Análise | Como Treinar seu Dragão

Como Treinar o seu Dragão
Como Treinar o seu Dragão/Teaser - Imagem: Universal Pictures

Na ilha viking de Berk, dragões atacam regularmente, levando o gado e colocando os habitantes em perigo. Soluço, filho do líder Stoico, é um jovem de 16 anos inteligente, porém fisicamente delicado, que desenvolve invenções para compensar suas fraquezas. Durante um ataque, ele consegue abater um raro Fúria da Noite, mas ninguém acredita que ele tenha conseguido. Determinado a demonstrar seu valor, parte para matar o dragão, mas ao encontrá-lo ferido, opta por libertá-lo, mostrando compaixão. Para sua surpresa, o dragão, a quem ela chama de Banguela, decide poupá-la.

Ao passo que Stoico comanda uma missão para eliminar o ninho dos dragões, Soluço se inscreve em aulas de luta. Após ser alvo de zombarias pelos colegas, ele retorna à floresta e descobre que Banguela não consegue voar devido à sua cauda ferida. Com uma prótese feita por ele, os dois aprendem a voar juntos, e a amizade se fortalece. Ao analisar o comportamento de Banguela, Soluço utiliza esse entendimento nos treinamentos, e tornando-se popular.

Ao levar Astrid para conhecer Banguela, eles encontram o ninho dos dragões, controlado pela enorme Morte Rubra, que força os dragões menores a atacar Berk. Durante o exame final, Soluço se nega a matar um dragão, porém o plano não dá certo e Banguela é preso. Mesmo com os avisos, Stoico o utiliza para alcançar o ninho. A Morte Rubra surge e destrói a frota, porém Soluço, com o auxílio dos amigos, organiza uma contraofensiva com dragões adestrados. Depois de ser resgatado pelo pai, ele e Banguela enfrentam a Morte Rubra em uma batalha nos céus, vencendo-a ao causar sua explosão.

Soluço sobrevive, porém fica sem a perna esquerda. Agora respeitado por todos, ele e os vikings começam a viver em paz com os dragões, dando início a uma nova era em Berk.

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Direção de Como Treinar seu Dragão

O diretor Reitor DeBlois esteve a frente do live-action de como treinar seu dragão. A filmografia de DeBlois inclui, a animação de “Lilo & Stitch”, “Como Treinar o seu Dragão“, “Sigur Rós – Em Casa”. Em suma, DeBlois não tentou reinventar a animação de 2010, muito pelo contrário. O diretor ficou bem mais em tentar reproduzir o filme de 2010, com dignidade e conseguiu. Por exemplo, o design dos dragões se distanciaram daquela aparência cartunesca mas não o suficiente para se perder de sua essência.

Outros pontos fortíssimos do filme inclui a cinematografia e estilização do filme. A cinematografia conduzida por Bill Pope é uma réplica exata do que vemos na animação, que em geral explora bem planos abertos e grandiosos. Por exemplo, a cena que Banguela leva Soluço e Astrid até o ninho do Morte Rubra mostra de longe o dragão escondido no fundo, com uma iluminação bem quente da lava, e bastante névoa. Na animação, na mesma cena, vemos de um ângulo aéreo o dragão colossal tentando devorar Banguela, e isso não foi trazido para a obra, o que é uma pena. 

Além disso, na animação de 2010, o roteiro foi escrito apenas pelo diretor DeBlois, nesse live-action, Chris Sanders e Will Davies também roteirizam o filme. Posto isso, uma das particularidades da narrativa é dar foco na relação entre pais e filhos. Vemos esse elemento durante todo o filme, como por exemplo a relação entre melequento e seu pai, que consiste em decepção, a relação entre Soluço e Stoico  que tem um tom bem mais incisivo se comparado com a versão animada. 

Portanto, esse live-action é excessivamente fiel ao filme de 2010, porém consegue mostrar autenticidade através de pequenas adaptações no roteiro que remetem a temas atuais como choque de gerações. O filme teve uma direção excepcional.

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Crítica

Como Treinar o seu Dragão foi amplamente abraçado pelo público, alcançando, por exemplo, 97% de aprovação no Rotten Tomatoes até o momento. Grande parte dos elogios feitos pela audiência recai sobre a fidelidade do roteiro em relação à animação de 2010. O cuidado na construção estética, que se destaca pela riqueza de cores, figurinos e ambientação. Além disso, a atuação cativante do elenco, se mostrou capaz de transmitir emoção e manter a essência da obra original. Muitos espectadores ressaltam ainda a forma como o longa consegue equilibrar aventura, humor e sensibilidade, tornando a experiência nostálgica e ao mesmo tempo acessível para novos públicos. 

Por outro lado, as críticas negativas costumam apontar a escolha de reproduzir cena por cena uma adaptação que já é considerada excepcional, o que para alguns resulta em uma falta de ousadia criativa e na sensação de previsibilidade. Ainda assim, o saldo geral é extremamente positivo, consolidando o filme como uma adaptação que dialoga bem tanto com fãs de longa data quanto com novos espectadores.

Orçamento e bilheteria do filmes

O live-action de Como Treinar o seu Dragão, ainda está em cartaz, e até o momento arrecadou US$ 634 milhões, se tornando um dos maiores sucessos comerciais do ano na indústria cinematográfica. Essa produção custou algo em torno de US$ 150 milhões, embora tenha se saído bem, o filme deixou a desejar em alguns aspectos: no cenário internacional, arrecadou menos do que o esperado, sem estabelecer novos recordes.

 Ademais, nas semanas subsequentes, houve uma diminuição no público, um desgaste típico de grandes lançamentos, que torna desafiador manter um ritmo estável de bilheteira a longo prazo. Como Treinar o seu Dragão foi lançado no começo de Junho de 2025, e no mesmo mês houve outras estreias que também disputaram a atenção do público. Por exemplo, “Bailarina: Do Universo de John Wick”, “Megan 2.0”. Apesar de tudo, o filme cumpriu bem o único papel que tinha na franquia: arrecadar dinheiro fácil.

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Vai ter live action de Como Treinar o seu Dragão 2?

O live-action de Como Treinar o Seu Dragão se tornou um grande sucesso comercial, consolidando ainda mais a força da franquia e mostrando o quanto o público permanece fiel à história de Soluço, Banguela e todo o universo de Berk. Diante desse resultado positivo, a pergunta inevitável surge: haverá uma continuação? A resposta veio oficialmente. A Universal Pictures confirmou planos para uma sequência do filme, com estreia prevista para o dia 11 de junho de 2027.

A expectativa em torno dessa continuação é enorme, principalmente porque a adaptação poderá trazer para o público momentos marcantes já vistos na animação original. No segundo filme animado, lançado em 2014, a trama introduziu elementos inesquecíveis, como o temido Dragão, um dos vilões mais imponentes de toda a saga, além da aparição de novos dragões alpha, como a temível Besta Implacável. O longa ainda reserva uma das batalhas mais épicas da franquia, colocando colossos frente a frente em um espetáculo visual impressionante.

Ver esses acontecimentos adaptados para o live-action, com todo o realismo que a tecnologia atual pode oferecer, promete ser uma experiência única e inesquecível. Para os fãs, é a chance de reviver emoções intensas sob uma nova perspectiva, ampliando ainda mais o legado de Como Treinar o Seu Dragão.

Trilha sonora de Como Treinar o seu Dragão

A trilha sonora desse filme continua com as mesmas faixas compostas por John Powell, e tem forte apelo na narrativa. A faixa principal, “Test Drive”, da trilha sonora é um dos maiores atrativos do live-action, evocando nostalgia e emoção. Ela brilha especialmente na cena em que Soluço e Banguela voam juntos pela primeira vez, com a música amplificando a sensação de liberdade, amizade e superação que define a essência da história. A trilha sonora desse filme também é mais uma amostra de como o diretor se manteve na zona segura, preferindo usar literalmente as mesmas músicas da animação de 2010, para trazer mais emoção às cenas. Indiscutivelmente as faixas criadas por Powell para o filme “Como Treinar o seu Dragão” são excepcionais, e nos ajudam bastante a nos aprofundar na relação entre Banguela e Soluço.

Conclusão

Como Treinar o seu Dragão” é, até o momento, o melhor live-action do ano, e traz consigo algo bastante interessante na indústria cinematográfica: a capacidade de um diretor em contar uma história. Com isso quero dizer que, se por um lado um cineasta pode arruinar uma boa narrativa ao apresentá-la de forma medíocre, por outro existem aqueles que conseguem envolver o público mesmo revisitando uma trama já conhecida. Essa habilidade de tornar familiar algo novamente emocionante é o que dá força à adaptação. 

Dessa maneira, “Como Treinar o seu Dragão” se firma como uma das produções mais marcantes do ano, não apenas pela fidelidade ao material original, mas também pelo espetáculo visual e pela emoção que desperta em quem assiste. Se fosse para indicar um título à categoria de Melhores Efeitos Visuais nas cerimônias de premiação de 2026, este certamente seria o favorito. Além disso, é um filme que dialoga com a nostalgia sem deixar de conquistar novos públicos, o que aumenta ainda mais sua relevância no cenário atual do cinema. Até a próxima!

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