Se você lê bastante sobre cinema, televisão ou entretenimento de uma forma geral, você já deve ter visto, em algum lugar, a palavra “reboot”. No universo do entretenimento atual, onde tudo é reciclado, remodelado ou ressignificado, esse termo é bastante usado. Mas você sabe o que ele significa?
Primeiro, é importante destacar que a palavra “reboot” muitas vezes é usada como sinônimo (e até é confundida) com as palavras “remake” e, até mesmo, “retcon”. “Remake” e “reboot” são frequentemente considerados a mesma coisa, mas não são. Por isso hoje, explicaremos não apenas o que significa essa palavra, mas também daremos exemplos, para te ajudar a entender de uma vez por todas o que é um “reboot”. Os reboots ocorrem em diversos tipos de trabalhos ficcionais. Porém, aqui concentraremos nossa definição e nossos exemplos mais no universo do cinema e da televisão.
Esse texto é parte da nossa série “O que é“, onde explicamos o significado de vários termos utilizados no mundo do entretenimento. Então vamos aprender o que significa Reboot? É só seguir abaixo.
O que é um “reboot”?
Esse é um dos termos mais usados atualmente quando falamos de filmes e séries e, como dissemos antes, é frequentemente confundido com “remake”. Contudo, “reboot” não é o mesmo que “remake”. A palavra “reboot” vem da informática e significa, basicamente, “recomeçar” ou “reiniciar”. No cinema, essa palavra também possui o mesmo significado de recomeçar algo. Portanto, um “reboot” muito além de apenas refazer uma obra tem que reiniciar uma continuidade.
Ou seja, um “reboot” é uma obra (seja filme, série, livro, etc.) que estabelece um novo começo para um universo ficcional, descartando tudo que veio antes e recomeçando uma história do zero. No caso de personagens já muito conhecidos do público (como Batman, Superman ou Homem-Aranha, por exemplo), os reboots mantêm apenas as características mais importantes e fundamentais do personagem (para ele ser reconhecido pelo público) e reconstrói todo o resto.
Motivos para se fazer um reboot
Renovação de um personagem
Os reboots são uma forma que os estúdios, produtores e editoras têm de renovar um personagem ou uma história. Ou mesmo de reaproveitar um material que poderia ser perdido por uma tentativa de adaptação que deu errado. Por exemplo, quando um filme vai mal com o público e com a crítica, uma forma de reaproveitar esse personagem é “rebootá-lo”, ou seja, “esquecer” que aquele filme existiu e começar do zero novamente.
O caso de Batman é um exemplo clássico disso. O personagem foi primeiramente adaptado para o cinema em uma série de quatro filmes lançados entre 1989 e 1997. Apesar de o ator que interpreta Batman nesses filmes ter mudado duas vezes, a continuidade foi mantida. Portanto, acontecimentos de um filme afetavam o filme subsequente. Contudo, o quarto filme dessa série (ou “franquia”, como chamaríamos hoje em dia) foi um tremendo fracasso de público e crítica. Lançado em 1997 e chamado de Batman & Robin, a obra é considerada um dos piores filmes de super-herói já feitos e literalmente enterrou o personagem.
Contudo, Batman é um personagem famoso e valioso demais para ser simplesmente deixado de lado. Por isso em 2005, a Warner Bros. (estúdio que detêm os direitos de adaptação do personagem para o cinema) simplesmente “rebootou” a franquia. Assim, todos os filmes lançados entre 1989 e 1997 foram “esquecidos” e a história foi reiniciada do zero. Dessa forma, nasceu Batman Begins (2005).
Saída do diretor ou de um membro importante do elenco
Outro motivo para “rebootar” um personagem é quando o diretor de uma série de filmes ou algum dos atores principais do elenco não quer mais participar daquele projeto. Já falamos de Batman acima e o usaremos novamente aqui como exemplo. Como dissemos, o personagem foi “rebootado” em 2005. Entre 2005 e 2012, três filmes do Homem Morcego foram lançados como parte de uma trilogia. O último filme dessa trilogia, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, foi um enorme sucesso de público e crítica. Com aprovação de 87% no Rotten Tomatoes e arrecadação superior a 1 bilhão de dólares, o que fez dele o terceiro filme mais assistido de 2012 e o sétimo (na época) mais visto da história.
Portanto, pela lógica pragmática das coisas, não haveria motivo para “rebootar” a série. Bastava continuar fazendo filmes tendo Christopher Nolan na direção e Christian Bale no papel de Batman, certo? O problema é que nem Nolan, nem Bale queriam muito continuar no projeto. Nolan já tinha em mente uma trilogia quando aceitou dirigir o primeiro filme da série. O mesmo ocorria com Bale, que também já estava um pouco cansado de interpretar o personagem.
Além disso tudo, havia ainda um fator adicional. A DC Comics, dona original dos direitos do personagem, estava tentando criar seu próprio universo compartilhado (que acabaria se chamando Universo Estendido DC) afim de tentar competir com sua rival histórica, a Marvel. Que, naquele momento, ganhava bilhões de dólares com seu próprio universo compartilhado (o Universo Cinematográfico Marvel).
E então como encaixar o Batman de Nolan e Bale, nesse universo? Difícil né? Por isso, nem a Warner Bros., nem a DC Comics insistiram muito em fazer um quarto filme e ao invés disso, decidiram “rebootar” o personagem no filme Batman Vs Superman – A Origem Da Justiça (2016), tendo Ben Affleck no papel título.
Outro caso de reboot que ocorreu porque atores ou diretores abandonaram o projeto, foi o de Homem-Aranha. O herói foi adaptado pela primeira vez para o cinema em uma trilogia lançada entre 2002 e 2007 sob a direção de Sam Raimi e com Tobey Maguire interpretando o personagem principal. O terceiro filme da série, Homem-Aranha 3, apesar de ter sido considerado o mais fraco da trilogia, foi muito bem nas bilheterias, se tornando um dos filmes mais vistos de 2007. Portanto, haveria motivos de sobra para produzir um quarto filme.
Contudo, atrasos e indefinições do estúdio fizeram com que Raimi abandonasse oficialmente o projeto em 2010. Com isso, a ideia de um quarto filme foi abandonada de vez e o personagem foi “rebootado” com o lançamento de O Espetacular Homem-Aranha, em 2012, tendo Andrew Garfield no papel principal. O “cabeça de teia” passaria ainda, por um novo “reboot” em 2016 com o aparecimento do personagem em Capitão América: Guerra Civil, onde ele passaria a ser interpretado por Tom Holland e passaria também a fazer parte do Universo Cinematográfico Marvel.
A Marvel, no entanto, levaria o significado de “reboot” para um outro patamar em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021). O filme, “reconhece” a existência das três versões do Homem-Aranha (a de Maguire, a de Garfield e a de Holland), dizendo que eles habitam universos diferentes. Portanto, desviando-se da premissa clássica do “reboot” que quase sempre simplesmente ignora, esquece ou finge que “versões” anteriores do personagem existiram.
Agora você já sabe o que é um “reboot” e, porque ele difere de um “remake”. Não perca nossos próximos artigos, onde explicaremos também o que é um “remake” e o que é “retcon”.
