que serão lançados em sequência.
Como falamos brevemente em nossa minibiografia de Jackie Chan, Yuen Woo-ping não tinha nenhuma experiência como diretor e, por isso, deu bastante liberdade criativa para Chan, que pôde ser ele mesmo ao invés de ter que copiar Bruce Lee. O ator então ajudou a conceber o modelo de filme que se tornaria sua marca registrada, misturando cenas de luta e ação com muitas piadas e comédia. O resultado foi muito melhor que o esperado.
O primeiro dos dois filmes a ser lançado foi Punhos de Serpente, em 1 de março de 1978. Nele, Jackie Chan interpreta Chien Fu, um órfã maltratado por todos, mas que oferece comida e abrigo para um mendigo que, na verdade, é um grande mestre de artes marciais que está fugindo da perseguição de um perigoso clã. O “mendigo”, então, lhe ensina a lutar e Fu acaba por desenvolver sua própria técnica de artes marciais, chamada de “garra de gato”.
A mistura de artes marciais, comédia e acrobacias foi um sucesso imediato e Punhos de Serpente se tornou rapidamente o maior sucesso comercial da carreira de Jackie Chan (que, na época ainda usava o nome artístico “Cheng Lung”). Com uma arrecadação de pouco mais de 2.7 milhões de dólares honconguês (ou cerca de 578 mil dólares americanos), o filme foi a 13ª maior bilheteria daquele ano em Hong Kong.
Em outros países, como na Coreia do Sul, por exemplo, o filme fez ainda mais sucesso. Lá, Punhos de Serpente arrecadou mais de 2.3 milhões de dólares americanos e foi o segundo filme mais visto de 1978, ficando atrás apenas de O Mestre Invencível. Em todo o Leste Asiático, a produção arrecadou quase 3 milhões de dólares, o que seria equivalente, atualmente, a cerca de 14 milhões de dólares.
Cerca de sete meses após o lançamento de Punhos de Serpente, a Seasonal Film Corporation lançou em 5 de outubro de 1978, O Mestre Invencível, filme que seria um sucesso comercial ainda maior do que seu antecessor. No filme, Jackie Chan interpreta o lendário herói popular chinês Wong Fei-hung. No enredo, Fei-hung é um jovem problemático, o que leva seu pai a contratar um mestre de artes marciais de métodos controversos, para colocá-lo na linha.
O mestre, chamado de “Mendigo So”, ensina uma arte marcial chamada de “Boxe Bêbado”, daí vem o nome do filme em inglês, “Druken Master”, ou “Mestre Bêbado”, em tradução literal para o português. Como dito antes, O Mestre Invencível também foi dirigido por Yuen Woo-ping e é estrelado por Chan, Yuen Siu-tien e Hwang Jang-lee.
Devido a natureza do enredo do filme, O Mestre Invencível tem uma veia ainda mais cômica do que Punhos de Serpente, o que talvez explique seu sucesso comercial bem maior. Lançado, como dissemos, em outubro de 1978, a obra arrecadou quase 7 milhões de dólares honconguês, se tornando o segundo filme mais visto de Hong Kong naquele ano. O sucesso se expandiu para outros países da Ásia.
No Japão, O Mestre Invencível arrecadou quase 2 bilhões de iênes (equivalente a cerca de 9 milhões de dólares americanos), se tornando um dos dez filmes mais vistos no país em 1978. Na Coréia do Sul, a produção arrecadou quase 3 milhões de dólares americanos, sendo o filme mais visto do país naquele ano. O Mestre Invencível também bateu recordes de bilheteria na Malásia e em Singapura. Sua bilheteria combinada na época de seu lançamento foi de cerca de 16.4 milhões de dólares americanos, o que equivaleria a cerca de 77 milhões de dólares em valores atuais.
O Mestre Invencível também foi um imenso sucesso de crítica. Frequentemente considerado um dos melhores filmes de artes marciais já produzidos, a obra se tornou extremamente influente entre os apreciadores desse gênero fílmico, gerando homenagens, inspirando a criação de mangás, animês, video-games, músicas e outros produtos e também sendo extensivamente copiado por outros filmes, até os dias atuais. O Mestre Invencível gerou apenas uma continuação oficial lançada em 1994 e estrelada pelo próprio Jackie Chan.
A Hora do Rush (1998) – Primeiro sucesso hollywoodiano de Jackie Chan
Primeira grande produção hollywoodiana estrelada por Jackie Chan, A Hora do Rush foi lançada em 1998 e é resultado direto do enorme sucesso comercial de Arrebentando em Nova York (1995), filme que fez de Chan um astro conhecido no mundo todo. Desde praticamente o início de sua carreira, Jackie Chan tentou emplacar em Hollywood, mas sem sucesso. Ainda em 1980, cerca de dois anos após se tornar um astro na Ásia, Chan estrelou seu primeiro filme americano, O Grande Lutador.
Dirigido por Robert Clouse, que havia dirigido Bruce Lee em seu maior clássico, Operação Dragão (1973), O Grande Lutador foi um sucesso comercial moderado, mas sua bilheteria ficou abaixo do esperado. Na tentativa de agradar ao público americano, o filme não tinha o estilo peculiar de Chan e se parecia mais com um filme de ação padrão hollywoodiano. Ainda na tentativa de emplacar em Hollywood, o ator aceitou fazer pequenos papeís em Quem Não Corre, Voa (1981) e Um Rally Muito Louco (1984). Duas co-produções da Golden Harvest e que contavam com elencos de primeira linha.
Em 1985, Jackie Chan fez sua segunda tentativa real de emplacar em Hollywood com o filme de ação policial O Protetor. Dessa vez, a decepção foi ainda maior. O diretor James Glickenhaus, acreditando que a audiência americana nunca aceitaria o estilo de Jackie Chan, não ouviu nenhuma de suas ideias, levando a um grande conflito entre os dois. Com isso, o filme teve duas versões, a de Glickenhaus, lançado nos Estados Unidos e que fracassou nas bilheterias, e a de Chan, lançada na Ásia e Europa e que chegou a fazer um sucesso comercial moderado.
Essa última decepção fez com que Jackie Chan praticamente deixasse o sonho de “estourar” em Hollywood de lado. Contudo, o sucesso de Arrebentando em Nova York (1995), filme honconguês, mas que se passa em Nova York, chamou a atenção do diretor e produtor Brett Ratner. Ele queria dirigir um filme “buddy-cop” (sub-gênero de filme policial em que uma dupla de policiais atua juntos para resolver casos) e queria que ele fosse estrelado por Jackie Chan.
Ratner, queria que Chan fosse uma das estrelas do filme e não apenas um coadjuvante e também queria que ele trouxesse o seu estilo de cinema para o filme. O diretor chegou a viajar para a África do Sul, onde Chan filmava Quem Sou Eu? (1998), para convencê-lo a aceitar o papel. A aposta de Brett Ratner não poderia ter sido mais acertada.
A combinação do estilo de Jackie Chan com a comédia de Chris Tucker, fez com que A Hora do Rush fosse um enorme sucesso de bilheteria. Produzido a um custo de cerca de 35 milhões de dólares, o filme arrecadou mais de 244 milhões de dólares, se tornando a 14ª maior bilheteria do mundo em 1998 e gerando outras duas continuações que também foram sucessos de bilheteria.
O sucesso de A Hora do Rush, abriu as portas de Hollywood para Jackie Chan que faria outros filmes americanos de sucesso, como Bater ou Correr, e emprestaria sua voz para animações, igualmente, de sucesso, como Mulan (1998) e Kung-Fu Panda (2008). Chan “estrelaria” também sua própria série animada, entre 2000 e 2005. A Hora do Rush ainda é, até hoje, um dos filmes mais conhecidos da filmografia de Jackie Chan.
Dragões para Sempre (1988)
Lançado em 1988, Dragões para Sempre é o último filme a reunir o que é considerado a “trindade sagrada do cinema honconguês”: Jackie Chan, Sammo Hung e Yuen Biao. O trio, que se conheceu ainda na época da Academia Dramática da China, acabou por se tornar uma equipe de trabalho que durante muitos anos dominou o cinema de Hong Kong, com filmes que eram sempre enormes sucesso de público.
Além de último trabalho dos três juntos, Dragões para Sempre também é considerado um de seus melhores filmes. Na obra, uma misteriosa indústria química contrata um advogado (Jackie Chan) para encontrar informações que desacreditem a dona de um local de pesca que está processando a tal indústria por poluir a água. O advogado, por sua vez, chama um de seus amigos (Sammo Hung) para tentar assustar a dona da peixaria e fazê-la desistir da ação e contrata um outro amigo (Yuen Biao), para “grampear” a casa da tal senhora.
Depois de muita confusão entre os personagens de Hung e Biao, que não sabem que trabalham para o personagem de Chan, os três descobrem que a tal indústria química é apenas uma empresa de fachada comandada por uma poderosa organização criminosa. É claro que com essa informação em mãos, os três terão que utilizar suas habilidades com artes marciais para desmantelar toda a organização.
Dragões para Sempre, assim como todos os filmes estrelados por Hung, Biao e Chan, contam com uma dose generosa de comédia, misturada, é claro, com cenas de ação e luta de tirar o fôlego. Como quase tudo que o trio lançou, a obra foi um grande sucesso de público, arrecadando mais de 33.5 milhões de dólares honconguês em bilheterias e se tornando o oitavo filme mais visto do ano em Hong Kong.
Em outros países da Àsia, como Japão, Taiwan e Coréia do Sul, o filme também conseguiu arrecadar uma boa bilheteria, se tornando um sucesso comercial também nesses países. Até hoje, Dragões para Sempre é um dos mais famosos e emblemáticos filmes da rica filmografia tanto de Jackie Chan quanto de Sammo Hung e Yuen Biao.
Detonando em Barcelona (1984)
Um dos mais famosos e aclamados filmes da carreira de Jackie Chan, Detonando em Barcelona (1984) é, como a maioria dos filmes de Chan dessa época, co-estrelado por Sammo Hung e Yuen Biao, o trio que dominou o cinema honconguês durante boa parte dos anos 1980. Todo filmado em Barcelona, na Espanha, a obra conta a história de dois irmãos (Chan e Biao) que são donos de um bem-sucedido negócio de fast-food na cidade, mas que junto com um amigo (Hung) acabam se envolvendo em uma enorme confusão ao ajudar uma batedora de carteiras (Lola Forner).
Assim como Dragões para Sempre, Detonando em Barcelona também é dirigido por Sammo Hung e, como dito, foi todo filmado em locação, na Espanha. Na época do lançamento do filme, o trio estava no auge da fama, o que tornava quase impossível filmar em Hong Kong sem que as filmagens fossem atrapalhadas por fãs e curiosos. Além disso, estava ficando cada vez mais difícil e caro filmar na cidade.
Por tudo isso, Biao, Chan e Hung resolveram filmar na Europa e escolheram Barcelona devido a suas belas paisagens e potencial das locações. O trio fez questão de dar realismo as cenas para que o público ficasse totalmente ciente de que as cenas haviam realmente sido filmadas na Espanha. Com a cooperação das autoridades espanholas, eles conseguiram filmar cenas de ação perigosas, como perseguições de carros e cenas de luta, em locações famosas e até mesmo em castelos medievais.
O resultado foi um dos mais famosos e bem-sucedidos filmes da carreira do trio. Considerado até os dias atuais um dos melhores filmes da filmografia de Chan, Detonando em Barcelona influenciou fortemente o cinema honconguês da época e aumentou ainda mais a fama de Jackie Chan, Sammo Hung e Yuen Biao. Até os dias atuais, a luta final entre Chan e o ex-campeão de kickboxing Benny Urquidez, ainda é considerada uma das melhores cenas de luta de toda a história do cinema.
Detonando em Barcelona também foi um grande sucesso comercial. Em Hong Kong, o filme arrecadou quase 21.5 milhões de dólares honconguês em bilheterias, se tornando o quinto filme mais visto em Hong Kong em 1984. Em Taiwan, a produção também fez bastante sucesso, sendo o terceiro filme mais visto daquele ano no país e arrecadando uma bilheteria de cerca de 23.4 milhões de dólares taiwanês. Na Córeia do Sul, o filme foi o segundo mais visto no pais de 1984, com uma bilheteria de mais de 1.2 milhões de dólares americanas.
No Japão, Detonando em Barcelona foi o sexto filme mais visto no país em 1985, arrecadando mais de 2 bilhões de ienes, equivalentes a cerca de 8 milhões de dólares americanos. No país, o filme foi lançado com o título de “Spartan X” e acabou dando origem a um franquia de videogames de enorme sucesso. Se combinada, a bilheteria de Detonando em Barcelona em todos os países do Leste Asiático foi de cerca de 13 milhões de dólares americanos, equivalente a cerca de 38 milhões de dólares em valores atuais.
Arrebentando em Nova York (1995) ) – Filme que revelou Jackie Chan para o mundo
Lançado originalmente em Hong Kong em 1995, Arrebentando em Nova York foi o primeiro grande sucesso comercial de Jackie Chan nos Estados Unidos e abriu as portas de Hollywood para ele, realizando finalmente seu grande sonho de “conquistar a América”. No filme, Chan interpreta um policial de Hong Kong visitando um tio que mora em Nova York e que vai se casar e se aposentar. É claro que durante essa visita, ele inadvertidamente acaba sendo perseguido por uma gangue e tendo que lutar contra o crime organizado.
Apesar de se passar em Nova York, o filme foi, na verdade, todo filmado em Vancouver, no Canadá. A equipe, inclusive, se esforçou para tentar “esconder” que as filmagens não foram feitas em Nova York, mas essa tentativa não foi assim tão exitosa. Contudo, a história bem contada do filme e sua ação frenética, com cenas de tirar o fôlego, fizeram com que a maioria das pessoas nem sequer percebesse a “falta” de Nova York nas cenas.
Aliás, essa ação contínua que caracteriza boa parte dos filmes de Jackie Chan nos anos 1980 e 1990, por vezes, fez com que ele sofresse acidentes, já que Chan nunca usava dublês em seus filmes. Em Arrebentando em Nova York não foi diferente, em uma das mais famosas cenas do filme, o ator caiu de mal jeito e fraturou seu tornozelo. Chan nunca se recuperou totalmente do ferimento durante as filmagens e usava truques para disfaçar a presença do molde de gesso em seu pé. Aliás, ele ainda estava com o tornozelo quebrado quando começou a filmar Thunderbolt, também lançado em 1995.
Arrebentando em Nova York conta com direção de Stanley Tong e um elenco internacional de atores constituído principalmente de intérpretes de Hong Kong e do Canadá. Devido a isso, a obra foi filmada com o elenco falando em suas línguas nativas e depois foi dublado na pós produção, técnica que durante muito tempo foi bem comum no cinema europeu. Esse fato fez com que a obra tivesse versões bem diferentes em Hong Kong e nos Estados Unidos, com a dublagem afetando até mesmo o enredo do filme e as características dos personagens.
Arrebentando em Nova York foi um gigantesco sucesso comercial. Produzido a um custo estimado de 13 milhões de dólares, o filme arrecadou somente em Hong Kong quase 57 milhões de dólares honconguês, se tornando, na época, dono da maior bilheteria de toda a história do cinema de Hong Kong. Na China, em apenas 10 dias após o seu lançamento, a obra já havia vendido mais de 10 milhões de ingressos e arrecadado cerca de 100 milhões de yuans, equivalente a aproximadamente 15 milhões de dólares americanos.
Ao final de sua passagem pelos cinemas chineses, Arrebentando em Nova York havia se tornado o filme “estrangeiro” mais visto de toda a história do país, com uma arrecadação superior a 110 milhões de yuans. Em Taiwan, a obra arrecadou quase 54 milhões de dólares taiwanês, se tornando o oitavo filme mais visto do ano no país. Na Coréia do Sul, Arrebentando em Nova York vendeu quase um milhão de ingressos, arrecadando mais de 5 milhões de dólares e se tornando o filme mais visto de 1995.
O enorme sucesso do filme na Ásia fez com que diversos distribuidores americanos se interessassem em distribuir a obra nos Estados Unidos. Arrebentando em Nova York foi exibido no famoso Festival de Sundance, em janeiro de 1996. O sucesso no festival foi imediato, com uma multidão assistindo e comemorando a exibição do filme. Em fevereiro daquele mesmo ano, a obra foi distribuída comercialmente nos Estados Unidos, estreando em mais de 1700 salas de cinema do país. Já em seu final de semana de estreia, o filme arrecadou quase 10 milhões de dólares.
Ao final de sua passagem pelos cinemas norte-americanos, Arrebentando em Nova York havia arrecadado mais de 32 milhões de dólares em bilheterias, se tornando o filme mais lucrativo do ano de 1996 nos Estados Unidos. Ao final de sua passagem pelos cinemas da Ásia, Europa e Estados Unidos, o filme havia se tornado o maior sucesso comercial da carreira de Jackie Chan, tendo arrecadado cerca de 76 milhões de dólares em bilheterias, algo equivalente a 154 milhões de dólares em valores atuais.
Arrebentando em Nova York foi também um tremendo sucesso de crítica. No Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet e que, aliás, surgiu por causa de Jackie Chan, o filme mantêm, atualmente, uma taxa de aprovação de 80%. Ainda na época de seu lançamento, a produção foi elogiada por críticos consagrados, como Roger Ebert e Nate Jones, por exemplo.
O enorme sucesso de público e crítica de Arrebentando em Nova York fez com que Jackie Chan se tornasse uma figura conhecida do público americano e despertasse o interesse de diretores e produtores hollywoodianos nele, o que levou Chan a estrelar diversos filmes norte-americanos, como A Hora do Rush, Mulan, Bater ou Correr, Karatê Kid, Kung-Fu Panda, entre outros. O que, consequentemente, levou Jackie Chan a se tornar uma das mais famosas figuras de todo o cinema mundial.
Armadura de Deus (1986) e Operação Condor: Um Kickboxer Muito Louco (1991)
Aqui, vamos “trapacear” novamente, incluindo dois filmes no espaço que deveria ser ocupado por apenas um. O que acontece é que Operação Condor: Um Kickboxer Muito Louco (1991), apesar do nome em português que não deixa isso claro, é continuação de Armadura de Deus (1986). E aqui, Jackie Chan faz o que ele fez diversas vezes em sua carreira, uma continuação que é tão boa ou até melhor que o filme original. Por isso, é impossível incluir apenas um dos filmes nessa lista e deixar o outro de lado, já que isso seria uma injustiça enorme.
Ambas as produções têm forte inspiração nos filmes de Indiana Jones e apresentam Jackie Chan como um ex-músico e atual caçador de tesouros, chamado simplesmente de “Jackie” e apelidado de “Falcão Asiático”, que viaja o mundo, e encara diversos bandidos, atrás de alguns dos mais famosos artefatos arqueológicos do mundo. Em Armadura de Deus (1986), Jackie é obrigado a se unir a um antigo companheiro de banda, Alan, e a um misterioso barão para encontrar e recuperar a última peça da famosa “Armadura de Deus” e entregá-la para um misterioso culto que mantêm a antiga namorada de Jackie (e atual de Alan) em cativeiro.
Filmado em boa parte na antiga Iugoslávia, mas também em locações na Aústria, França, Espanha e Marrocos, Armadura de Deus conta com o estilo típico dos filmes de Jackie Chan, ou seja, ação continua, muito humor e cenas de tirar o fôlego, todas executadas pelo próprio Chan que, inclusive, é um dos diretores da obra. Entre as cenas mais incríveis do filme, está a cena final em que Chan pula de paraquedas e aterriza no alto de um balão em movimento.
Aliás, em uma das cenas iniciais do filme, em que Chan teria que pular de um muro para um galho de árvore, ele sofreu o pior acidente de toda a sua carreira, representando o momento em que Jackie Chan mais chegou perto de morrer. O mais intrigante é que o ator já havia completado a cena, mas insistiu em refilmá-la, insatisfeito com seu resultado final. Foi nessa refilmagem que o acidente ocorreu.
Durante o pulo, o galho em que Chan se agarrou se quebrou e ele despencou cinco metros, batendo sua cabeça em uma pedra no chão. A queda causou a fratura de seu crânio, fazendo com que um dos pedaços de seu próprio crânio atingisse seu cérebro. Jackie Chan teve que ser levado às pressas para o hospital e passou por um cirurgia que, eventualmente, salvou sua vida. Incrivelmente, as cenas do acidente são mostradas, junto com outras falhas ocorridas nas filmagens, durante os créditos finais do filme, uma tradição das produções de Chan.
Armadura de Deus foi um tremendo sucesso de público, arrecadando quase 35.5 milhões de dólares honconguês, equivalente a cerca de 4,5 milhões de dólares americanos, e se tornando dono da maior bilheteria da história do cinema de Hong Kong até aquele momento. No Japão, o filme arrecadou cerca de 9.4 milhões de dólares e na Coréia do Sul, a obra vendeu mais de 200 mil ingressos e foi o filme estrangeiro mais visto do ano de 1987.
Armadura de Deus foi também um sucesso de crítica e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 70% no Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet. Em 2014, em uma pesquisa conduzida pela famosa revista Time Out com profissionais de cinema, a obra foi escolhida como o 81º melhor filme de ação da história. Atualmente, Armadura de Deus é considerado um clássico cult.
Cinco anos depois, o “Falcão Asiático” voltou em Operação Condor: Um Kickboxer Muito Louco (1991). Dessa vez, ele tem que ir até o Deserto do Saara para tentar encontrar 240 toneladas de ouro perdidas no final da Segunda Guerra Mundial. É claro que nesse meio tempo, Jackie se mete em um monte de confusões e termina perdido no meio do deserto em companhia de três mulheres. Esse segundo filme, tem um estilo muito mais parecido com os dos filmes de Indiana Jones.
Aqui também, Chan investe ainda mais fortemente em cenas cômicas, com destaque para cenas que exploram a dinâmica entre “Jackie” e as três mulheres, e em cenas de ação de tirar o fôlego. Assim como Armadura de Deus, Operação Condor também foi dirigido pelo próprio Jackie Chan e foi praticamente todo filmado em locação, principalmente, na Espanha e no Marrocos, com algumas cenas filmadas nas Filipinas e também em Hong Kong.
Operação Condor foi um grande sucesso de público, arrecadando mais de 39 milhões de dólares honconguês e se tornando a maior bilheteria daquele ano em Hong Kong. No embalo do sucesso de Arrebentando em Nova York (1995), o filme foi lançado comercialmente nos Estados Unidos em 1997, onde arrecadou mais de 10.4 milhões de dólares em bilheterias. A obra arrecadou no mundo todo mais de 24 milhões de dólares, equivalente a cerca de 54 milhões de dólares em valores atuais.
Operação Condor também foi um sucesso de critica. No Rotten Tomatoes, principal agregador de críticas especializadas da internet, o filme mantêm, atualmente, uma taxa de aprovação de 71%. Muita gente, inclusive, considera esse filme melhor que o primeiro, devido a seu humor mais polido, a sua temática mais próxima a de filmes de aventura clássicos e a suas cenas de ação de primeira linha.
A Lenda do Mestre Invencível 2 (1994)
Repetindo o que ele fez diversas outras vezes, Jackie Chan mais uma vez conseguiu produzir uma continuação melhor do que o filme original. É claro que estamos falando de A Lenda do Mestre Invencível 2 (1994), filme que é continuação do clássico O Mestre Invencível (1978), produção que junto com Punhos de Serpente (1978), ajudou a tornar Chan um astro dos filmes de artes marciais e um dos atores mais famosos de Hong Kong.
Em A Lenda do Mestre Invencível 2, Jackie Chan volta a interpretar a lendária figura do herói chinês Wong Fei-hung. Dessa vez, Fei-hung acaba por, sem querer, tomando posse do Selo Imperial chinês e tem que defendê-lo de um cônsul britânico que quer roubá-lo e retirá-lo da China. Em meio a isso, ele ainda se mete em outras confusões envolvendo seu pai e sua mãe e promete nunca mais beber, o que, obviamente, inviabiliza seu método de luta, o boxe bêbado.
Dirigido por Lau Kar-leung, A Lenda do Mestre Invencível 2 representou um retorno de Jackie Chan aos filmes clássicos de artes marciais. Isso porque, durante quase todos os anos 1980 e início dos anos 1990, Chan havia atuado apenas em produções cujo enredo era contemporâneo. Seu último filme no estilo clássico de artes marciais havia sido A Saga do Dragão, lançado em 1983.
Lançado originalmente em fevereiro de 1994, A Lenda do Mestre Invencível 2 foi um enorme sucesso de bilheteria. Somente em Hong Kong, o filme arrecadou quase 41 milhões de dólares honconguês, equivalente a cerca de 5.3 milhões de dólares americanos, se tornando assim a maior bilheteria da história do cinema de Hong Kong na época. Em todo o Leste Asiático, a produção arrecadou mais de 17 milhões de dólares, sendo um dos dez filmes mais vistos do ano em Taiwan e o filme mais visto do ano na Coréia do Sul.
Seis anos após seu lançamento original, e na onda dos sucessos de Arrebentando em Nova York (1995) e A Hora do Rush (1998), A Lenda do Mestre Invencível 2 foi finalmente lançado comercialmente nos Estados Unidos. Sendo exibido em mais de 1300 salas de cinema do país, o filme arrecadou pouco mais de 11.5 milhões de dólares em solo americano. Somado, a sua bilheteria total chegou a 34.3 milhões de dólares, o que equivaleria a cerca de 71 milhões de dólares em valores atuais.
A Lenda do Mestre Invencível 2 também foi um tremendo sucesso de crítica. Unanimemente considerado bem melhor que O Mestre Invencível (1978), o filme foi muito elogiado na época de seu lançamento nos Estados Unidos. O grande crítico cinematográfico Roger Ebert chegou a comparar os filmes de Chan com os do genial comediante Buster Keaton, dando a A Lenda do Mestre Invencível 2, três estrelas e meia de quatro, em seu famoso sistema de classificação.
A produção também foi elogiada por inúmeros críticos famosos, como Lisa Schwarzbaum, Richard Corliss e Richard Schickel. No Rotten Tomatoes, o filme mantêm atualmente uma taxa de aprovação de 84%. Em 2005, a obra foi considerada pela prestigiada Revista Time, um dos 100 melhores filmes da história do cinema mundial. Em 2015, o British Film Institute considerou A Lenda do Mestre Invencível 2 um dos dez melhores filmes de ação de toda a história da sétima arte.
Projeto China (1983)
Lançado em 1983, Projeto China é, para muita gente, o filme mais clássico a reunir o trio Jackie Chan, Sammo Hung e Yuen Biao, que nessa época estava no auge de sua popularidade. Dirigido pelo próprio Chan e produzido pelo lendário produtor Raymond Chow, que fundou a Golden Harvest e foi um dos principais responsáveis pela profissionalização do cinema honconguês, Projeto China se passa no final do século XIX e traz Jackie Chan no papel do Sargento Dragon Ma Yue Lung, integrante da guarda costeira de Hong Kong que tenta combater os piratas que, naquela época, atuavam na região.
Projeto China traz as mesmas características que fizeram dos filmes do trio um sucesso absoluto, muita luta, ação rápida e continua, muitas situações cômicas e, é claro, cenas de tirar o fôlego. Falando nisso, é nesse filme que Jackie Chan filmou uma de suas cenas mais perigosas e também famosas, onde ele cai do ponteiro de um relógio, despencando de uma altura de 18 metros, atravessando dois toldos e indo de encontro ao chão. Incrivelmente, Chan filmou a cena três vezes, pois não estava satisfeito com as duas primeiras tomadas.
Todo esse sacrificio valeu a pena, já que Projeto China foi um imenso sucesso de bilheteria, arrecadando, somente em Hong Kong, a quantia de 19.3 milhões de dólares honconguês, equivalente, na época, a cerca de 2.6 milhões de dólares americanos. A produção também foi um dos dez mais vistos do Japão naquele ano, além de ter sido um dos cinco filmes mais vistos de Taiwan e o filme mais visto do ano na Coréia do Sul. Somada toda a bilheteria de Projeto China ultrapassou os 18 milhões de dólares ou cerca de 55 milhões de dólares em valores atualizados.
Atualmente, Projeto China é considerado um clássico cult, um dos melhores filmes da carreira de Jackie Chan e também o maior clássico reunindo Chan Sammo Hung e Yuen Biao. O filme foi elogiado por críticos importantes, como Leonard Maltin e, atualmente, mantêm uma taxa de aprovação de 77% no Rptten Tomatoes, principal agregador de criticas especializadas da internet.
Police Story: A Guerra das Drogas (1985) e suas sequências
É quase unanimidade que Police Story: A Guerra das Drogas (1985) é o melhor filme da carreira de Jackie Chan. O “problema” é que suas três sequências também são consideradas clássicos, sendo que as duas primeiras são frequentemente incluídas em listas de melhores filmes da história. Por isso, seria injustiça deixar esses filmes de fora de nossa lista. Por esse motivo, resolvemos incluí-los todos aqui. O mais incrível é que Jackie conseguiu criar uma série inteira de qualidade inquestionável, o que é um feito e tanto.
Vamos começar com o primeiro Police Story, lançado em 1985. Nele, somos apresentados ao Sargento Chan Ka-Kui (Jackie Chan) que após fazer um esforço hercúleo para prender um chefão criminoso é perseguido por ele e incriminado por um assassinato. Agora, ele tem que provar sua inocência, prender o criminoso e ainda lidar com os ciúmes de sua namorada, que não entende porque ele tem que proteger a namorada do tal chefão, que é a principal testemunha de seus crimes.
Grande parte do sucesso de Police Story está em suas grandiosas cenas de ação. A produção é recheada de cenas que fariam sucesso em qualquer filme. Aliás, o filme já começa com uma cena incrível em que uma “favela” inteira é destruída, carros descem ladeiras sem freios, existem perseguições em carros e até mesmo trechos em que Chan se pendura do lado de fora de um ônibus e anda sobre o teto de carros.
E o mais interessante é que essa nem sequer é a cena mais incrível de Police Story. Essa é apenas uma das muitas cenas de tirar o fôlego que permeiam o filme. A cena mais incrível de Police Story está em seus momentos finais, quando Chan desce vários andares de um shopping através de um poste coberto de lâmpadas. A cena é até hoje considerada uma das melhores cenas de ação de toda a história do cinema e custou a Chan queimaduras de segundo grau em suas mãos.
O motivo de Police Story ter tantas cenas de ação incríveis é que ele foi construído em volta dessas cenas, com o roteiro sendo escrito para dar destaque a elas. Apesar disso, o roteiro do filme é bem construído e encaixado. Ademais, as diversas cenas de comédia concentradas, principalmente, na relação entre Ka-Kui, sua namorada, May (Maggie Cheung) e a namorada do criminoso, Selina (Brigitte Lin), funcionam como uma válvula de escape para a tensão constante do filme.
Outro destaque cômico está no personagem Inspetor “Tio” Bill Chou (Bill Tung), que está sempre tentando ajudar Ka-Kui, ao mesmo tempo em que “puxa o saco” do Inspetor Chefe Raymond Li (Lam Kwok-Hung). Jackie Chan, que também dirige o filme, sabe equilibrar muito bem os momentos em que precisa ser sério, com aqueles em que ele pode usar e abusar de sua veia cômica.
Por todas essas qualidades, não é surpresa para ninguém que Police Story tenha se tornado um imenso sucesso de público e crítica. Em Hong Kong, o filme arrecadou mais de 26.6 milhões de dólares honconguês, se tornando o terceiro filme mais visto do ano na cidade. A produção também foi sucesso em outros países da Ásia. Police Story ficou entre os 10 filmes mais vistos do ano no Japão e em Taiwan e foi o terceiro filme mais visto do ano na Coréia do Sul. Estima-se que a bilheteria total da produção tenha sido de cerca de 19 milhões de dólares.
Atualmente, Police Story é considerado um dos melhores filmes de ação de toda a história e também um dos maiores clássicos do cinema produzido em Hong Kong. A obra se tornou extremamente influente ao longo dos anos e é frequentemente referenciada, homenageada e copiada por outros filmes. No Rotten Tomatoes, Police Story mantêm uma taxa de aprovação de 93%. Como dito antes, o filme é frequentemente considerado o melhor de toda a prolífica carreira de Jackie Chan.
Os outros Police Story
Jackie Chan estrelaria mais três continuações de Police Story, uma lançada em 1988, outra em 1992 e uma outra em 1996. Além disso, um spin-off da série, estrelado por Michelle Yeoh, seria lançado em 1993. Em 2004, Chan “rebootaria” a série, com o lançamento de A Hora do Acerto e faria o mesmo novamente em 2013, com Em Nome da Lei. Contudo, aqui ignoraremos esses dois últimos filmes e também o spin-off estrelado por Yeoh.
Nessa seção nos concentraremos apenas em Police Story 2: Codinome Radical (1988), Police Story 3: Supercop (1992) e Police Story 4: Primeiro Impacto (1996). Todos esses três filmes são clássicos do cinema de ação e estão entre os melhores filmes estrelados por Jackie Chan. Além disso, os filmes de 1988 e 1992, são frequentemente incluídos em listas de melhores filmes de ação de toda a história do cinema.
Todos os três filmes, no entanto, possuem as características clássicas do cinema de Jackie Chan e dos filmes da série Police Story, ou seja, cenas de ação grandiosas e espetaculares, um enredo bem amarrado e diversas cenas cômicas e engraçadas. Portanto, para quem gosta do cinema de Jackie Chan, todos os três filmes valem a pena serem assistidos e apreciados. Não a toa, todos eles foram sucessos de público.
Nominalmente, Police Story 2: Codinome Radical (1988) obteve uma bilheteria ainda maior em Hong Kong do que o primeiro Police Story, arrecadando mais de 34 milhões de dólares honconguês, equivalentes a cerca de 4.3 milhões de dólares americanos. O filme também fez sucesso em outros países do Leste Asiático, como Taiwan, Japão e Coréia do Sul, arrecadando cerca de 11.4 milhões de dólares somente nos países dessa região.
Police Story 2: Codinome Radical também foi muito bem recebido pela crítica especializada. No Rotten Tomatoes, atualmente, o filme mantêm uma taxa de aprovação de 83%, tendo sido considerado, em uma pesquisa de 2014 conduzida pela respeitada revista Time Out, o 61º melhor filme de ação de toda a história do cinema.
Já Police Story 3: Supercop (1992), arrecadou somente em Hong Kong a quantia de 32.6 milhões de dólares honconguês, ou seja, cerca de 4.2 milhões de dólares americanos. A obra também foi muito bem no Leste Asiático, arrecadando mais de 17.5 milhões de dólares em bilheterias nessa região. Devido ao sucesso de Arrebentando em Nova York (1995), o filme foi lançado comercialmente nos Estados Unidos em 1996, arrecadando mais de 16 milhões de dólares em bilheterias naquele país.
Devido a isso, a bilheteria total de Police Story 3: Supercop (1992) foi de mais de 34 milhões de dólares, o que equivaleria a cerca de 75 milhões de dólares em valores atualizados. O filme também é considerado um clássico e em 2014, em pesquisa conduzida pela famosa Revista Time Out, foi considerado o 75º melhor filme de ação da história do cinema. Atualmente, no Rotten Tomatoes, Supercop mantêm uma taxa de aprovação de 93%. Além disso, em 2009, o famoso diretor Quentin Tarantino disse que o filme era um de seus favoritos nos “últimos desessete anos”.
Finalmente chegamos a Police Story 4: Primeiro Impacto (1996), o filme que conclui a série original. Filmado em grande parte na Austrália, mas também contando com cenas rodadas na Rússia, na Ucrânia e em Hong Kong, o filme possui inúmeras cenas de ação grandiosas, mas é normalmente considerado “o pior” dos quatro filmes originais da série Police Story. Contudo, devido ao sucesso mundial recém adquirido por Jackie Chan na época de seu lançamento, esse é comercialmente, o filme mais bem-sucedido da série.
Em Hong Kong, Primeiro Impacto arrecadou a incrível quantia de 57.5 milhões de dólares honconguês, se tornando a maior bilheteria de toda a história do cinema de Hong Kong. O filme é até hoje dono da maior bilheteria da carreira de Jackie Chan em sua terra natal. Além disso, essa bilheteria ainda é uma das maiores da história do cinema honconguês. Como de costume, Primeiro Impacto foi um grande sucesso de público em países do Leste Asiático, como Japão, Taiwan e Coréia do Sul.
Contudo, a novidade foi o sucesso do filme na Europa e na América do Norte. No velho continente, o filme vendeu quase um milhão de ingressos e nos Estados Unidos, onde o filme foi lançado comercialmente devido ao sucesso de Arrebentando em Nova York (1995), a produção arrecadou mais de 15 milhões de dólares em bilheterias. Na China continental, Primeiro Impacto vendeu cerca de 15 milhões de ingressos, arrecadando mais de 14.5 milhões de dólares em bilheterias. Com isso, a bilheteria mundial total do filme ficou em impressionantes 53 milhões de dólares, o que equivaleria hoje a cerca de 98.8 milhões de dólares em valores corrigidos pela inflação.
Conclusão
E aí, gostou da nossa lista? Tentamos fazer um grande esforço para compilar os melhores e mais importantes filmes da carreira de Jackie Chan. Como dissemos em nossa introdução, é extremamente difícil elaborar esse tipo de lista envolvendo um ator que é tão prolífico quando Chan. Por isso, é quase certo que o filme favorito de alguém acabará por ser deixado de fora da lista. Por esse motivo, pedidos a compreensão de todos. E seu filme favorito estrelado por Jackie Chan? Ele está em nossa lista? Se não, deixe o nome dele nos comentários. Aliás, não deixe de comentar abaixo, porque isso é extremamente importante para nós.