Já faz quase uma década desde o lançamento do filme Batman, O Cavaleiro das Trevas Renasce de 2012. E à medida que nos aproximamos do aniversário de 10 anos da tão debatida conclusão da aclamada trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan, um novo filme sobre o Homem-Morcego, The Batman de Matt Reeves, estreia nos cinemas. Aqui vamos abordar algumas das diferenças entre o The Batman de Matt Reeves e Batman de Zack Snyder.
No intervalo entre o final da trilogia mais brilhante de Nolan e o que esperamos seja o início de uma nova série de filmes do The Batman, sob a supervisão de Reeves, uma nova versão do protetor de Gotham apareceu em alguns filmes entre 2016 e 2021. A versão de Zack Snyder de Batman, interpretado por Ben Affleck, estreou em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, também apareceu em Esquadrão Suicida de David Ayer, depois em 2017 na Liga da Justiça e em 2021, na edição restaurada, expendida e renovada de Snyder. Em contraste com a versão de Christian Bale nos filmes de Nolan, que via seu papel como um dever cívico, contudo ainda ansiava por sua aposentadoria.
O Batman de Affleck já tinha desistido há muito tempo. Mesmo que ele tivesse que construir uma armadura ainda mais pesada para proteger seu físico envelhecido. Estamos prontos para colocar Affleck lado a lado com seu sucessor, Robert Pattinson do The Batman de Matt Reeves, e ver onde e como os dois são semelhantes e onde e como eles divergem.
The Batman de Matt Reeves e Batman de Zack Snyder
Em The Batman de Matt Reeves, temos Bruce Wayne jovem e ainda se destacando como o Cavaleiro das Trevas de Gotham. Ele está no cargo há dois anos, e enquanto ele é brutalmente eficiente e eficaz no combate ao crime civil. Este homem morcego também não tem certeza no início de The Batman se ele está tendo algum tipo de impacto na sociedade de Gotham.
O novo Batman também é fisicamente mais vulnerável e capaz de cometer erros. Um tiro direto de uma espingarda não perfura seu traje, mas o incapacita. Em um voo heroico pelas ruas de Gotham em um traje com asas termina com ele caindo no chão quando seu paraquedas fica preso em um viaduto.
O aspecto mais importante da opinião de Reeves e Pattinson sobre o Cavaleiro das Trevas é que ele é ainda mais vulnerável mentalmente do que fisicamente. Este Bruce Wayne, em algum lugar em seus 20 e poucos anos, não resolveu seu trauma pela morte de seus pais, e se tornar o Batman é, claro, o jeito que ele tenta resolver isso. Mas ele não está fazendo isso necessariamente pelo bem de Gotham. Ele está trabalhando em sua própria raiva e tristeza e agindo por uma necessidade de vingança, seu mantra para a maior parte do filme é “Eu sou a vingança”.
Um Bruce Wayne menos playboy e mais Rock Star
Esse Bruce Wayne também não é o playboy dos anos passados. Ele não interage com a sociedade de Gotham como os Bruce Wayne de Bale e Affleck. Ele é recluso e observador, não está interessado em sua própria vida, sua posição na cidade, sua vasta fortuna ou o bem-estar de sua empresa. Comparado com Kurt Cobain e Howard Hughes, Reeves diz nas notas de produção do filme, que Pattinson tivesse uma vibração reclusa de rock and roll. Fazendo Bruce, deixar de ser um membro da rica família Wayne, e passasse a ser mais como uma estrela do rock, que ao invés de fazer shows à noite, se transforma no The Batman.
O Batman de Pattinson luta por pura emoção, mesmo sendo um excelente detetive, e pensador metódico, ele tem um raiva, que alimenta a maneira como ele luta e o torna um oponente aterrorizante. Mas ainda assim, o mais importante e de acordo com o clássico, e que se perdeu ao longo do tempo, ele não mata. Isso o coloca mais perto do Batman de Bale do que do Affleck, que mata e mutila suas vítimas sem pensar duas vezes.
De certa forma, o Bruce que vemos em The Batman de Matt Reeves poderia realmente evoluir para o Homem-Morcego dos filmes de Snyder, caso suas piores tendências o dominem.
Movimentos, lugares e equipamentos diferentes
O Bruce de Affleck se movimenta pelo mundo diurno, mas à noite ele é quase uma força da natureza. Sua enorme armadura e armamento são muito mais destrutivos do que qualquer equipamento artesanal que o Batman de Pattinson está portando, dirigindo ou vestindo. Pattinson opera em uma torre escura e dilapidada no meio de Gotham. Uma Batcaverna descuidada e empoeirada esculpida abaixo de um túnel de metrô abandonado. Affleck deixou a Mansão Wayne apodrecer, dessa vez em uma moderna residência de vidro à beira de um lago, longe dos limites da cidade. Uma linda Batcaverna elegante e de alta tecnologia.
O Batman de Affleck mata e mutila, como já foi dito, e seu herói está cansado do mundo, que parece perdido, alinhado com todos os outros heróis que permeiam no Snyderverso. Na sua opinião, o mundo é apenas sua responsabilidade, o poder faz as coisas acontecerem, e a justiça precisa ser distribuída por todos os meios necessários. Ele não está preocupado com questões de moralidade. No entanto, sua visão sombria do mundo e seus impulsos homicidas também obscurecem seu pensamento. Ele é facilmente manipulado por Lex Luthor, quando passa a ver o Homem de Aço como um inimigo em vez de um aliado.
No final do período de Affleck como Batman, ele está um pouco mais aberto a fazer parte de uma equipe e confiar nas intenções de seus companheiros. Já no final de The Batman de Matt Reeves, o Bruce Wayne de Pattinson percebe que pode sair para a luz e talvez ter uma influência maior sobre os cidadãos de Gotham, os ajudando e não apenas aterrorizando. Mas a maneira como os dois homens chegam a esses lugares é muito diferente.
Gotham City
Gotham City é praticamente um personagem em The Batman , talvez mais do que em qualquer outro filme do Batman, embora a terra da fantasia gótica dos filmes de Tim Burton chegue perto. Mas apesar de Gothem City ser uma figura carimbada nas histórias do Batman, ainda há uma boa diferença entre The Batman de Matt Reeves e Batman de Zack Snyder. Enquanto Joel Schumacher transformou a visão de Burton em uma mistura psicodélica de circos e antigos templos gregos iluminados por neon, e Nolan apresentou sua Gotham “realista” como mais ou menos uma cidade americana moderna, Reeves teve algo a mais em mente.
Apesar da natureza incontestável de The Batman, Gotham City de Reeves é uma ilha em si mesma, quase que separada do resto do mundo, do qual quase nem ouvimos falar. A cidade é ao mesmo tempo superdesenvolvida e movimentada, mas também labiríntica, doente de sombras e podridão, e cheia de lugares abandonados e esquecidos.
É uma cidade envolta em escuridão, cinzenta e chuvosa, com nenhum raio de sol visto durante as três horas inteiras de The Batman de Matt Reeves. Também é uma cidade de paredões em ruínas, que funciona como uma metáfora para as pressões sociais e criminais que ameaçam causar o colapso de Gotham.
O desenhista de produção, James Chinlund diz nas notas de produção do filme:
“Gotham teve um ápice muito poderoso e ao longo dos anos, a corrupção levou uma decadência. Como se o tempo tivesse parado, muito do crescimento da cidade ficou congelado no passado.”
Quanto à Gotham do Snyderverso, é seguro dizer que é uma entidade relativa nesses filmes. A maior parte de Batman vs. Superman acontece em Metropolis, localizada do outro lado do rio de Gotham, e vemos basicamente apenas alguns telhados na Liga da Justiça. Nesse, vemos quase uma excursão pelo mundo, desde Rússia, Themyscira, Noruega, Central City e espaço.
Alfred em The Batman de Matt Reeves vs. Batman de Zack Snyder
Um dos aspectos genuinamente agradáveis dos dois passeios de Affleck na capa foi seu relacionamento com o leal mordomo, mecânico e gênio Alfred, interpretado com um sarcasmo espinhoso pelo grande Jeremy Irons. Este Alfred é supercompetente e aparentemente bastante capaz de trabalhar em qualquer coisa que o Batman precise, seja em seu avião ou um programa de computador.
Há uma afeição sarcástica entre Alfred e Bruce, com Alfred sempre murmurando algum de seus pensamentos baixinho, mas um respeito sutil também, talvez devido a Bruce Wayne ter feito 20 anos de trabalho sem morrer. No entanto, Alfred também está bastante ciente do estado mental do homem a quem serve obedientemente e tenta torná-lo o mais ciente disso possível.
O Bruce Wayne de Pattinson, por outro lado, tem uma relação muito diferente com seu Alfred, interpretado por Andy Serkis. Os dois não falam tanto, e este jovem Bruce Wayne tende a ignorar todo conselho que Alfred lhe dá. Serkis assume as dicas do personagem em um histórico amplamente experiente nas forças armadas, com uma bengala e algumas cicatrizes faciais como lembranças do seu passado.
Ele se sente muito menos confortável servindo como pai substituto para Bruce, um aspecto do personagem que é importante para o enredo de The Batman de Matt Reeves, com Alfred carregando uma grande quantidade de culpa por sua incapacidade de ser uma verdadeira figura paterna para o jovem órfão. Mas Alfred também é ferozmente protetor tanto de Bruce quanto de seu falecido pai, tentando explicar e justificar a história um pouco mais sórdida da família Wayne.
Ambos os Batman, Affleck e Pattinson, tendem a trabalhar sozinhos ou com Alfred em seus veículos, guarda-roupas e engenhocas. Ou seja, não há a presença de Lucius Fox em nenhum desses universos.
Gordon em The Batman de Matt Reeves vs. Batman de Zack Snyder
Um dos melhores elementos de The Batman é a relação entre o morcego e o tenente James Gordon, vivido por Jeffrey Wright. O filme começa com Gordon e Batman já tendo um vínculo de respeito e confiança, cada um reconhecendo os pontos fortes do outro, e esse vínculo só é aprofundado à medida que eles trabalham juntos como uma verdadeira equipe durante a maior parte do tempo de execução de The Batman.
Wright está fantástico no papel, talvez uma imagem definitiva de Gordon. Ele projeta decência e humanidade, fornecendo um contraponto à corrupção de quase todos os outros funcionários de Gotham.
Enquanto a ideia de JK Simmons como Comissário Gordon no papel parece o elenco ideal, mal vemos o suficiente dele em qualquer versão da Liga da Justiça. Simmons faz o que pode, mas não tem quase nada para trabalhar. A relação entre ele e Batman também é estranhamente indefinida, apesar do Batman nesses filmes estar no trabalho há duas décadas.
Aliados em The Batman de Matt Reeves e Batman de Zack Snyder
E, finalmente, sobre companheiro de longa data do Batman, Robin: ele não existe em The Batman e ele já está morto em Batman vs. Superman, morto em algum momento no passado pelo Coringa. Portanto, a ideia de um parceiro no combate ao crime nem está em cogitação por Pattinson, enquanto a raiva assassina do Batman de Affleck parece pelo menos parcialmente impulsionada pelo assassinato de Robin.
Os vilões em Batman de Zack Snyder
A versão de Zack Snyderde Batman se baseou em um universo de filmes da DC , uma vez que a Warner Bros. Pictures viu o quão incrivelmente bem a Marvel teve sucesso com Os Vingadores . Mas a Marvel colocou cada peça cuidadosamente no lugar antes de liberar a grande equipe no mundo. A DC fez apenas um filme, Superman, antes de nos apresentar de forma aleatória ao resto do que se tornaria a Liga da Justiça.
Então, quando Batman entrou em cena em Batman vs. Superman: A Origem da Justiça, ele imediatamente se viu em um mundo que havia sido invadido por seres divinos de outro planeta. Em outras palavras, algo que aparentemente vivia e funcionava há tempos.
Nunca tivemos nenhuma indicação de como era o mundo de Batman antes disso, ou como era Gotham. Ele lutou contra vilões fantásticos como o Morcego Humano e Mr. Freeze, ou ele lutou contra gângsteres e psicopatas como Coringa e Espantalho? De qualquer forma, o Batman do Snyderverso se encontra em um mundo totalmente novo em Batman vs. Superman e Liga da Justiça.
Bruce, afinal, quem começa a busca para montar a Liga da Justiça, logo após a morte temporária de Superman. Talvez ver o Homem de Aço e Zod lutando nos céus acima de Metropolis e conhecer outros seres divinos como Mulher Maravilha e Aquaman o tenha deixado deslumbrado.
Depois, também há os inimigos que Batman e seus aliados devem enfrentar. Primeiro o próprio Lex Luthor e o Apocalypse criado por Luthor em Batman vs. Superman, depois os parademônios, e mais tarde o exército de Darkseid na Liga da Justiça de Zack Snyder. Tudo isso, em uma só versão.
Os vilões em The Batman de Matt Reeves
Já em o universo de The Batman de Matt Reeves, a história está acontecendo em nível totalmente diferente. Ele está em fúria, indo atrás de todos os criminosos que ele pode encontrar e acabar, sem nenhum comparsa ao seu lado. Não há tempo para seres divinos, aqui Bruce Wayne têm problemas diferentes.
O resto do filme mostra o Batman interagindo com alguns dos mafiosos mais poderosos de Gotham. Bem como incluindo criminosos clássicos como o Pinguim, interpretado por Colin Farrell e John Turturro como Carmine Falcone. Do mesmo modo, um assassino em série que acaba sendo nada de mais no final.
Até mesmo o bando de Charada, que apesar de ser relativamente pequeno, causam dados ao Gotham Square Garden. Ainda assim, são todos seres humanos, com mentes em distúrbio, escondidos atrás máscaras verdes. Claro, Charada inunda a cidade e encena um ataque terrorista. Contudo, isso é algo pequeno em comparação a versão do Batman tem protegeu o planeta de ser destruído por alienígenas.
Batman até faz uma aliança, um possível romance, com uma ladra e garçonete da máfia chamada Selina Kyle. Interpretada por Zoë Kravitz, ele acaba mostrando um lado empático. Não temos a menor ideia de que isso seja possível com o Batman de Snyder. Ele tem a afeição usual por Alfred, e há uma pitada de flerte com a Mulher Maravilha. A versão Affleck do Cavaleiro das Trevas, todavia, tem um coração frio. Ele tem um mundo para salvar, não apenas uma cidade.
É inegável que ambos possuem diferenças notáveis, porém isso não tira o crédito que cada um e onde é ambientado. Assim sendo, tanto o The Batman de Matt Reeves e Batman de Zack Snyder são ótimos. Não deixa de ver The Batman de Matt Reeves nos cinemas, é um filme e tanto.
