Finalmente podemos conferir o retorno de Zack Snyder a um gênero que ele praticamente ajudou a compor. Army of the Dead: Invasão em Las Vegas traz o olhar revolucionário do diretor responsável por “Madrugada dos Mortos”, que por sinal, foi o seu primeiro projeto de sucesso em Hollywood.
O filme de 2004 trata-se de uma espécie de “remake” do clássico Despertar dos Mortos de George A. Romero (1978), e conta com o roteiro assinado por ninguém menos que nosso querido James Gunn (Guardiões da Galáxia).
Mesmo carregando o gênero de zumbi no seu “DNA”, Zack Snyder passou os últimos 15 anos envolvido em adaptações de quadrinhos, como é o caso de “300″ de 2006, “Watchmen” de 2009 e o “Snyder Cut de Liga da Justiça” de 2021 por exemplo.
Por esse motivo, vê-lo retornando para o subgênero de zumbis com Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, era muito esperado pelos fãs do seu trabalho, e bastante aguardado por cinéfilos no geral.
A história faz uma mistura entre dois subgêneros que naturalmente são cheios clichês, sendo um “mix” entre o bom e velho filme de assalto, ou “Heist”, e as tão amadas histórias de mortos vivos.
Durante o transporte de uma carga da Área 51, um caminhão do exército sofre um acidente, fazendo com que o zumbi conhecido como Zeus escape. Ele mata todos os soldados e caminha para Las Vegas, que se torna o foco de uma grande infestação.
A mega-cidade com seus cassinos e hotéis luxuosos, é rapidamente tomada, e os militares agem instantaneamente para conter a infecção, cercando o local com grandes muralhas de containers e mantendo todas as criaturas do lado de dentro.
Com a praga controlada, o resto do mundo pode continuar com sua vida normal, e o governo decide que irá exterminar todos os mortos-vivos de Las Vegas, lançando uma ogiva nuclear no local.
Contudo, o dono de um desses cassinos, chamado Hunter Bly (Hiroyuki Sanada), decide contratar uma equipe particular para invadir a cidade e recuperar o dinheiro deixado para traz durante a evacuação do local.
O ex-soldado Scott Ward (Dave Bautista) é o encarregado de montar este grupo de elite e invadir a cidade nas últimas horas, antes da destruição completa, para saquear o cofre que contém cerca de US$ 200 milhões.
Atualmente Scott vive com o salário que ganha trabalhando em uma lanchonete, mesmo depois de ter servido ao seu país na luta para conter a horda de mortos vivos.
Ele é atormentado por seu passado, e sua filha Kate (Ella Purnell) o abandonou depois de vê-lo matar a esposa, que estava se transformando em zumbi.
Não tenho outra palavra para descrever os membros da equipe, que só podem ser definidos como grandes clichês. Chega a incomodar o fato de que cada personagem segue o mesmo padrão de outros filmes, com personalidades muito previsíveis.
Vanderohe (Omari Hardwick) é um mercenário que faz o estilo culto, Lilly: A Coiote (Nora Arnezeder) é uma espécie de Sarah Connor, Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer) é um alemão especialista em abrir cofres e Martin (Tig Notaro) é uma piloto de helicóptero doida e meio suicida.
Frank Peters (Garret Dillahunt) é o típico agente de segurança contratado pelo mafioso, que provavelmente vai trair todo mundo e isso não é necessariamente um spoiler.
Army of the Dead pode não trazer nada de realmente inédito ao subgênero, que já foi tão explorado entre as décadas de 1980 e 2010, mas implementa alguns elementos diferenciados, quase imperceptíveis ao longo da história, que têm um certo potencial.
O início da infecção ter uma aparente origem alienígena, por exemplo, ou mesmo o fato de não ser uma jornada apocalíptica, podem ser encarados como uma certa inovação na narrativa.
O surto foi contido com sucesso, e o mundo mantém certa normalidade, exceto pela região contaminada que logo será destruída, colocando um ponto final na ameaça.
Esses detalhes que aparentam ser pequenos, ajudam a recompor parcialmente as fórmulas já utilizadas pelo cinema e a dar um tom diferenciado para o longa, que pode dar maior enfoque na missão principal.
Um dos elementos que pode ser ressaltado, e que inclusive poderia ter sido bem melhor utilizado, é que ao redor da muralha existem vários corpos ressecados pelo Sol, e o aviso de que se forem reidratados, eles podem voltar à vida.
Nesta salada, podemos incluir os clássicos zumbis lentos e burros, mas também temos zumbis rápidos, zumbis lutadores, tigre e cavalo zumbi, bebê zumbi (é sério!!) e até mesmo zumbis robôs, como foi mencionado.
Todo o planejamento do roubo é muito bom, e particularmente a cena em que eles precisam usar os zumbis para disparar as armadilhas na antessala do cofre, foi particularmente uma das melhores sacadas do filme.
O longa consegue pegar no tranco do meio para o final, entregando a ação que o público tanto esperava, mas tropeça ao tentar emplacar uma seriedade que não cabe na história, além de se alongar muito mais do que o necessário.
Ao contrário do que todos nós imaginamos ao ver os trailers e materiais de divulgação, Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, busca se levar a sério em quase todas as situações, e quando tenta ser engraçado ou fazer piadas, não dá certo.
O filme tem praticamente 2 horas e 30 minutos, e mesmo assim o roteiro não consegue nos fazer sentir qualquer empatia pelos personagens. Os diálogos são terríveis e muito bregas, e além disso, o longa se perde completamente na história do protagonista e de sua filha.
Apesar do empenho de Dave Bautista, é impossível criar um vínculo sólido com Scott, e muito menos comprar a ideia do seu relacionamento conturbado com a Kate, que por sinal é uma das piores personagens, e só está lá para tomar as piores decisões, sempre atrapalhando a missão.
Muito disso acontece por causa da fragilidade do roteiro, que em muitos momentos é extremamente superficial e não tem a mínima capacidade de nos colocar na trama, ou mesmo trazer sintonia entre os personagens.
Pode se dizer que as interações do elenco, conseguem caminhar entre “um pouco interessantes” até “meramente desnecessárias”. Mas mesmo sem um pingo de desenvolvimento decente, cada membro da equipe consegue trazer algum aspecto marcante, e muito disso por conta do carisma dos próprios atores.
A parceria entre Scott e Cruz chega a arranhar uma boa química, porém o grande destaque vai para a improvável amizade entre Vanderohe e Ludwig, que foge do padrão, dando origem a algumas cenas bastante hilárias.
E por incrível que pareça, o ator Matthias Schweighöfer, sem dúvidas é um dos melhores em cena, pois na nossa humilde opinião, é o único que consegue trazer um pouco de humanidade para o grupo, apesar de seu desfecho ter desagradado bastante.
Não é a toa, que o ator irá estrelar o prelúdio de Army of the Dead (que por sinal já está sendo rodado na Alemanha, desde 2020), intitulado Army of Thieves, que além de ser um “Heist” de zumbi, ainda promete ser uma comédia romântica.
Se essa mistura vai funcionar, só o tempo irá dizer, mas o fato é que Schweighöfer também irá assinar a direção do longa, que ainda contará com produção e roteiro de Zack Snyder.
Uma coisa é fato, o universo que começou a ser construído em Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, pode ser considerado bastante peculiar, pois apesar de ter os pés fincados em referências clássicas, ainda consegue trazer alguns elementos que podem ser bem trabalhados no futuro.
Todo o plot envolvendo os Alfas, que são mais inteligentes, organizados e fortes, é muito interessante, e uma das coisas que chama a atenção, é como até isso foi desperdiçado dentro da trama.
Praticamente todas as cenas com Zeus, o líder da horda, mostram muito potencial, mas não chega a ter o peso que poderia. As decisões do roteiro, mais uma vez se provam simples demais em um aspecto que poderia ter sido muito mais aprofundado.
A hierarquia estabelecida dentro da comunidade zumbi é uma das coisas mais legais do filme, e até mesmo toda a questão de continuidade da linhagem alfa, com o nascimento de herdeiros e tudo mais.
Outra coisa que não poderíamos deixar de citar aqui, são os animais infectados (tanto o tigre como o cavalo) que tornam o visual mega-impressionante, e com certeza roubam a cena quando aparecem.
Não podemos negar que Zack Snyder é um gênio, quando se diz respeito ao modo de filmar as cenas e entregar os melhores ângulos e trajetórias possíveis. Isso sem dúvidas fica implícito quando a ação começa a rolar de verdade.
Snyder também assina a fotografia de Army of the Dead, e se mostra muito competente nesse quesito. Mesmo quando as coisas deixam de acontecer nas locações externas, as cenas não perdem o brilho e tão pouco a nitidez.
A grande verdade, é que tudo que nos faz chegar ao final do longa, está relacionado à elementos superficiais e estéticos, mas infelizmente, quando se diz respeito a trama e desenvolvimento da história, o longa tropeça, e cai feio.
Não podemos dizer que se trata de um filme ruim, até porque estamos falando de um gênero bastante popular e algumas escolhas foram até bem acertadas. Mas inegavelmente fica a sensação de que poderia ter sido uma experiência bem melhor.
E aí cinéfilo, o que achou da nossa crítica de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas? Deixe nos comentários se não concorda com algum dos pontos de vista da nossa análise!!
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