La casa de papel é uma série espanhola de drama policial e suspense, criada por Álex Pina (“Vis a Vis”), e atualmente um dos maiores títulos disponíveis no catálogo da Netflix.
O programa foi produzido pelos estúdios Vancouver Media e Atresmedia para o canal Antena 3, com episódios dirigidos por Jesús Colmenar, Koldo Serra, Álex Rodrigo e Javier Quintas.
A belíssima canção de abertura “My Life Is Going On”, foi composta por Manel Santistebane e interpretada pela cantora espanhola Krull López, rapidamente se tornando um grande sucesso.
Ao longo dos anos, a produção angariou uma legião de fãs em todo o mundo, que são completamente apaixonados pelos personagens e pelas aventuras do grupo de ladrões liderados pelo “Professor”.
Se hoje a Netflix tem seu nome destacado entre as maiores plataformas de streaming, precisamos admitir que parte disso se deve ao legado de La Casa de Papel, que se tornou uma queridinha entre os assinantes.
Embora seus criadores dissessem que no inicio se trataria de um projeto com 15 episódios dividido em duas partes, sua excelente recepção em diversos países, fez com que os planos mudassem.
A série foi exibida originalmente, de maio à dezembro de 2017 na rede espanhola Antena 3, no qual teve uma audiência que pode ser considerada discreta. O sucesso viria somente depois que a Netflix adquirisse os direitos e a incluísse em seu catálogo.
La casa de papel foi em sua maioria, filmada em Madrid, a capital da Espanha, com partes significativas das temporadas 3 e 4 também sendo rodadas no Panamá, Tailândia e Florença na Itália.
A série recebeu diversos prêmios, incluindo o de “Melhor Série Dramática” no 46º Prêmio Emmy Internacional, bem como aclamação da crítica por seu enredo sofisticado, dramas interpessoais bem desenvolvidos e pela inovação que trouxe para a televisão espanhola.
A canção italiana antifascista “Bella ciao“, que toca várias vezes ao longo da trama, se tornou um sucesso de verão em toda a Europa no ano de 2018.
“Bella ciao” foi composta no final do século XIX e se tornou base para uma canção de protesto contra a Primeira Guerra Mundial e se tornou um símbolo da resistência italiana contra o Fascismo durante a Segunda Guerra, conhecida como Partigiana.
O movimento partigiano lutava em guerrilhas contra a ocupação da Itália pela Alemanha Nazista e também contra o poder do ditador Benito Mussolini. Esta versão da letra homenageia especificamente os soldados que se rebelaram.
Na série a música representa a luta dos protagonistas contra um modelo de sistema corrupto e imperialista, que não se importa verdadeiramente com os cidadãos, dando um tom ainda mais anarquista para a trama.
Em 2018, La casa de papel também chegou a ser a produção em língua não inglesa mais assistida no mundo e uma das mais acessadas na Netflix, alcançando uma audiência expressiva na Europa Mediterrânea e principalmente na América Latina.
Enredo de La casa de papel
A narrativa é contada em tempo real e depende de flashbacks com saltos no tempo, motivações ocultas dos personagens e uma narradora não confiável (Tóquio) para aumentar a complexidade da trama.
A série gira em torno de um assalto de vários dias orquestrado contra a Casa da Moeda Real, localizada na cidade de Madrid na Espanha. Um homem misterioso, conhecido como “O Professor”, está planejando o que parece ser o maior assalto da história.
A série começa com a formação do grupo de assaltantes que deverão colocar em prática o plano arquitetado minuciosamente.
Oito pessoas com diferentes habilidades são escolhidas para esta seleta equipe, onde cada um é chamado pelo nome de uma cidade do mundo, sendo eles, Tóquio, Berlim, Denver, Moscou, Oslo, Helsinque, Nairobi e Rio.
A mente por trás do plano é o Professor, um homem calculista e um tanto quanto tímido, que reúne seus oito soldados por cinco meses em uma casa na zona rural de Toledo.
Lá ele repassa os detalhes do plano e todas as suas variáveis, sendo que o assalto acontece logo no primeiro episódio. Vale lembrar que por mais que o Professor tenha pensado em quase tudo, algumas coisas acabam saindo do controle.
Entre funcionários e um grupo de adolescentes em excursão, três pessoas se destacam na trama, Alison Parker, que é filha do embaixador do Reino Unido, Arturo Román, que é o diretor da Casa da Moeda e Mônica Gaztambide, secretária e amante de Arturo, que acaba de descobrir que está grávida dele.
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O grupo se veste com macacões vermelhos e máscaras que representam a face do famoso pintor espanhol Salvador Dalí, o que dá um ar bastante ameaçador para todos os integrantes.
Com o Professor do lado de fora e os assaltantes dentro da Casa da Moeda, as coisas começam a ficar complicadas e surgem até envolvimentos amorosos que não deveriam existir, como entre Rio e Tóquio, que começam um romance antes mesmo do início do assalto.
Agora cabe ao grupo, lidar com as complicações e se manterem firmes para finalizar o maior roubo da história da Espanha, e desafiar as autoridades, derrubando o sistema corrupto implantado pelos poderosos contra o povo.
Na segunda temporada, dois anos se passaram após o assalto na Casa da Moeda da Espanha, e os ladrões agora levam sua vida espalhados por diversos locais do mundo.
No entanto, quando a polícia Europol captura Rio a partir de um telefone interceptado, o Professor se vê obrigado a retomar antigos planos idealizados por Berlim, que consistem em invadir o Banco Central da Espanha para forçar as autoridades a devolverem seu parceiro.
Ele e Raquel, que agora se chama “Lisboa”, reúnem a equipe novamente, incluindo Mónica, agora “Estocolmo”, e recrutam três novos membros, Bogotá, Palermo e Marselha.
Os ladrões disfarçados esgueiram-se para o banco fortemente protegido, tomam reféns e eventualmente, obtêm acesso aos segredos de Estado, enquanto o Professor e Lisboa estão em uma van em movimento, para poderem se comunicar com os ladrões e a polícia.
Novamente a equipe está prestes a executar o maior assalto de todos os tempos na Espanha, porém agora, a vida de um deles está em perigo e o desafio será ainda mais intenso do que antes.
Personagens Principais
Professor – Sergio Marquina/ Salvador Martín
Salvador Martin ou apenas Professor, interpretado pelo ator Álvaro Morte, é o líder do bando de assaltantes e responsável por planejar cuidadosamente os golpes.
A ideia do primeiro roubo pertencia ao seu pai, Jesús Marquina, que faleceu às portas de um banco antes de colocá-la em prática. Para ele, além de um desafio ao sistema, o assalto à Casa da Moeda representa uma espécie de homenagem ou vingança.
O Professor foi concebido como um vilão carismático, mas tímido, que teria a capacidade de convencer os assaltantes a segui-lo e fazer com que o público simpatizasse com a resistência dos ladrões contra os bancos poderosos.
Tóquio – Silene Oliveira
Silene Oliveira ou Tóquio, interpretada pela atriz Úrsula Corberó é a protagonista e também a narradora não-confiável da série, se tratando no início, de uma ladra fugindo da polícia depois de um roubo fracassado, onde seu namorado foi morto.
Ela foi contratada pelo Professor para ajudar na realização do assalto à Casa da Moeda da Espanha em Madrid. Junto com os outros sete ladrões escolhidos para o assalto, ela é levada para uma vila isolada onde planejam o assalto durante cinco meses.
O professor pede a cada um dos ladrões que escolha um nome de cidade para esconder suas identidades durante o assalto, e ela escolhe Tóquio.
Lisboa – Raquel Murillo Fuentes
Raquel Murillo Fuentes ou Lisboa, interpretada por Itziar Ituño, é a inspetora do Corpo Nacional de Polícia encarregada de negociar com os assaltantes nas Partes 1 e 2.
No entanto, durante as negociações, conhece o Professor, que se aproxima dela sob a identidade de Salvador Martín, e os dois acabam engatando um romance.
Raquel se apaixona por ele e mesmo após descobrir sua verdadeira identidade, decide ajudá-lo ao invés de prendê-lo, tornando-se um membro do bando.
Como o restante do grupo de assaltantes, ela adota o nome da cidade portuguesa de Lisboa, para esconder sua verdadeira identidade.
Berlim – Andrés de Fonollosa
Andrés de Fonollosa ou Berlim, interpretado por Pedro Alonso, é o comandante responsável pela operação na Casa da Moeda nas duas primeiras partes de La Casa de Papel.
Especializado em roubo de joias, ele queria apenas manter o alto padrão de vida que teve na infância. Diagnosticado com uma forma terminal de miopatia, Berlim é violento e arrogante, mas no fim se sacrifica para que a quadrilha possa fugir ao final do assalto à Casa da Moeda.
Na parte 3, o personagem continua a aparecer em flashbacks, que mostram que o assalto ao Banco Central da Espanha foi arquitetado por ele e seu sócio, Martín Berrote, conhecido como Palermo.
Nairobi – Ágata Jiménez
Ágata Jiménez ou Nairobi, interpretada pela atriz Alba Flores é escalada para o assalto à Casa da Moeda por seu talento com falsificações. Seu grande trauma é a perda da custódia do filho por causa das suas atividades criminosas.
Na primeira parte ela fica encarregada de comandar a impressão das notas na Casa da Moeda e quando é convocada para o plano de resgate de Rio, Nairóbi comanda a extração do outro do cofre.
Ao final da parte 3, a garota é manipulada pela Inspetora Sierra, que usa seu filho como isca. Na esperança de reencontrá-lo, ela se aproxima da janela do banco e leva um tiro, ficando entre a vida e a morte.
Rio – Aníbal Cortés
Aníbal Cortés ou Rio, interpretado por Miguel Herrán, é escalado para o grupo de assaltantes por seu passado e suas habilidades agindo como um hacker.
Ele foi encontrado pelo Professor enquanto fugia da Interpol e durante a preparação para o assalto em Toledo, acabou se envolvendo com Tóquio, contrariando uma das principais regras da equipe.
Sua imaturidade é uma fonte constante de problemas para o grupo, incluindo seu flerte com Alison Parker, a filha do embaixador e refém fundamental do primeiro roubo, sendo inclusive, um dos motivadores para o segundo assalto.
Denver – Ricardo Ramos
Ricardo Ramos ou Denver é interpretado pelo ator Darko Perić foi escalado para o assalto à Casa da Moeda a pedido do seu pai, Moscou, que queria tirá-lo das ruas.
Durante o primeiro assalto, ele recebe ordens de Berlim para executar Mónica Gaztambide, a secretária grávida do Diretor da Casa da Moeda, Arturo Román, que havia sido flagrada com um celular.
Incapaz de matá-la, Denver forja o assassinato com um tiro na perna de Mônica e a esconde em um dos cofres do prédio.
Enquanto o bandido a visita para levar comida e trocar os curativos do seu ferimento, os dois se apaixonam e Mônica passa de refém a aliada do grupo, assumindo o nome Estocolmo.
Moscou – Agustín Ramos
Agustín Ramos ou Moscou interpretado por Paco Tous é um ex-mineiro que foi afastado da profissão por conta da asma. Ele começou a trabalhar como serralheiro, mas acabou no mundo do crime, sendo condenado pelo roubo de várias joalherias.
Agustín foi escalado para construir o túnel que serviria de rota de fuga durante o assalto à Casa da Moeda. É Moscou quem convence o Professor a aceitar seu filho Ricardo, o Denver, na equipe.
Durante o primeiro assalto, quando Tóquio é capturada pela polícia e retorna para a Casa da Moeda em uma fuga arriscada, Moscou é baleado e fica gravemente ferido.
Estocolmo – Mónica Gaztambide
Mónica Gaztambide ou Estocolmo, interpretada por Esther Acebo, se envolve com seu chefe casado e descobre que está grávida dele pouco antes do local de trabalho ser invadido pelos sequestradores.
Mesmo rejeitada por Arturo, ela participa de uma tentativa do ex-amante de contatar a polícia, mas é flagrada escondendo um celular.
Devido a isso, Berlim ordena que ela seja executada, mas Denver é incapaz de cumprir a missão, ferindo Mônica na perna para forjar o assassinato e a escondendo em um dos cofres do prédio.
Depois da fuga da Casa da Moeda, o casal permanece junto, com Denver assumindo o filho de Mônica com Arturo.
Porém, quando os dois são convocados para ajudar no plano de resgate de Rio, os problemas da relação começam a aparecer, principalmente por conta do comportamento impulsivo e machista de Denver.
Na parte 3, Estocolmo quer mostrar que é importante para a equipe e não apenas o acessório de um de seus integrantes.
Qual o segredo do sucesso de La Casa de Papel?
La Casa de Papel conta a história clássica de “um roubo perfeito”, porém, desta vez a trama é conduzida do ponto de vista dos ladrões, mais especificamente sob o olhar de Tóquio, que por sinal, não tem todas as informações.
Eles não estão apenas roubando em benefício próprio, mas também estão dando um golpe e um aviso para o sistema capitalista atual, isso segundo o próprio Alejandro Bazzano, um dos diretores da série.
As particularidades desse roubo atrai grande parte do público, que por vezes encontra semelhanças com o que acontece em seus países, principalmente na América Latina, e talvez esse seja o motivo de tanto sucesso por aqui.
Na Argentina, por exemplo, assaltar o lugar onde o dinheiro é fabricado, desperta a simpatia em um país onde a desvalorização da moeda é um dos grandes símbolos de sua crise econômica, segundo o jornalista especializado em séries, Marcelo Stiletano, do jornal La Nación.
O foco do enredo faz com que uma grande parte do público queira que o assalto se concretize, e muito disso, devido ao apego que La Casa de Papel garante ao trabalhar com maestria no desenvolvimento de seus personagens.
O contexto da série faz com que ladrões como Tóquio, Moscou, Berlim ou Nairóbi se tornem quase “justiceiros” ou mesmo anti-heróis, que atuam de forma anarquista contra um sistema falido e corrupto.
Como já foi citado pelo próprio mestre do suspense, Alfred Hitchcock, “a simpatia de um bom vilão está na base de qualquer obra de ficção de sucesso”.
Além disso, as fraquezas, problemas e dramas existentes entre os ladrões, que também estabelecem relações com os diferentes reféns, acabam aos poucos conquistando a empatia do público.
Muitos especialistas atribuem o sucesso de La Casa de Papel não só ao contexto, como também à sua qualidade técnica, sendo que poderia perfeitamente ser compactada e exibida em uma tela de cinema.
A primeira temporada foi produzida com um orçamento bem abaixo do que seria utilizado em um único episódio de alguns títulos americanos, mas não deixa nada a desejar em termos de fotografia, roteiro e principalmente de enredo.
O roteiro com certeza é um dos maiores trunfos, pois consegue manter a tensão permanente, além de suspense e bons momentos de romance, compondo uma mistura que realmente funciona.
Os movimentos de câmera e a trilha sonora ajudam a série a ter um ritmo acelerado, sendo que a adaptação feita para a Netflix, encurtou a duração dos episódios para a série ter mais capítulos e se encaixar melhor no formato da plataforma.
As modificações no desenvolvimento do enredo, onde cada episódio termina com um gancho para o próximo, reflete perfeitamente a nova maneira de assistir à ficção por meio do streaming, e com certeza foi mais um dos vários acertos.
Outra coisa que pode ser considerada foi a introdução de elementos simbólicos, como as máscaras de Salvador Dalí ou mesmo os macacões vermelhos utilizados pelos ladrões durante o roubo, que se tornaram verdadeiras marcas na cultura POP, no mundo todo.
Ainda podemos destacar o bom momento que a indústria de ficção da Espanha vem passando após o sucesso de séries como “Velvet” ou “Grand Hotel” e a boa demanda que existe por seus produtos na América Latina.
Devido ao prestígio e o espaço que as produções espanholas vêm merecidamente conquistando, em grande parte também por causa do streaming, hoje não existe mais resistência do público em consumir os produtos latinos.
E por último, mas não menos importante, podemos destacar a escalação primorosa do elenco, com vários talentos, como Álvaro Morte, Itziar Ituño, Alba Flores e Úrsula Corberó.
Muitos deles eram desconhecidos pelo público internacional até o lançamento da série, mas se tornaram grandes estrelas, com fãs extremamente apaixonados pelo mundo todo.
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