Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm, acaba de anunciar nessa sexta-feira, que o estúdio prepara o lançamento de três novos filmes da saga Star Wars. Os projetos já estão em andamento e já tem até diretor e alguns detalhes do enredo definidos. Contudo, ainda não se sabe nenhum detalhe sobre datas ou esquemas de lançamentos dos três filmes. No entanto, Kennedy garantiu que os trabalhos estão “em progresso”.
O último filme da saga Star Wars a ser lançado foi Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker, lançado em 2019, que apesar de ter sido um enorme sucesso de público (arrecadou mais de 1 bilhão de dólares e foi um dos 10 filmes mais vistos do ano) não foi muito bem recebido nem pela crítica e nem pelos fãs mais ávidos da franquia que, aliás, é conhecida por seus fãs extremamente fiéis, mas também bastante exigentes.
O mesmo ocorreu com a spin-off da saga, Han Solo: Uma História Star Wars, lançado em 2018, que, aliás, fracassou nas bilheterias, se tornando o primeiro filme a carregar o “selo” Star Wars a não ir bem nas bilheterias. Depois disso, a Lucasfilm e a Disney, que detêm os direitos da franquia, resolveram focar mais nas séries de televisão e deixar os filmes um pouco de lado. Nesse período foram lançadas diversas produções para televisão, incluindo, The Mandalorian e Andor, que foram enormes sucessos de público e crítica.
O que se sabe sobre os novos filmes
Tudo que se sabe, até agora, é que os três filmes já tem seus diretores e seus enredos básicos definidos. Os filmes serão dirigidos por James Mangold, Dave Filoni e Sharmeen Obaid-Chinoy. O filme, dirigido por Mangold, que, aliás, também acaba de escrever e dirigir Indiana Jones e a Relíquia do Destino (quinto capítulo da franquia Indiana Jones e que deve estrear ainda esse ano), contará uma história que se passa em um passado muito distante, muito antes dos acontecimentos vistos em A Ameaça Fantasma (1999), que, cronologicamente, é o primeiro filme da saga.
O filme será um “épico bíblico”, como descreve o próprio diretor, deve ser focado nas origens da força e se passar 25 mil anos antes de qualquer história já contada nos filmes e séries da franquia Star Wars. “Quando comecei a conversar com Kathy [Kennedy] sobre fazer um desses filmes, o que me ocorreu foi pensar sobre que tipo de filme dentro de Star Wars eu queria fazer. E pensei em um épico bíblico, como os Dez Mandamentos, sobre o surgimento da Força. De onde veio a Força, quando a descobrimos, quando aprendemos a usá-la?”, disse ele durante o anúncio dos filmes. Além de dirigir, Mangold também deve escrever o roteiro da obra.
Já o filme, que será dirigido por Sharmeen Obaid-Chinoy, se passará cerca de 15 anos após os acontecimentos de A Ascensão Skywalker (2019). É nesse filme que Daisy Ridley deve aparecer, reprisando seu papel como Rey Skywalker. A película, provavelmente, focará nessa personagem que carrega a herança da família Skywalker e também a tradição Jedi. Ridley disse que está animada para retornar ao personagem, mas não deu nenhum detalhe adicional sobre o filme.
O mais interessante de se observar aqui é que Obaid-Chinoy tem muito mais experiência com a direção de documentários do que com produções ficcionais. Além disso, quase todos os trabalhos ficcionais que ela dirigiu, foram animações. A única experiência que a cineasta tem com a direção de trabalhos ficcionais em live-action, é com a minissérie Ms. Marvel (2022), onde ela dirigiu dois de seus seis episódios. Portanto, tanto Kennedy quanto a Lucasfilm/Disney arriscam bastante ao escolher uma diretora inexperiente para dirigir uma superprodução focada em um mercado tão exigente.
É importante destacar, no entanto, que como documentarista, Obaid-Chinoy é bastante premiada e a maioria de seus trabalhos se concentra em questões relativas à opressão feminina e desigualdade de gênero. Portanto, escolher uma diretora com esse tipo de experiência para dirigir um filme protagonizado por uma personagem feminina pode render dividendos e é isso que tanto Kennedy quanto a Lucasfilm/Disney, provavelmente, devem estar esperando. Outro detalhe que deve ser mencionado, é que o roteiro desse filme deve ser escrito por Steven Knight, roteirista super premiado e responsável por escrever filmes como Coisas Belas e Sujas (20) e Senhores do Crime (2007).
O terceiro e último filme anunciado por Kennedy será dirigido por Dave Filoni e se passará no “presente”, funcionando como uma espécie de encerramento ou clímax das séries The Madalorian, O Livro de Boba Fett e Ahsoka (que será lançada em agosto desse ano). Justamente por isso, Filoni foi escolhido para dirigir o filme, já que ele é um dos produtores executivos e diretores dessas séries, além de ser também a principal força criativa por trás delas. Filoni, de 48 anos, nunca dirigiu um longa-metragem em live-action em sua carreira e esse filme será sua estreia na direção.
O cineasta, no entanto, tem muita experiência no mundo da animação, onde trabalha desde o final dos anos 1990, e também está profundamente envolvido com o universo Star Wars desde, pelo menos 2008, quando foi um dos produtores executivos e diretores da série em animação Star Wars: A Guerra dos Clones e também diretor e co-roteirista do longa-metragem de animação de mesmo nome, lançado no mesmo ano.
Com toda a certeza, tanto a Lucasfilm/Disney quanto Kathleen Kennedy esperam que esse enorme conhecimento do universo Star Wars possa vir a superar a inexperiência de Filoni com a direção de longas-metragens. Além disso, nada melhor do que a “força criativa” por trás de The Madalorian, O Livro de Boba Fett e Ahsoka para dirigir um filme que será justamente o “clímax” dessas três séries.
Além desses três filmes anunciados na sexta-feira, existe o projeto de Taika Waititi, filme que foi oficialmente anunciado em maio de 2020, mas que até agora não saiu do papel. Supostamente, a película está em produção e poderá ser lançado no final de 2023, como disse a própria Kathleen Kennedy em uma entrevista em junho do ano passado. Contudo, ainda não se sabe nem em que pé está a produção e nem como ela se “encaixará” nas histórias dos filmes da saga já lançados e também nos que acabam de ser anunciados.
Star Wars: Uma franquia de 51 bilhões de dólares
Desde que começou em 1977, com o lançamento do filme que dá nome a franquia, Star Wars se tornou uma das mais sucedidas franquias da história da indústria do entretenimento mundial. Calcula-se que entre filmes, livros, séries para televisão, videogames, brinquedos e outros produtos que carregam o “selo” Star Wars, a franquia já tenha arrecadado cerca de 51,8 bilhões de dólares no mundo todo.
Só os nove filmes da saga Star Wars, combinado aos dois spin-offs, Han Solo: Uma História Star Wars e Rogue One, já renderam mais de 10 bilhões em bilheterias no mundo todo, fazendo com que Star Wars seja a segundo franquia cinematográfica mais bem-sucedida da história. Ficando atrás apenas do Universo Cinematográfico Marvel (MCU), que já tem 31 filmes lançados até agora.
Some-se a isso, o fato de que os fãs da saga Star Wars estão entre os mais dedicados e também exigentes do mundo, sendo, inclusive, conhecidos por isso. Não à toa, a expressão “filme cult” veio muito dos fãs de Star Wars, que “cultuavam” os filmes da série como se fosse uma verdadeira religião, se atentando a cada detalhe e discutindo cada cena de cada obra da franquia.
Por tudo isso, dá para se imaginar o tamanho da responsabilidade da Lucasfilm e também de todos os profissionais que estarão envolvidos na produção desses três filmes que foram anunciados na sexta-feira. Kathleen Kennedy certamente está apostando alto nesses filmes. Ao escolher dois diretores inexperientes para dirigir duas das três produções a serem lançadas, ela talvez tente trazer algo novo para a franquia. Um “ar fresco” ou “novas ideias”. Isso pode render bons frutos, mas também pode ser um enorme tiro no pé.
Já no caso de James Mangold, que é um diretor experiente e inegavelmente talentoso, a aposta é outra. Contar a história da origem da Força, que é um conceito central em todos os filmes da franquia. Um filme “bem feito” pode trazer uma adição importante ao cânone da franquia. Já uma película ruim, pode pôr tudo a perder, não apenas no sentido financeiro, mas também na questão de construção de roteiros e histórias para os próximos filmes.
Portanto, a aposta é alta, com possíveis ganhos e perdas enormes. Esperemos que as três produções sejam acertos e que ajudem a expandir ainda mais o amor que a maioria dos fãs de cinema sente por essa franquia que está a ponto de completar 50 anos de existência.
