Imagem do cineasta F.W. Murnau
F.W. Murnau - Reprodução TCM

F.W Murnau foi um dos grandes cineastas que o mundo já teve, rompendo as barreiras da indústria cinematográfica alemã e alcançando o restante do planeta com produções em Hollywood, tudo isso, ainda na era do cinema mudo.

Neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre a biografia, grandes produções, características de trabalho, vida pessoal e muito mais, deste que é um dos nomes mais relevantes da história do cinema.

Fatos rápidos sobre F.W. Murnau

  • Nome completo – Friedrich Wilhelm Murnau (nascido como Friedrich Wilhelm Plumpe)
  • Nacionalidade – Alemão
  • Data de nascimento – 28 de dezembro de 1888
  • Data de falecimento – 11 de março de 1931 (aos 42 anos)
  • Local da morte – Santa Bárbara, Califórnia, Estados Unidos
  • Motivo do falecimento – acidente de carro
  • Pais – Otilie Volbracht e Heinrich Plumpe
  • Famoso como – Cineasta

Quem é F.W. Murnau?

F.W. Murnau (1888-1931) foi um diretor, roteirista e produtor alemão, sendo considerado um dos mais importantes e influentes cineastas da história do cinema, através da realização de seus trabalhos da era do cinema mudo.

Para se ter uma ideia, ele dirigiu filmes como Nosferatu, a grande referência quanto às obras com temática de vampiros; e Sunrise (Aurora), considerado como um dos maiores filmes de todos os tempos.

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Murnau foi um dos grandes nomes do movimento expressionista alemão, tendo produzido entre os anos de 1919 até 1931, quando faleceu, deixando para trás um legado que influenciaria por décadas (ainda continua a influenciar) a indústria cinematográfica.

Biografia de F.W. Murnau

Infância, juventude e início da vida adulta

F.W. Murnau nasceu na cidade de Bielefeld, no estado alemão da Renânia do Norte, província de Vestfália, em 1888. Mas, aos 7 anos de idade, acabou mudando-se com a família para Kassel, no estado de Hessen, ainda dentro da Alemanha.

Ao todo, ele teve quatro irmãos, sendo dois homens, Bernhard e Robert, e duas mulheres, Ida e Anna. O jovem, nesse caso, é fruto do relacionamento entre Otilie Volbracht, sua mãe, com Heinrich Plumpe, seu pai, sendo que Otilie foi a segunda esposa de Plumpe.

Seu pai era o proprietário de uma fábrica de tecidos localizada na região noroeste da Alemanha, sendo essa uma boa profissão para seguir. No entanto, o desejo do jovem Friedrich estava realmente no teatro/cinema. Tanto que, desde bem jovem, já fazia de sua casa um verdadeiro palco para sua vila, onde organizava e dirigia pequenas peças.

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Com apenas 12 anos, ela já havia lido diversas obras de Schopenhauer, Shakespeare, Nietzsche e Ibsen. E aprofundou ainda mais seus conhecimentos ao seguir para a Universidade de Berlim, onde estudou Filosofia, e para a Universidade de Heidelberg, onde estudou História da Arte e Literatura.

Foi em Heidelberg, em meados de 1910, que ele conheceu o diretor Max Reinhardt, enquanto participava de uma apresentação estudantil, e acabou sendo convidado para sua escola de atores. Assim, logo tornou-se amigo de nomes como do pintor Franz Marc, do músico e banqueiro Hans Ehrenbaum-Degele e da poetisa Else Lasker-Schüler.

Um fato interessante é que ele acabou utilizando “Murnau” como nome artístico, justamente por ter vivido por algum tempo na cidade de Murnau am Staffelsee, que fica na Baviera, distante cerca de 70 km de Munique.

Servindo na Primeira Guerra Mundial

Embora tenha dedicado toda sua vida a seus filmes, F.W. Murnau também atuou durante a Primeira Guerra Mundial, servindo como comandante de companhia na frente oriental e, depois, juntando-se à força aérea alemã nas batalhas no Norte da França.

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Nesse período, ele conseguiu sobreviver sem graves ferimentos a diversos acidentes, mas acabou sendo preso na Suíça, onde ficou até findada a guerra. Enquanto preso, aliás, o cineasta não deixou sua paixão de lado, envolvendo-se em um grupo de teatro formado por prisioneiros, chegando, inclusive, a roteirizar um filme.

Início de carreira

Como o fim da Primeira Guerra, F.W. Murnau pôde retornar a Alemanha, e logo iniciou seu projeto de criação de um estúdio próprio, juntando-se ao ator Conrad Veid para conseguir efetivar esse objetivo.

Logo, o primeiro filme de sua produtora foi lançado: The Boy in Blue/O Garoto Vestido de Azul (1919), drama baseado em uma pintura de Thomas Gainsborough. Dentre outras obras perdidas, o cineasta lançou ainda Der Janus-Kopf (1920), filme que foi estrelado por Veidt e Bela Lugosi.

Firmando-se como um grande cineasta

A consolidação da carreira de F.W. Murnau como um cineasta de renome veio com os filmes Nosferatu (1922) e The Last Laugh (1924). Sendo uma de suas obras mais conhecidas, Nosferatu trouxe uma adaptação não autorizada da famosa história do Drácula, romance escrito por Bram Stoker.

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A obra chama atenção por incorporar diversas inovações técnicas, bem como efeitos visuais únicos, rompendo com os demais modelos cenográficos empregados na época.

Um ponto importante é que, por não ser autorizada, a viúva de Bram Stoker, Florence Stoker, entrou com um processo contra Murnau e a produção, com a justiça obrigando-os a destruir todas as cópias do filme. Nosferatu só não é mais um dos filmes perdidos do cineasta porque uma cópia já havia sido distribuída globalmente, permitindo que a obra sobrevivesse até os dias atuais.

Com The Last Laugh (uma antecipação do Kammerspielfilm – filmagem com uma visão intimista em relação a vida dos personagens), lançado dois anos mais tarde, ele pode finalmente efetivar sua reputação, atraindo a atenção da indústria cinematográfica, o que o possibilitou dar passos bem maiores nos anos seguintes.

Chegada a Hollywood

O último filme alemão produzido por F.W. Murnau foi Faust, em 1926, mesmo ano em que ele migrou para Hollywood. A transição aconteceu a pedido do próprio William Fox, fundador da Fox Studio, com o cineasta passando a viver efetivamente nos Estados Unidos da América, onde ficou até o final de sua vida.

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A mudança para o berço do cinema mundial não demorou muito a render frutos, e já em 1927 ele lançou Sunrise (Aurora). Para muitos, essa é a sua grande obra-prima, e comumente é listada por especialistas como um dos maiores filmes de todos os tempos. Baseando-se na novela “Die Reise Nach Tilsit”, criada pelo romancista Herman Sudermann, Sunrise venceu três categorias da primeira edição do Oscar, em 1929.

Insatisfação e conflitos com a Fox

Embora fosse um cineasta brilhante, Murnau era conhecido também por possuir um temperamento bem difícil. Assim, nas produções seguintes a Sunrise, conflitos com a Fox começaram a aparecer. De todo modo, outros dois filmes foram produzidos em Hollywood: Four Devils (1928) e City Girl (1930).

Four Devils, ou Os Quatro Demônios, foi uma obra baseada no livro “De Fire Djævle”, do autor Herman Bang. Já City Girl era baseado na peça The Mud Turtle, escrita por Elliott Lester.

Originalmente mudos, ambos os filmes foram modificados, a fim de se adaptar a era do cinema sonoro, mas não foram bem recebidos. Somado aos conflitos internos com o Fox, essa foi a deixa para Murnau deixar o estúdio e Hollywood em si.

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Último filme e morte

Como estava bem financeiramente, F.W. Murnau resolveu produzir um filme independente, juntando-se ao documentarista Robert J. Flaherty. Para isso, viajou para as ilhas Bora Bora, na Oceania, onde trabalhou na obra Tabu (1931).

Infelizmente, apesar de ter conseguido terminar o filme, o cineasta não pode nem mesmo vê-lo ser lançado, uma vez que acabou falecendo antes da première, que ocorreu no teatro do Central Park (NY), em março de 1931, uma semana depois de sua morte.

F.W. Murnau faleceu no dia 11 de março de 1931, quando tinha apenas 42 anos de idade, vítima de um acidente de carro, na região de Santa Bárbara, na Califórnia, Estados Unidos.

O veículo era dirigido por Eliazar Garcia Stevenson, seu manobrista, e acabou capotando ao desviar de um caminhão que, abruptamente, entrou na contramão. No acidente, todos foram arremessados para fora, Murnau teve um grave ferimento na cabeça, e veio a óbito no dia seguinte, no hospital da cidade.

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O cineasta teve inicialmente um funeral em uma igreja de Hollywood, e um segundo já na Alemanha, sendo sepultado no Cemitério Stahnsdorf South-West, que fica em uma cidade próxima a Berlim.

Vida pessoal

F.W. Murnau mantinha uma vida pessoal discreta, mas era abertamente homosexual (gay). Nunca casou-se ou manteve público algum dos seus relacionamentos, mas, quando jovem, tinha como amigo e amante o poeta alemão Hans Ehrenbaum-Degele.

Hans, assim como o cineasta, também serviu durante a Primeira Guerra Mundial, mas acabou sendo morto em batalha no ano de 1915, o que o impactou profundamente.

Já em Hollywood, Murnau teria desenvolvido uma paixão pelo ator David Rollins, o qual possui uma famosa foto, onde posa nu, na beira de uma piscina. A foto foi tirada pelo próprio cineasta, no ano de 1927, em sua casa.

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Túmulo arrombado

Um ponto bastante relevante (e triste) dentro de sua biografia, trata-se do evento ocorrido em julho de 2015, quando seu túmulo acabou sendo arrombado. A autoria ou motivação do crime é desconhecida, mas os restos mortais de F.W. Murnau foram perturbados, com o seu crânio sendo roubado. Desde o ocorrido, o crânio ainda não foi recuperado.

Filmes perdidos

Por ser um cineasta ainda da era final do cinema mudo, onde tudo funcionava de forma bem diferente, inclusive as formas de armazenamento das obras, Murnau teve diversos dos seus filmes perdidos, seja total ou parcialmente. Esse é o caso de títulos como:

  • Der Knabe in Blau/The Boy in Blue (1919);
  • Der Bucklige und die Tänzerin/The Hunchback and the Dancer (1920)
  • Satanas (1920);
  • Abend – Nacht – Morgen/Evening – Night – Morning (1920);
  • Der Janus-Kopf/Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1920);
  • Sehnsucht/ Desire: The Tragedy of a Dancer (1921);
  • Marizza, genannt die Schmuggler-Madonna/Marizza, called the Smuggler Madonna (1922);
  • Die Austreibung/The Expulsion (1923); e
  • Four Devils (1928).

A lista é composta em sua grande maioria pelas obras produzidas ainda em solo alemão. A única exceção é justamente Four Devils, criada já nos Estados Unidos, sendo um filme perdido bastante procurado.

Quais são os principais trabalhos de F.W. Murnau?

Embora tenha produzido filmes somente entre os anos de 1919 e 1931, F.W. Murnau é dono de um extenso catálogo de obras, todas dentro do período do cinema mudo.

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Ao decorrer de sua biografia, já pudemos conferir algumas de suas principais obras. No entanto, agora vamos mergulhar de forma mais profunda nessas produções, e entender um pouco mais sobre as abordagens e temáticas que o cineasta empregava em seus filmes. Acompanhe!

Nosferatu (1922)

Como já mencionado, Nosferatu é uma das grandes obras de Murnau. O filme é estrelado pelo ator Max Schreck, que dá vida ao Conde Orlok, personagem principal da trama.

O enredo conta a história de Orlok, um vampiro que acaba se apaixonando pela esposa do seu agente imobiliário, atacando-a e, consequentemente, trazendo terror para a cidade onde vivem.

Tudo se passa em Wisborg, uma fictícia cidade alemã, no ano de 1838, mas começa com a viagem de Thomas Hutter (agente imobiliário) para a Transilvânia, onde visita o castelo de um novo cliente, que deseja adquirir uma casa que fica em frente da do próprio Hutter.

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No castelo de Orlok, o agente começa a desconfiar que ele pode, na verdade, ser um vampiro. No entanto, era tarde demais, e ele já havia colocado sua esposa em perigo, uma vez que o conde observou com bastante admiração uma foto sua.

Essa releitura clássica de Drácula (embora não oficial), já ganhou um remake fora da era do cinema mudo. Afinal, em 1979, o diretor Werner Herzog lançou Nosferatu the Vampyre, estrelado por Klaus Kinski. Já para 2024 (provavelmente), um novo remake será apresentado, agora pelas mãos do consagrado diretor de terror gótico Robert Eggers, com Nosferatu, protagonizado por Bill Skarsgård e Lily-Rose Depp.

The Last Laugh (1924)

The Last Laugh, do alemão Der letzte Mann (The Last Man), também tem um lugar de destaque nessa lista. O filme contou com o roteiro de Carl Mayer e teve no elenco principal Emil Jannings e Maly Delschaft.

Tudo gira ao redor do personagem de Jannings, que trata-se de um porteiro de um famoso hotel. O funcionário, devido a relevância do local, tem bastante orgulho do trabalho que exerce.

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No entanto, por achar que o porteiro está velho demais (o que não condiz com a imagem luxuosa do hotel), o gerente acaba o rebaixando para um trabalho exigente, como atendente do banheiro.

Envergonhado, ele busca a todo modo esconder de sua família e amigos que não ocupa mais a mesma função, mas acaba sendo descoberto. Ridicularizado por todos, que imaginavam que o mesmo nunca havia sido porteiro de verdade, a história muda completamente quando ele, inesperadamente, fica rico.

Sunrise (1927)

Sendo, ao lado de Nosferatu, a grande obra-prima da carreira de F.W. Murnau, Aurora, como também é conhecido, foi o filme inaugural do cineasta em Hollywood. A obra contou com o roteiro de Carl Mayer (o mesmo de The Last Laugh), sendo estrelado por nomes como George O’Brien, Margaret Livingston e Janet Gaynor.

Sunrise narra a história de uma mulher da cidade, que acaba se envolvendo com um fazendeiro casado. Assim, quer que seu amante livre-se de sua esposa e venda a fazenda para ficar com ela na cidade grande.

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Embora ainda fosse mudo, nesse filme, Murnau optou por utilizar um novo sistema de som, tornando-o um dos primeiros longas da história com uma trilha sonora sincronizada e efeitos sonoros. Não à toa, foi a obra mais cara, até então, a sair pela Fox.

Four Devils (1928)

Outro filme de F.W. Murnau que foi escrito por Carl Mayer é Four Devils, também estrelado por Janet Gaynor. A trama conta a história de quatro órfãos (dois meninos e duas meninas): Charles, Marion, Adolf e Louise.

Todos vivem no Circo Cecchi, sob os cuidados de um velho palhaço, onde atuam inicialmente como acrobatas, e, com o passar do tempo, tornam-se grandes trapezistas, auto-denominados “Os Quatro Demônios”. Agora sendo um casal, Charles e Marion, passam por um período conturbado em seu relacionamento, mas uma quase catástrofe pode mudar tudo.

Um fator relevante sobre Four Devils é que, embora seja uma das obras perdidas do cineasta, o mais importante biógrafo de Murnau acredita que exista uma cópia guardada do filme sob a propriedade da Fox Film Corporation.

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Tabu (1931)

Tabu foi o último filme produzido por F.W. Murnau, escrito por ele próprio, com a co-roteirização de Robert J. Flaherty e sendo estrelado por Matahi, Anne Chevalier e Bill Brambridge.

O filme trata-se de uma docuficção, sendo dividida em dois capítulos ao todo. A primeira parte mostra a vida de dois amantes em uma ilha do Sul, quando são forçados a fugir, já que a jovem acaba sendo a escolhida para ser a serva sagrada dos deuses. Já no segundo capítulo, o casal vive em uma ilha colonizada, mas é explorado pela civilização ocidental.

Tabu foi inicialmente censurado dentro dos Estados Unidos, uma vez que mostrava imagens de mulheres polinésias com os seios nus. No entanto, também foi laureado com o Oscar de Melhor Fotografia, além de ser selecionado, no ano de 1994, para que fosse preservado na Biblioteca do Congresso norte-americano, devido a sua relevância cultural, estética e histórica.

Considerações finais

Como foi possível observar, F.W. Murnau foi uma das grandes influências dentro da indústria cinematográfica, deixando um legado composto por filmes que marcaram não apenas a história do cinema mudo, mas a própria forma de como dirigir e inovar nas produções.

Embora muitas de suas obras tenham se perdido com o tempo, ainda nos dias atuais é possível observar e se encantar com diversos dos seus trabalhos. Vale a pena conferir!

Carioca, estudante de Direito, servidora pública e apaixonada por vídeo games, tecnologia e cultura pop em geral. Tenho como hobbies consumir e produzir conteúdos relacionados a esses temas que me interessam, e adoro passar horas adquirindo conhecimento sobre os assuntos que mais gosto, tanto que mantenho um canal no Youtube sobre games há 4 anos. Meu contato com inglês vem de longa data, quando notei que para ter acesso a todo um universo de informações, dominar a língua era fundamental.

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