Black Myth: Zhong Kui foi uma das maiores surpresas da Gamescom 2025. O anúncio, feito com um trailer cinematográfico impactante, apresentou ao público a próxima aposta da Game Science.
O estúdio, responsável pelo fenômeno Black Myth: Wukong (“jogo do macaco”), agora amplia seu universo e pretende mergulhar os fãs em uma nova lenda da mitologia chinesa.
Confira o Trailer de Zhong Kui
O trailer mostra Zhong Kui montado em um tigre e cercado por demônios. A cena, carregada de simbolismo, foi suficiente para incendiar as redes sociais.
A revelação e o impacto imediato
Em poucas horas, o vídeo já somava milhões de visualizações, principalmente na China, onde a figura de Zhong Kui é profundamente reconhecida. Além disso, a recepção no Ocidente também foi calorosa, consolidando a franquia Black Myth como uma marca global em ascensão.
Esse tipo de estreia deixa claro o objetivo da Game Science: transformar seu patrimônio cultural em uma força dentro da indústria de games AAA. Enquanto outros estúdios chineses ainda buscam espaço no mercado internacional, a empresa parece já estar alguns passos à frente.
Quem é Zhong Kui?

Na tradição chinesa, Zhong Kui é lembrado como o “caçador de fantasmas”. As histórias o descrevem como um exorcista de presença imponente, com barba longa, olhar penetrante e uma fúria capaz de subjugar espíritos malignos. Comandando exércitos de demônios sob sua vontade, tornou-se um dos personagens mais fascinantes do folclore, sempre associado ao combate contra forças das trevas.
Com o tempo, sua imagem também passou a ocupar um papel protetor dentro da cultura popular.
Para se ter uma ideia, durante o Ano Novo Lunar, é comum encontrar ilustrações de Zhong Kui penduradas nas portas das casas, como amuleto contra espíritos indesejados e para atrair boa sorte. A lenda ainda conta que, após uma vida marcada por desespero e a falta de reconhecimento imperial, Zhong Kui recebeu do próprio Rei do Submundo a missão eterna de caçar fantasmas. Essa transformação o elevou de homem rejeitado a guardião divino, símbolo de justiça, proteção e vingança contra o mal.
Enquanto Wukong explorava a jornada épica do Rei Macaco, Zhong Kui surge como um mergulho no lado mais sombrio da mitologia chinesa. Assim, a Game Science expande sua série para além da aventura heroica, abraçando também o terror e o misticismo que rondam essas antigas histórias.
Estágio de desenvolvimento
Apesar do hype, a Game Science foi transparente: Black Myth: Zhong Kui ainda é pouco mais que uma “pasta vazia”. O CEO Feng Ji admitiu que não há gameplay desenvolvido e que não existe previsão de lançamento. Essa honestidade pode soar estranha, mas reforça a confiança do estúdio na marca que construiu com Wukong.
Vale lembrar que a divulgação inicial de Wukong em 2020 seguiu caminho semelhante, começando com trailers conceituais antes de evoluir para demonstrações robustas. Portanto, há motivos para acreditar que Zhong Kui seguirá a mesma trajetória de crescimento até se tornar realidade.
O futuro da série Black Myth
A revelação de Black Myth: Zhong Kui indica que a Game Science pretende consolidar a franquia como um universo narrativo. Cada título trará um protagonista mitológico diferente, explorando histórias únicas sem perder a identidade estética e a pegada soulslike que marcou o primeiro projeto.
Enquanto isso, Wukong ainda nem chegou ao mercado, mas já estabeleceu um padrão de qualidade visual e técnica que elevou as expectativas para futuros lançamentos do estúdio. Assim, Zhong Kui não é apenas uma sequência espiritual: é a prova de que a China busca competir de frente com gigantes como Elden Ring e Demon’s Souls.
A indústria de games chinesa nunca esteve tão em alta. Se antes era vista apenas como criadores de MMOs regionais ou jogos mobile, hoje ela se coloca lado a lado com os maiores estúdios do mundo. Black Myth: Wukong abriu a porta, mas Black Myth: Zhong Kui promete consolidar um universo.
E não para por aí: títulos como Swords of Legends, um novo RPG que pretende rivalizar em escala com Wukong, ou ainda Wuchang: Fallen Feathers, que traz uma pegada sombria com desafio extremo, mostram que há muito mais vindo desse celeiro criativo. Até mesmo projetos menos comentados, como Blood Message, reforçam que a cena chinesa está disposta a experimentar e disputar espaço no cenário internacional.
Dessa forma, Zhong Kui não é apenas mais um anúncio, mas parte de um movimento maior.
Estamos testemunhando a ascensão de uma nova potência cultural, capaz de reinterpretar suas próprias lendas e transformá-las em experiências interativas de altíssimo impacto. A pergunta que fica não é se esses jogos vão conquistar o público, mas até onde a China pode ir agora que assumiu, de vez, um lugar de destaque no palco global dos videogames.
Se a Game Science cumprir o que promete, Black Myth: Zhong Kui poderá não só expandir o legado de Wukong, mas também marcar de vez a entrada da mitologia chinesa no coração do público gamer global. O mercado ocidental agradece.