Lançado em 1986, o filme Top Gun: Ases Indomáveis se tornou um clássico instantâneo. Responsável por elevar um jovem Tom Cruise ao escalão de galã e estrela do cinema, o filme dirigido por Tony Scott é repleto de cenas de ação exuberantes e uma trilha sonora cativante.
Em um período que viu surgir diversos atores de ação que se tornaram lendas do cinema, Top Gun faz seu papel ao apresentar um cenário tipicamente americano com um protagonista ainda mais.
Toda a disciplina militar se rende ao charme e ousadia de Pete Mitchell, mais conhecido como Maverick. Junto ele leva seus companheiros e rivais, e também o público.
Mas, é claro, o filme não é perfeito. Pelo contrário, ele apresenta diversas falhas e rui como cinema enquanto se sustenta como entretenimento.
A rebeldia do personagem de Tom Cruise não encontra barreiras e perde força graças a isso, o romance é forçado dentro e fora das telas e até mesmo a rivalidade, único ponto de resistência para ele, se rende ao talento jovial cultuado por todo o longa.
Onde o filme acerta e erra você conhecerá agora, nesta análise completa do filme Top Gun: Ases Indomáveis. Vista seu colete, entre no caça F-14 e se prepare para um vôo selvagem!
Resumo do filme Top Gun: Ases Indomáveis
Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) é piloto da marinha americana e forma dupla com Nick “Goose” Bradshaw (Anthony Edwards) na equipe do porta-aviões USS Enterprise.
Suas vidas mudam após uma missão não sair bem como desejado. Em um encontro com caças inimigos o companheiro deles, Bill “Cougar” Cortell (John Stockwell), se desespera e não consegue aterrissar.
Assim, desobedecendo todas as ordens para retornar ao porta-aviões, Maverick vai em auxílio de Cougar. Ambos conseguem chegar a salvo na base, mas Cougar escolhe desistir da vida de piloto após a experiência traumática.
Após tais eventos e a perda de um oficial, o comandante de Maverick e Goose decide enviá-los para a academia naval de pilotos Top Gun. Lá se forma a elite da aviação do exército norte americano, e talvez seja o lugar ideal para o talentoso, mas rebelde, Maverick.
O caminho para se tornar o Top Gun
Já na academia, Maverick e Goose conhecem aqueles que estarão com eles durante o curso. Entre estes está Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer) e Ron “Slider” Kerner (Rick Rossovich), a melhor dupla atualmente.
Iceman é um descendente de polonês com o qual Maverick imediatamente forma uma rivalidade. Ambos são exímios pilotos. No entanto, a ousadia e desprezo pelas regras por parte de Maverick é mal vista pelo antagonista, que passa a tentar demonstrar que é melhor que o novo queridinho da academia.
Assim, ao longo de exercícios, treinamentos e excitantes voos em caças, os pilotos acumulam pontos. Aquele que chegar ao final do curso com a maior quantidade se torna o Top Gun – o melhor piloto da academia.
A forma de voar de Maverick é simultaneamente incômoda e admirada pelos membros da academia. Iceman o acha imprudente demais. Seus superiores também, mas precisam admitir que ele é bom, e por isso Maverick consegue se safar vez após outra.
Inclusive no momento em que se envolve com Charlotte “Charlie” Blackwood (Kelly McGIllis), instrutora na Top Gun.
Amor e guerra
Charlie é uma instrutora que não dá ousadia para Maverick. Isto não apenas por conta da relação hierárquica existente entre os dois.
Dias antes de chegar oficialmente na academia Top Gun, o jovem piloto foi em um bar com seu amigo Goose. Lá ele viu uma bela mulher e, confiante como é, decidiu tentar algo.
Ele foi prontamente recusado, o que naturalmente deixou um gosto amargo.
Mal sabiam os dois que se reencontrariam em meio aos caças e exercícios da academia.
Obviamente que o inconformado Maverick arriscaria novos avanços na sua instrutora. Muitas vezes inconveniente, o piloto não desiste de um romance com Charlie.
Para sua sorte, o espírito rebelde misturado com altruísmo acaba por conquistar a mulher, que se rende aos encantos de seu aluno.
O peso de uma morte
As coisas esquentam para Maverick, Iceman e Goose durante o exercício final. Em disputa acirrada, protagonista e rival disputam ponto a ponto o título de Top Gun.
Porém as coisas vão de mal a pior quando Maverick e Goose passam com seus caças por uma nuvem de gás proveniente do escape do veículo de Iceman. Eles são obrigados a se ejetar para se salvarem, mas Goose se acidenta e, infelizmente, morre.
Este evento abala fortemente Maverick, que vai a julgamento por conta de sua conduta durante o treino e nas manobras que resultaram no acidente. Apesar de absolvido, o jovem se sente culpado e pensa em desistir da academia.
Cabe então a Mike “Viper” Metcalf (Tom Skerritt) colocar juízo e motivação novamente na cabeça de Maverick. Em uma conversa entre os dois, Viper revela ter sido parceiro de voo do pai do desmotivado cadete.
O pai de Maverick, de quem ele herdou a paixão pela aviação, também fora piloto do exército. No entanto, ele morreu em missão por conta de um erro, o que acarretou também na perda de outros pilotos.
O que Viper revela para Maverick nesta conversa é que seu pai na verdade fora um herói que não conseguiu o reconhecimento que merecia. Na verdade, ele se sacrificou em uma manobra arriscada para salvar seus companheiros, algo que ninguém sabia.
A história abre os olhos de Maverick para o peso da responsabilidade e da morte. Ele não pensa mais em desistir, mas os sentimentos conflitantes ainda permanecem, especialmente por ele agora estar na reserva de seu esquadrão, inclusive durante a graduação de sua turma.
Mais do que rivais
Um fim que se desenhava melancólico se torna dramático quando os recém-formados da Top Gun são acionados para atuar em uma emergência durante a formatura.
Os pilotos enviados são Iceman e Rick “Hollywood” Neven (Whip Hubley). Porém, este morre em ação, deixando o piloto polonês em maus lençóis. Com esta situação delicada em mãos, os comandantes decidem mais uma vez confiar na imprudência de Maverick, e o enviam para os céus.
Assim, Maverick e Iceman se unem em uma parceria lendária. A dupla de geniais pilotos conseguem abater os caças inimigos e retornar são e salvos para o porta-aviões. Agora, quem sabe, algo mais do que simples rivais juvenis.
Reconhecido como o piloto excepcional que é, e um soldado de vigor e caráter, Maverick assume como instrutor da academia Top Gun. Lá ele e Charlie se encontram novamente e podem deixar o amor se alçar aos céus, por fim.
Análise de Top Gun: Ases Indomáveis
Top Gun: Ases Indomáveis foi um fenômeno absoluto em 1986, ano de seu lançamento. Uma direção bem feita, trilha sonora empolgante e cenas de ação frenéticas garantiram a ele lugar na história do cinema e posição como clássico absoluto.
Disparadamente, a melhor coisa do filme é a trilha sonora, não à toa aclamada pela crítica, e os efeitos especiais e técnicas empregadas nas cenas com os jatos caça.
Colocar o espectador dentro da aeronave, como se fosse ele o piloto, é uma sacada genial. Isto garante sequências de ação de tirar o fôlego, que evidenciam toda a ousadia de Maverick no cockpit e o perigo inerente da profissão, que leva o público a admirar de certa forma essa rebeldia sem causa do protagonista.
No entanto, toda a produção incrível das perseguições de caças e o cenário de guerra, queridinho do público estadunidense, não é o suficiente para mascarar os erros de Top Gun: Ases Indomáveis.
O roteiro clichê e rivalidade infantil entre Maverick e Iceman se sustenta com base em disputas hormonais, que se assemelha às vistas entre adolescentes colegiais recém chegados na puberdade.
Toda a rebeldia de Maverick é interessante no início, dada a (suposta) rigidez militar com as regras e hierarquia. O problema reside justamente em como esta contraversão do protagonista encontra pouca, ou nenhuma, resistência entre seus superiores.
Pelo contrário, ele é mais recompensado do que punido por ser desobediente, ou mesmo inconsequente, muitas vezes. Como queridinho que deve ser, seus superiores se dobram ao seu talento e ousadia, coisa que apenas seus rivais, especialmente Iceman, confrontam de forma mais direta.
Tudo isto resulta em certa perda de impacto. Afinal, quão rebelde é o rebelde que não enfrenta consequências?
Detalhes de Top Gun
Assim, o protegido Maverick, blindado pelas suas habilidades excepcionais, tem passe livre para fazer o que quiser. Inclusive assediar sua superior, Charlie. Já incomodada desde o bar, a instrutora tem que conviver com os avanços nem um pouco comedidos do aluno.
Eventualmente eles ficam juntos e, na época, pouco se discutia sobre isso. Mas, à vista de hoje, certas cenas podem ser questionáveis..
No fim, o filme se escora fortemente no papel do rebelde central, comum no cinema de entretenimento deste período. As cenas e escrita cultuam Tom Cruise e seu personagem como um exemplo de masculinidade.
Isto fica evidente na cena do jogo de vôlei, feita para evidenciar os corpos sarados dos atores e a relação de antagonismo homoafetivo entre Maverick e Iceman.
A história do pai de Maverick entra para emocionar o público e motivar o personagem. Porém, a apresentação superficial e relação pouco explorada é um desserviço, tirando todo o peso do background do protagonista e sendo apenas mais um justificativa para ele continuar sendo exatamente como é, apresentando assim crescimento zero ao longo do filme.
Portanto, fica claro o apelo da ação militar e culto à figura do brucutu-galã do filme. O foco nas cenas de ação é nítido, assim como a apresentação romantizada da guerra.
Como sempre, o cinema de Hollywood serve muito bem como propaganda. Os pilotos aqui são homens belos, fortes, que podem fazer o que querem e conquistar a garota.
Servir o exército é a realização do sonho masculino e seu falocentrismo em Top Gun: Ases Indomáveis – não à toa os alistamentos cresceram 500% nos Estados Unidos após seu lançamento em 1986.
Ele é sem dúvidas bem produzido e filmado, encanta os olhos e, especialmente, os ouvidos.
Mas Top Gun: Ases Indomáveis carece de roteiro e entrosamento entre personagens e história para se tornar uma obra realmente incrível como a história o fez parecer.
Elenco de Top Gun: Ases Indomáveis
- Tom Cruise – Pete “Maverick” Mitchell
- Kelly McGillis – Charlotte “Charlie” Blackwood
- Val Kilmer – Tom “Iceman” Kazansky
- Anthony Edwards – Nick “Goose” Bradshaw
- Tom Skerritt – Mike “Viper” Metcalf
- Michael Ironside – Rick “Jester” Heatherly
- John Stockwell – Bill “Cougar” Cortell
- Barry Tubb – Henry “Wolfman” Ruth
- Rick Rossovich – Ron “Slider” Kerner
- Tim Robbins – Sam “Merlin” Wells
- Clarence Gilyard Jr. – Marcus “Sundown” Williams
- Whip Hubley – Rick “Hollywood” Neven
- James Tolkan – Tom “Stinger” Jardian
- Meg Ryan – Carole Bradshaw
- Adrian Pasdar – Charles “Chipper” Piper
Equipe de produção de Top Gun: Ases Indomáveis
- Direção – Tony Scott
- Roteiro – Jim Cash e Jacks Epps Jr.
- Música – Harold Faltermeyer
- Cinematografia – Jeffrey L. Kimball
- Edição – Chris Lebenzon e Billy Weber
Premiações de Top Gun: Ases Indomáveis
No ano de 1986 Top Gun: Ases Indomáveis foi o maior lançamento no cinema e home video. Ele conquistou uma bilheteria incrível de 357,3 milhões de dólares e marcou a carreira de nomes que viriam a se tornar pilares de Hollywood, como Tom Cruise e Val Kilmer.
Como um grande lançamento do cinema de entretenimento, naturalmente o filme recebeu indicações a diversas categorias nas premiações mais importantes do mundo.
No Oscar, mais importante evento do cinema norte-americano e de grande relevância global, Top Gun: Ases Indomáveis concorreu nas categorias Melhor Mixagem de Som, Melhor Montagem e Melhor Edição de Som.
Além disso, concorreu e venceu como Melhor Canção Original (Take My Breath Away, composta por Giorgio Moroder e Tom Whitlock).
A qualidade do áudio e trilha sonora da produção recebeu muitos elogios e, ainda hoje, impressiona. Não apenas no Oscar ela recebeu grande reconhecimento, mas também em outras ocasiões.
Take My Breath Away venceu também como Melhor Canção Original no Globo de Ouro, mesmo evento onde o filme concorreu na categoria Melhor Trilha Sonora Original.
No Grammy o filme levou para o cockpit o título de Melhor Performance Musical Pop, executada por Harold Faltermeyer e Steve Stevens na canção tema Top Gun Anthem.
Por fim, Top Gun: Ases Indomáveis recebeu a escolha como Melhor Filme do ano de 1986 no People’s Choice Awards, premiação dada com base em votos do público. Esta coroou a produção em seu apelo popular e apresentação excitante apesar das falhas de execuções.
Curiosidades sobre Top Gun: Ases Indomáveis
Como toda produção de Hollywood, o filme Top Gun: Ases Indomáveis possui sua cota de curiosidades e eventos antes, durante e após as gravações.
- Top Gun: Ases Indomáveis teve um orçamento de US$ 15 milhões e faturou US$ 357,3 milhões;
- Durante as filmagens Tom Cruise manteve relações complicadas com seus colegas de filme, especialmente Val Kilmer e Kelly McGillis. Supostamente, o comportamento distante e antipático foi para entrar na personalidade revoltada de Maverick;
- Tom Whitlock, principal responsável pela escrita da letra da canção Take My Breath Away, era na verdade mecânico de Giorgio Moroder, compositor responsável pela música;
- O roteiro para o filme foi baseado em “Top Guns”, uma série de artigos publicado na revista California e escrito por Ehud Yonay;
- Diversos atores e atrizes foram cogitados e procurados para os papéis do casal principal em Top Gun: Ases Indomáveis. Para viver Charlotte Blackwood foram levantados os nomes de Carrie Fisher, Jodie Foster e Diane Lane. Já Maverick poderia ter sido interpretado por nomes como Robert Downey Jr., Nicolas Cage, Sean Penn, Tom Hanks e Kevin Bacon;
- Tom Cruise é mais baixo que Kelly McGillis, por isso precisava usar sapatos com saltos durante as cenas com a atriz para que Maverick ficasse da sua altura;
- John Travolta foi procurado para viver o protagonista do filme, plano que foi abandonado pela produção pois o cachê cobrado por ele e sua equipe era alto demais;
- Tom Cruise não queria pegar o papel principal inicialmente, mas foi convencido a isso pelo produtor Jerry Bruckheimer;
- A cena íntima entre Maverick e Charlie foi filmada posteriormente, após finalizadas as gravações para o resto do filme;
- Val Kilmer não queria interpretar Iceman, mas foi obrigado por questões contratuais.