Em Busca do Ouro
Imagem: Em Busca do Ouro/ Charles Chaplin- 1925

Charles Spencer Chaplin mais conhecido como Charlie Chaplin foi um dos maiores atores da era do cinema mudo e serve como referência para artistas e cineastas até os dias de hoje. Ele ficou muito famoso pelo uso da mímica e da comédia pastelão, além de atuar, dirigir, escrever, produzir e financiar seus próprios filmes.

Chaplin é considerado um dos “pais do cinema” ao lado de lendas como Max Linder, os Irmãos Lumière, Georges Méliès e o grande D. W. Griffith, além disso é mencionado por alguns críticos como sendo o maior artista cinematográfico de todos os tempos.

O “ator/ diretor/ produtor” foi um grande mestre da comédia e conseguia fazer rir de uma maneira como poucos cineastas foram capazes em toda a história do cinema americano e mundial.

Charlie Chaplin - Arquivo pessoal
Imagem: Charlie Chaplin/ Arquivo familiar

Ele nasceu em Walworth, um distrito que fica no sul de Londres na Inglaterra em 16 de abril de 1889 e sua carreira no ramo do entretenimento duraria por mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando ainda era criança pelos teatros do Reino Unido.

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Seu principal personagem foi The Tramp, conhecido como Charlot na Europa e como Carlitos no Brasil. Se trata de um andarilho vagabundo que possui as maneiras refinadas de um “gentleman” e usa um fraque preto, calças e sapatos desgastados, uma cartola e um pequeno bigode de broxa.

Charlie Chaplin ficou muito conhecido por produzir e atuar em filmes como O ImigranteO Garoto, O CircoLuzes da CidadeTempos Modernos e Em Busca do Ouro sendo que o último é  considerado por ele como sendo seu melhor filme.

Em busca do ouro

The Gold Rush ou Em Busca do Ouro como ficou conhecido no Brasil, é considerada uma das obras mais geniais de Charles Chaplin, inclusive por muitas vezes foi dito por ele próprio que gostaria de ser lembrado por esse filme. O longa é envolto em sensibilidade e se tornou um registro em preto e branco de sentimentos com a dose certa da comédia e do brilhantismo de Charlie Chaplin.

Em Busca do Ouro consegue unir de maneira coesa e sutil, os gêneros de comédia, aventura, drama e romance, sendo considerado pelo American Film Institute como um dos 100 melhores filmes de toda a história do cinema americano.

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O longa foi vencedor na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Kinema Junpo Awards em 1927 no Japão e a versão de 1942 recebeu duas indicações nas categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Som Gravado no Oscar de 1943.

Material de referência

No começo da década de 1920 existia uma forte tendência do cinema no entorno das produções que abordassem a corrida do ouro no noroeste Canadense, que foi responsável por uma intensa migração, especialmente para a região de Klondike.

O ouro da região foi descoberto por mineradores locais por volta de 1896 e quando as notícias se espalharam, desencadearam uma debandada de garimpeiros. Alguns enriqueceram, mas a grande maioria não obteve sucesso e muitos morreram tentando.

Corrida do Ouro
Imagem: Corrida do Ouro de Klondike/ Wikipédia

A corrida do ouro de Klondike foi imortalizada na cultura popular através de filmes, jogos, literatura e fotografias. A atividade de mineração na região atingiu seu auge em 1903 e ainda hoje o seu legado atrai turistas de todo o mundo, contribuindo para a prosperidade local.

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Charlie Chaplin se impressionou muito com as fotos dos garimpeiros feitas na época, além disso buscou suas referências em livros como o romance The Call of the Wild publicado em 1905 e escrito por Jack London que mais tarde também viraria um filme estrelado por Clark Gable, Loretta Young e Jack Oakie.

Em arquivos com anotações feitas pelo próprio Chaplin antes do início das filmagens, existe a seguinte frase sobre o conjunto de influências que ele utilizou para a criação de Em Busca do Ouro:

“Na criação da comédia existe um paradoxo no qual a tragédia acaba despertando o espírito do ridículo no ser humano. Devemos rir do fato de que não temos como nos defender das forças da natureza ou vamos ficar loucos.”

É realmente fascinante se pensarmos na genialidade de Charlie Chaplin ao conseguir transmitir esta mensagem quase que subliminar e trágica dentro do contexto de um filme que recebe uma tratativa leve e humorística.

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Em Busca do Ouro é uma superprodução em comparação com o que se fazia no cinema da época, pois havia uma clara necessidade de Chaplin em fazer com que o filme se tornasse um enorme sucesso. Além disso se sabe que nesta fase de sua carreira, ele desejava elevar ao máximo o padrão de suas produções.

Esta busca pela extrema qualidade nos filmes fica clara de se notar quando visitamos os arquivos de anotações feitas por ele e nos deparamos com documentações sobre a grande quantidade de refilmagens das cenas gravadas.

As versões de 1925 e 1942

É importante frisar que existem duas versões do filme Em Busca do Ouro. Uma original lançada em 1925 e uma re-editada por Chaplin de 1942.

A versão original de 1925 foi considerada perdida por muitos anos e até hoje é aclamada por vários críticos e especialistas como sendo um grande clássico memorável. Em 1993 um colecionador encontraria uma cópia da película e a mandaria para ser recuperada na Itália, mas somente em 2012 seria feita uma restauração definitiva.

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Imagem- Gold Rush- Divulgação
Imagem: Gold Rush/ Divulgação

A versão de 1942 é protegida por direitos autorais pela família de Chaplin e conta com algumas diferenças quando comparada ao original de 1925. Uma delas é a narração do diretor, além de uma trilha sonora diferente e mudanças no contexto da narrativa.

A principal diferença entre enredo das duas versões talvez esteja na construção da relação entre Carlitos e Georgia. O diretor faz algumas alterações para fazer com que a moça seja menos cruel e pareça mais interessada nos sentimentos do protagonista.

Apesar de não ser tão apreciada pelos conhecedores do cinema clássico, a versão de 1942 não deve ser menosprezada, pois além de contar com uma trilha sonora inesquecível e a narração que torna o filme mais dinâmico, ainda traz uma construção diferenciada que torna a narrativa mais compatível com o cinema contemporâneo.

Enredo de Em Busca do Ouro

Uma fila gigantesca é notada no início do filme onde podemos observar uma grande quantidade de pessoas subindo as montanha cobertas de neve na região de Klondike em busca de seu sonho de riqueza.

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Carlitos também vai ao Alasca para tentar a sorte na corrida do ouro, mas logo percebe que sua jornada não será nada fácil. O simpático vagabundo acaba perdido e envolto por uma forte nevasca, buscando assim, abrigo na cabana de um criminoso procurado conhecido como Black Larsen.

Além dele, o esperto Big Jim que acabara de encontrar uma grande quantidade de ouro, também adentra no casebre com o intuito de fugir da intensa tempestade de neve.

O primeiro ato do filme é totalmente dedicado às dificuldades dos personagens em conseguir superar o frio e a fome. Esta temática se torna bastante eficaz em produzir cenas muito engraçadas e um bom exemplo disso seria a alucinação de Big Jim ao enxergar Carlitos como uma galinha gigante.

Alucinação de Big Jim- The Gold Rush- 1925
Imagem: Alucinação de Big Jim/ The Gold Rush- 1925

Devido a corrida do ouro, uma cidade cresceu naquele lugar e lá foi construído um Dance-hall onde trabalhava a bela Georgia, uma dançarina que de cara, conquista o coração de Carlitos.

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No segundo arco do longa a narrativa traz um enfoque maior na construção da relação entre Carlitos e Georgia, tendo em vista que no original de 1925 existe um final heroico clássico com um beijo entre os dois e na versão de 1942 esta cena foi deletada.

Cenas inesquecíveis

Uma das cenas mais marcantes do filme é quando Carlitos decide cozinhar sua bota para poder se alimentar juntamente ao seu amigo Big Jim. A dupla se saboreia com o pedaço de couro como se estivesse realmente comendo uma refeição.

A parte em que Carlitos come os pregos se deliciando como se estivesse comendo uma espinha de peixe e o cordão do sapato como se fosse macarronada é simplesmente brilhante e demonstra todo o potencial de Chaplin como comediante, sem contar a genialidade poética deste grande diretor.

Dizem que ele teria repetido esta tomada por vinte e cinco vezes até chegar em um ponto que achasse que estava completamente perfeita.

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Outra cena inesquecível e memorável é a dança que ele improvisa com dois pães enfincados em um par de garfos. Esse trecho do filme ficou conhecido como A Dança dos Pãezinhos e com certeza está entre as cenas mais icônicas da história do cinema.

Dança dos Pãezinhos- The Gold Rush- 1925
Imagem: Dança dos Pãezinhos/ The Gold Rush- 1925

Analisando o longa podemos notar que cada uma das cenas protagonizadas por Carlitos, nos demonstra a irreverência do personagem mesclada à traços melancólicos e isso é uma característica marcante presente em vários dos filmes de Chaplin. 

É genial a maneira como o diretor trabalha cada parte do filme como se fosse um curta metragem, mas quando as tomadas são interpostas em uma sequência, recriam o contexto geral e conseguem passar a mensagem inserida na narrativa.

Devido ao perfeito equilíbrio entre o humor pastelão e a melancolia, Em Busca do Ouro é uma obra digna de ser reassistida após quase 100 anos de seu lançamento. Mesmo sem falas, a presença de Chaplin garante um filme com um humor leve e que ainda é capaz de surpreender devido suas sutilezas. 

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Além de Charles Chaplin interpretando o adorável vagabundo Carlitos o elenco do filme ainda conta com Mack Swain como Big Jim McKay, Tom Murray como Black Larsen, Henry Bergman como Hank Curtis, Malcolm Waite como Jack Camero e Georgia Hale como a bela Georgia.

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